domingo, 30 de março de 2008

O repertório mais visitado do país!

Sua majestade musical me dá a honra de estar aqui mais uma vez, dessa vez como o compositor mais regravado da história da música brasileira, se não mundial. Todos os grandes intérpretes do país e muitos internacionais já gravaram alguma coisa da autoria do Roberto ou interpretada e imortalizada por ele. E esse fenômeno é observado década após década desde os anos 60.

Seria árduo citar todos os artistas que já gravaram Roberto e Erasmo, são mais de cem no mundo todo. E no decorrer dos anos, tornou-se uma prática cada vez mais comum entre os artistas. Gravar uma canção do Roberto era sinônimo de êxito, ao menos naquela faixa que poderia puxar todo o disco. Sem falar no desafio que sempre foi interpretar algo já cantado pelo rei!

Em 1979 Nara Leão ousou e gravou um disco todo em homenagem ao brasa. A partir daí, muitos intérpretes, até hoje sonham em ter um projeto como esse, mas poucos conseguiram. A Bethânia foi uma das felizardas e fez um disco antológico em 1993 - As canções que você fez pra mim. O Padre Marcelo também fez disco só com mensagens do rei, isso pra não citar também o Paulo Ricardo, Sérgio Reis, Roqueiros e até o internacional Roberto Leal, são alguns que conseguiram emplacar um disco temático Roberto Carlos.

Na década de 90, as músicas do Roberto e do Erasmo eram regravadas sem freio. Se por um lado, tínhamos artistas como Cauby Peixoto, que para gravar um medley com canções do rei foi a um show no Recife especialmente pedir autorização, tínhamos artistas, muitas vezes anônimos, regravando e lucrando em cima dos temas de sua majestade sem pedir licença, o que fez o Roberto tomar a decisão de filtrar suas regravações ou até restringi-las a poucos. Isso gerou desespero e desapontamento em alguns artistas que tiveram veto ao tentarem regravar o rei. Dizem que a Simone teve que refazer um disco por ter vetada a releitura de Vou ficar nu pra chamar sua atenção. Outros artistas que sofreram veto, segundo imprensa da época foram Marisa Monte, Zé Ramalho e Daniela Mercury, além da própria Bethânia que não teve a canção Fera ferida em seu cd Maricotinha, mas depois de conversar pessoalmente com o rei, resolveu o mal entendido e teve a liberação para o dvd. Contam também que esses vetos se tornaram piores quando coincidiram com o Toc, problema psicológico assumido pelo rei que faz "implicar" com certas palavras contidas nas canções.

Mas, engana-se quem pensa que dessa forma, a obra do Roberto deixou de ser visitada. Fato curioso faz com que suas canções continuem a ser regravadas pelas antigas e principalmente novas gerações que se seguem. Se é difícil regravar a obra do Roberto, tornam-se mais acessíveís as canções que ele cantou de outros compositores. Com isso temos, nessa década de 2000, veteranos como o Leonardo com 120, 150, 200 km/h, roqueiros recentes como o Jota Quest com Além do horizonte, até revelações como Marina Elali com Você ou Isabella Taviani com Ternura ou Tânia Mara com Sua estupidez e Sonho lindo, só pra citar algumas.

É o rei sempre presente, em cartaz nos shows desse país, nos discos, nas releituras, no passado, no presente, durante muito tempo em nossa vida... E ficamos com Detalhes, a canção mais apropriada para reafirmar o que ele falou há tanto tempo, que nem adianta tentar o esquecer... Roberto, você já sabe, simplesmente conquistou o prazer de ser inesquecível em todo o mundo... E volte sempre...

Detalhes
Roberto Carlos/Erasmo Carlos

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida, eu vou viver
Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E toda hora vão estar presentes, você vai ver

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
E isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua
O ronco barulhento do seu carro
A velha calça desbotada ou coisa assim
Imediatamente você vai lembrar de mim

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido
Palavras de amor como eu falei mas eu duvido
Duvido que ele tenha tanto amor
E até os erros do meu português ruim
E nessa hora você vai lembrar de mim

À noite envolvida no silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura o meu retrato
Mas na moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer você lembrar de mim

Se alguém tocar seu corpo como eu não diga nada
Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada
Pensando ter amor nesse momento
Desesperada você tenta até o fim
E até nesse momento você vai lembrar de mim

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma todo o amor em quase nada
Mas quase também é mais um detalhe
Um grande amor não vai morrer assim
Por isso, de vez em quando, você vai, vai lembrar de mim

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito, muito tempo em sua vida eu vou viver
Não, não adianta nem tentar me esquecer...

Um forte abraço a todos!

sábado, 29 de março de 2008

Dizem que os dedos sentem sabor...

O samba ou pagode raiz tem um grande nome para celebrar: Jorge Aragão! Sua música não apenas alcançou todo o Brasil e exterior, mas é a única ouvida fora do planeta, quando tocou em Marte! Quase todos os grandes intérpretes de samba (Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Leci Brandão) têm canções de Jorge Aragão em seu repertório. E de outros estilos também, o que se verifica no repertório de Ney Matogrosso, Emílio Santiago, Sandra Sá entre outros.


Elza Soares foi a primeira intérprete a gravar uma composição dele - Malandro, parceira com Jotabê em 1977. Como cantor participou do grupo Fundo de quintal, seguindo posteriormente, carreira solo onde gravou seu primeiro disco em 1982.

Entre seus sucessos está Coisinha do Pai (com Almir Guineto e Luiz Carlos), consagrado na voz de Beth Carvalho, que valeu uma versão inédita em 1997 para acordar um robô da Nasa em Marte. Outra composição bastante popular é a Globeleza, um jingle feito por Jorge Aragão especialmente para as chamadas de Carnaval da Rede Globo antes da transmissão dos desfiles das escolas de samba. Outros sucessos são Abuso de poder, Espelhos d´água, Coisa de Pele, Vou Festejar, Encontro das águas, Falsa consideração, Do Fundo do Nosso Quintal, Eu você sempre, Papel de pão, Doce amizade, Não sou mais disso, Loucuras de uma paixão, dentre tantos.

Aragão é um grande sambista e um grande compositor, mas seus sambas se diferenciam pela suavidade de sua voz ao interpretá-las, contrariando àqueles que afirmam que os bons compositores não cantam bem, o que podemos comprovar por exemplo em Doce amizade ou no dueto com Jorge Vercilo em Encontro das águas, ou com Emílio Santiago em Espelhos d´água! E algumas de suas grandes canções tornam-se marcantes por algum motivo extra, como já citado em Globeleza e Coisinha do pai, ou por estarem presentes em momentos únicos, como acontece com Vou festejar que se tornou tradicional nas festas de virada de ano nas rádios e residências, como um anúncio da alegria e uma ponte com o Carnaval, mesmo sendo uma letra que fala de um amor que não deu certo.
Não sei se realmente os dedos sentem sabor, mas sem dúvida os ouvidos sentem o bom sabor do samba e do profissionalismo desse grande músico brasileiro!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 27 de março de 2008

A aquarela de Toquinho...

Antonio Pecci Filho, nosso Toquinho, nasceu em São Paulo e ganhou esse apelido de sua mãe que o chamava de "meu toquinho de gente". Aos 14 anos já se interessava por violão e tinha aulas, chegando ao violão clássico. Seguiu aprimorando seu conhecimento harmônico, com o passar dos anos! Começou se apresentando em colégios e faculdades e se profissionalizou nos anos 60, quando conheceu Chico Buarque!

Toquinho cultiva até hoje com Chico uma forte amizade iniciada aos 17 anos, época em que compuseram juntos a canção Lua cheia, a primeira melodia de Toquinho a receber uma letra, e que se constituiria, em 1967, na sua primeira canção gravada em disco, no LP Chico Buarque de Holanda - Volume 2. Em 1966 gravou seu primeiro LP instrumental: O violão de Toquinho. Essa amizade com o Chico o levou à Itália em 1969, época do exílio do parceiro, onde passou seis meses e tornou-se conhecido e popularizado, fazendo sempre temporadas naquela país! Com esse parceiro, já compôs inúmeras composições, dentre elas o Samba de Orly, que foi uma das saudades do Chico proferidas em forma de canção!

Toquinho também participou dos grandes musicais da TV Record e de seus importantes Festivais da Canção Popular. Em 1970 recebe o convite do poeta Vinícius de Moraes para o acompanhar em shows, surgindo uma parceria e amizade de onze anos em palco e cerca de 120 canções compostas, além de 25 lps no Brasil e no exterior!

Seu primeiro grande sucesso foi Que maravilha, em parceria com Jorge Ben em 1970. E a partir daí sucedem shows com Vinícius, composições e sucessos reconhecidos como Aquarela, Tarde em Itapoã, O caderno, Carta ao Tom 74, Regra três, Mas que nada, Samba pra Vinícius, Era uma vez, etc. Mas, engana-se quem pensa que Toquinho não interpreta outros compositores, pois já deu voz à clássicos como Gente Humilde, A banda, Aquarela do Brasil, Manhã de carnaval, Triste, Se todos fossem iguais a você, Sinal fechado, etc.

Em 2001, gravou seu primeiro dvd, revivendo grandes sucessos! Aquarela é um desses grandes sucessos do Toquinho, se não for o maior e, tornou-se popular nas rádios e escolas, transformando-se em um dos grandes hinos da educação no país!

Aquarela
(Toquinho - Vinicius de Moraes - M. Fabrizio - G. Morra)

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.

Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul,
Vou com ela, viajando, Havai, Pequim ou Istambul.
Pinto um barco a vela branco, navegando,
é tanto céu e mar num beijo azul.

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená.
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar.
Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo,
E se a gente quiser ele vai pousar.

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida.
De uma América a outra consigo passar num segundo,
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.

Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.
Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá.

O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá).
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá).
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (que descolorirá...).

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 25 de março de 2008

Per amore...

Maria Izildinha Possi, nossa Zizi Possi começou no finalzinho da década de 70. Seu sucesso consolidou-se com a gravação do dueto Pedaço de mim em 1978 com Chico Buarque. A partir daí e durante toda década de 80, Zizi lançou vários hits radiofônicos como Nunca, Meu Amigo Meu Herói, Asa Morena, O Amor Vem Pra Cada Um (versão de The Love Come To Everyone, de George Harrison), Perigo, A Paz, Esquece e Vem, Noite, Caminhos do sol, Papel Marchê, Meu bem querer, Tempos modernos, entre outras.

No início dos 90, Zizi dá uma guinada na vida, rompe com sua gravadora e parte para um novo desafio, reconhecido posteriormente como um divisor de águas em sua carreira. Concebe, arranja e interpreta três trabalhos em um formato inusitado na época, mas muito conhecido hoje: o tal acústico. Sobre Todas as Coisas, Valsa Brasileira e Mais Simples são considerados obras-primas e marcam definitivamente a carreira de Zizi e a música popular brasileira.

Em 1997 surge a proposta de gravar um CD em italiano (Per Amore) de estrondoso sucesso, aplaudido pela crítica e pelo público. No ano seguinte, Zizi lança o CD Passione, considerado continuação do enorme sucesso Per Amore. Juntos esse dois álbuns vendem mais de 1 milhão de cópias.

Sob a direção de José Possi Neto e produção de Manoel Poladian, Zizi apresenta um novo show, agora acompanhada por baixo e bateria, além do piano do maestro Jether. O show, registrado em CD e DVD em agosto de 2005 no Teatro Frei Caneca, é lançado em dezembro do mesmo ano, com distribuição da Universal Music. Em 27 anos de carreira, esse é o primeiro disco ao vivo de Zizi Possi, que passou por uma recente depressão pessoal, se afastando um pouco de tudo, mas já está de volta ao seu público cativo que tanto aprecia seu valioso trabalho.

Duas ótimas coletâneas da Zizi são Romântica, com sucessos como Luiza, Nunca e Eu te amo; e Pedaço de mim, onde encontramos sucessos mais radiofônicos dela com Perigo e Asa morena, além de suas interpretações para Djavan (Meu bem querer), Lulu Santos (Tempos modernos) e João Bosco (Papel marchê). Gosto muito dessa última e da interpretação da Zizi e, ao contrário de muitos, torço pra que ela sempre mescle as duas fases de sua carreira pois assim deixa uma marca mais eclética em seu trabalho tão sofisticado e apreciado por todos!

Um forte abraço a todos!

domingo, 23 de março de 2008

O que é que o baiano tem?

Caymmi é um estilo musical brasileiro. "Ninguém pode dizer que tem estilo igual ao de Caymmi, porque ele é único!" Essas palavras são do Chico Buarque que, de forma sucinta, define esse grande mestre da música brasileira! Tranqüilidade seria uma palavra perfeita para descrevermos o grande contador da vida dos pescadores, muitas vezes trágicas, mas contada por ele de forma suave, pura, simples. Casado com a cantora Stella Maris, todos seus filhos são cantores: Nana, Dori e Danilo, Caymmi é o baiano mais ilustre da história musical nacional!

Sua obra é um exemplo de simplicidade e sofisticação única! Aliás, a palavra que mais combina com o Caymmi é essa: simplicidade; e isso é algo difícil demais, além de raro. É como o Erasmo Carlos falou uma vez: "Se o simples fosse fácil, todos os dias surgia um novo Parabéns pra você". Pois Caymmi consegue fazer isso como ninguém.

Suas canções se tornaram clássicos inesquecíveis: Acalanto, A vizinha do lado, João Valentão, Nem eu, O bem do mar, Só louco, Marina, O que é que a baiana tem?, Rosa morena, Sábado em Copacabana, Oração a mãe menininha, Você não sabe amar, São Salvador, Rainha do mar, Maracangalha, Maricotinha e tantas outras trazem a mesma característica: simplicidade e sofisticação melodica e harmônica que chegam e ficam na mente das pessoas, de forma fácil, agradável e pemanente! E pensar que algumas já conhecemos há tanto tempo na voz de algum interpréte e, depois que alguém remete à obra do Caymmi, com uma análise superficial já encontramos os adjetivos evidentes que sua obra apresenta!

Muitos artistas no Brasil já interpretaram Caymmi. Além de seus filhos que são eternos divulgadores da obra paternal, temos Chico Buarque, Maria Bethânia, Simone, João Gilberto, Roberto Carlos, Gal Costa, Sílvio Caldas, Nelson Gonçalves, Adriana Calcanhoto, Emílio Santiago, Caetano Veloso, Ângela Maria, só pra citar alguns dos grandes nomes! Agora, imagina quem pode reunir em seu currículo tantos nomes de tantas estrelas como estes acima? Com certeza o talento e a história de Caymmi se perdem onde a vista não pode alcançar...

Um forte abraço a todos!

sábado, 22 de março de 2008

Devia ter me importado menos com problemas pequenos...

Banda de rock formada em São Paulo no início dos anos 80, Os Titãs se destacam pela altíssima qualidade no rock, com letras e melodias marcantes. O que dizer de Sonífera ilha, Marvin, Enquanto houver sol, Comida, Epitáfio, Pra dizer adeus, Homem primata, Go back, É preciso saber viver, Família, só pra citar algumas? A formação inicial dos Titãs do iê-iê era de nove integrantes: Arnaldo Antunes , Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Belloto, Ciro Pessoa e André Jung. Além da quantidade exagerada de vocalistas no palco, chamava a atenção o visual extravagante dos cabelos, ternos de bolinhas e gravatas.

O primeiro álbum, "Titãs", foi lançado em agosto de 1984 e trazia "Sonífera Ilha", um verdadeiro fenômeno radiofônico. Uma das músicas mais executadas naquele ano, a faixa levou os Titãs a fazerem sucesso em outros Estados do Brasil, além de ter ajudado a banda a realizar um sonho antigo: aparecer na TV, em programas consagrados apresentados por Chacrinha, Bolinha e Raul Gil.

O ápice da banda em disco ocorreu em dois momentos: em 1986 com "Cabeça Dinossauro", álbum que trouxe um novo Titãs e é considerado o melhor da Banda, e segundo muitos, o melhor do rock brasileiro de todos os tempos; e em 1997 com o Acústico mtv, que vendeu 1,7 milhões de cópias, seguido de Volume Dois, no mesmo formato do Acústico, 800 mil cópias vendidas... embora esse volume dois não seja uma continuação do acústico pois traz canções inéditas.

E depois de uma série de acontecimentos, prisões, gravações e fracassos, afastamentos e reaproximações, mas sobretudo muita persistência, os Titãs seguem não mais com nove, mas cinco integrantes: Paulo, Tonny, Branco, Sérgio e Charles fazendo shows e lançando hits maravilhosos como esse abaixo que traduz uma filosofia pura, típico da banda, durante toda sua carreira!

Epitáfio
Sérgio Britto

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger,
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr

Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

Um forte abraço a todos e Feliz Páscoa!

quinta-feira, 20 de março de 2008

A música Cristã brasileira...

A Música Sacra existe há muito tempo. Antigamente, e aqui me refiro a séculos passados, eram os grandes nomes da música clássica e erudita quem compunham e executavam nas Igrejas seus hinos dedicados às Coisas Santas. Nos últimos anos, de trinta anos pra cá, esse tipo de música, atualmente conhecido como música gospel tem se popularizado cada vez mais e fazendo surgir rádios especializadas apenas nesse estilo de canção! Católicos e protestantes se apresentam com seus hinos muito bem compostos e trabalhados para louvar o Senhor!

Dentre os católicos, acredito que o Padre Zezinho, no final dos anos 60, foi o pioneiro no mundo dos discos e na popularização desse estilo. Até hoje suas canções são entoadas nas missas e festas cristãs e a partir dele surgem outros padres-cantores e bandas católicas como Pe. Antônio Maria, Pe. Marcelo Rossi, Banda Anjos de Resgate, dentre tantos outros conhecidos e anônimos da mídia, mas executados nas Igrejas país afora.

Entre os protestantes, podemos destacar Aline Barros, que venceu recentemente o Grammy latino, além de Fernanda Brum, J Netto, Cassiane, Banda Oficina G3, Cristina Mel, Álvaro Tito, entre tantos que também levam aos ouvintes a palavra do Senhor em forma de música.

Alguns artistas da música brasileira que não são tidos como gospel costumam, vez por outra, gravarem algo referente a esse estilo. O pioneiro é o Roberto Carlos que, em 1970, já popularizava o movimento com a canção Jesus Cristo. Costumo atribuir ao Roberto e ao Padre Zezinho o pioneirismo em relação à popularização desse estilo, afirmou o Bispo Marcelo Crivela em entrevista ao Sem censura da Tv Brasil. Outros artistas como Antônio Marcos, Chitãozinho e Xororó, Ivan Lins, Zezé di Camargo e Luciano, Fafá de Belém, Daniel, Luiz Gonzaga e Simone podem ser citados com suas interpretações a alguns louvores. Até o Jorge Aragão gravou Ave Maria em estilo de samba, provando que podemos louvar em outros estilos.

Vale salientar que a "música cristã" no Brasil é generalizada como "gospel", englobando a música cristã como um todo, diferente dos outros países e significando até mesmo, nos dias atuais, um estilo de vida ou "jeito de ser".

Gostaria de deixar claro que fiz apenas um registro singelo do que acontece no país. Esse estilo musical tem sido tratado com bastante competência e dedicação e o resultado apresentado é muito agradável, por isso merece destaque. E observamos também que, independente da religião, a música cristã acontece no Brasil e leva o melhor a seu público! Sei que esse tema é muito vasto, são muitos artistas que mereceriam mais atenção e espaço onde estivessem sendo apresentados ou comentados. Aproveitando esse momento de reflexão pascal, deixo vocês com a letra de Um certo galileu, do Padre Zezinho:

Um Certo Galileu
Pe. Zezinho

Um certo dia, a beira mar apareceu um jovem Galileu
Ninguém podia imaginar que alguém pudesse amar do jeito que ele amava
Seu jeito simples de conversar tocava o coração de quem o escutava

E seu nome era Jesus de Nazaré
Sua fama se espalhou e todos vinham ver
O fenômeno do jovem pregador que tinha tanto amor...

Naquelas praias, naquele mar, naquele rio, em casa de Zaqueu
Naquela estrada, naquele sol e o povo a escutar histórias tão bonitas
Seu jeito amigo de se expressar enchia o coração de paz tão infinita

Em plena rua, naquele chão naquele poço e em casa de Simão
Naquela relva, no entardecer o mundo viu nascer a paz de uma esperança
Seu jeito puro de perdoar fazia o coração voltar a ser criança

E seu nome era Jesus de Nazaré
Sua fama se espalhou e todos vinham ver
O fenômeno do jovem pregador que tinha tanto amor...

Um certo dia, ao tribunal alguém levou o jovem Galileu
Ninguém sabia qual foi o mal e o crime que ele fez; quais foram seus pecados
Seu jeito honesto de denunciar mexeu na posição de alguns privilegiados

E mataram a Jesus de Nazaré
E no meio de ladrões puseram sua cruz
Mas o mundo ainda tem medo de Jesus que tinha tanto amor...

Um forte abraço a todos e uma Páscoa abençoada!

terça-feira, 18 de março de 2008

Eu quero uma casa no campo...

Nesses tempos de cansaço e puro estresse, tenho certeza que a quase todos configura o mesmo desejo: uma casa no campo para ouvir seus discos e rocks rurais... Elis Regina cantou isso há muito tempo, mas toda sua obra é autêntica e moderna, contemporânea e atual aos ouvidos de quem gosta da música brasileira. Carinhosamente conhecida como a Pimentinha, nasceu em Porto Alegre onde iniciou a carreira aos onze anos de idade nos programas de rádios, como era costume da época para os iniciantes na música.

Considerada por muitos como a maior cantora de todos os tempos do Brasil, Elis passou pelos festivais, programas de tv e revelou grandes nomes da composição. Na década de 60, teve seu próprio programa, O fino da bossa, comandado ao lado de Jair Rodrigues. Foi nos festivais que começou a revelar grandes compositores. Artistas como Milton Nascimento, Renato Teixeira, Gilberto Gil, Edu Lobo, Chico Buarque, João Bosco, Fagner, Ivan Lins, Belchior, Aldir Blanc, dentre outros, atribuem a Elis seu lançamento ou o ápice que suas canções alcançaram em termos de interpretação. Mas, para ela a maior cantora do Brasil sempre foi Ângela Maria, de quem confessa receber a maior influência e afirma que chegava a imitar a Ângela em algumas interpretações.

Em meio a tantas interpretações surgem sucessos inesquecíveis até hoje como Arrastão, Casa no campo, Fascinação, Maria Maria, Cartomante, Corcovado, O Bêbado e a Equilibrista, Aquarela do Brasil, Águas de março, Retrato em preto e branco, Alô Alô marciano, Canção da América, Travessia, Saudosa maloca, Me deixas Louca, Folhas secas, Tiro ao Álvaro, Como nossos pais, As curvas da estrada de Santos, Atrás da porta, dentre muitos outros.

Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, anos difíceis que perseguiu e exilou muitos músicos em sua época, seja por meio de declarações públicas ou pelas canções que interpretavam. Sua popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada pelas autoridades a cantar o Hino Nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.

Elis nos deixou órfãos de sua presença em 19 de janeiro de 1982. A nós e a seus filhos João Marcelo Bôscoli, filho do casamento com o músico Ronaldo Bôscoli, e Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, filhos do pianista César Camargo Mariano. Os três enveredaram pelo ramo da música. Cabe a nós brasileiros, guardamos conosco a contribuição que Elis deu a música brasileira e a todos que a compõem nos últimos 50 anos, pois a maioria dos artistas, mesmo os mais contemporâneos têm alguma coisa direta ou indiretamente ligado a esse grande nome do cenário musical onde inúmeras cantoras afirmam ter influência da Elis, o que prova que ela estará sempre viva na música e na memória brasileira.

Um forte abraço a todos!

domingo, 16 de março de 2008

Se você vier, pro que der e vier comigo...

Geraldo Azevedo não é apenas um grande nome na música nordestisna, mas seus acordes ecoam em todos os extremos do país, alcançando com êxito o exterior. Nascido em Petrolina, aqui em Pernambuco, navega pelos ritmos raízes de sua terra como frevo e forró, além das canções líricas românticas que formam a trilha sonora de muitos apaixonados.

Na década de 70, participou de diversos festivais, entre eles o Festival Internacional da Canção do Rio de Janeiro em 1972, obtendo êxito e rendendo seu primeiro disco em parceria com Alceu Valença, seu conterrâneo e amigo. De lá pra cá só sucessos ajudando a contruir a história musical desse país.

Violonista, cantor e compositor, seus hits são regravados por outros intérpretes como Fagner, Elba Ramalho, Alceu Valença e Simone são alguns dos nomes que já visitaram sua obra como Dia branco, Moça bonita, Bicho de sete cabeças, Canção da despedida, Caravana, Canta coração, Chorando e cantando, Coração bobo, Disparada, Dona da minha cabeça, Inclinações musicais, Letras negras, O amanhã é distante, Sabiá, Táxi Lunar e Você se lembra. Geraldo participou dos projetos Grande encontro na década de 90 com Alceu, Elba e Zé Ramalho, onde gravaram participações ao vivo em cd e dvd.

Particularmente, algumas músicas do Geraldo, prefiro com outros intérpretes a exemplo de Fagner que gravou tão bem Letras negras e Dona da minha cabeça ou Elba Ramalho que é uma de suas intérpretes mais constantes. Outras canções formam o perfil do Geraldo e só cabem em sua interpretação. Assisti ano passado um show seu com voz e violão e pude comprovar o enorme talento que esse músico expõe. Já havia visto um show com banda e pensei que esse seria mais tedioso, o que me enganei pois Geraldo é uma marca de profissionalismo e musicalidade! Ficamos com a letra de Você se lembra, uma das minhas favoritas que evocam imagens nordestinas e passagens musicais da canção As time goes by, do filme Casablanca:

Você se lembra
(Geraldo de Azevedo / Pippo Serra / Fausto Nilo)

Entre as estrelas do meu drama
Você já foi meu anjo azul
Chegamos num final feliz
Na tela prateada da ilusão

Na realidade onde está você
Em que cidade você mora
Em que paisagem, em que país
Me diz em que lugar, cadê você

Você se lembra...
Torrentes de paixão
Ouvir nossa canção

Sonhar em Casablanca
E se perder no labirinto
De outra história...

A caravana do deserto
Atravessou meu coração
E eu fui chorando por você
Até os sete mares do sertão

Você se lembra...

Um forte abraço a todos!

sábado, 15 de março de 2008

Ao meu Brasil...

Julio Iglesias está no Brasil, mais precisamente aqui em Recife, hoje! Julio é um cantor que se popularizou no Brasil nas décadas de 70 e 80 e intensificou sua dedicação profissional e pessoal com esse povo que tanto ama. Há um bom tempo fora dos palcos brasileiros, decidiu fazer uma turnê sul americana, incluindo o Brasil e passando em capitais como Porto Alegre, São Paulo, Recife e Brasília para divulgar o álbum Romantic Classics, lançado em 2006 e comentado aqui no blog em dezembro de 2007 (É só procurar nos arquivos).

Seu amor pelo país é tão intenso que em 2001 fez um disco com o título Ao meu Brasil. Com todas as canções gravadas em português, sendo algumas versões de canções originalmente gravadas em espanhol, e outras feitas exatamente para esse projeto. Vale lembrar que o último disco totalmente em português lançado no Brasil aconteceu há mais ou menos 20 anos atrás. Foi o disco Minhas canções preferidas, onde o Julio fez versões de seus sucessos em espanhol até então, penetrando de vez no mercado brasileiro, forte para o cantor hispânico. Depois desse, sempre lançava um disco com mesclas em português, espanhol e mais raramente em inglês. Vale reforçar que Julio é dos poucos cantores internacionais a fazerem esse tipo de projeto aqui no Brasil, uma visão mercadológica que lhe rende êxitos, o que explica em parte, suas expressivas vendagens.

O disco inicia com Dizem que os homens não devem chorar, versão de Fernando Adour para Los hombres no deben llorar, canção que o rei Roberto já apresentara em 1992 ao Brasil, só que com uma adaptação de letra diferente da que o Julio ofereceu. Em seguida, canta Mal acostumado, canção do grupo baiano Araketu que o Julio gravara no ano anterior em espanhol e que também já foi regravada por Simone e Joanna. História de amor, Água doce água do mar e A estrada, originalmente do cd 1995 voltam a figurar nesse projeto, exatamente como no original.

Algumas ousadias do Iglesias podem ser conferidas com Se um dia fores minha, versão inédita em português do famoso tango de Garldel, El dia que me quieras que Julio já havia gravado em espanhol no álbum Tango de 1996, e na adaptação do fado Canção do mar (Meu Brasil, Meu Portugal), provavelmente com o propósito de levar o projeto a Portugal e a países hispânicos. Constam ainda no disco as canções Jogue para mim a culpa, Vida, Voa amigo voa alto e Pelo amor de uma mulher, esta última já um clássico do Julio no Brasil, originalmente gravada em 1984 no álbum Julio, e reformulada em 1994 no álbum Crazy.

Julio sempre plantou amigos no Brasil e recentemente, demonstou isso em seus lançamentos, visitando o gênero sertanejo e realizando duetos com Daniel, na canção Viver a vida de 2000, e Zezé di Camargo e Luciano, na canção Dois amigos de 1998, ambas presentes nesse projeto. Alheio as possíveis críticas em relação a esses duetos por conta de preconceitos existentes, visitou os principais programas de televisão do país para promover esses duetos. Gravou na Suécia o clipe da composição que encomendou pessoalmente a Zezé di Camargo.

Mas, seu grande sonho é gravar com Roberto Carlos, seu ídolo no Brasil. Talvez a forte amizade e admiração de ambos possa um dia fazer com que estejamos falando sobre isso ou até uma grande turnê desses dois grandes artistas que fizeram a história da música mundial divulgando o amor onde estiveram. Por isso é motivo de alegria saber que o Julio está aqui em minha cidade porque com certeza os ares estão mais repletos de romantismo que esse artista tanto proporciona!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Não aprendi dizer adeus...

A música neo-sertaneja não seria completa se não existissem dois goianos como esses: Leandro e Leonardo. Trabalhadores da roça e fãs dos Beatles e Roberto Carlos, conseguiram gravar seu primeiro disco em 1983, um fracasso que só vendeu 500 discos. Em 1986 gravaram o Leandro e Leonardo volume 1 e em 1987, o volume 2 tornando-se conhecidos no meio sertanejo e em Goiás.

Mas, foi em 1989 com o volume 3 que a dupla alcançou sucesso nacional com a faixa Entre tapas e beijos. Em 1990, estouraram com Pense em mim e Desculpe, mas eu vou chorar e daí pra frente passaram a ter seus discos sempre nas paradas de sucesso com canções como Paz na cama, Não aprendi dizer adeus, Cadê você, Temporal de amor, Não olhe assim, Festa de rodeio, Cerveja, Eu juro, Doce mistério, Mexe-mexe, Talismã, Rumo a Goiânia, Solidão, Cumade e cumpade, Deu medo e Um sonhador.

Até que uma dessas coisas que o destino reserva e não sabemos explicar acontece e leva o Leandro para o andar de cima! Leonardo, embora muito triste, dá continuidade à sua carreira e, com o excepcional talento que possui, envereda para o romântico mas, sempre com os traços do sertanejo e emplaca sucessos como Coração espinhado, Eu deixaria tudo, 120 150 200 km/h, Mano, além dos projetos Grandes Sucessos volumes 1 e 2, onde aborda canções românticas, algumas esquecidas das décadas de 70 e 80 como Meu mel, Pareço um menino e Pouco a pouco, passeando em sucessos de Marquinhos Moura, Gilliard, Fábio Jr. e Roberto Carlos.

Segue abaixo a letra de Mano, a canção que Leonardo cantou e sempre cantará em homenagem ao irmão:

Mano
(Paulo Debétio/Paulinho Resende/Chitãozinho/Xororó)

Mano, você é meu sangue, mais que um amigo
Me dizia coisas que até hoje eu sigo
E será pra sempre um pedaço de mim...

Mano, cantar a seu lado me deixou orgulhoso
Agradeço a Deus foi maravilhoso
Eu sempre sonhei com imagens assim...

Mano, eu me lembro do nosso pequeno universo
O primeiro acorde, os primeiros versos
Parei pra pensar hoje no camarim...

Juntos, nós fomos a voz de uma linda canção
Digo a você lá do fundo do meu coração...
Nossa missão foi cantar e levar alegria
Mano, você é a letra, eu sou a melodia...

Mano, você sempre foi mais que um companheiro
Nas horas difíceis foi tão verdadeiro
Me deu a certeza que no fim vou vencer...

Todas as dificuldades muralhas, barreiras
Você me dizia que depois da poeira
Um lindo horizonte vai aparecer...

Mano, as suas palavras me fizeram de aço
E hoje eu sei que em tudo que eu faço
Eu posso cantar e contar com você...

Juntos, nós fomos a voz de uma linda canção
Digo a você lá do fundo do meu coração
Nossa missão foi cantar e levar alegria
Mano, você é a letra eu sou a melodia...(2x)

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 11 de março de 2008

A Música Instrumental no Brasil

A música instrumental sempre teve destaque no Brasil seja no erudito ou popular. Antigamente, alguns artistas gravavam seus discos e instrumentistas faziam as versões de algum sucesso ou até do disco completo. Os The fevers, por exemplo, chegaram a gravar alguns discos instrumentais de seus próprio sucessos cantados.

Alguns artistas internacionais também alcançaram êxitos em terras tupiniquins. O melhor exemplo é o francês Richard Clayderman que vendeu muitos discos nos países latinos e Brasil, até a década passada. Nos últimos dez anos tivemos poucos destaques nessa área. Embora, a passos lentos, estão se destacando artistas nesse ramos e com isso, torcemos para que os incentivos sejam cada vez maiores, afinal a música transforma uma sociedade...

Hoje quero prestar uma homenagem a um grande músico que vem fazendo um trabalho excepcional nessa área, o maestro mais conhecido do Brasil, afinal, ele faz parte da côrte musical, o meu amigo Eduardo Lages. Em 2005 lançou, sem muita pretensão o cd Emoções, com clássicos do rei, seu cumpadre. A ótima recepção e alcance de público assustaram até o próprio Eduardo, que se viu na condição de grande resgatador da música instrumental. Mandou ver no segundo projeto, Cenário com bastanet êxito e, ano passado triunfou com um cd/dvd chamado Com amor, onde continua, sempre de forma elegante, divulgando as mais belas melodias que Deus nos dá!

Fico feliz em conhecer o Eduardo, em tê-lo como amigo. Realmente é um cara muito simpático, muito humilde e atencioso! Hoje, 11/03 está aniversariando e esse blog presta essa singela homenagem desejando muita saúde e paz, para o maestro e para toda sua família, seus netos que formam outra de suas paixões, além da música! Parabéns Eduardo Lages, parabéns Brasil por termos nossa trilha sonora regida por esse grande maestro!

Um forte abraço a todos!

sábado, 8 de março de 2008

Bandida, solta na vida e sob medida pra os carinhos seus...

Fafá de Belém, a grande voz do Brasil, em termos de romantismo e interpretação. Nascida em Belém/PA, Maria de Fátima Palha de Figueiredo começou sua carreira no início dos anos 70, fortemente influenciada por Maysa, Roberto Carlos e Beatles. De lá pra cá tem alcançado êxitos em vendagens e sucessos além de vários shows que incluem das feiras de agropecuária no interior do país e shows em praça pública até temporadas no eixo Rio - São Paulo, incluindo o Casino Estoril, em Portugal, onde é sempre vitoriosa.

- Hoje me vejo como uma cantora dos grandes amores, das perdas e dos reencontros. Se a música não me arrepiar, não gravo. Se não for personagem da letra, não consigo interpretar. Sou um dramalhão, uma passional - costuma afirmar, entre gostosas risadas, a intérprete que já visitou todos os grandes compositores brasileiros sem algum preconceito e sempre com seu toque pessoal, foi de Luiz Gonzaga a Roberto Carlos, de Michael Sullivan a Chico Buarque. Este último a presenteou com um de seus maiores sucessos: Sob medida, além de receber da intérprete uma grande homenagem no disco de 2004, onde dividiu os vocais na faixa Fado Tropical.

Fafá também tem envolvimento ativo na política do Brasil. Em 1984 participou do movimento Diretas já, gravando o Hino Nacional. Alheia às críticas de que oscila entre o popular e o elitizado, Fafá navega por ritmos que mexem com sua personalidade e com o país e talvez esse seja seu segredo, sua perfeita identificação com o público ao gravar sertanejo, forró, romântico, boleros, etc., tornando seus sucessos inesquecíveis: Meu disfarce, Bilhete, Atrevida, Abandonada, Coração do agreste, Vermelho, Nuvem de lágrimas, Meu dilema, Sob medida, Raça, Memórias, e projetos como os discos Meu fado - 1992 (onde faz homenagens a grandes fados e a Portugal, onde tem sucesso impressionante), Fafá ao vivo - 1995 (Disco que resgata seus grandes sucessos em 20 anos de carreira) e Tanto mar - 2004 (Fafá de Belém interpretando Chico Buarque).

Fafá vivenciou grandes momentos em sua carreira, como artista e como mulher. Um deles foi em 1991, quando gravou a canção Se você quer, ao lado de seu ídolo Roberto Carlos, de quem guarda recordações e amizade antiga. Outra grande emoção aconteceu em 1997, quando expressou sua religiosidade e cantou Ave Maria (Vicente Paiva/Jaime Redondo) para o então papa João Paulo II. Atualmente, Fafá participa como atriz da novela Caminhos do coração, da Redord e paralelo a isso, divulga seu mais recente trabalho: Fafá de Belém ao vivo em cd e dvd. E para nós, ela sempre reserva momentos emocionantes, na voz, no carisma, na risada inconfundível, na musicalidade de Fafá do Brasil!

Um forte abraço a todos!

Mulher Sexo Frágil!?

Hoje, dia internacional da mulher, esse blog tem a alegria de parabenizar a todas as mulheres através da música! Escolhi a canção que mais traduz, a meu ver, a alma feminina: Mulher (sexo frágil) do tremendão Erasmo Carlos em parceria com a Narinha, sua falecida esposa.

Na mpb encontramos muitas canções em homenagens às mulheres... Algumas recebem nomes para que a homenagem seja mais específica: Rosinhas, Anas, Luizas, tantas Marias com a estranha mania de ter fé na vida! Tantas Baixinhas, gordinhas, de óculos, de 40 ou Senhoras, grávidas e cheirosas e cantadas pelo Roberto e tantas super stars compostas em parcerias com o Erasmo... A alma feminina é adorada pela mpb.

Alguns artistas masculinos também tentam descrever a alma feminina, se pondo do lado oposto na hora de compor. Como exemplo do que falo temos Esse cara do Caetano ou Palavra de mulher, O meu amor e Bárbara do Chico; ou Super-homem do Gil, são exemplos de uma tentativa em se vivenciar a alma feminina.

Mas, voltando a Mulher (Sexo frágil) do Erasmo, essa é a canção mais tocada e preferida pelos brasileiros para homenagearem as mulheres nessa e em qualquer época que se queira descrever o cotidiano, a importância e o brilho do ser feminino. Nela o Erasmo deixa sua alma à flor da pele e descreve, mesmo através de exemplos pessoais e íntimos, que forte mesmo só as mulheres, e que não chega a seus pés:

Mulher (sexo frágil)
Erasmo Carlos/Narinha

Dizem que a mulher é o sexo frágil,
Mas que mentira absurda!
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas...

Vejam como é forte a que eu conheço
Sua sapiência não tem preço
Satisfaz meu ego se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça...

Quando eu chego em casa à noitinha
Quero uma mulher só minha
Mas prá quem deu luz não tem mais jeito
Porque um filho quer seu peito...

O outro já reclama a sua mão
E o outro quer o amor que ela tiver
Quatro homens dependentes e carentes
Da força da mulher...

Mulher! Mulher!
Do barro de que você foi gerada
Me veio inspiração prá decantar você nessa canção...

Mulher! Mulher!
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um 10 sou forte mas não chego aos seus pés...

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Trilhas sonoras de novelas

As trilhas de novelas, sobretudo globais fazem parte do cotidiano brasileiro. Quem nunca se pegou amando ao som de alguma dessas trilhas? Quem nunca se apaixonou por tal canção após ter ouvido sua execução na novela ? Ou quem não defende que tais trilhas deixam cenas, capítulos ou até novelas inesquecíveis?

A popularização das trilhas sonoras de novelas começou em 1969, quando a gravadora Philips lançou, em parceria com a Rede Globo, o disco de “Véu de Noiva”, de Janete Clair. Em 1971, a emissora criou a Som Livre, selo que passou a ser responsável pela produção das trilhas sonoras. A primeira trilha lançada pela gravadora das Organizações Globo foi “O Cafona”. Discos de vinil de “Selva de Pedra”, “Escalada” e “Pecado Capital” alcançaram grande comercialização, mas não se comparam a “Estúpido Cupido”, de 1976, a primeira trilha de novela a alcançar a marca de um milhão de discos vendidos.

Lançar discos com trilhas de novelas tornou-se algo bastante vantajoso para a gravadora que trabalhava ao menos duas trilhas diferentes: a nacional e a internacional. Com isso, todos os artistas da mpb já tiveram pelo menos um de seus hits reforçado com imagens, que de repente nem tinham inspirado na criação daquele tema, isso quando não são "encomendadas" tais trilhas baseadas na história do personagem ou no tema geral da novela. Alguns artistas chegam a lançar coletânea só com canções que fizeram parte das trilhas sonoras, ao decorrer dos anos como é o caso de Djavan, Rita Lee, Fagner, Caetano Veloso e Gal Costa. A trilha sonora mais vendida da história das novelas é a primeira de “O Rei do Gado”, com a marca de 1,5 milhão de discos, seguida por “Dancin Days” internacional.

Acho a música de novela algo marcante pelo que disse no começo: sempre tem alguma cena ou novela inesquecível associada ao áudio daquele momento! Lembro quando Roque Santeiro, personagem de José Wilker voltou à cidade - até hoje é inesquecível De volta pro aconchego com Elba, em 1985. Ou quando Tieta voltou à sua cidade, com Fafá cantando Coração do Agreste em 1989. Nessa mesma novela vinha a Simone com Uma nova mulher, fascinante! Quem não associa "Brasil, mostra tua cara...", interpretada por Gal Costa com a novela Vale tudo - 1988? Ou quem não lembra da Rosana com o Amor e o poder na novela Mandala - 1987 (Como uma deusa...)? Quem Esquece de Oceano, do Djavan em Top Model - 1989? Enfim, são muitas as lembranças! E você tem alguma música, trilha de novela que lhe remete ao passado?

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 4 de março de 2008

Os ao vivos do Chico...

Chico Buarque tem um repertório e uma discografia fascinante e isso não é novidade aos amantes da boa música brasileira! Destacarei os registros ao vivo feitos por esse que é o melhor compositor da história do país!

Em 1990, gravou o Chico Buarque ao vivo Le Zenith em Paris. Com arranjos do maestro Cristóvão Bastos, Chico passeia por alguns de seus clássicos, dando uma roupagem diferente das versões originais, sem perder a força de intérprete que possui para suas criações. A banda que o acompanha não leva apenas o grande maestro, mas músicos de peso no cenário nacional como o baterista Wilson das Neves e o percussionista Mestre Marçal, este último divide os vocais com Chico nas faixas Sem compromisso e Deixa a menina.

O show começa como Desalento, após apresentar os músicos e penetra a fundo no repertório com sambas como A Rita e Samba do grande amor. Depois passa por Gota d´água e As vitrines. Passeia pela Volta do malandro e Partido alto e encontra o Marçal nas canções já citadas. Inclusive o Chico afirmou que aprendeu Sem compromisso quando se encontrava para compor com o Tom.

Suburbano coração é uma faixa que por si só mereceria um post pois fala em sexo sem perder a elegância, coisa rara nos dias de hoje. Em Palavra de mulher, Chico destaca uma composição que faz no feminino, certamente para alguma das tantas intérpretes que já o visitaram. O romantismo está presente em Todo o sentimento, Joana Francesa, João e Maria e O que será (à flor da pele), esta última uma das mais líricas do nosso cancioneiro. O carnaval, uma das paixões do Chico, está presente em Rio 42 e Não existe pecado ao sul do Equador. O lado político também marca presença em Vai passar e Samba de Orly, que compôs com Toquinho quando este o visitou na Itália, quando estava exilado. As questões sociais estão bastante evidentes em Brejo da cruz, que também merece um tópico só por sua sensibilidade! O show é finalizado com Eu quero um samba...

As pessoas criticam que o Chico não é bom cantor, mas basta observar a precisão de suas interpretações em suas dissonantes criações para comprovarmos que isso é no mínimo um comentário de quem desconhece esse carioca tão importante para a cultura do país! O cd é uma ótima pedida pois recentemente todos os discos do Chico foram remasterizados e como na época não tínhamos dvd, ficamos com o registro auditivo de ótima qualidade e bom gosto como é esse trabalho!


Um abraço a todos!

domingo, 2 de março de 2008

Hoje eu me peguei pensando em você...

Sandra de Sá, o balanço, a voz, o romantismo e o carisma... Quem a descobriu foi a sambisa Leci Brandão, que gravou sua primeira composição "Morenando", em meados de 1977. Destacou-se no festival da Globo de 1980 com a canção Demônio colorido entre as dez melhores, alcançando sucesso nacional.

Na década de 80, estourou nas rádios com um hit atrás do outro, coisas como Retratos e canções, Joga fora, Bye bye tristeza, Solidão, Olhos coloridos, Quem é você, entre tantas outras que tornaram Sandra a rainha da black music nacional, chegando a ser taxada como a Tim Maia de saias. Sandra sempre foi irreverente como o Tim, inclusive brincando com o título mpb que, pra ela significa música preta brasileira! Ao Tim, também dedicou uma homenagem especial - o disco Eu sempre fui sincero, você sabe muito bem de 1998, todo com o repertório formado por sucessos na voz do "Síndico".

Realmente Sandra tem um timbre de voz agradável e uma influência black incomparável, mas não se resume a isso. Além de ser a grande cantora, intérprete e compositora que é, possui adereços que vão das roupas, cabelos, até óculos que a tornam inconfundível no cenário nacional que poderia olhar um pouco mais para artistas como essa, que arrasa em composições próprias ou de outros compositores como Michael Sullivan, Paulo Massadas, Peninha, Nando Reis, Tim Maia, Jorge Ben, Cazuza, Marcos Valle, Carlos Colla, etc.

Para comprovar tudo isso que foi dito e muito mais que podemos oferecer a uma artista dessa grandeza, ficamos com a letra de Retratos e canções, uma das mais lindas do repertório da Sandra:

Retratos e canções
Michael Sullivan/Paulo Massadas

Hoje eu me peguei, pensando em você
Te amo e nem sei como eu amo (Coisas do amor)
Quero não lembrar, que às vezes sem querer
Me apanho falando em você

Lembranças de nós dois, (Retratos e canções)
Um filme de amor, que nunca chega ao fim
Quem sabe se você ainda pensa em mim? (Te amo e nem sei como eu amo)

Dói no coração, às vezes que eu lembrar
Te amo, e não quero te amar...

Um forte abraço a todos!

sábado, 1 de março de 2008

Faz meu gênero ser seu fã número um...

Antes de ser o grande cantor e compositor que é, Guilherme Arantes já era tecladista da banda Moto Perpétuo. Desde que cantou aquela famosa frase "Quando fui ferido, vi tudo mudar..." da canção Meu mundo e nada mais, tema da novela global Anjo Mau em 1976, identificada nos primeiros acordes de seu famoso piano que Arantes despontou e conseguiu algo não muito comum ao ter, de lá pra cá, 25 temas de novelas, além de ter várias canções nos especiais infantis como o Lindo balão azul, que o tornaria famoso nacionalmente.

Pianista na melhor influência e linhagem Tom Jobim, acumulou em seu currículo canções gravadas por Roberto Carlos, Elis Regina, Caetano Veloso, Emílio Santiago, Chitãozinho & Xororó, Maria Bethânia, Joanna, Zé Ramalho, Zezé di Camargo & Luciano, Fafá de Belém, entre tantos...

Arantes chega a fazer algo em torno de 140 shows pelo Brasil afora, com 20 canções em média nos shows, sempre cantadas em côro com o público. Um fato curioso é que ele tem mais coletâneas que discos de carreira, além de ser também campeão de dvds ao vivo e o único a ter o certificado Steinway, uma éspecie de Iso 9002 dos pianistas mundiais, concedido pela famosa fábrica de pianos.

Guilherme nunca negou sua eclética formação de quem começou tocando chorinho as quatro anos de idade num cavaquinho que ganhou do pai, tendo com isso um trânsito livre pela mpb e rock nacional com seus inesquecíveis sucessos como Amanhã, Brincar de viver, Cheia de charme, Deixa chover, Êxtase, Fã número 1, Meu mundo e nada mais, Brilho estranho, Lendas, Marina no ar, Planeta água, Pedacinhos, Toda vã filosofia, Um dia um adeus... e tantos outros que fazem desse cara um grande nome respeitado e cultuado no mundo musical brasileiro.

Ficamos com a letra da romântica Fã número 1:

Fã número 1
Guilherme Arantes

Você nem desconfia
E o que eu não daria
Por seu amor?

Onde você anda
Nem sei como chamo
A sua atenção

Que eu existo
Aposto que pode dar certo
Esse romance
Aberto dentro de mim

Você nem imagina
Que eu te inundaria
Toda de som

Luz da ribalta
Te quero no palco,
Palco...

Entra em cena faz seu número
Faz meu gênero ser seu fã nº1
Ali no gargarejo jogando beijo

Um forte abraço a todos!