terça-feira, 29 de abril de 2008

As canções que você fez pra mim

No mês dedicado ao aniverário do rei, nada mais apropriado que falar sobre esse disco em sua homenagem, talvez o melhor dessa safra, lançado por Maria Bethânia em 1993 - As canções que você fez pra mim.

Gravado em Los Angeles e Londres, produzido por Guto Graça Mello e tendo músicos como Jurim Moreira na bateria, João Carlos Assis Brasil no piano e Pedro Ivo no baixo o disco conta com arranjos de Jaime Alem, maestro de Bethânia e com a Orquestra de Cordas Inglesa sob a regência de Graham Preskett.

Gravar um disco com o repertório do rei da música brasileira não é tarefa fácil, sobretudo porque seu trabalho não deixa "espaços", é tudo muito completo e Bethânia sabia disso, tanto é que a inclusão da orquestra inglesa foi proposital, sobretudo porque o maestro Graham Preskett conhece pouco a obra do Roberto, daí dava pra ter uma concepção bem original, sem influência da arte real.

O disco obteve uma vendagem muito expressiva. Com mais de um milhão de cópias, foi versionado para o espanhol com Las canciones que hiciste para mí. É um disco muito lindo, reconhecido recentemente pelo rei, mais uma vez, em uma entrevista dada na Argentina. Arranjos e interpretações ímpares de Bethânia para clássicos do Roberto como Detalhes, Olha, Fera ferida e Emoções, e canções meio esquecidas de seu repertório como Você não sabe e Palavras. O disco também traz Seu corpo, Costumes, Você e Eu preciso de você. Emplacou dois hits em novelas globais: Fera ferida e Você.

A relação entre a abelha rainha e o rei da música brasileira não é recente. Bethânia foi a primeira a participar de um dueto em disco com Roberto na faixa Amiga em 1982, além de participar de seus especiais da Globo em 1979, 1981, 1982 e 1993. Alheia ao rótulo de que foi "um apelo popular" fazer esse trabalho, Bethânia continua gravando Roberto. Já emprestou sua inconfudível voz para As flores do jardim da nossa casa, Nossa canção, Outra vez, entre outros, sempre com todo o profissionalismo de uma grande intérprete e a dedicação de uma grande fã declarada do rei! Em seu atual show com a cantora cubana Omara Portuondo canta Você não sabe, desse mesmo disco.

Estamos diante de um trabalho majestoso. Um disco requintado com uma interpretação majestosa da abelha rainha e com o repertório do rei da música brasileira. Sem dúvida, um trabalho que tem todas as coisas que um dia sonhamos para nós...

Um forte abraço a todos!

domingo, 27 de abril de 2008

Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver...

O poeta modernista, o compositor, um dos criadores da Bossa nova, jornalista, diplomata Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes. O "poetinha" se notabilizou por seus sonetos. Quem resiste ao Soneto da fidelidade? "De tudo, meu amor serei atento...Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure".

Vinícius escreveu talvez a peça teatral mais famosa do Brasil: Orfeu da Conceição, com cenário de Oscar Niemeyer e o piano de um jovem que se tornaria seu mais famoso parceiro, Tom Jobim, em 1956. Desta parceria, nasceram alguns dos clássicos mais lindos da música brasileira: Garota de Ipanema, Eu sei que vou te amar, Se todos fossem iguais a você, A felicidade, Água de beber, Eu não existo sem você, Chega de saudade, Insensatez, Ela é carioca, Pela luz dos olhos teus, entre outras. Sem falar que foi dessa parceria e da batida de violão de outro grande nome, João Gilberto, que encontramos a gênesis da Bossa nova.

Da mesma forma como se casava, Vinícius alternava com vários compositores, obtendo parcerias com Chico Buarque, Adoniran Barbosa, Francis Hime, Edu Lobo, Carlos Lyra, Ary Barroso, Pixinguinha, Baden Powell e Toquinho, entre compositores famosos e anônimos, todos tinham chance de dividir composições com ele. Desses encontros surgiram outros clássicos da música brasileira como Apelo, Minha namorada, Onde anda você, Samba de orly, Gente humilde, Arrastão, Tarde em Itapoã, Aquarela, grande parte delas em parceria com Toquinho com quem realizou sua mais longa parceria, lhe rendendo muitos discos e shows, no Brasil e exterior.

Em 2005 foi lançado o documentário Vinícius, abrangendo toda biografia do poeta, vida pessoal, parceiros e participações de amigos como Caetano Veloso , Chico Buarque, Carlinhos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Toquinho, entre outros sob a direção de Miguel Faria Jr. e com Cristinha Morgado e Ricardo Blat recitando algumas obras poéticas. "Quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?" Tudo isso para mostrar que Vinícius continua entre nós, sempre ensinando com sua poesia e sua beleza melódica que sempre apreciaremos por toda nossa vida...

Se todos fossem iguais a você
Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Vai tua vida
Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor

Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz

Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver

Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar

Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer

Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você

Um forte abraço a todos!

sábado, 26 de abril de 2008

O tempo se rói com inveja de mim...

Dinair Tostes Caymmi , nossa Nana Caymmi tem música na alma literalmente, porque após seu nascimento, já era canção na composição Acalanto de seu pai, aquele velhinho "desconhecido" da Bahia chamado Dorival que fez essa pérola para ninar sua filha!

Poucos sabem que sua primeira gravação foi justamente Acalanto ao lado de seu pai; que morou na Venezuela durante seu primeiro casamento e que se casou depois com Gilberto Gil, nos anos 60, casamento que durou pouco tempo. Também foi uma das fundadoras do projeto Pinxiguinha ao lado de Ivan Lins.

Mas, muitos reconhecem o enorme talento que Nana tem em suas interpretações e suas ligações familiares ao pai e aos irmãos Dori e Danilo. Esse encontro familiar é sempre constante e majestoso como aconteceu em 1991 num show que reunia Tom e Dorival, além de Danilo ou em 2002 quando lançou o CD "O mar e o tempo", contendo exclusivamente obras de Dorival Caymmi e contou com a participação de seus irmãos Dori e Danilo, além de sua mãe, Stella, das netas e das sobrinhas. Em 2004, comemorando o 90º aniversário do pai, lançou, com os irmãos Dori e Danilo, o CD "Para Caymmi, de Nana, Dori e Danilo", novamente contendo exclusivamente canções de Dorival Caymmi com arranjos assinados por Dori Caymmi.

Temos uma grande intérprete que navega na praia de muitos compositores que vão desde Milton Nascimento a Gonzaguinha, de Ivan Lins a Tom Jobim, trabalhando com músicos requintados e requisitados como os maestros Cristóvão Bastos ou Wagner Tiso, formando sucessos como Suave veneno, Estrada do sol, Caís, Não se esqueça de mim, Fascinação, Resposta ao tempo, Acalanto, Só louco, Até pensei, Brisa do mar, Carinhoso, A noite do meu bem, Nem eu, Olhe o tempo passando, Solamente una vez, Você não sabe amar, entre outros.

Nana sempre foi festejada pela sofisticação de suas interpretações. Nos anos 90 chegou à lista dos mais vendidos, dedicando-se ao repertório de músicas românticas e boleros, sendo "A Noite do Meu Bem" (1994) e "Resposta ao Tempo" (1998) dois de seus discos mais vendidos. A faixa "Resposta ao Tempo" (Cristóvão Bastos/Aldir Blanc) foi incluída com êxito na minissérie "Hilda Furacão", da TV Globo. Inclusive, por tantas canções em novelas globais, já lançou um projeto reunindo todos esses trabalhos em "Os maiores sucessos de novela de Nana Caymmi".

É mais uma grande intérprete pela qual a música brasileira pode se orgulhar e agradecer sua existência e brilhantismo!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Um boiadeiro errante...

Sérgio Bavine, mais conhecido com Sérgio Reis ou simplesmente Serjão é, talvez o maior nome da música sertaneja do Brasil. Compreendo que o preconceito à esse estilo é imenso e isso é um fato curioso, porque estamos tratando de um país, tipicamente sertanejo, com uma identidade sertaneja. Mas, alheio a tudo isso está o sucesso desse grande astro, talvez o mais alto da música brasileira, em se tratando de estatura.

Sérgio fez parte do movimento Jovem Guarda e ali reside seu primeiro sucesso: Coração de papel, embora já houvesse gravado anteriormente, foi com essa que se tornou conhecido nacionalmente. E, justamente uma das correntes desse movimento é iniciada por ele nos anos 70, quando gravou outro grande sucesso de sua carreira: Menino da porteira, voltando às suas origens e fortemente influenciado por Tonico e Tinoco. Também com Menino da Gaita, Sérgio fortalece o estilo caipira, incluindo novos sons, sem descaracterizar o sertanejo raiz.

Depois desses, surgem outros na mesma linha como Adeus Mariana, Panela Velha, Pinga ni mim, gerando o primeiro disco sertanejo a vender um milhão de cópias em 1981, com seus grandes sucessos até então! Sérgio é um intérprete versátil, pois além do sertanejo raiz, também passeia pelas praias românticas de Roberto Carlos, quando gravou um disco com canções interpretadas pelo rei, em 2001, ou forró de Luiz Gonzaga, que também tem como um de seus ídolos!

Em seu repertório destacam-se outras interpretações como A volta da asa branca, Assum preto, Calix Bento, Carga pesada, Cabocla Tereza, Boiadeiro, Chico Mineiro, Com muito amor e carinho, Todas as manhãs, Casinha branca, É disso que o velho gosta, Disparada, Galopeira, Nossa canção, Outra vez, Rei do gado, O tempo vai apagar, Romaria, Tocando em frente, Tristeza do Jeca e tantos outros sucessos, sempre num tom sertanejo gostoso de ouvir, com uma mescla de uma boa viola e a voz suave e afinada do Serjão!

Ficamos com a letra de Boiadeiro errante, um de seus clássicos e hinos da música sertaneja que nos remete aos bons climas e paisagens do interior desse país amado e cantado de diversas formas:

Boiadeiro errante
Teddy Vieira

Eu venho vindo de uma querência distante
Sou um boiadeiro errante que nasceu naquela serra
O meu cavalo corre mais que o pensamento
Ele vem no passo lento porque ninguém me espera

Tocando a boiada auê-uê-uê-ê boi
Eu vou cortando estrada uê boi
Tocando a boiada auê-uê-uê-ê boi
Eu vou cortando estrada

Toque o berrante com capricho Zé Vicente
Mostre para essa gente o clarim das alterosas
Pegue no laço não se entregue companheiro
Chame o cachorro campeiro que essa rez é perigosa

Olhe na janela auê uê uê ê boi
Que linda donzela uê boi
Olhe na janela auê uê uê ê boi
Que linda donzela

Sou boiadeiro minha gente o que é que há
Deixe o meu gado passar vou cumprir com a minha sina
Lá na baixada quero ouvir a siriema
Prá lembrar de uma pequena que eu deixei lá em Minas

Ela é culpada auê uê uê ê boi
De eu viver nas estradas uê boi
Ela é culpada auê uê uê ê boi
De eu viver nas estradas

O rio tá calmo e a boiada vai nadando
Veja aquele boi berrando Chico Bento corre lá
Lace o mestiço salve êle das piranhas
Tire o gado da campana pra’ viagem continuar

Com destino a Goiás auê uê uê ê boi
Deixei Minas Gerais uê boi
Com destino a Goiás auê uê uê ê boi
Deixei Minas Gerais uê boi

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Fagner é Demais...

Fagner é demais, que intérprete, que voz! Em 1993, deixou sua veia artística à flor da pele ao interpretar canções que ainda não havia gravado, num projeto que já acalentava há anos. Canções que já há muitos anos mereciam uma releitura para o conhecimento das novas gerações. Foram vinte meses de preparo até que o disco Demais fosse lançado em maio de 1993.

Com produção de Roberto Menescal, o disco revive alguns boleros, temas de bossa nova e clássicos da música brasileira. Eu sei que vou te amar de Tom e Vinícius ficou divina na voz do cearense mais amado do país. Em seguida, temos Minha namorada, clássico de Carlinhos Lyra e novamente Vinícius, a quem Fagner dedica o trabalho. Uma interpretação sublime é dada a Manhã de Carnaval, uma mescla de suavidade e a voz grave do Fagner para nosso deleite. Nunca e Alguém como tu vem na sequência, assim como Ronda para representar os boleros e o lado seresteiro do intérprete. O mesmo pode ser dito para Da cor do pecado, Gente humilde e Brigas, tema que o fez relembrar o grande seresteiro Altemar Dutra, com quem Fagner já gravou no passado. João Valentão leva o cearense a navegar nas praias baianas de Caymmi. Novamente com Tom na faixa Dindi, é de arrepiar a interpretação. O disco ainda traz Folha morta, apenas no cd, Vingança e se encerra com Demais, faixa título do projeto.

No ano em que a Bossa nova completa 50 anos, nada mais legal que comentarmos esse projeto mais recente, também homengem a esse movimento e dos melhores discos do Fagner. O que falar de canções tão bem produzidas e agradáveis aos nossos ouvidos em sua interpretação? E um repertório de arrepiar qualquer amante da boa música brasileira, mostra o bom gosto desse cearense que sempre cativou seu público com seus maravilhosos lançamentos! Sem falar que tais sucessos acabam nos remetendo a outros intérpretes do passado para determinadas músicas como o caso de Brigas, já comentado ou Gente humilde (Ângela Maria), ou qualquer um desses boleros, já interpretados por tantos seresteiros Brasil afora. Infelizmente, nos dias de hoje, a Seresta é algo muito raro. Aqui no Recife ainda temos um momento saudoso desses que conto em breve!

Um forte abraço a todos!

domingo, 20 de abril de 2008

É um rio que passa em nossa vida...

Ah, coração leviano, aquele que nunca curtiu ao menos um sambinha sofisticado de Paulinho da Viola. Paulo César Batista de Faria é filho de violonista e a influência do pai o fez aprender uma levada única ao violão para apresentar seus sambas, quase todos inspirados em sua escola de samba Portela, uma paixão em sua vida.

Ao longo de toda sua carreira tornou-se um dos maiores representantes do samba e herdeiro do legado de músicos como Cartola, Candeia e Nelson Cavaquinho, sempre se renovando e produzindo sem abandonar seus princípios e valores estéticos e, com isso deixando marcado no inconsciente popular canções como Coração leviano, Acontece, As rosas não falam, Bebadosamba, Foi um rio que passou em minha vida, Pecado capital, Sinal fechado, Nervos de aço, Eu canto samba, etc.

Dois grandes trabalhos destacáveis do Paulinho são os álbuns Bebadosamba de 1997, que redeu um grande show com o mesmo nome e o Acústico mtv em 2007, que atualmente divulga em show. Paulinho tornou-se uma nobreza do samba, uma excelência na música brasileira, sobretudo por sua simplicidade e sofisticação ao apresentar seus sambas com sua batida violão e deixar marcado na música brasileira um rio de emoção e sofisticação! Ficamos com a letra de Foi um rio que passou em minha vida, samba atual de 1970:

Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida
Paulinho da Viola

Se um dia meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar

Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou

Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar

Porém, ai porém
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval

Eu carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me
Lembro anunciou
Portela, Portela...

O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou
Ah, minha Portela!
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado

Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar

Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar...

Um forte abraço a todos!

sábado, 19 de abril de 2008

Sinônimo de felicidade...

Hoje é aniversário do rei e esse blog presta uma singela homenagem extrapolando o lado fã em homenagem ao maior artista da música brasileira de todos os tempos, afinal o Roberto é o grande culpado da existência desse espaço. Embora esteja sempre destacando outros artistas maravilhosos e que contribuem com a nossa melhor música do mundo, a brasileira, sempre busco em todos, um pouco do Roberto. Ele é simplesmente Brasil...

Ouvir Roberto Carlos é sinônimo de felicidade. Sempre que ligamos o som e, algum de seus sucessos toca, o ambiente toma uma forma diferenciada. É algo virtual, porém verdadeiro. Exemplificando essa prosopopéia, é como se o ar, as paredes, os móveis, tudo sorrissem e cantassem juntos, navegando em melodias de amor e de paz que todo seu repertório apresenta. É como diz a canção Tudo pára – 1981, que cita várias cenas: “...Pelas frestas da janela, se derrama pela rua e provoca inexplicáveis emoções...O mar se faz mais calmo por nós dois...” Falando nisso, temos em um dos trechos de um clássico do rei uma das mais perfeitas prosopopéias da música brasileira: “A capa pendurada, assistia a tudo e não dizia nada...” (Os seus botões - 1976). A prosopopéia é uma figura de linguagem da língua portuguesa que atribue características pessoais a seres inanimados. Outro exemplo de figura de linguagem, encontramos em “Você foi a melhor coisa que eu tive, mas o pior também em minha vida...” (Você em minha vida – 1976), uma perfeita antítese. Antítese, figura de linguagem que aproxima características inversas. Sou formado em matemática, porém lembro dessas observações das aulas de português que o professor apresentava e muito me animava ver uma interação entre rei e a educação. Isso porque, às vezes eu queria que a história destacasse mais o Roberto como artista, depois cheguei a conclusão que o rei já é a história desse país há quase meio século.

Lembrar que aprendi melhor espanhol nas canções que o rei gravava, se intensificando no disco Canciones que amo – 1997. Nas Igrejas Católicas de todo país, sempre escutamos Nossa Senhora – 1993 ou Jesus Cristo – 1970 ou as demais mensagens abordadas, sobretudo, após o disco Paz ao vivo - 2000 do Padre Marcelo Rossi e também algumas regravações do Padre Antônio Maria. Algumas das principais rádios, principalmente no interior do Brasil, possuem programas especiais com, pelo menos uma hora só com Roberto Carlos. Aos domingos, às 19:00 é concorrência total, é Roberto na antiga ou recente vitrola.

Em minha casa, em sua casa, nas escolas, na Igreja, nas rádios, nas praças, nos sites, blogs, em todo bom lugar se toca Roberto Carlos e o ambiente se torna algo próximo da perfeição. “Se eleva pelos ares, toma conta da cidade e felicidade é tudo que se vê” ou ainda “ Pára o bairro e a cidade, nessa hora tão feliz e é tanto amor que pára até o país (Tudo pára – 1981). Realmente, tudo pára pra sentir esse momento de felicidade que é ouvir e viajar nas canções do rei Roberto Carlos.

Feliz Aniversário rei, esteja sempre em paz, com saúde e com esse imenso amor que penetra em nosso coração! Parabéns para todos os fãs, parabéns Brasil por um artista como esse!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Toda menina baiana tem encantos que Deus dá...

É com essa frase do Gil, cantada em canção já gravada por essa grande intérprete que podemos definir a estrela da música brasileira que Daniela Mercury é. Teve uma formação muito árdua na noite, interpretando todos os bons compositores da música, desde Michael Jackson até Milton Nascimento, sobretudo sua influência maior Elis Regina.

Antes de ser cantora solo, participou de algumas bandas como a Banda Eva. Na década de 90 explode no cenário nacional como o furacão Daniela, inicialmente com Swing da cor e depois com O canto da cidade, o disco que mais vendeu em sua carreira com a canção de mesmo nome. A partir daí, tornou-se uma das cantoras mais populares do país, vendendo milhões de discos! E foi como cantora solo que atingiu o topo das paradas com sucessos como Batuque e Você não entende nada, dentre outras no início de sua carreira, que lhe rendeu participar do Festival de Montreux na Suíça.

Segue carreira com uma mescla de canções dançantes e canções mais lentas, transitando pelo axé e pelo romântico na música brasileira, explorando ao máximo sua veia de intérprete em canções como À primeira vista, Nobre vagabundo, Rapunzel, Como vai você, Mutante, De tanto amor, Ilê pérola negra, Maimbê danda, Pensar em você, Topo do mundo, Toda menina baiana, etc.

Com seu repertório e suas apresentações, Daniela consegue afinar bem sua versatilidade ao interpretar canções de Tom Jobim ou Chico César, Roberto Carlos ou Chico Buarque, Caetano Veloso ou Gilberto Gil, Hebert Viana ou Rita Lee... Daniela passeia por todos com sua forma ímpar de interpretá-los, contagiando seu público e os deixando cada vez mais apaixonados.

No exterior, possui um sucesso muito expressivo, sobretudo em Portugal e toda Europa. Daniela também tem um lado filantrópico muito exemplar, sempre envolvida com campanhas como Criança esperança e Teleton, o que caracteriza a humana Daniela Mercury tão grande ou maior ainda que a artista, o que prova que Toda menina baiana tem mesmo mil encantos que Deus dá...!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Prepare o seu coração pras coisas que eu vou falar...

Jair Rodrigues é talvez o cantor mais alegre da música brasileira! Depois de ser crooner no interior de São Paulo, onde viveu sua adolescência e frequentar os programas de calouros, tornou-se sucesso no programa O Fino da Bossa, em parceria com Elis Regina na tv Record a partir de 1965, onde ganhou o apelido de "cachorrão" dado pela "pimentinha".

Os Festivais da Record foram outro capítulo da história do Jair, onde venceu com a canção Disparada de Geraldo Vandré e Théo de Barros. Conhecido como sambista, Jair surpreendeu a todos com sua interpretação para aquela canção sertaneja raiz e conseguiu dividir o primeiro lugar com A banda de Chico Buarque em 1966.

A partir desse instante foi um disco por ano e muitos shows no Brasil e principalmente no exterior, sobretudo na Europa. Seus sucessos são uma mescla de grande interpretação e carisma, ponto marcante em sua personalidade artística e humana.

Jair é considerado por muitos como o pai do rap atual. Ele começou com isso nos anos 60 com Deixa isso pra lá, sobretudo pelos gestos que fazia com a alternância das mãos. Outros sucessos inesquecíveis de sua carreira são A majestade o sabiá, Boi da cara preta, Carinhoso, Da cor do pecado, Irmãos coragem, Luar do sertão, Vaqueiro de profissão, No meu pé de serra, Triste madrugada, A felicidade, etc.

Atualmente, Jair grava bem menos e tem uma vida menos atribulada de shows que nos anos 60, entretanto continua com a mesma alegria e entusiasmo em suas apresentações, mostrando que Deixe que digam, que pensem, que falem... o que quiserem, pois ele sempre estará com aquele sorriso e alegria contagiantes!

Um forte abraço a todos!

domingo, 13 de abril de 2008

Prefiro ser essa metamorfose ambulante...

Há alguns anos atrás surgiu um músico que revolucionaria a música brasileira: o maluco beleza Raulzito, o grande Raul Seixas. Baiano, seu gosto musical foi se moldando primeiramente no rádio onde acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens com o pai (inspetor de ferrovia), ouve os matutos desfiarem repentes, "raiz" nordestina que nunca o abandonara. Num segundo momento, nas telas dos cinemas, encanta-se com o talento de Elvis Presley, de quem torna-se fã e aponta-lhe o rumo musical: o Rock'n Roll.
Inclusive, um dos primeiros e grandes sucessos do Jerry Adriani, Doce doce amor, é do Raulzito, a quem retribui ajudando a gravar o primeiro disco, um total fracasso. O sucesso viria mais tarde, em 1973 com o disco Krig-Há, Bandolo!, onde estabeleceu a parceria com o hoje escritor Paulo Coelho.


Seus sucessos tornam-se cada vez mais marcantes, como Há dez mil anos atrás, Gitã, Maluco beleza e Rock das aranhas, que fimaram o Raul como grande nome brasileiro. Outros sucessos também se tornaram clássicos na obra do Raul como Sociedade alternativa, A maçã, Al capone, Mosca na sopa, Medo da Chuva, Ouro de Tolo, O trem das sete e Tente Outra Vez. Todas essas e tantas outras popularizaram o Raul, mesmo algumas com uma interpretação mais rebuscada, porém sempre com a marca mística e roqueira dele.
O Raul também conseguiu se destacar entre as crianças com canções como Al capone, Mosca na sopa e Carimbador maluco, o popular plunct plat zum, que tocava bastante no programa infantil Balão mágico em meados da década de 80. Ficamos com a letra de Ouro de Tolo, canção já interpretada por Caetano Veloso, e que dá um alento à vida de todos que a escutam e meditam sobre ela, de forma humana e racional!

Ouro de Tolo
Raul Seixas

Eu devia estar contente porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73...

Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção de coisas grandes prá conquistar e eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo
Prá ir com a família no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos...
Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano ridículo, limitado que só usa dez por cento de sua cabeça animal...
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social...

Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada
Cheia de dentes esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador...

Um forte abraço a todos!

sábado, 12 de abril de 2008

Os compositores do Brasil - 2

Hoje gostaria de homenagear um dos principais compositores modernos que o Brasil possui, Carlos Colla. Já prestei uma homenagem recentemente a outro compositor fantástico, o Michael Sullivan, em 5 de janeiro desse ano, e sempre estarei postando algum, para conhecimento de todos!

A primeira curiosidade da carreira do Colla é que sua primeira composição, A namorada, em parceria com Maurício Duboc foi gravado por ninguém mais que Roberto Carlos em 1971, que conheceu por tocar guitarra no Canecão, no início de sua carreira. Colla também enviou outra canção para o rei, Negra, que o Roberto gravou em 1972. A partir daí, começou a enviar uma canção por ano para o rei e hoje é o compositor mais regravado pelo Roberto! Pasmem, depois de Roberto e Erasmo, entre os nomes que figuram entre os compositores favoritos do rei, Carlos Colla é o número um. São 44 composições para o rei, incluindo as versões de algumas gravações para outras línguas como Falando Sério que foi versionada para o inglês e o espanhol.

O site do compositor http://www.carloscolla.com.br/ define bem o sucesso que acompanha Carlos Colla durante toda sua carreira brilhante: "Não houve ano até agora que, pelo menos uma - quando não mais, de suas composições faltasse nas paradas mensais e semanais de sucessos. Ora com Roberto Carlos, com Alcione, Joana, Sandra de Sá, Fafá de Belém, Julio Iglesias, Chitäozinho & Xororó, Wando, Maria Bethânia, Leandro & Leonardo, Xuxa, Angélica, Menudos, Elimar Santos, Emílio Santiago, Roupa Nova, Zezé di Camargo & Luciano, Nelson Gonçalves, Luís Miguel, Cauby Peixoto, Fábio Júnior, Tim Maia, Wanessa Camargo, Sandy e Junior, Adriana Ribeiro e dezenas de outros cantores."

O que geralmente ocorre é, pela força interpretativa dos nossos astros, geralmente associamos a canção ao cantor, esquecendo quem a compõe. Então pense se ao menos você já não ouviu e cantou alguma dessas tantas canções da autoria do Colla com algum parceiro ou solo: A força do amor, Além da cama, Amor escondido, Bye bye tristeza, Como as ondas do mar, Da boca pra fora, Falando sério, Hoje a noite não tem luar, Judia de mim, Mãe um pedaço do céu, Me conte a sua história, Meu disfarce, Meu vício é você, Mulher ideal, O mundo é de nós dois, Pede a ela, Quantos momentos bonitos, Quatro semanas de amor, Quem é você, Querer é poder, Se o amor se vai, Só liguei porque te amo, Sonho lindo, Sonho por sonho, Tímida, Tudo por nada, Verdade chinesa, Você vai ver. Isso só pra citar algumas das mais de 400 canções compostas por esse grande poeta da música brasileira!

Com isso chegamos a conclusão que compositores como o Carlos Colla merecem todos os espaços de divulgação e agradecimento por tamanha contribuição à música brasileira e esse blog cumpre isso de forma singela, porém com bastante satisfação e admiração à obra desse compositor que abrilhanta ainda mais a música brasileira!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Vejo o céu aqui na terra e a terra no ar...

Abelim Maria da Cunha, nome verdadeiro de Ângela Maria, considerada por muitos como a maior cantora de todos os tempos da música brasileira, nos remete à época de ouro do rádio. Ângela chegou a cantar em igreja, quando paralelamente trabalhava numa fábrica inspecionando lâmpadas, mas se viu obrigada a abandonar esses dois ofícios; a igreja, porque cantava em programas de calouros, queria ser Dalva de Oliveira e o pastor não permitia cantar músicas profanas e músicas religiosas ao mesmo tempo, e a fábrica, porque era muito cansativo. E ela era a cópia fiel da Dalva, muito influenciada por ela, o que causava um certo desânimo porque não conseguiam enxergar a grande artista que estava por trás dessa influência.

Mas, o sucesso logo chegaria e também o apelido de "sapoti", dado pelo então presidente Getúlio Vargas: "Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti". Mesmo não estando nas paradas de sucesso, sempre foi uma das cantoras que mais venderam e vendem discos no Brasil. E o que dizer de Babalú, seu maior sucesso e que até hoje canta nos shows, como uma espécie de teste para sua voz, sempre afinada e fascinante!

E todo reconhecimento da obra da Ângela é tido por todos os artistas sobretudo no ano de 1996 quando gravou o disco Amigos, em parceria com 15 convidados ilustres: Roberto Carlos, Chico Buarque, Maria Bethânia, Fagner, Gal Costa, Nana Caymmi, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Emílio Santiago, Zezé di Camargo e Luciano, Alcione, Fafá de Belém, Agnaldo Timóteo, Djavan e Milton Nascimento. Agora, eu pergunto, precisa dizer mais alguma coisa? Numa época em que ainda nem era moda um disco de duetos como hoje em dia, ser reverenciada por todos esses grande nomes ao mesmo tempo? A Globo também produziu especial com 12, desses 15 nomes no palco com a sapoti.

Outros parceiros constantes na vida da Ângela são Agnaldo Rayol e Cauby Peixoto, este último com quem já gravou um disco, como também com Nelson Gonçalves e Agnaldo Timóteo, seu antigo motorista, com quem gravou um disco ao vivo e participou de um projeto em homenagem às mães em um disco do Timóteo. Outro disco notável da Ângela é "Pela saudade que me invade", uma homenagem à sua grande musa inspiradora Dalva de Oliveira, com a participação de Fagner, Simone, Agnaldo Rayol, Martinho da Vila, Pery Ribeiro e da própria Dalva, através da tecnologia.

Desses e de tantos discos e projetos e dessa grande voz, surgem canções inesquecíveis na música brasileira, como Babalú, Cinderela, Vida de bailarina, Balada triste, Escuta, Gente humilde, Orgulho, Nem eu, Ave Maria no morro, Fósforo queimado, Falhaste coração, Lábios de mel, Kalu, Que será?, e tantas outras que fazem da Ângela a notável cantora que é na música brasileira e que só podemos agradecer a Deus, o privilégio de ter uma artista assim entre nós e para nós!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Tu vens, tu vens, eu já escuto teus sinais...

Mais um conterrâneo meu, Alceu Valença, nascido também no interior, São Bento do Una, divisa entre Agreste e Sertão. Possui influências de Luiz Gonzaga e Elvis Plesley, surgindo um artista que engloba forró, repente, coco e principalmente frevo, o mais constante em sua obra, sempre com uma levada que inclui baixo e guitarra. Sua música e seu universo temático são universais, mas, sua base estética está fincada na nordestinidade.

Quando mudou-se para o Recife, onde concluiu o curso de direito, conheceu a música urbana de Orlando Silva e Nelson Gonçalves e decidiu abandonar a carreira de advogado e se dedicou à sensibilidade artística. Como já citado em outro tópico sobre o Geraldo Azevedo, gravou seu primeiro disco em parceria com este no início dos anos 70. Depois desse lançamento, ficou praticamente impossível acontecer um frevo em Pernambuco, sem a participação sonora do Alceu.

Seus discos sempre trazem muito sucesso que geralmente acontecem mais na época do carnaval ou durante as festas juninas, se seguir a linha forró, baião, coco, entre outros. Entre seus hits, estão Beijando Flora, La belle de Jour, Bicho Maluco Beleza, Anunciação, Bom demais, Como dois animais, Coração bobo, De janeiro a janeiro, Morena tropicana, Hino do Galo da madrugada, Me segura se não eu caio, Numa sala de Reboco, Pelas ruas que andei, Ciranda da Rosa Vermelha, Petrolina Juazeiro, Voltei Recife, Diabo louro, Roda e avisa, entre tantas que sempre nos remetem às festas de ruas de Pernambuco, que Alceu tanto divulga nas canções que interpreta.

Algumas gravações são antológicas na interpretação do Alceu, como a gravação do Hino de Pernambuco em frevo, que popularizou e difundiu o Hino entre a sociedade. Outro Hino muito executado no "sábado de Zé Pereira" é o Hino do Galo da madrugada. Outra canção que se notabilizou foi Roda e avisa, um saudosismo dedicado ao Velho Guerreiro e apresentador Chacrinha, também nosso conterrâneo e que Alceu sempre participava de seu programa televisivo.

Alceu participou do primeiro projeto Grande encontro, na década de 90 com Geraldo, Elba e Zé Ramalho. Atualmente se dedica a divulgar seu dvd Ao vivo no Marco Zero, gravado no Recife e com a participação do público fiel que sempre canta seus sucessos nos carnavais e em todos os tempos do ano, quando sempre é legal ouvir sua musicalidade!

Um forte abraço a todos!

domingo, 6 de abril de 2008

O Papa da Bossa Nova

João Gilberto é considerado o criador da bossa nova, ritmo esse que completa 50 anos em 2008. Nascido na Bahia, na cidade de Juazeiro, João ganhou um violão aos 14 anos de idade, e jamais o largou. Numa época em que os cantores de rádio imperavam, João surgiu para quebrar essa tradição e mostrar que cantor de voz baixa pode ser até mais elegante para a música.

A Bossa Nova é uma mistura do ritmo sincopado da percussão do samba numa forma simplificada e ao mesmo tempo sofisticada, que pode ser tocada num violão. É como se vestissem os sambas antigos de notas dissonantes e diminuíssem seu tempo percussivo. Quanto à técnica vocal (parte integral do conceito de bossa nova), é cantar em tom de voz uniforme, de forma a eliminar quase todo o ruído da respiração e outras imperfeições. O resultado beira a perfeição, sobretudo quando João Gilberto é o intérprete. Todos simplesmente ficaram boquiabertos com aquele novo jeito de tocar, unânime até então e sempre.

A primeira gravação do João foi como violonista no disco da Elizeth Cardoso em Canção do amor demais, de Tom e Vinícius em 1958. Há controvérsias de que esse seria o marco inicial da Bossa Nova. Pouco depois, João grava seu primeiro Lp, Chega de saudade, uma gravação antológica que, para muitos é um divisor de águas na música brasileira, pois marcaria definitivamente um jeito de cantar, um estilo musical. Outras canções da década de 30 também estavam presentes, mas em estilo bossa, além de lançar novos compositores como Carlos Lyra e Roberto Menescal.

A partir daí, João ganha os Estados Unidos, o México, o mundo... E ganha também a admiração e o respeito de quase todos os artistas nacionais, que se dizem influenciados por João, de uma forma ou de outra, seja por seu violão, fraseado ou canto suave. E quem não delira ao ouvir Chega de saudade, A felicidade, Acontece que eu sou baiano, Amor em paz, Águas de março, Aquarela do Brasil, Brigas nunca mais, Caminhos cruzados, Coisa mais linda, Dindi, Da cor do pecado, Desafinado, Ela é carioca, Eu sei que vou te amar, Garota de Ipanema, Insensatez, Lígia, Manhã de carnaval, Meditação, O barquinho, Rosa Morena, Sampa, Wave, Você não sabe amar e tantas outras com a marca João Gilberto? Além de Caymmi, Tom e Vinícius João regravou Caetano Veloso, que também produziu seu disco Voz e violão em 2000, retomando os clássicos de sempre do pai da bossa.

João Gilberto tem, há muito, a reputação de excêntrico, recluso e perfeccionista. Continua a fazer (raras) apresentações, com enorme sucesso no Brasil e no exterior. Entrevista, é quase impossível, poucas vezes alguém conseguiu. É aquele típico artista que alguns adoram, outros, talvez por não compreenderem bem o detestam ou simplesmente, por gosto musical mesmo, não simpatizam com seu perfeccionismo! Mas, nunca podemos negar que é quase impossível encontrar um artista completo como ele é, pois muitos são intérpretes, outros são músicos, outros conseguem deitar e rolar com suas orquestras, mas, João é apenas voz e violão, a maior estrela desse estilo único, que é ele mesmo!

Um forte abraço a todos!

sábado, 5 de abril de 2008

Clássicos brasileiros...

A definição de clássico no dicionário representa um adjetivo que constitui modelo em belas-artes. Mas, a palavra clássico vai além disso e causa um certa confusão quando se trata de música brasileira! O que seria clássico dentro desse universo? Antes de mais nada, vou afirmar que essa pergunta não será respondida por mim nesse tópico ou talvez por ninguém porque é algo muito relativo.

A música clássica ou música erudita é um termo amplo utilizado costumeiramente para se referir à música produzida (ou baseada) nas tradições da música de concerto e eclesiástica ocidental, englobando um período amplo que vai, aproximadamente, do século IX até a atualidade. O termo "música clássica" só apareceu no início do século XIX, numa tentativa de se "canonizar" o período que vai de Bach até Beethoven como uma era de ouro.

A relação entre a música erudita e a música popular é uma questão polêmica (principalmente o valor estético de cada uma). Os adeptos da música erudita reclamam que este gênero constitui arte (e, por isso é menos vulgarizada) enquanto que a música popular é mero entretenimento (o que implica um público mais numeroso). Contudo, muitas peças musicais da música popular possuem um elevado valor artístico e, curiosamente, são chamadas de "clássicos".

Mas, o que se observa é que foi feito uma adaptação. Tomamos o termo clássico e rotulamos canções que marcaram época, que sobrevivem ao tempo, aos modismos, que se tornam inesquecíveis aos ouvidos dos brasileiros, independente da idade ou contexto em que surgiram tais obras.

E, outro fato curioso é que, enquanto a música clássica é formal, no que diz respeito aos acordes e à melodia, as músicas chamadas clássicos brasileiros não tem necessariamente uma formalidade, pois uma canção que se tornou um clássico não precisa ter acordes dissonantes, mas marca de uma forma surpreendente! O segredo está aí! O que acontece para uma canção marcar e se tornar um clássico nesse país? E qual o parâmetro que utlizamos para afirmar que essas canções são clássicas?

Esse é um assunto longo e parece inacabado. Na Argentina por exemplo, um estilo é clássico, o tango. Daí, algumas canções desse estilo ficaram na memória do país e internacionalmente remete qualquer ouvinte àquela nação, vide Camiñito, El dia que me quieras, Volver, La cumparsita, etc. O mesmo comentário pode ser feito em relação ao fado para Portugal e o bolero para o México. No Brasil, embora o ritmo predominante seja o samba, todas as influências externas e internas de miscigenação de um povo influenciaram positivamente essa diversidade de ritmos e clássicos que temos atualmente!

A confusão parece vir à tona quando pensamos enumerar algumas canções que chamamos de clássicas, seja de um artista ou da nação no geral. Uma tarefa dificílima, polêmica e nunca chegamos a um consenso! Aquarela do Brasil do Ary Barroso seria um clássico, mas eu também considero No rancho fundo, do mesmo autor um... Asa Branca do Luiz Gonzaga é um clássico, mas eu incluiria Qui nem jiló, Riacho do navio, Numa sala de reboco..., xiii, vamos para outro artista... As rosas não falam do Cartola é um clássico, mas eu também incluiria Acontece,... Só louco do Caymmi é um clássico, mas eu também incluiria Marina, ... Sampa do Caetano é um clássico, mas eu não poderia esquecer Você é linda, Força estranha, Meu bem meu mal, ... Detalhes do Roberto é um clássico, mas eu consideraria Emoções, Café da manhã, ... bom, vou parar porque esse foi um tópico que me fez ficar em conflito comigo mesmo! Não era esse o propósito, isso é clássico acontecer quando pensamos em clássicos que desejamos listar... Talvez vocês me ajudem a pensar melhor.

Na verdade isso é apenas uma brincadeira e, ao mesmo tempo uma provocação pra que vocês expressem suas valiosas opiniões, porque o verdadeiro sentimento que tenho é de orgulho por ficar confuso entre tantos clássicos. Vou deixá-los com uma canção que também considero clássica, no repertório de música brasileira:

Manhã de carnaval
(Luiz Bonfá e Antônio Maria)

Manhã, tão bonita manhã
Na vida, uma nova canção
Cantando só teus olhos
Teu riso, tuas mãos
Pois há de haver um dia
Em que virás

Das cordas do meu violão
Que só teu amor procurou
Vem uma voz
Falar dos beijos perdidos
Nos lábios teus

Canta o meu coração
Alegria voltou
Tão feliz na manhã
Desse amor

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vou deixar a rua me levar...

Ana Carolina é uma das grandes vozes da nova geração da música brasileira! E bota voz naquele grave inconfundível dela. Natural de Juiz de Fora, sua influência músical vem de berço pois sua avó cantava no rádio e seus tios-avós tocavam percussão, piano, cello e violino. Cresceu ouvindo ícones da música brasileira como Chico Buarque, João Bosco e Maria Bethânia. Ainda na adolescência, iniciou a carreira de cantora apresentando-se em bares de sua cidade natal.

Em 1999 lançou seu primeiro disco onde resgasta clássicos antigos como Beatriz e Retrato em Branco e Preto do Chico Buarque, passa pelo Pop de Lulu Santos em Tudo bem e a revela como compositora com A Canção tocou na hora errada, Trancado, Armazém e O avesso dos ponteiros e também a Totonho Villeroy: Garganta e Tô saindo, que passa a ser o seu grande parceiro em composições. Foi através desse CD que Ana Carolina foi indicada ao Grammy Latino.

Em seu segundo disco, uma curiosidade, o título é todo construído em cima de títulos de canções do Chico Buarque: Ana Rita Joana Iracema e Carolina. Esse disco traz também os sucessos Quem de nós dois e Ela é bamba. Seu terceiro álbum, Estampado, traz na última faixa um dueto com Seu Jorge, já prevendo uma parceria que daria certo, confirmada no quinto cd Ana & Jorge ao vivo que explodiu com o hit É isso aí. A coletânea Perfil de Ana carolina saiu antes, com uma expressiva vendagem, reunindo os grandes sucessos da cantora e compositora, até então. Dois Quartos foi lançado em 2006, um projeto duplo.

Esse ano, está lançando o projeto Multi Show - Ana Carolina - Dois Quartos, em cd e dvd de um show que foi gravado ano passado com seus grandes sucessos e uma novidade, para os fãs de É Isso Aí (The Blower's Daughter), Ana Carolina canta e toca essa música no piano! Outros sucessos dela são Cantinho, Pra rua me levar, Ruas de outuno, Rosas, O avesso dos ponteiros, Cabide, Nada pra mim, Sinais de fogo, Eu não sei quase nada do mar, Carvão, Encostar na tua, etc.

Ana se mostra uma grande intérprete ao passear por clássicos da nossa música como Outra vez, Que será e Mil perdões, e tem o prazer de ver outros artistas interpretando suas canções como Maria Bethânia, Gal Costa, Mart´nália, Fábio Jr., Preta Gil e Luiza Possi, o que comprova que temos novos artistas criando coisas acima do padrão atual de música!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 1 de abril de 2008

Pérola negra

Luiz Carlos dos Santos, mais conhecido como Luiz Melodia, tem música até no nome! Nasceu no Rio de Janeiro e descobriu a música ao ver o pai tocando seu violão de quatro cordas em casa, embora o pai tivesse ciúmes do instrumento e o deixasse pouco acessível ao filho! E foi justamente seu pai que se tornou um fã tão importante e ao mesmo tempo um ídolo eterno. Tanto é que o sonho de Melodia era gravar um disco do pai, que infelizmente se foi antes do sonho realizado!

Luiz Melodia é desses artistas com voz única no Brasil. Não temos outro que tenha um timbre semelhante ao dele! Nascido no morro carioca, o berço do samba, sofreu influências da bossa nova e da jovem guarda. Através do poeta Wally Salomão, "Melô" conheceu a sua intérprete favorita: Gal Costa que gravaria seu maior sucesso, Pérola negra, além de outros como Juventude Transviada que tornou-se inesquecível por sua primeira frase: "Lavar roupa todo dia, que agonia!..." No acústico Mtv da Gal em 1997, Luiz participa no dueto de Pérola negra, numa espécie de agradecimento eterno à sua madrinha.

Maria Bethânia gravou outra composição sua Estácio Holly Estácio. Além desses, Melodia emplacou também sucessos de outros compositores, firmando sua marca de intérprete para Codinome Beija-flor, Quase fui lhe procurar, Negro gato, O caderninho, Com muito amor e carinho, Valsa brasileira, Tereza da praia, Rosa, entre outras. Melodia também já dividiu vocais com artistas como Fagner, Tim Maia, Caetano Veloso, Emílio Santiago, Zizi Possi e Zeca Pagodinho.

Atualmente, Luiz Melodia anda divulgando o seu mais recente trabalho sobre o samba dos morros - Estação Melodia. É como se fizesse um apanhado de suas raízes, das coisas que ouvia, das lembranças de seu pai! E o Brasil agradece...

Um forte abraço a todos!