domingo, 22 de março de 2009

Filho do dono

Gosto de alguns compositores nordestinos como o Petrúcio Amorim, já abordado em 24/06/2008 (é só procurar nos arquivos), que conseguem descrever, numa linguagem raiz, todo desejo contido em suas reflexões e apresentados em filosofias como essa letra da canção abaixo. A música escolhida é um forró gravado e imortalizado por Flávio José e que chama nossa atenção para o equilibrio que deve existir entre o complexo de culpa e, a negligência e acomodação diante de problemas pelos quais todos nós somos responsáveis!

Com filosofias tipicamente nordestinas, Filho do dono pode ser cantada por qualquer pessoa que deseje gritar sua vontade em melhorar algo que o inquiete e o deixe infeliz com a realidade. Com um certo tom religioso e, ao mesmo tempo, realista, nega a grandeza humana, mas garante que a pequenez também tem passos importantes nesse processo de mudança proposto:

Filho do dono
(Petrúcio Amorim)

Não sou profeta, nem tão pouco visionário
Mas o diário desse mundo tá na cara
Um viajante na boléia do destino
Sou mais um fio da tesoura e da navalha

Levando a vida, tiro verso da cartola
Chora viola nesse mundo sem amor
Desigualdade rima com hipocrisia
Não tem verso nem poesia que console um cantador
A natureza na fumaça se mistura
Morre a criatura e o planeta sente a dor

O desespero no olhar de uma criança
A humanidade fecha os olhos pra não ver
Televisão de fantasia e violência,
Aumenta o crime, cresce a fome e o poder

Boi com sede bebe lama
Barriga seca não dá sono
Eu não sou dono do mundo
Mas, tenho culpa, porque sou Filho do dono

Um forte abraço a todos!

4 comentários:

James Lima disse...

Rapaz, peço que me perdoe pela ausência durante tanto tempo aqui no seu blog.

A letra da canção hoje abordada é realmente muito bonita. Não conhecia. Vou atrás de mais informações, obrigado por me fazer conhecer sempre mais sobre a Música Brasileira.

Te espero no RCB!
Abraços
James Lima
www.robertocarlos.vai.la

Anônimo disse...

Linda canção! Os nossos compositores são mesmo gênios, com uma sensibilidade admirável.
Vc se expressou muito bem ao interpretar a letra da música: somos mesmo pequenos diante do mundo, mas gigantes se unidos em torno de uma mesma causa.

Beijos!

Unknown disse...

Um certo dia ouvindo o próprio petrúcio falando a respeito desta canção, ele diz que a princípio viu em um parachoque de caminhão a frase "não sou dono do mundo, mas sou filho do dono" e que durante um evento tomando umas bebidas um dos presentes que ali estavam disse: mas aqui nem gelo tem e o outro filósofo "boi com sede bebe lama". Outro dia em casa assistindo ao jornal nacional petrúcio começou a juntar os fatos e começou a compor esta divina canção filho do dono

Anônimo disse...

Olá, sou professora, vou ensaiar os meus alunos para a festa junina. Além de trabalhar em sala essas questões. Amei!!!