sábado, 1 de outubro de 2011

Letras negras

Mais uma belíssima canção do Geraldo Azevedo, em parceria com o grande compositor Fausto Nilo e regravada de forma brilhante pelo Fagner: Letras negras. Uma composição com uma longa letra que descreve um sonho relembrado ao se folhear o jornal. Considero também uma letra de difícil interpretação, pois expõe algumas metáforas, coisas típicas de sonhos que lembramos e que muitas vezes parecem confusos em nossa mente, apresentando elementos sem ligação com o tema central do sonho. Interpretar uma canção como essas é como interpretar um sonho, algo bastante difícil e particular.

Em minha singela opinião fica a ideia de um amor forte, mas que está apenas na lembrança, a ponto de ignorar as letras do jornal ou até buscar nelas a saudade que se sente! É como se houvesse uma comparação entre o que sempre existiu de maravilhoso e o vazio que restou naquelas letras do jornal. E a frase: "O sonho é um sinal que tem fruta madura no quintal do vizinho" chegou a mim como se o autor apontasse que o sonho do retorno será realizado mediante a autorização alheia, da pessoa amada. É um risco que se corre ao expor as interpretações particulares, pois você apenas demonstra humildemente como aquelas frases chegaram a você, sem a certeza que foi essa a vontade do autor, mas é assim que descrevo essa belíssima canção que tanto aprecio:

Letras negras
(Geraldo Azevedo e Fausto Nilo)

Pelo jornal o dia chega
Com as letras negras
Do que está por vir
Pelo meu sonho era tudo bem
Você passava e olhava pra mim

Seu olhar selvagem
Perdido na paisagem
De fumaça e luz
No paraíso amor um dia
Imaginamos cidades azuis

Oh meu amor
Meu grande amor
E agora?

Serenai! Serenai! Oh verde mar
A madrugada chegou
Começa o dia e você me incendeia
Amor me incendeia até florescer

E nada mais bonito
Que o grito selvagem
Do subúrbio lado blue
Desconstruindo os muros
Até o sonho amanhecer

Oh, meu amor
Meu grande amor
E agora?

A voz na sacada
Da casa rosada
A solidão da voz
E na varanda branca da alvorada
O tempo cansa de esperar por nós

Será que é preciso imaginar o cosmo pra compreender
que esse bebê no colo tenta resistir
Essa madona quer sobreviver

Oh meu amor
Meu grande amor
E agora?

De lá das estrelas
Eles querem ver esse mundo explodir
Lágrimas na rua de verdade
Tudo pode acontecer

Afinal o sonho é um sinal
Que tem fruta madura no quintal do vizinho
Por tanto tempo eu fiquei sozinho
Pelo jornal o mundo acabou

Oh meu amor
Meu grande amor
E agora?

Um forte abraço a todos!

2 comentários:

Anônimo disse...

Achei linda essa tua comparação entre a interpretação dos sonhos e a interpretação das músicas!

Realmente, todas as canções chegam a nós de maneiras distintas, dependendo bastante do momento que estamos vivenciando, ou da nossa história de vida.

Pra mim, essa música demonstra que, muitas vezes, o sonho é a única forma de esperança para um amor que não se faz mais presente. O sonho como única forma de aliviar uma saudade, mas que incendeia o coração ao amanhecer.

Beijos!!!

Unknown disse...

Olá!
Adoro essa música.

Quando a ouço, sempre imagino um homem que perdeu a esposa durante o parto e depois, reviveu a sensação de tristeza lendo uma notícia parecida em um jornal.
As letras são "negras" por expressarem notícias tristes.
Ele fala da casa vazia cansada de esperar por eles.
Os nossos sofrimentos não determinam o que é a vida, pois o no quintal do vizinho tem fruta madura (vida melhor) e não podemos deixar de sonhar.
Se refere aos céus, onde a mulher está após a morte no parto e fica se questionando: ó meu amor, e agora???

Essa minha interpretação, mas adoraria ver o próprio, explicando sua intensão ao escrever a música.
Abraço a todos!