sábado, 5 de maio de 2012

Samba da bênção

Um leitor me pediu para fazer uma análise crítica dessa canção. De prontidão, afirmei que não costumo fazer críticas, mas sim apontar a importância da canção para a música brasileira, sobretudo as sensações e emoções que a mesma me causou. E mais, fazer uma crítica a um clássico como este, de nosso eterno poeta Vinícius e do grande músico Baden é uma tarefa que afirmo humildemente que não tenho bagagem pra tanto.

Mas, Samba da bênção é essa belíssima poesia que podemos constatar com sua letra que eu só vim conhecer na interpretação da Bebel Gilberto, recentemente e adorei. É uma exaltação ao samba, à sua construção. É como se o autor desse a receita exata de como se fazer um samba que, mesmo com tristeza, traz consigo uma esperança de se tornar alegria, já que este ritmo é considerado o pai da alegria.

Gosto também das primeiras frases, um antídoto contra a ansiedade e que nos induz a sempre sermos alegres, positivos, como o samba é e proporciona ao coração! E finalmente, quando diz que o samba é branco na poesia e negro no coração, creio que quiseram apontar para as origens do ritmo,  que brota do coração afro-descendente, proporcionando um povo e uma cultura miscigenada. E tudo isso só ressalta o que foi dito acima: uma receita para quem quer começar a criar sambas, sobretudo as novas gerações, buscando sempre seriedade e profissionalismo nesse ofício.

Samba da bênção
(Baden Powell e Vinícius de Moraes)

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é melhor coisa que existe
É assim como a luz do coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba, não

Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste, não

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
E se hoje ele é grande na poesia
Ele é negro demais no coração

Um forte abraço a todos!

Nenhum comentário: