domingo, 25 de maio de 2014

♫O bêbado e a equilibrista♫

Esta é uma das canções mais emblemáticas de nosso país! Uma letra que nos remete ao período da ditadura, onde tudo era vigiado, cada palavra, ideia ou vírgula pensada, pois a tesoura da censura andava afiada para o lado de quem ousasse descrever momentos escuros pelos quais passava essa terra de sol! João Bosco fez e cantou, Elis imortalizou e outros também ousaram cantar este clássico nacional!

Encontramos na letra de O bêbado e a equilibrista a descrição, embora de forma meio discreta, de um país afogado em mágoas, mas que ainda nutria esperanças de tempos melhores! Uma letra inteligente e rara nos dias atuais e que, com muitas metáforas, alusão a Chaplin (que muito ensinou sem mencionar uma palavra), e com a ajuda luxuosa do nosso ritmo genuíno, o samba, soube driblar a tal tesoura citada acima e tomou seu lugar na voz de uma das melhores cantoras de todos os tempos!

O bêbado e a equilibrista
(João Bosco e Aldir Blanc)

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos

A lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!

Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil

Meu Brasil!
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete

Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarices
No solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança

Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar

Um forte abraço a todos!

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