domingo, 30 de outubro de 2016

As cidades cantadas - 17

Fazia tempo que não abordávamos esta série onde associamos as cidades do nosso país com suas respectivas homenagens musicais. E quando a gente pensa na capital do Brasil, só vem à mente os políticos que lá trabalham e, de certa forma, acabam "manchando" a ideia de uma boa cidade. Mas, protestos a parte, Brasília é a única cidade projetada de nosso país, com todos os seus encantos.

Oscar Niemeyer desenhou, com seus mágicos traços, belíssimas paisagens que representam uma cidade que, dizem ter sido prevista por alguns profetas. Ao menos este pensamento nos faz acreditar em dias melhores. Imaginava que até existia canção em homenagem à cidade, mas que esta estaria ligada ao pensamento político, com o qual iniciei esta postagem. Felizmente, Guilherme Arantes me apresentou em seu repertório esta canção que descreve toda a beleza e imponência daquele lugar.

Brasília
Guilherme Arantes
Uh! Brasília

Loucos profetas previram a tua existência milênio atrás
e nos seus mapas marcaram o centro do mundo e nele tu estás
todas as lendas que cercam teu nome jamais lograrão te explicar
nem a política, nem o teu preço que foi tão penoso pagar

Uh! Brasília

Tuas cidades satélites mostram o quanto és uma aberração
vivem à margem da tua luxúria onde corre o poder da nação
seitas estranhas proclamam que o teu destino ainda não se cumpriu
rezam a vinda dos anjos de estrelas cadentes no céu do Brasil

Uh! Brasília

És a vitrine imponente e ostensiva de um povo que vive a sonhar
com seu império futuro, tesouro, presente que Deus vai mandar

Uh! Brasília

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

CD Gal Costa Aquele frevo axé

Lançado em 1998 e com o título de Aquele frevo axé, este é mais um CD com interpretações inéditas da obra da diva Gal Costa. Com composições que vão desde Tim Maia, o sempre Caetano Veloso, Adriana Calcanhoto, Luiz Gonzaga, Jorge Benjor, Herbert Viana, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, gente com quem Gal já gravou e também vem gravando durante toda sua carreira.

Com isso, Gal empresta sua voz para dourar canções como Imunização racional, A voz do tambor (com a participação de Milton Nascimento), Aquele frevo axé, Esquadros, Assum branco, Amor de juventud (com a participação de Pedro Aznar), Aguarte agora, Qui nem jiló (Com trecho incidental de Expresso 2222), Você, Você não gosta de mim, Habib, Quase um segundo, Calling you/Girl from Ipanema e Sertão.

Escutar a voz suave da Gal, junto a grandes interpretações é uma boa pedida para qualquer amante da música brasileira. Aqui temos um trabalho que mescla tudo isso a ritmos, com canções gravadas em sua maioria em português, mas que também apresenta o espanhol e o inglês em duas faixas, o que mostra um pouco deste extraordinário potencial que se chama Gal Costa.

Um forte abraço a todos! 

domingo, 23 de outubro de 2016

♫Sereia♫

Verão e o "sol batendo". Nada como uma boa praia para "pegar um bronze". Ao menos assim as pessoas pensavam antigamente. Hoje em dia existe uma preocupação maior com a pele e o brasileiro também percebeu que sol não deixa ninguém com a pele mais bronzeada de forma permanente. Mas, o ambiente de praia é sempre atrativo, sobretudo pela bela paisagem e também por alguns ou algumas que podem completar essa paisagem.

Ao menos é isso que a letra de Nelson Motta e Lulu Santos, campeões nesse tema, explora. Uma sereia, como chamam, que completa qualquer paisagem e a deixa mais que perfeita, com todo seu brilho, sua luz. E quem, ao ouvir Sereia, ou Como uma onda, ou De repente Califórnia, ambas naquela "levada Havaí" que Lulu sabe fazer tão bem com seus violões e guitarras, não sente vontade de tornar-se um rio que ruma ao mar?

Sereia
Lulu Santos e Nelson Motta

Clara como a luz do sol
Clareira luminosa nessa escuridão
Bela como a luz da lua
Estrela do oriente nesses mares do sul
Clareira azul no céu na paisagem
Será magia, miragem, milagre
Será mistério

Prateando horizontes
Brilham rios, fontes
Numa cascata de luz
No espelho dessas águas
Vejo a face luminosa do amor
As ondas vão e vem
E vão e são como o tempo

Luz do divinal querer
Seria uma sereia, ou seria só
Delírio tropical, fantasia
Ou será um sonho de criança
Sob o sol da manhã

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

CD Emílio Santiago 1997

Saudades dessa grande voz, de nosso maior intérprete Emílio Santiago. Aqui um de seus grandes trabalhos, lançado em 1997 e que faz um passeio versátil pela obra de Caetano Veloso, Dona Ivone Lara e Hermínio Bello de Carvalho, Evaldo Gouveia e Jair Amorim, Lulu Santos, Altamiro Carrilho, Gilberto Gil, Armando Manzanero, Paulo Diniz, Jorge Aragão, João Nogueira e tudo o mais que representa o ótimo gosto musical deste excelente músico.

Produzido por Mazzola, o repertório contempla belíssimas leituras de Nossa gente (Avisa lá), Meu sol, Pingos de amor, Alguém me disse, Aviso aos navegantes, Meu sonho é você, O ciúme, Mas quem disse que eu te esqueço, Estrela, Si me faltas tu, Malandro, Misty, Chinelo novo e Estão voltando as flores que abrange os idiomas português, espanhol e inglês.

Na capa, a foto do crooner, o verdadeiro e imenso intérprete que este país aprendeu a cultuar desde suas primeiras aparições em festivais na década de 70. Uma voz que polia qualquer joia musical a tornando ainda mais rara e reluzente, transformando seu repertório em um verdadeiro desfile de aquarelas musicais.

Um forte abraço a todos!

domingo, 16 de outubro de 2016

♫Acontecência♫

Acontecência, evento que acontece com regularidade, mesmo que de forma desorganizada. E ainda dizem que as boas canções, com seus bons sentimentos e ensinamentos já não existem. Graças a Deus e a grandes instrumentos da nossa música brasileira, como o grande Jorge Vercillo, ainda ouvimos coisas lindas e fascinantes como esta que nos deixam mais felizes e leves.

Uma letra que exalta o amor, como sentimento supremo, sem preconceitos e que só traz felicidade com todas as suas regularidades. Uma letra longa, mas que não cansa, que dá vontade de cantar junto e ser feliz nessa levada, pois elegante é dizer que tudo isso é apenas uma questão de acontecência. Desculpem, mas fico bobo, acho simplesmente bárbaro algo tão genial assim que ainda nos emociona!

Acontecência
Jorge Vercillo e Júnior Meirelles

Não importa a hora que terei de acordar amanhã
Tudo é ver seu respirar, acelerar, desenfreado
Seu discurso em meu ouvido
vai arrebatar qualquer eleição
Um segundo do seu beijo pode transformar o eterno

É do amor, e eu já nem peço mais pra ser feliz
Ser feliz é uma questão de acontecência
Sou do amor, de foto a foto, mar a mar eu vou
Vou que vou, e vem que vem
no vai e vem contigo eu vou

Heiki, Yoga, meditação
Que louco eu quis ficar ileso a paixão
Vejo a liberdade sem fim
Que a natureza toda goza na diversidade
Mas meus dias são esperar
cada mensagem nova sua chegar
E eu era tão dono de mim
Agora já não sei de nada, barbaridade

Não importa a hora que terei de acordar amanhã
Tudo é ver seu respirar, acelerar, desenfreado
Seu discurso em meu ouvido
vai arrebatar qualquer eleição
Um segundo do seu beijo pode transformar o eterno

É do amor, e eu já nem peço mais pra ser feliz
ser feliz é uma questão de acontência
sou do amor, de foto a foto, mar a mar eu vou
vou que vou e vem que vem, no vai e vem
contigo eu vou

O Amor é amizade, paixão
o amor é tudo ao mesmo tempo na velocidade da luz
Une até o sim a um não
Se expande a todos universos, a mundos e sóis
Tantos se curvam ao amor
No monastério, ao woodstock, no rock ou no blues
Na cama ou na beira de um cais, Cicciolina
Dalai lama, de Lennon a Jesus

É do amor, e eu já nem peço mais pra ser feliz
ser feliz é uma questão de acontecência
sou do amor, de foto a foto, mar a mar eu vou
vou que vou e vem que vem contigo eu vou.

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Ainda encontramos lojas de CD´s/DVD´s?

Sinto que está cada vez mais escassa a possibilidade de encontrarmos uma boa loja que ofereça as mídias CD´s e DVD´s dos principais artistas nacionais e internacionais. Andando pelas ruas do centro do Recife e até nos principais shoppings, percebo que elas simplesmente desapareceram com o passar dos anos. Mudanças no rumo da nossa economia, associada à pirataria e à "prática moderna" de baixar músicas de forma legal, ou não, são as principais causas da escassez de lojas desse ramo.

Lembro que já existiram redes especializadas no assunto (vendiam apenas CD´s e DVD´s) e mesmo quando o vinil (que está novamente na moda) tornou-se obsoleto, em cada cidade do interior e também nas capitais, ao menos encontrávamos uma loja que ofertasse este produto. Dessa forma, era possível encontrarmos álbuns dos nossos principais artistas, lançamentos e também os títulos que compunham sua carreira discográfica. A pirataria (que oferece preços que não dá pra competir), associada a mudanças de ritmos e culturas musicais geram um desinteresse de público, fazendo com que os comerciantes do ramo migrem para outros setores, em busca de sobrevivência. Há também nos grandes magazines a diminuição drástica de espaços dedicados a este produto, pois como muitos já não tocam nas principais rádios, não atraem consumidor e, os que tocam e são mais populares tem seu material disperso em download desenfreado pela internet. Para competir com o download proibido, surge os sites especializado em download permitido. Entretanto, aí não dispomos mais do CD físico que trazia fotos e artes em seu encarte, além de oferecer informações técnicas das letras das canções, seus compositores, músicos que participaram do projeto, tudo isto que justificava ainda mais o porquê da frase "Disco é cultura".

Atualmente, para encontrar algum CD ou DVD (sim, existem aqueles que ainda primam pela mídia física), só em algumas livrarias ou shoppings e mesmo assim, percebo que o espaço dedicado a este produto está cada vez menor. Vivo um dilema pois quando era mais jovem e aspirava ter os discos e depois os CD´s dos artistas que sempre apreciei, não tinha condições financeiras de comprá-los e hoje não tenho condições de encontrá-los, pois tais produtos ou se encontram fora de catálogo ou no máximo, estão encaixotados em boxes e, mesmo assim, não desfruto mais do prazer de entrar em um espaço como este da foto e passar horas garimpando por um ou outro grande título da nossa música. E olha que também desconheço algum museu deste ramo, restando no máximo algumas praças de sebos país afora ou alguma loja relíquia que ainda sobreviva levantando esta bandeira da cultura.

Um forte abraço a todos!

domingo, 9 de outubro de 2016

Olhando as estrelas - 62

A série Olhando as estrelas aporta hoje em Minas Gerais, mais precisamente no chamado Clube da esquina que traz dois grandes parceiros de longa data: Milton Nascimento e Lô Borges. Foram muitos os encontros musicais desses dois astros, seja em palcos ou em composições.

Só pra citar algumas canções, das quais, alguns verdadeiros clássicos nacionais, temos Clube da esquina n° 2, Para Lennon e McCartney, composta pelos dois. Curioso é que Milton compôs mais com Márcio, mas cantou mais com Lô, de quem gravou Quem sabe isso quer dizer amor, Tudo que você podia ser e com quem também já gravou Nada será como antes.

No DVD dos 50 anos do Milton, Lô divide com ele algumas faixas, além de cantar a sua Trem azul. Essas e outras tantas histórias desses dois que já dividiram até capa e repertório de disco, o famoso Clube da esquina, de 1972, refletem o que temos de melhor em nossa música, no trem e na cabeça desses dois gênios!

Um forte abraço a todos!

domingo, 2 de outubro de 2016

♫Esquecimento♫

Ninguém pode afirmar que não temos boas músicas atualmente. Apesar de mais raras, ainda podemos encontrar pérolas como esta, feita por quatro geniais mãos: Nando Reis e Samuel Rosa e gravada pelo Skank em seu mais recente trabalho!

A letra de Esquecimento ressalta o lamento de qual se trata essa canção: alguém que se sente só, abandonado, esquecido e vive na ansiedade de que outro alguém se lembre e sinalize um recomeço que pode ser um reencontro, conversas jogadas fora, uma relação retomada, etc. E tudo sem muita dor de cotovelo, mas com uma sonoridade melódica que deixa a canção perfeita.

Esquecimento
Samuel Rosa e Nando Reis

Enquanto você para e espera
Eu ando, invado
Eu abro a porta e entro

Enquanto você cala quieta
Eu brigo, eu falo
Eu berro, eu enfrento

No canto dessa sala emperra
Eu ligo, acerto
Eu erro e eu tento

Enquanto você fala: "Espera"
Aflito eu fico
E digo: "Eu não entendo."

Não sei porque você
Insiste em demorar
Eu quero que você
Diga já

Que seja no Japão
Jamaica ou Jalapão
No Jaraguá ou na Guiné
De charrete ou caminhão
De carro ou caminhando a pé
Eu vou

No banco sem guitarra elétrica
Com violão
Escrevo esse lamento

Pois como molha a água a pedra
Meu canto encerra
O seu esquecimento

Não sei porque você
Insiste em demorar
Eu quero que você
Diga já

Que seja no Japão
Jamaica ou Jalapão
No Jaraguá ou na Guiné
De charrete ou caminhão
De carro ou caminhando a pé
Eu vou

Um forte abraço a todos!