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sábado, 4 de maio de 2013

Ouro de tolo


Confesso que não curto tanto Raul Seixas, mas algumas canções dele são verdadeiras pérolas e filosofias de vida. É o caso de Ouro de tolo, sucesso na década de 70, regravada posteriormente por Caetano Veloso e Zé Ramalho. Com uma letra extensa, Raul detona o comodismo que abate alguns e ao mesmo tempo o tédio da vida moderna, onde parece que nada o entusiasma.

O jeito correto de ser, a vontade de agradecer pelo que se conseguiu com lutas cotidianas parece não ser o limite para que se estabeleça esse comodismo que Raul denuncia. A luta não para e mesmo diante de adversidades, devemos sempre buscar motivações para seguirmos adiante. Outro ponto curioso é que tudo brilha como ouro até conseguirmos (um automóvel, bens materiais em geral) e depois tudo perde seu brilho original e o que brilha ainda não está em nossas mãos.

Ouro de tolo
(Raul Seixas)

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família no Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho e se sentir
Um grandissíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua cabeça animal

E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o nosso belo quadro social

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

Um forte abraço a todos!

domingo, 18 de novembro de 2012

CD e DVD Zé Ramalho canta Raul Seixas

Em 2002 Zé Ramalho revive o seu colega de profecias, como ele mesmo define, ao realizar o projeto ao vivo em que canta alguns clássicos de Raul Seixas. E como Zé mesmo define, não é um trabalho de cover, pois ele acaba mesclando sucessos do "maluco beleza", com clássicos seus, realizando um show tributo a esse artista inesquecível da nossa música.

No CD, temos As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor, Metamorfose ambulante, O trem das 7, Ouro de tolo, S.o.s, Dentadura postiça (só no CD), How could I know(só no CD), Prelúdio (com participação de Roberta de Recife, só no CD), Você ainda pode sonhar (só no CD), Planos de papel (só no CD) e Para Raul. No DVD, temos ainda Jardim das Acácias, Beira mar, Amar quem eu já amei, Kriptnônia, Avohai, Vila do sossego, Chão de giz, Admirável gado novo, Pra não dizer que não falei das flores, Frevo Mulher, Não quero mais andar na contramão e um bis de Metamorfose ambulante.

Nos extras, entrevista com Zé Ramalho descrevendo o projeto e sua amizade com Raul, além do Making of e clipe de Metamorfose ambulante. E no Canecão, palco da história da música brasileira, hoje fechado, esse show histórico aconteceu e ficou de brinde para os amantes da música brasileira, a voz inconfudível e o jeito místico e profético de Zé Ramalho unido às maluquices belezas do eterno Raul Seixas.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os compositores do Brasil - 55

Muita gente no mundo todo conhece o escritor Paulo Coelho de Souza, autor de livros campeões de vendas como Brida, Maktub, O diário de um mago e O alquimista. Mas, Paulo também é dono de clássicos da nossa música, a maioria em parceria com Raul Seixas e é nesse ponto que vamos focar, dentro da série Os compositores do Brasil.

Com o "maluco beleza" temos simplesmente Eu nasci há dez mil anos atrás, Gitã, Al Capone, Sociedade alternativa, A maçã, Medo da chuva, Tente outra vez, entre outros. Paulo também fez versão de algumas canções como Eu sobrevivo (gravada por Vanusa), Me deixas louca (gravada por Elis Regina) e Sou rebelde (gravada por Lillian).

Compôs com Rita Lee as canções Arrombou a festa e O toque. Uma das canções mais marcantes de Sidney Magal, sobretudo no início de sua carreira, Sandra Rosa Madalena, é de Paulo. E, mesmo sabendo que o escritor premiado em todo o mundo por sua literatura, ofusca um pouco o compositor, não podemos deixar de destacar esse seu lado que também contribuiu positivamente para nossa música!

Um forte abraço a todos! 

domingo, 16 de novembro de 2008

Tente outra vez

A canção da música brasileira que nos levará a refletir por essa semana vem de Raul Seixas e Paulo Coelho, numa das mensagens mais otimistas e incentivadoras do nosso cancioneiro. Tente outra vez foi bastante regravada recentemente como forma de lembrar o Raul e também de demonstrar que sua mensagem é sempre atualíssima!

Todos nós temos nossos momentos de luta, de desânimo, de desafios, perdas e ganhos! E a música brasileira mostra, através de letras como essa, que devemos sempre seguir em frente, com a fé que temos em Deus, nos homens, na vida, na natureza, em nós mesmos! É o que diz a canção do Raul. E porque não pensar assim?

Tente outra vez
(Raul Seixas, Marcelo Motta e Paulo Coelho)

Veja! Não diga que a canção está perdida
Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez!

Beba! Pois a água viva ainda tá na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou! Não! Não! Não!

Tente! Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar
Não! Não! Não!Não! Não! Não!

Há uma voz que canta, uma voz que dança
Uma voz que gira bailando no ar...

Queira! Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo. Vai!
Tente outra vez!

Tente! e não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez!...

Um forte abraço a todos!

domingo, 13 de abril de 2008

Prefiro ser essa metamorfose ambulante...

Há alguns anos atrás surgiu um músico que revolucionaria a música brasileira: o maluco beleza Raulzito, o grande Raul Seixas. Baiano, seu gosto musical foi se moldando primeiramente no rádio onde acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens com o pai (inspetor de ferrovia), ouve os matutos desfiarem repentes, "raiz" nordestina que nunca o abandonara. Num segundo momento, nas telas dos cinemas, encanta-se com o talento de Elvis Presley, de quem torna-se fã e aponta-lhe o rumo musical: o Rock'n Roll.
Inclusive, um dos primeiros e grandes sucessos do Jerry Adriani, Doce doce amor, é do Raulzito, a quem retribui ajudando a gravar o primeiro disco, um total fracasso. O sucesso viria mais tarde, em 1973 com o disco Krig-Há, Bandolo!, onde estabeleceu a parceria com o hoje escritor Paulo Coelho.


Seus sucessos tornam-se cada vez mais marcantes, como Há dez mil anos atrás, Gitã, Maluco beleza e Rock das aranhas, que fimaram o Raul como grande nome brasileiro. Outros sucessos também se tornaram clássicos na obra do Raul como Sociedade alternativa, A maçã, Al capone, Mosca na sopa, Medo da Chuva, Ouro de Tolo, O trem das sete e Tente Outra Vez. Todas essas e tantas outras popularizaram o Raul, mesmo algumas com uma interpretação mais rebuscada, porém sempre com a marca mística e roqueira dele.
O Raul também conseguiu se destacar entre as crianças com canções como Al capone, Mosca na sopa e Carimbador maluco, o popular plunct plat zum, que tocava bastante no programa infantil Balão mágico em meados da década de 80. Ficamos com a letra de Ouro de Tolo, canção já interpretada por Caetano Veloso, e que dá um alento à vida de todos que a escutam e meditam sobre ela, de forma humana e racional!

Ouro de Tolo
Raul Seixas

Eu devia estar contente porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73...

Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção de coisas grandes prá conquistar e eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo
Prá ir com a família no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos...
Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano ridículo, limitado que só usa dez por cento de sua cabeça animal...
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social...

Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada
Cheia de dentes esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador...

Um forte abraço a todos!