quinta-feira, 17 de abril de 2008

Toda menina baiana tem encantos que Deus dá...

É com essa frase do Gil, cantada em canção já gravada por essa grande intérprete que podemos definir a estrela da música brasileira que Daniela Mercury é. Teve uma formação muito árdua na noite, interpretando todos os bons compositores da música, desde Michael Jackson até Milton Nascimento, sobretudo sua influência maior Elis Regina.

Antes de ser cantora solo, participou de algumas bandas como a Banda Eva. Na década de 90 explode no cenário nacional como o furacão Daniela, inicialmente com Swing da cor e depois com O canto da cidade, o disco que mais vendeu em sua carreira com a canção de mesmo nome. A partir daí, tornou-se uma das cantoras mais populares do país, vendendo milhões de discos! E foi como cantora solo que atingiu o topo das paradas com sucessos como Batuque e Você não entende nada, dentre outras no início de sua carreira, que lhe rendeu participar do Festival de Montreux na Suíça.

Segue carreira com uma mescla de canções dançantes e canções mais lentas, transitando pelo axé e pelo romântico na música brasileira, explorando ao máximo sua veia de intérprete em canções como À primeira vista, Nobre vagabundo, Rapunzel, Como vai você, Mutante, De tanto amor, Ilê pérola negra, Maimbê danda, Pensar em você, Topo do mundo, Toda menina baiana, etc.

Com seu repertório e suas apresentações, Daniela consegue afinar bem sua versatilidade ao interpretar canções de Tom Jobim ou Chico César, Roberto Carlos ou Chico Buarque, Caetano Veloso ou Gilberto Gil, Hebert Viana ou Rita Lee... Daniela passeia por todos com sua forma ímpar de interpretá-los, contagiando seu público e os deixando cada vez mais apaixonados.

No exterior, possui um sucesso muito expressivo, sobretudo em Portugal e toda Europa. Daniela também tem um lado filantrópico muito exemplar, sempre envolvida com campanhas como Criança esperança e Teleton, o que caracteriza a humana Daniela Mercury tão grande ou maior ainda que a artista, o que prova que Toda menina baiana tem mesmo mil encantos que Deus dá...!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Prepare o seu coração pras coisas que eu vou falar...

Jair Rodrigues é talvez o cantor mais alegre da música brasileira! Depois de ser crooner no interior de São Paulo, onde viveu sua adolescência e frequentar os programas de calouros, tornou-se sucesso no programa O Fino da Bossa, em parceria com Elis Regina na tv Record a partir de 1965, onde ganhou o apelido de "cachorrão" dado pela "pimentinha".

Os Festivais da Record foram outro capítulo da história do Jair, onde venceu com a canção Disparada de Geraldo Vandré e Théo de Barros. Conhecido como sambista, Jair surpreendeu a todos com sua interpretação para aquela canção sertaneja raiz e conseguiu dividir o primeiro lugar com A banda de Chico Buarque em 1966.

A partir desse instante foi um disco por ano e muitos shows no Brasil e principalmente no exterior, sobretudo na Europa. Seus sucessos são uma mescla de grande interpretação e carisma, ponto marcante em sua personalidade artística e humana.

Jair é considerado por muitos como o pai do rap atual. Ele começou com isso nos anos 60 com Deixa isso pra lá, sobretudo pelos gestos que fazia com a alternância das mãos. Outros sucessos inesquecíveis de sua carreira são A majestade o sabiá, Boi da cara preta, Carinhoso, Da cor do pecado, Irmãos coragem, Luar do sertão, Vaqueiro de profissão, No meu pé de serra, Triste madrugada, A felicidade, etc.

Atualmente, Jair grava bem menos e tem uma vida menos atribulada de shows que nos anos 60, entretanto continua com a mesma alegria e entusiasmo em suas apresentações, mostrando que Deixe que digam, que pensem, que falem... o que quiserem, pois ele sempre estará com aquele sorriso e alegria contagiantes!

Um forte abraço a todos!

domingo, 13 de abril de 2008

Prefiro ser essa metamorfose ambulante...

Há alguns anos atrás surgiu um músico que revolucionaria a música brasileira: o maluco beleza Raulzito, o grande Raul Seixas. Baiano, seu gosto musical foi se moldando primeiramente no rádio onde acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens com o pai (inspetor de ferrovia), ouve os matutos desfiarem repentes, "raiz" nordestina que nunca o abandonara. Num segundo momento, nas telas dos cinemas, encanta-se com o talento de Elvis Presley, de quem torna-se fã e aponta-lhe o rumo musical: o Rock'n Roll.
Inclusive, um dos primeiros e grandes sucessos do Jerry Adriani, Doce doce amor, é do Raulzito, a quem retribui ajudando a gravar o primeiro disco, um total fracasso. O sucesso viria mais tarde, em 1973 com o disco Krig-Há, Bandolo!, onde estabeleceu a parceria com o hoje escritor Paulo Coelho.


Seus sucessos tornam-se cada vez mais marcantes, como Há dez mil anos atrás, Gitã, Maluco beleza e Rock das aranhas, que fimaram o Raul como grande nome brasileiro. Outros sucessos também se tornaram clássicos na obra do Raul como Sociedade alternativa, A maçã, Al capone, Mosca na sopa, Medo da Chuva, Ouro de Tolo, O trem das sete e Tente Outra Vez. Todas essas e tantas outras popularizaram o Raul, mesmo algumas com uma interpretação mais rebuscada, porém sempre com a marca mística e roqueira dele.
O Raul também conseguiu se destacar entre as crianças com canções como Al capone, Mosca na sopa e Carimbador maluco, o popular plunct plat zum, que tocava bastante no programa infantil Balão mágico em meados da década de 80. Ficamos com a letra de Ouro de Tolo, canção já interpretada por Caetano Veloso, e que dá um alento à vida de todos que a escutam e meditam sobre ela, de forma humana e racional!

Ouro de Tolo
Raul Seixas

Eu devia estar contente porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73...

Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção de coisas grandes prá conquistar e eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo
Prá ir com a família no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos...
Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano ridículo, limitado que só usa dez por cento de sua cabeça animal...
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social...

Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada
Cheia de dentes esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador...

Um forte abraço a todos!

sábado, 12 de abril de 2008

Os compositores do Brasil - 2

Hoje gostaria de homenagear um dos principais compositores modernos que o Brasil possui, Carlos Colla. Já prestei uma homenagem recentemente a outro compositor fantástico, o Michael Sullivan, em 5 de janeiro desse ano, e sempre estarei postando algum, para conhecimento de todos!

A primeira curiosidade da carreira do Colla é que sua primeira composição, A namorada, em parceria com Maurício Duboc foi gravado por ninguém mais que Roberto Carlos em 1971, que conheceu por tocar guitarra no Canecão, no início de sua carreira. Colla também enviou outra canção para o rei, Negra, que o Roberto gravou em 1972. A partir daí, começou a enviar uma canção por ano para o rei e hoje é o compositor mais regravado pelo Roberto! Pasmem, depois de Roberto e Erasmo, entre os nomes que figuram entre os compositores favoritos do rei, Carlos Colla é o número um. São 44 composições para o rei, incluindo as versões de algumas gravações para outras línguas como Falando Sério que foi versionada para o inglês e o espanhol.

O site do compositor http://www.carloscolla.com.br/ define bem o sucesso que acompanha Carlos Colla durante toda sua carreira brilhante: "Não houve ano até agora que, pelo menos uma - quando não mais, de suas composições faltasse nas paradas mensais e semanais de sucessos. Ora com Roberto Carlos, com Alcione, Joana, Sandra de Sá, Fafá de Belém, Julio Iglesias, Chitäozinho & Xororó, Wando, Maria Bethânia, Leandro & Leonardo, Xuxa, Angélica, Menudos, Elimar Santos, Emílio Santiago, Roupa Nova, Zezé di Camargo & Luciano, Nelson Gonçalves, Luís Miguel, Cauby Peixoto, Fábio Júnior, Tim Maia, Wanessa Camargo, Sandy e Junior, Adriana Ribeiro e dezenas de outros cantores."

O que geralmente ocorre é, pela força interpretativa dos nossos astros, geralmente associamos a canção ao cantor, esquecendo quem a compõe. Então pense se ao menos você já não ouviu e cantou alguma dessas tantas canções da autoria do Colla com algum parceiro ou solo: A força do amor, Além da cama, Amor escondido, Bye bye tristeza, Como as ondas do mar, Da boca pra fora, Falando sério, Hoje a noite não tem luar, Judia de mim, Mãe um pedaço do céu, Me conte a sua história, Meu disfarce, Meu vício é você, Mulher ideal, O mundo é de nós dois, Pede a ela, Quantos momentos bonitos, Quatro semanas de amor, Quem é você, Querer é poder, Se o amor se vai, Só liguei porque te amo, Sonho lindo, Sonho por sonho, Tímida, Tudo por nada, Verdade chinesa, Você vai ver. Isso só pra citar algumas das mais de 400 canções compostas por esse grande poeta da música brasileira!

Com isso chegamos a conclusão que compositores como o Carlos Colla merecem todos os espaços de divulgação e agradecimento por tamanha contribuição à música brasileira e esse blog cumpre isso de forma singela, porém com bastante satisfação e admiração à obra desse compositor que abrilhanta ainda mais a música brasileira!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Vejo o céu aqui na terra e a terra no ar...

Abelim Maria da Cunha, nome verdadeiro de Ângela Maria, considerada por muitos como a maior cantora de todos os tempos da música brasileira, nos remete à época de ouro do rádio. Ângela chegou a cantar em igreja, quando paralelamente trabalhava numa fábrica inspecionando lâmpadas, mas se viu obrigada a abandonar esses dois ofícios; a igreja, porque cantava em programas de calouros, queria ser Dalva de Oliveira e o pastor não permitia cantar músicas profanas e músicas religiosas ao mesmo tempo, e a fábrica, porque era muito cansativo. E ela era a cópia fiel da Dalva, muito influenciada por ela, o que causava um certo desânimo porque não conseguiam enxergar a grande artista que estava por trás dessa influência.

Mas, o sucesso logo chegaria e também o apelido de "sapoti", dado pelo então presidente Getúlio Vargas: "Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti". Mesmo não estando nas paradas de sucesso, sempre foi uma das cantoras que mais venderam e vendem discos no Brasil. E o que dizer de Babalú, seu maior sucesso e que até hoje canta nos shows, como uma espécie de teste para sua voz, sempre afinada e fascinante!

E todo reconhecimento da obra da Ângela é tido por todos os artistas sobretudo no ano de 1996 quando gravou o disco Amigos, em parceria com 15 convidados ilustres: Roberto Carlos, Chico Buarque, Maria Bethânia, Fagner, Gal Costa, Nana Caymmi, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Emílio Santiago, Zezé di Camargo e Luciano, Alcione, Fafá de Belém, Agnaldo Timóteo, Djavan e Milton Nascimento. Agora, eu pergunto, precisa dizer mais alguma coisa? Numa época em que ainda nem era moda um disco de duetos como hoje em dia, ser reverenciada por todos esses grande nomes ao mesmo tempo? A Globo também produziu especial com 12, desses 15 nomes no palco com a sapoti.

Outros parceiros constantes na vida da Ângela são Agnaldo Rayol e Cauby Peixoto, este último com quem já gravou um disco, como também com Nelson Gonçalves e Agnaldo Timóteo, seu antigo motorista, com quem gravou um disco ao vivo e participou de um projeto em homenagem às mães em um disco do Timóteo. Outro disco notável da Ângela é "Pela saudade que me invade", uma homenagem à sua grande musa inspiradora Dalva de Oliveira, com a participação de Fagner, Simone, Agnaldo Rayol, Martinho da Vila, Pery Ribeiro e da própria Dalva, através da tecnologia.

Desses e de tantos discos e projetos e dessa grande voz, surgem canções inesquecíveis na música brasileira, como Babalú, Cinderela, Vida de bailarina, Balada triste, Escuta, Gente humilde, Orgulho, Nem eu, Ave Maria no morro, Fósforo queimado, Falhaste coração, Lábios de mel, Kalu, Que será?, e tantas outras que fazem da Ângela a notável cantora que é na música brasileira e que só podemos agradecer a Deus, o privilégio de ter uma artista assim entre nós e para nós!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Tu vens, tu vens, eu já escuto teus sinais...

Mais um conterrâneo meu, Alceu Valença, nascido também no interior, São Bento do Una, divisa entre Agreste e Sertão. Possui influências de Luiz Gonzaga e Elvis Plesley, surgindo um artista que engloba forró, repente, coco e principalmente frevo, o mais constante em sua obra, sempre com uma levada que inclui baixo e guitarra. Sua música e seu universo temático são universais, mas, sua base estética está fincada na nordestinidade.

Quando mudou-se para o Recife, onde concluiu o curso de direito, conheceu a música urbana de Orlando Silva e Nelson Gonçalves e decidiu abandonar a carreira de advogado e se dedicou à sensibilidade artística. Como já citado em outro tópico sobre o Geraldo Azevedo, gravou seu primeiro disco em parceria com este no início dos anos 70. Depois desse lançamento, ficou praticamente impossível acontecer um frevo em Pernambuco, sem a participação sonora do Alceu.

Seus discos sempre trazem muito sucesso que geralmente acontecem mais na época do carnaval ou durante as festas juninas, se seguir a linha forró, baião, coco, entre outros. Entre seus hits, estão Beijando Flora, La belle de Jour, Bicho Maluco Beleza, Anunciação, Bom demais, Como dois animais, Coração bobo, De janeiro a janeiro, Morena tropicana, Hino do Galo da madrugada, Me segura se não eu caio, Numa sala de Reboco, Pelas ruas que andei, Ciranda da Rosa Vermelha, Petrolina Juazeiro, Voltei Recife, Diabo louro, Roda e avisa, entre tantas que sempre nos remetem às festas de ruas de Pernambuco, que Alceu tanto divulga nas canções que interpreta.

Algumas gravações são antológicas na interpretação do Alceu, como a gravação do Hino de Pernambuco em frevo, que popularizou e difundiu o Hino entre a sociedade. Outro Hino muito executado no "sábado de Zé Pereira" é o Hino do Galo da madrugada. Outra canção que se notabilizou foi Roda e avisa, um saudosismo dedicado ao Velho Guerreiro e apresentador Chacrinha, também nosso conterrâneo e que Alceu sempre participava de seu programa televisivo.

Alceu participou do primeiro projeto Grande encontro, na década de 90 com Geraldo, Elba e Zé Ramalho. Atualmente se dedica a divulgar seu dvd Ao vivo no Marco Zero, gravado no Recife e com a participação do público fiel que sempre canta seus sucessos nos carnavais e em todos os tempos do ano, quando sempre é legal ouvir sua musicalidade!

Um forte abraço a todos!

domingo, 6 de abril de 2008

O Papa da Bossa Nova

João Gilberto é considerado o criador da bossa nova, ritmo esse que completa 50 anos em 2008. Nascido na Bahia, na cidade de Juazeiro, João ganhou um violão aos 14 anos de idade, e jamais o largou. Numa época em que os cantores de rádio imperavam, João surgiu para quebrar essa tradição e mostrar que cantor de voz baixa pode ser até mais elegante para a música.

A Bossa Nova é uma mistura do ritmo sincopado da percussão do samba numa forma simplificada e ao mesmo tempo sofisticada, que pode ser tocada num violão. É como se vestissem os sambas antigos de notas dissonantes e diminuíssem seu tempo percussivo. Quanto à técnica vocal (parte integral do conceito de bossa nova), é cantar em tom de voz uniforme, de forma a eliminar quase todo o ruído da respiração e outras imperfeições. O resultado beira a perfeição, sobretudo quando João Gilberto é o intérprete. Todos simplesmente ficaram boquiabertos com aquele novo jeito de tocar, unânime até então e sempre.

A primeira gravação do João foi como violonista no disco da Elizeth Cardoso em Canção do amor demais, de Tom e Vinícius em 1958. Há controvérsias de que esse seria o marco inicial da Bossa Nova. Pouco depois, João grava seu primeiro Lp, Chega de saudade, uma gravação antológica que, para muitos é um divisor de águas na música brasileira, pois marcaria definitivamente um jeito de cantar, um estilo musical. Outras canções da década de 30 também estavam presentes, mas em estilo bossa, além de lançar novos compositores como Carlos Lyra e Roberto Menescal.

A partir daí, João ganha os Estados Unidos, o México, o mundo... E ganha também a admiração e o respeito de quase todos os artistas nacionais, que se dizem influenciados por João, de uma forma ou de outra, seja por seu violão, fraseado ou canto suave. E quem não delira ao ouvir Chega de saudade, A felicidade, Acontece que eu sou baiano, Amor em paz, Águas de março, Aquarela do Brasil, Brigas nunca mais, Caminhos cruzados, Coisa mais linda, Dindi, Da cor do pecado, Desafinado, Ela é carioca, Eu sei que vou te amar, Garota de Ipanema, Insensatez, Lígia, Manhã de carnaval, Meditação, O barquinho, Rosa Morena, Sampa, Wave, Você não sabe amar e tantas outras com a marca João Gilberto? Além de Caymmi, Tom e Vinícius João regravou Caetano Veloso, que também produziu seu disco Voz e violão em 2000, retomando os clássicos de sempre do pai da bossa.

João Gilberto tem, há muito, a reputação de excêntrico, recluso e perfeccionista. Continua a fazer (raras) apresentações, com enorme sucesso no Brasil e no exterior. Entrevista, é quase impossível, poucas vezes alguém conseguiu. É aquele típico artista que alguns adoram, outros, talvez por não compreenderem bem o detestam ou simplesmente, por gosto musical mesmo, não simpatizam com seu perfeccionismo! Mas, nunca podemos negar que é quase impossível encontrar um artista completo como ele é, pois muitos são intérpretes, outros são músicos, outros conseguem deitar e rolar com suas orquestras, mas, João é apenas voz e violão, a maior estrela desse estilo único, que é ele mesmo!

Um forte abraço a todos!

sábado, 5 de abril de 2008

Clássicos brasileiros...

A definição de clássico no dicionário representa um adjetivo que constitui modelo em belas-artes. Mas, a palavra clássico vai além disso e causa um certa confusão quando se trata de música brasileira! O que seria clássico dentro desse universo? Antes de mais nada, vou afirmar que essa pergunta não será respondida por mim nesse tópico ou talvez por ninguém porque é algo muito relativo.

A música clássica ou música erudita é um termo amplo utilizado costumeiramente para se referir à música produzida (ou baseada) nas tradições da música de concerto e eclesiástica ocidental, englobando um período amplo que vai, aproximadamente, do século IX até a atualidade. O termo "música clássica" só apareceu no início do século XIX, numa tentativa de se "canonizar" o período que vai de Bach até Beethoven como uma era de ouro.

A relação entre a música erudita e a música popular é uma questão polêmica (principalmente o valor estético de cada uma). Os adeptos da música erudita reclamam que este gênero constitui arte (e, por isso é menos vulgarizada) enquanto que a música popular é mero entretenimento (o que implica um público mais numeroso). Contudo, muitas peças musicais da música popular possuem um elevado valor artístico e, curiosamente, são chamadas de "clássicos".

Mas, o que se observa é que foi feito uma adaptação. Tomamos o termo clássico e rotulamos canções que marcaram época, que sobrevivem ao tempo, aos modismos, que se tornam inesquecíveis aos ouvidos dos brasileiros, independente da idade ou contexto em que surgiram tais obras.

E, outro fato curioso é que, enquanto a música clássica é formal, no que diz respeito aos acordes e à melodia, as músicas chamadas clássicos brasileiros não tem necessariamente uma formalidade, pois uma canção que se tornou um clássico não precisa ter acordes dissonantes, mas marca de uma forma surpreendente! O segredo está aí! O que acontece para uma canção marcar e se tornar um clássico nesse país? E qual o parâmetro que utlizamos para afirmar que essas canções são clássicas?

Esse é um assunto longo e parece inacabado. Na Argentina por exemplo, um estilo é clássico, o tango. Daí, algumas canções desse estilo ficaram na memória do país e internacionalmente remete qualquer ouvinte àquela nação, vide Camiñito, El dia que me quieras, Volver, La cumparsita, etc. O mesmo comentário pode ser feito em relação ao fado para Portugal e o bolero para o México. No Brasil, embora o ritmo predominante seja o samba, todas as influências externas e internas de miscigenação de um povo influenciaram positivamente essa diversidade de ritmos e clássicos que temos atualmente!

A confusão parece vir à tona quando pensamos enumerar algumas canções que chamamos de clássicas, seja de um artista ou da nação no geral. Uma tarefa dificílima, polêmica e nunca chegamos a um consenso! Aquarela do Brasil do Ary Barroso seria um clássico, mas eu também considero No rancho fundo, do mesmo autor um... Asa Branca do Luiz Gonzaga é um clássico, mas eu incluiria Qui nem jiló, Riacho do navio, Numa sala de reboco..., xiii, vamos para outro artista... As rosas não falam do Cartola é um clássico, mas eu também incluiria Acontece,... Só louco do Caymmi é um clássico, mas eu também incluiria Marina, ... Sampa do Caetano é um clássico, mas eu não poderia esquecer Você é linda, Força estranha, Meu bem meu mal, ... Detalhes do Roberto é um clássico, mas eu consideraria Emoções, Café da manhã, ... bom, vou parar porque esse foi um tópico que me fez ficar em conflito comigo mesmo! Não era esse o propósito, isso é clássico acontecer quando pensamos em clássicos que desejamos listar... Talvez vocês me ajudem a pensar melhor.

Na verdade isso é apenas uma brincadeira e, ao mesmo tempo uma provocação pra que vocês expressem suas valiosas opiniões, porque o verdadeiro sentimento que tenho é de orgulho por ficar confuso entre tantos clássicos. Vou deixá-los com uma canção que também considero clássica, no repertório de música brasileira:

Manhã de carnaval
(Luiz Bonfá e Antônio Maria)

Manhã, tão bonita manhã
Na vida, uma nova canção
Cantando só teus olhos
Teu riso, tuas mãos
Pois há de haver um dia
Em que virás

Das cordas do meu violão
Que só teu amor procurou
Vem uma voz
Falar dos beijos perdidos
Nos lábios teus

Canta o meu coração
Alegria voltou
Tão feliz na manhã
Desse amor

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vou deixar a rua me levar...

Ana Carolina é uma das grandes vozes da nova geração da música brasileira! E bota voz naquele grave inconfundível dela. Natural de Juiz de Fora, sua influência músical vem de berço pois sua avó cantava no rádio e seus tios-avós tocavam percussão, piano, cello e violino. Cresceu ouvindo ícones da música brasileira como Chico Buarque, João Bosco e Maria Bethânia. Ainda na adolescência, iniciou a carreira de cantora apresentando-se em bares de sua cidade natal.

Em 1999 lançou seu primeiro disco onde resgasta clássicos antigos como Beatriz e Retrato em Branco e Preto do Chico Buarque, passa pelo Pop de Lulu Santos em Tudo bem e a revela como compositora com A Canção tocou na hora errada, Trancado, Armazém e O avesso dos ponteiros e também a Totonho Villeroy: Garganta e Tô saindo, que passa a ser o seu grande parceiro em composições. Foi através desse CD que Ana Carolina foi indicada ao Grammy Latino.

Em seu segundo disco, uma curiosidade, o título é todo construído em cima de títulos de canções do Chico Buarque: Ana Rita Joana Iracema e Carolina. Esse disco traz também os sucessos Quem de nós dois e Ela é bamba. Seu terceiro álbum, Estampado, traz na última faixa um dueto com Seu Jorge, já prevendo uma parceria que daria certo, confirmada no quinto cd Ana & Jorge ao vivo que explodiu com o hit É isso aí. A coletânea Perfil de Ana carolina saiu antes, com uma expressiva vendagem, reunindo os grandes sucessos da cantora e compositora, até então. Dois Quartos foi lançado em 2006, um projeto duplo.

Esse ano, está lançando o projeto Multi Show - Ana Carolina - Dois Quartos, em cd e dvd de um show que foi gravado ano passado com seus grandes sucessos e uma novidade, para os fãs de É Isso Aí (The Blower's Daughter), Ana Carolina canta e toca essa música no piano! Outros sucessos dela são Cantinho, Pra rua me levar, Ruas de outuno, Rosas, O avesso dos ponteiros, Cabide, Nada pra mim, Sinais de fogo, Eu não sei quase nada do mar, Carvão, Encostar na tua, etc.

Ana se mostra uma grande intérprete ao passear por clássicos da nossa música como Outra vez, Que será e Mil perdões, e tem o prazer de ver outros artistas interpretando suas canções como Maria Bethânia, Gal Costa, Mart´nália, Fábio Jr., Preta Gil e Luiza Possi, o que comprova que temos novos artistas criando coisas acima do padrão atual de música!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 1 de abril de 2008

Pérola negra

Luiz Carlos dos Santos, mais conhecido como Luiz Melodia, tem música até no nome! Nasceu no Rio de Janeiro e descobriu a música ao ver o pai tocando seu violão de quatro cordas em casa, embora o pai tivesse ciúmes do instrumento e o deixasse pouco acessível ao filho! E foi justamente seu pai que se tornou um fã tão importante e ao mesmo tempo um ídolo eterno. Tanto é que o sonho de Melodia era gravar um disco do pai, que infelizmente se foi antes do sonho realizado!

Luiz Melodia é desses artistas com voz única no Brasil. Não temos outro que tenha um timbre semelhante ao dele! Nascido no morro carioca, o berço do samba, sofreu influências da bossa nova e da jovem guarda. Através do poeta Wally Salomão, "Melô" conheceu a sua intérprete favorita: Gal Costa que gravaria seu maior sucesso, Pérola negra, além de outros como Juventude Transviada que tornou-se inesquecível por sua primeira frase: "Lavar roupa todo dia, que agonia!..." No acústico Mtv da Gal em 1997, Luiz participa no dueto de Pérola negra, numa espécie de agradecimento eterno à sua madrinha.

Maria Bethânia gravou outra composição sua Estácio Holly Estácio. Além desses, Melodia emplacou também sucessos de outros compositores, firmando sua marca de intérprete para Codinome Beija-flor, Quase fui lhe procurar, Negro gato, O caderninho, Com muito amor e carinho, Valsa brasileira, Tereza da praia, Rosa, entre outras. Melodia também já dividiu vocais com artistas como Fagner, Tim Maia, Caetano Veloso, Emílio Santiago, Zizi Possi e Zeca Pagodinho.

Atualmente, Luiz Melodia anda divulgando o seu mais recente trabalho sobre o samba dos morros - Estação Melodia. É como se fizesse um apanhado de suas raízes, das coisas que ouvia, das lembranças de seu pai! E o Brasil agradece...

Um forte abraço a todos!