domingo, 29 de junho de 2008

Abram alas para um novo cantador...

E durante esse mês festivo, onde o coração nordestino se aquece nas fogueiras da tradição, pude homenagear alguns dos grandes nomes desse cenário que fazem a festa a exemplo de Santanna, Petrúcio Amorim e hoje, falaremos um pouco de Maciel Melo, mais um poeta nordestino que canta suas raízes e o amor. Natural de Iguaraci, interior de Pernambuco, Maciel desde pequeno acalenta o desejo de ser músico e quando criança respondia que queria ser tocador de pandeiro.

"Devoto" de Luiz Gonzaga, Maciel segue seu estilo, cantando as tradições nordestinas e sendo regravado por nomes de sucesso como Fagner, que imortalizou seu maior sucesso - Caboclo sonhador, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Flávio José, Santanna, entre outros. Gravou seu primeiro disco a duras penas em 1989, chamado Desafio das léguas, que era ousado por já contar com a participação de Dominguinhos, de quem participaria anos mais tarde do disco que seu conterrâneo faria em homenagem a Gonzagão, na faixa A volta da Asa branca.

Seu autêntico forró não dispensa uma guitarra elétrica, se aproximando mais de Jackson do Pandeiro que, já na década de 60, adicionara ao tradicional zabumba, sanfona e triângulo, cordas, sopros e outros instrumentos de percussão. Além de Caboclo sonhador, que também foi gravado pelo próprio Maciel e por outros forrozeiros como Flávio José, temos como sucessos A dama de ouro, Caia por cima de mim, Dê cá um cheiro, Meninos do Sertão, Nos tempos de menino, Terra prometida, O solado da chinela, etc. Com seu toque de Sertão, Maciel é figura garantida nas melhores festas de São João e por todo o ano, onde atualmente divulga seu dvd Isso vale um abraço. E suas letras tem muito de sua história pessoal. "Mega" e "Quinha", citadas na letra abaixo são seus irmãos:

Caboclo sonhador
(Maciel Melo)

Sou um caboclo sonhador
Meu senhor, viu?
Não queira mudar meu verso
Se é assim não tem conversa
E meu regresso para o brejo
Diminui a minha reza.

Um coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
Perdido na imensidão desse lugar
Ao lembrar-me das bravuras de Neném
Perguntar-me a todo instante por Baía
Mega e Quinha como vão? tá tudo bem?
Meu canto é tanto quanto canta o sabiá

Sou devoto de Padim Ciço Romão
Sou tiete do nosso Rei do Cangaço
E em meu regaço fulminado em pensamentos
Em meu rebento sedento eu quero chegar

Deixem que eu cante cantigas de ninar
Abram alas para um novo cantador
Deixem meu verso passar na avenida
Num forró fiado tão da bexiga de bom.

Um forte abraço a todos!

sábado, 28 de junho de 2008

Amigo do sol, amigo da lua...

Uma das maiores alegrias que tenho aqui no blog é poder falar de artistas esquecidos da mídia, mas que seguem contribuindo muito positivamente com a música brasileira. E o artista de hoje é sinônimo de sofisticação em seu estilo. Segundo o wikipédia, seu nome verdadeiro é Uday Veloso, nosso Benito di Paula. Natural de Nova Friburgo - RJ, começou sua carreira como crooner nas boates do Rio e de São Paulo. Seu estilo, conhecido por samba jóia, se diferencia dos demais por adicionar ao samba tradicional o piano, apresentando algo mais romântico.

Lançou seu primeiro disco em 1971, que foi censurado por conter a faixa Apesar de você do Chico Buarque. Esse disco ainda continha Azul da cor do mar de Tim Maia e A Tonga da Milonga do Kaburetê de Vinícius e Toquinho. Só obteve sucesso nacional a partir do terceiro disco, Um novo samba, já com barba e cabelos longos e com a canção Retalhos de Cetim. Vários sucessos são relembrados em seus shows como Charlie Brown, Mulher Brasileira, Amigo do sol amigo da lua, Vai ficar na saudade, Se não for amor, Ah! como eu amei, Tudo está no seu lugar, O que é o que é, Que beleza, Quero ver você de perto, Do jeito que a vida quer, Sanfona branca, Amanheceu, Como dizia o mestre, entre outros.

Benito sempre citou em algumas de suas composições, alguns de seus colegas mais queridos, tido como ídolos como Cauby Peixoto na canção Vá escutar Cauby, ou Luiz Gonzaga (Com quem chegou a gravar a faixa Viva meu Padim) na canção Sanfona Branca, ou vários colegas como encontramos na canção Charlie Brown, um de seus maiores sucessos, se não for o maior:

Charlie Brown
(Benito di Paula)

Ê! Meu amigo Charlie
Ê! Meu amigo Charlie Brown,
Charlie Brown...

Se você quiser vou lhe mostrar
A nossa São Paulo, terra da garôa
Se você quiser vou lhe mostrar
Bahia de Caetano, nossa gente boa

Se você quiser vou lhe mostrar
A lebre mais bonita do Imperial
Se você quiser vou lhe mostrar
Meu Rio de Janeiro e nosso carnaval

Charlie Brown, ê...

Se você quiser vou lhe mostrar
Vinícius de Moraes e o som de Jorge Ben
Se você quiser vou lhe mostrar
Torcida do Flamengo, coisa igual não tem

Se você quiser vou lhe mostrar
Luiz Gonzaga, rei do meu baião,
Se você quiser vou lhe mostrar
Brasil de ponta a ponta do meu coração

Charlie Brown, ê...

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

É com essa que eu vou...

Uma das maiores revelações da música brasileira dos últimos anos chama-se Maria Rita Camargo Mariano, filha da saudosa Elis Regina e do pianista César Camargo Mariano, irmã dos também músicos Pedro Camargo Mariano e João Marcelo Bôscoli. Uma família repleta de músicos talentosíssimos, só poderia frutificar uma carreira promissora como está sendo a de Maria Rita.
Sua identificação com Elis Regina vai além da aparência. Percebe-se uma influência marcante, seja na interpretação de canções contemporâneas, ou quando visita o repertório da própria Elis. Isso pesou um pouco na carreira da Maria Rita, pois muitos críticos foram injustos com seu início de carreira. Ela nunca quis tomar o lugar de ninguém, muito menos imitar a mãe. E como não seria tão bom se muitas outras cantoras surgissem sob a influência da Elis, a maior cantora do Brasil de todos os tempos, considerada por muitos? E como uma filha não teria essa influência? Cheguei a pensar que na trilha da novela Paraíso tropical, quem interpretava a canção É com esse que eu vou, que emprestou título a esse post, era a Maria Rita. Tomara que um dia ela mude de idéia e grave um disco só com clássicos da Elis. Não haveria tributo melhor! Pois, foi com muita determinação e, sobretudo muito talento, que Maria Rita superou essa fase de comparação e se firmou como um grande nome da música brasileira na atualidade. E o parecer veio de um grande ídolo: em 2001 gravou um cd e entregou a seu padrinho para que ele desse o aval sobre aquela futura cantora. Nada mais, nada menos que Milton Nascimento se surpreendeu com o que ouviu e a incentivou a seguir carreira.

Em 2003, grava seu primeiro cd, que é recorde de vendagens para uma estreante. Todos os seus lançamentos têm tido bastante êxito em vendagens e premiações, como o Grammy Latino. Conquistou seu público com interpretações fantásticas que caíram na boca do povo como A festa, A minha alma, Agora só falta você, Caminho das águas, Cara Valente, Encontros e despedidas, Tá perdoado, entre outros. Sempre interpretando compositores consagrados e ídolos seus como Chico Buarque, Gonzaguinha e Milton Nascimento, ao mesmo tempo abrindo caminhos para novos compositores como Lenine, Marcelo Camelo e Marcelo Yuka, e ainda com uma versatilidade que lhe permite interpretar sambas como em seu recente trabalho, Maria Rita se firma como um dos grandes nomes contemporâneos da música brasileira!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Os compositores do Brasil - 4

A série "Os compositores do Brasil" aproveita o dia de São João para homenagear um dos maiores compositores nordestinos de todos os tempos: Petrúcio Antônio de Amorim. Caruaruense, já aos 9 anos de idade juntava sons e palavras e fazia suas primeiras canções. E o que dizer do primeiro festival estudantil do qual participou ainda em sua cidade natal em 1979, concorrendo com três canções, com as quais vence o festival e recebe a premiação das mãos de sua maior influência: Luiz Gonzaga.

Ao conhecer Jorge de Altinho, outro cantor que despontava no interior de Pernambuco, se firmou como grande compositor nas canções Confidências e Disfarce, interpretadas pelo Jorge em seu primeiro disco. Petrúcio gravou seu primeiro disco em 1985 e segue a carreira como cantor e compositor, criando canções inesquecíveis como Devagar, Nem olhou pra mim, Menino de rua, Cidade grande, Eu sou o forró, Foi bom te amar, Meu ex-amor, Tareco e mariola, Anjo querubim, Filho do dono, Meu cenário, entre outras sempre requisitadas pelos maiores intérpretes nordestinos e nacionais. Em 2007, lançou seu primeiro dvd "Na boléia do destino" com seus maiores sucessos.

Petrúcio já teve suas canções nas vozes de Dominguinhos, Jorge de Altinho, Marinês, Trio Nordestino, Alcymar Monteiro, Santanna, Flávio José, Leci Brandão, Fafá de Belém, José Augusto, Elba Ramalho e Zé Ramalho, entre tantos. Afirma que tem três grandes influências: Luiz Gonzaga, Roberto Carlos e Chico Buarque. E, essas influências são encontradas em suas composições, sejam as raízes de Gonzagão, o romantismo do Roberto ou a riqueza de detalhes das composições do Chico, como podemos observar na canção Meu Cenário, onde encontramos essas três influências:

Meu cenário
(Petrúcio Amorim)

Nos braços de uma morena quase morro um belo dia
Ainda me lembro meu cenário de amor
Um lampião asceso, um guarda-roupa escancarado
Um vestidinho amassado de baixo de um batom

Um copo de cerveja e uma viola na parede
E uma rede convidando a balançar
No cantinho da cama um rádio á meio volume
Um cheiro de amor e de perfume pelo ar

Numa esteira o meu sapato pisando no sapato dela
Em cima da cadeira aquela minha velha cela
Ao lado do meu velho alfoge de caçador

Que tentação minha morena me beijando feito abelha
E a lua malandrinha pela brechinha da telha
Fotografandoo meu cenário de amor.

Um forte abraço a todos!

domingo, 22 de junho de 2008

A festa junina no Nordeste

A Festa Junina no Nordeste Brasileiro é uma das maiores manifestações culturais que o país possui. O termo junino tem a ver com o mês de Junho, e com seus três principais Santos comemorados nessa época: Santo Antônio, dia 13; São João, dia 24 e São Pedro, dia 29. As tradições folclóricas se tornam mais evidentes como as fogueiras, comidas típicas de milho e castanha, e danças como as quadrilhas, por exemplo. Não podemos esquecer os cuidados que devemos ter com os balões e os fogos de artifícios!

Várias cidades se destacam nesse período atraindo turistas do país inteiro e até do exterior. Caruaru em Pernambuco e Campina Grande na Paraíba são as que mais disputam entre si pelo título de o maior São João do mundo. Outras cidades tem se destacado, algumas sobretudo esse ano como Arcoverde/PE, Carpina/PE, Camaçari/BA, além das capitais Recife, Aracaju e Salvador.

A música que rege esse encontro festivo é o forró, sobretudo o chamado pé-de-serra que oferece, em sua forma mais tradicional, um trio formado pelo sanfoneiro e geralmente cantor, um zabumba e um triângulo, que juntos formam a alegria desse povo. Vários artistas fazem diversos shows em várias praças do Nordeste, alguns já comentados nesse blog e outros ainda terão seu post. Em várias cidades nordestinas podemos encontrar em suas programações Fagner, Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Trio Nordestino, Santanna, Maciel Melo, Elba Ramalho, Dominguinhos, Nando Cordel, Flávio José, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho e tantos outros artistas locais e nacionais que reverenciam essa festividade com seus grandes shows.


Luiz Gonzaga foi e sempre será o grande nome dessa festividade, homenageado sempre, seja com a interpretação eterna de seu delicioso repertório, seja apenas com um Viva a Gonzagão. Todos os artistas, sem exceção o reverenciam. Todas as festas o reverenciam por reconhecerem que foi ele, com sua sanfona e sua musicalidade fantástica que plantou tudo isso que hoje festejamos, o amor que o Nordeste exporta para o Brasil e para o mundo! Ficamos com a letra Noites Brasileiras, imortalizada pelo Gonzagão e sempre tocada nessas festividades nordestinas.


Noites Brasileiras
(Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

Ai, que saudades que eu sinto
Das noites de São João
Das noites tão brasileiras nas fogueiras
Sob o luar do sertão

Meninos brincando de roda
Velhos soltando balão
Moços em volta á fogueira
Brincando com o coração
Eita, São João dos meus sonhos
Eita, saudoso sertão

Um forte abraço a todos!

sábado, 21 de junho de 2008

Gonzagão e Fagner

Hoje falarei sobre um trabalho realizado por duas das maiores vozes do país. Dois discos que foram lançados na década de 80, em 1984 e 1987 com esses dois artistas nordestinos que tinha o amor à sua terra como principal semelhança: Luiz Gonzaga e Raimundo Fagner. Nesse projeto, a dupla passa a limpo alguns dos maiores sucessos do Luiz Gonzaga em um disco dedicado às raízes nordestinas.

O primeiro disco mescla clássicos como São João na Roça, Baião, Boiadeiro , Olha pro céu, No Ceará não tem disso não, O cheiro de Carolina, Cintura fina, Respeita Januário, Riacho do navio, Forró no escuro, O xote das meninas com outras menos conhecidas como Cigarro de Paia e Sangue de nordestino, algumas cantadas em medleys de duas ou três canções juntas.

No segundo disco já não encontramos medleys, mas, canções interpretadas pelas duas vozes que colocaram muitos casais para dançar no forró pé-de-serra, com destaque para Vem morena, Vozes da Seca, Abc do Sertão, Xamego, Estrada de Canindé e Noites brasileiras, essa última também contou com a voz do saudoso Gonzaguinha, um dos có-produtores desse projeto.

Segundo o próprio Fagner foram os dois discos dos mais importantes da sua carreira, enaltecido em seu cd Amigos e Canções de 1998. Gonzagão toca no andar acima ao nosso, mas o Fagner continua entre nós, sempre relembrando algumas das canções desse projeto simplesmente lindo, que trazia também algumas gozações geralmente direcionadas ao Fagner pelo rei do baião, tipo ao interpretarem O Cheiro de Carolina, Gonzagão solta "Ela é doida por um cantor assim como você...". Seria muito legal se o próprio Fagner ou algum outro grande intérprete regravasse os clássicos do Gonzagão, que são verdadeiros hinos aqui no Nordeste, sobretudo nessa época festiva em que o Forró é o pai da alegria nessa terra.

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Quero uma canção fácil, extremamente fácil...

O Jota Quest é uma banda mineira do pop rock, formada em 1995. Baixo com PJ, bateria de Paulinho Fonseca, guitarra com Marco Túlio Lara, teclados de Márcio Buzelin e vocal de Rogério Flausino, escolheram esse nome inspirados no desenho Jonny Quest e se chamavam apenas J. Quest, mudando depois para Jota Quest, quando contratados pela Sony para evitar processos da Hanna Barbera.

No primeiro álbum, em 1996, já contavam sucessos nacionais como Encontrar alguém e As dores do mundo, além do visual espalhafatoso que apresentavam e abandonaram logo em seguida. Mas, foi em 1998 que estouraram em todo o país com o álbum De volta ao mundo lunar e o grande hit "Fácil". Depois só colecionam êxitos entre o público jovem e lançamentos cada vez mais expressivos como o cd Oxigênio de 2000, com várias baladas românticas, entre elas Dias melhores.

Em 2003, a banda lançou um disco que seria campeão de vendas e de êxitos, o Mtv ao vivo, reunindo seus maiores êxitos até então. Sucessos como Na moral, Amor maior, Só hoje, Vou por aí, entre outros. Em 2005, voltam aos inéditos com o disco Até onde vai e o grande hit Além do horizonte, sucesso do rei, que o levaram ao especial do Roberto do mesmo ano e ao projeto duetos de 2006 de sua majestade, que elogiou bastante a interpretação de um de seus maiores hinos. E essa ligação com o Roberto é de admiração recíproca, já afirmada pelo rei e pelo Rogério que sempre canta algo de seu ídolo em seus shows.

O trabalho do Jota Quest já está consolidado tanto no Brasil, quanto no exterior, onde já fizeram várias apresentações pela Europa. É uma banda muito respeitada no meio e sempre emplaca hits que conquista todas as idades, canções pra você e eu e todo mundo cantar junto...

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 17 de junho de 2008

O sol vai voltar amanhã...

Flávio Venturini é um grande cantor e compositor, grande músico mineiro. Começou tocando acordeom e em seguida, piano. Oriundo do Clube da Esquina, do qual faziam parte Beto Guedes, Lô Borges e Milton Nascimento, entre outros, integrou o grupo musical O Terço, onde se revelou como compositor. Em 1979, formou o grupo 14 bis que o popularizou em definitivo, chegando a gravar 8 discos antes de partir para carreira solo em 1988.

Uma característica em seu trabalho de composição é que já dividiu parcerias com diversos amigos como Milton Nascimento, Ronaldo Bastos, Guarabyra, Lô e Márcio Borges, Jorge Vercilo e Renato Russo. Seus sucessos se tornaram inesquecíveis: Clube da esquina 2, Espanhola, Fênix, Linda juventude, Mais uma vez, Paisagem na janela, Prenda minha, Caçador de mim, Amor de índio, Sol de primavera, Todo azul do mar, entre outras composições suas e de parceiros citados acima, brindando também seu excelente lado intérprete, além de ser um excepcional pianista, na melhor linhagem Guilherme Arantes e Ivan Lins, todos discípulos de Tom Jobim.

São muitas canções que poderíamos destacar desse grande músico, algumas tiveram alcance internacional expressivo, como Espanhola, que foi gravada por vários outros intérpretes. Ou Fênix, que é parceria com Jorge Vercilo. Todo azul do mar é tido como uma das canções mais românticas da música brasileira, já tendo sido regravada pelo Roupa Nova. Ficamos com a letra de Mais uma vez, em parceria com Renato Russo, recente sucesso de novela e rádios e que nos deixa em altas reflexões sobre nosso convívio social:

Mais uma vez
(Flávio Venturini e Renato Russo)

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão ja vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol ja vem

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar

Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende

Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança...

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém

Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está.
Mas eu sei que um dia a gente aprende

Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança...

Um forte abraço a todos!

domingo, 15 de junho de 2008

Diz que fui por aí...

No ano em que a Bossa Nova completa 50 anos, nada mais legal e justo lembrarmos da grande intérprete e responsável pelo movimento: Nara Lofego Leão. Uma corrente de pesquisadores defende que a Bossa Nova começou mesmo no apartamento da Nara, em Copacabana, onde se reuniam grandes nomes da música brasileira para tocar o som do momento. Mas, essa não é a única contribuição de Nara à música brasileira. É creditada a ela o descobrimento de Chico Buarque.

Sua estréia se deu em 1963 ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra na comédia Pobre Menina Rica. Mas, sua consagração se deu após o golpe militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João do Valle e Zé Kéti, show que representava uma resposta à dura repressão imposta pelo regime. Ao se afastar do show no ano seguinte, por problemas de saúde, Nara foi substituída pela então estreante Maria Bethânia. A partir daí percebemos um certo eclétismo na carreira da Nara que sempre foi elegante ao interpretar Bossa Nova, músicas de protesto, Tropicalismo, Jovem Guarda e ao atuar com enfâse nos Festivais, vencendo com a interpretação de A banda de Chico Buarque em 1966.

Interpretações inesquecíveis da Nara ficaram marcadas na música brasileira. O que falar de A banda, A felicidade, A Rita, Além do horizonte, Canta Maria, Carcará, Carolina, Chega de saudade, Com açúcar com afeto, Da cor do pecado, Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, Diz que fui por aí, Dueto, Estrada do sol, Esse seu olhar, Fotografia, Insensatez, João e Maria, Meditação, Noite dos mascarados, O amor em paz, O barquinho, Olê olá, Opinião, Sabiá, Wave e tantas outras inesquecíveis em sua doce voz?

Nara já não está entre nós, mas ela não foi embora em definitivo. Recentemente teve sua discografia reeditada. Ano passado mereceu uma homenagem de Fernanda Takai do grupo Pato Fu, com um disco todo dedicado ao seu repertório. E, esse ano, com o aniversário da Bossa Nova, ela está simplesmente por aí, como interpretou anos atrás na canção do Zé Kéti:

Diz que fui por aí
(Zé Kéti e Hortêncio Rocha)

Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando o violão embaixo do braço
Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
Se houver motivo
É mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se volto
Diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
Tenho um violão para me acompanhar
Tenho muitos amigos, eu sou popular
Tenho a madrugada como companheira
A saudade me dói, o meu peito me rói
Eu estou na cidade, eu estou na favela
Eu estou por aí
Sempre pensando nela

Um forte abraço a todos!

sábado, 14 de junho de 2008

Santanna, o cantador

Um dos maiores forrozeiros da atualidade chama-se Santanna, o cantador. Cearense, de Juazeiro do Norte, este cantador nordestino está na estrada levando seu forró pé-de-serra às comunidades das pequenas cidades do interior do Nordeste há alguns anos.

O sucesso demorou mas não faltou e hoje, Santanna é um dos nomes mais lembrados quando se fala em autêntico forró pé-de-serra, sob sua maior influência, Luiz Gonzaga. E segue os passos do mestre, com estilo muito semelhante, cantando o amor e sua ligação com o Nordeste Brasileiro.

Os forrozeiros nordestinos, em grande parte, tocam sanfona. Santanna sabe violão e é na voz e na interpretação que conseguiu firmar seu merecido sucesso que buscava desde 1984. Muitos comentavam que sua voz era muito parecida com a de Gonzagão, embora nunca tivesse o intuito de imitar o rei do baião. E foi essa fortíssima ligação com Gonzaga que o fez lançar seu primeiro disco em 1992 "Gonzagão, meu professor" com canções do mestre em parceria com João Silva. Veio o segundo disco, que continha a canção Lembrança de um beijo de Accioly Neto e que chamou a atenção de Fagner que a gravou em seu disco de 1994, Caboclo sonhador, o que abriu fronteiras para Santanna que conheceu Robertinho do Recife, grande guitarrista que passou a produzir seus discos anos mais tarde.

O primeiro estouro do Santana veio com a canção Ana Maria, de Janduhy Finizola, em 2001. De repente, as rádios, as festas juninas, o nordeste e o Brasil só tocava Santanna. E todos os seus trabalhos passaram a ser valorizados e tocados, alguns relançados. Em seus discos sempre figuraram compositores da melhor estirpe da música nordestina, como Acioly Neto, Maciel Melo, Petrucio Amorim, Gonzaguinha, Jorge de Altinho, Onildo Almeida, entre outros e sucessos como A natureza das coisas, Bateu saudade, Bote tempo, D´estar, Doidim por você, Lembrança de um beijo, Meu cenário, Tamborete de forró, etc.

E continua fazendo seus shows nas mais variadas cidades nordestinas, sobretudo onde desejam dançar o melhor e autêntico forró pé-de-serra. Quem vier curtir o São João em alguma cidade do Nordeste, pode crer que é possível encontrar algum show seu na programação. Além das canções e de um pouco da história desse nordestino lutador, deixo pra vocês a letra de uma das suas interpretações mais lindas:

A natureza das coisas
(Accioly Neto)

Ô chá, lá, lá, lá, lá
Ô chá, lá, lá, lá, lá, coisa boa é namorar...

Se avexe não...
Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada.
Se avexe não...
A lagarta rasteja até o dia em que cria asa.

Se avexe não...
Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa.
Se avexe não...
Amanhã ela pára na porta da tua casa

Se avexe não...
Toda caminhada começa no primeiro passo
A natureza não tem pressa, segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá...

Se avexe não...
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa, seja lavadeira...
Pra ir mais alto vai ter que suar.

Ô chá, lá, lá, lá, lá
Ô chá, lá, lá, lá, lá, coisa boa é namorar...

Um forte abraço a todos!