domingo, 16 de abril de 2017

♫Olha♫

Essa é daquela que faz parte de uma lista de grandes declarações de amor. Olha é original de 1975 e já foi regravada por vários bons intérpretes: de Maria Bethânia, a Chico Buarque e Erasmo Carlos, de Alcione e Ângela Maria, passando por Cauby Peixoto, até Eduardo Lages em uma versão instrumental, e muitos outros já imprimiram sua marca nesse verdadeiro clássico do Roberto. Curioso é que, de tantas gravações ao vivo que este fez, esta pérola ainda não mereceu uma nova releitura sua, embora sempre a cante cada vez mais com uma delicadeza ímpar em seus shows.

Mas, engana-se quem pensa que a letra de Olha fala daquele amor fantasia, que só se encontra nos contos de fadas. A canção cita os problemas, os estresses, a inconstância de um casal, mas, ao mesmo tempo propõe que tudo pode ser resolvido com uma boa esperança de seguirem uma estrada de amor e paz e confiança no que há de vir onde qualquer problema é superado quando existe e se vivencia o amor. Como se os caminhos fossem de pedra, mas que levam a lugares fascinantes na terra onde o amor sempre reina.

Olha
Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Olha, você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei pra mim
A cabeça cheia de problemas
Não me importo, eu gosto mesmo assim

Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor que mais ninguém possui
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui

Olha, você vive tão distante
Muito além do que eu posso ter
Eu que sempre fui tão inconstante
Te juro, meu amor, agora é pra valer

Olha, vem comigo aonde eu for
Seja minha amante e meu amor
Vem seguir comigo o meu caminho
E viver a vida só de amor

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 12 de abril de 2017

CD Djavan Vidas pra contar

Djavan é um dos poucos artistas que lançam novos trabalhos colhendo êxitos como no passado. Se alguns de seus últimos álbuns não confirmarem isto que estou falando, basta então ouvir o seu mais recente trabalho lançado em 2015, com o título de Vidas pra contar. Sem esquecer suas raízes, ele começa o CD cantando o povo nordestino e sua cultura com a belíssima Vida nordestina.

Mas, o que mais me encanta em todo cantor e com ele não seria diferente, é a capacidade de criar e interpretar novas canções românticas. Neste sentido estamos diante de belas canções, algo raro hoje em dia, mesmo por astros consagrados, como é o caso de Não é um bolero, O tal do amor, Encontrar-te e Primazia. Aquela "batida djavan" tá cada vez mais perfeita e presente em Só pra ser o sol, Aridez, Enguiçado, Se não vira jazz e Ânsia de viver.

Completam o álbum a homônima Vidas pra contar e a autobiográfica Dona do horizonte, uma belíssima homenagem à sua mãe, sem fazer apelação a sentimentalismos, mas com a verdadeira doçura que o tema pede. Está aqui uma ótima pedida para o dia das mães e não apenas isso, estamos diante de um dos melhores discos, se não o melhor lançado por um artista do Brasil nos últimos dez anos. 

Um forte abraço a todos!

domingo, 9 de abril de 2017

♫Caminhoneiro♫

Eu já havia postado esta canção antes como tema comemorativo pelo dia do caminhoneiro, que acontece todo 30 de junho. Mas, agora quero falar sobre a importância dessa canção que, para mim foi uma espécie de gênese musical, pois começo contando minha relação com a música desde 1984, quando Roberto lançou esta canção e meu pai, também caminhoneiro, comprou o disco. Eu, então com 4 anos de idade, decorei e cantava toda aquela extensa letra, pensando no meu pai nas estradas como o via, com aquele caminhão bem grande que me dá uma certa inveja, pois ainda sonho em dirigir um assim.

Gosto muito do arranjo, da canção, de tudo o que fala esta letra. Um cara apaixonado que vive buscando seus horizontes país afora e principalmente o melhor deles que é o abraço e o amor de sua amada. Dizem que na prática é pouco provável isso acontecer, que os caminhoneiros são uns verdadeiros "puladores de cerca", mas penso que ao menos vale uma letra tão bela, também interpretada por Chitãozinho e Xororó (com belas frases de gaita), Adriana Calcanhoto e, no projeto Emoções sertanejas, voltou a me emocionar por ser cantada por Paula Fernandes e pelo saudoso Dominguinhos e sua tocante sanfona!

Caminhoneiro
John Hartford, Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais
Porque eu penso nela no caminho
Imagino seu carinho
E todo o bem que ela me faz

A saudade então aperta o peito
Ligo o rádio e dou um jeito
De espantar a solidão
Se é de dia eu ando mais veloz
E à noite todos os faróis
Iluminando a escuridão

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Já rodei o meu país inteiro
Como um bom caminhoneiro
Peguei chuva e cerração
Quando chove o limpador desliza
Vai e vem no pára-brisa
Bate igual meu coração

Doido pelo doce do seu beijo
Olho cheio de desejo
Seu retrato no painel
É no acostamento dos seus braços
Que eu desligo meu cansaço
E me abasteço desse mel

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado
Mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais
Olho o horizonte e vou em frente
To com Deus e to contente
O meu caminho eu sigo em paz

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Os Intérpretes do Brasil - 53

Gosto do Lenine como cantor, compositor, músico, pernambucano atuante no cenário musical nacional. E gosto do Lenine como intérprete, embora ouvi dizer que o próprio se considera bastante tímido ao interpretar algo dos outros. Talvez o zelo e a perfeição que imprime em seu trabalho não o deixe muito confortável em navegar por mares alheios.

Mas, penso que isso pode ser revisto, pois basta observar as poucas vezes que ousou gravar algo de outro compositor e constatar o sucesso nesse propósito. Como exemplo recente, podemos citar a regravação de Começaria tudo outra vez, de Gonzaga Jr. que, a meu ver, ficou definitivo em sua voz. E o que ele fez com A raposa e as uvas, de Reginaldo Rossi? Ficou mais leve, mais bonita de se cantar junto com ele.

Também considero definitiva a versão acústica de Na rua na chuva na fazenda que ele fez com o grupo Kid Abelha, no acústico MTV da banda. A tirar pelas interpretações de Vida de viajante e Qui nem jiló, ele bem que poderia pensar em ser o próximo artista a dedicar um disco inteiro ao rei do baião e essas e outras constatações só são possíveis quando estamos diante de grandes intérpretes como também é o caso do nosso "leão do norte".

Um forte abraço a todos!

domingo, 2 de abril de 2017

♫Amante à moda antiga♫

Abril é o mês de aniversário de Roberto Carlos e como de costume, reservamos este mês para comentarmos sobre suas grandes canções, verdadeiras trilhas sonoras que fazem parte da vida de muitos brasileiros e até estrangeiros, já que o alcance da sua obra não esbarra em muitas fronteiras. Hoje, vamos ao ano de 1980 e ao clássico Amante à moda antiga, canção já gravada em instrumental por Eduardo Lages, mas não muito regravada por outros intérpretes. Agnaldo Timóteo foi um dos poucos que regravou esta canção em seu disco em homenagem ao rei.

Um perfeito fox, com o auxílio luxuoso de uma big band, talvez a ausência de muitas regravações, como é costumeiro na obra de Roberto se dê pelo fato da canção ser muito sua cara, fala dos amores de antigamente, com direito a flores, amasso no portão, amores que admiram a noite e sonham com suas amadas, cartas de amor, beijos nas mãos, manchas de batom e muitos outros cavalheirismos que encontramos nesta perfeita canção, que Sinatra interpretaria como algo de seu repertório sem nenhuma contestação.

Amante à moda antiga
Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Eu sou aquele amante à moda antiga
Do tipo que ainda manda flores
Aquele que no peito ainda abriga
Recordações de seus grandes amores

Eu sou aquele amante apaixonado
Que curte a fantasia dos romances
Que fica olhando o céu de madrugada
Sonhando abraçado à namorada

Eu sou do tipo de certas coisas
Que já não são comuns nos nossos dias
As cartas de amor, o beijo na mão
Muitas manchas de batom daquele amasso no portão

Apesar de todo o progresso
Conceitos e padrões atuais
Sou do tipo que na verdade
Sofre por amor e ainda chora de saudade

Porque sou aquele amante à moda antiga
Do tipo que ainda manda flores
Apesar do velho tênis e da calça desbotada
Ainda chamo de querida a namorada

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 29 de março de 2017

Olhando as estrelas - 63

O Brasil seria um país mais justo e feliz culturalmente falando se valorizasse mais artistas como estes que figuram hoje na série Olhando as estrelas. Agnaldo Rayol e Ângela Maria são duas das vozes mais lindas de todos os tempos da nossa música e se encontraram várias vezes no decorrer de suas carreiras.

Ambos já participaram de projetos um do outro e gravaram diversas canções, entre elas, Ave Maria do morro e Gente humilde, só pra destacar algumas delas. Convenhamos que caberia um, dois, vários discos em dupla com suas vozes que casam tão bem.

Sem sombra de dúvidas, a série acerta ao destacar o encontro dessas duas estrelas que possuem carreiras e vozes marcantes e que juntos nos proporcionaram muitas lágrimas vindas de suas belíssimas e emocionantes interpretações.

Um forte abraço a todos!

domingo, 26 de março de 2017

♫Se eu não te amasse tanto assim♫

Essa é uma das canções mais lindas dos últimos anos. Gravada e imortalizada por Ivete Sangalo, até hoje a considero sua melhor música. Gravada também por Roberto Carlos, em dueto com Ivete em seu especial de 2004, Fábio Jr. e também pelos Paralamas do Sucesso, já que Herbert Viana é um de seus autores, juntamente com Paulo Sérgio Valle, tornou-se um dos hits mais executados dos anos 2000.

Pudera, afinal a letra e a melodia desta canção, juntamente com seu arranjo são fascinantes. Aquele piano, aquele amor arrebatador, imenso, maior, único, verdadeiro e existente, mesmo com tantas dúvidas alheias. A certeza de que amar alguém é possível e perfeitamente explicável em poesias cantadas e sussurradas assim.

Se eu não te amasse tanto assim
Herbert Viana e Paulo Sérgio Valle

Meu coração, sem direção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar

E as estrelas
Que hoje eu descobri no seu olhar
As estrelas vão me guiar

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração

Hoje eu sei, eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais, muito além
Do tempo do vendaval

Nos desejos, num beijo
Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 22 de março de 2017

CD Zizi Possi Passione

Este álbum pode ser considerado um volume dois dos chamados discos italianos da Zizi, já que um ano antes ela lançara com enorme êxito Per amore, já comentado anteriormente. Lançado em 1998 e chamado de Passione, este projeto explora mais uma vez a veia napolitana desta grande intérprete.

Aqui temos canções belíssimas, conhecidas nossas como Canzone per te (do repertório de Roberto Carlos), L´Aurora (do Eros Ramazzoti) e Grande grande grande (do repertório do Julio Iglesias). Além deles, temos também Gelsomina, Anema core, Cu´mme, Chella llá, Io mammeta e tu, Io que amo solo te, Torna a surriento, Passione, Malafemmena, Core´ngrato e Canto della Buranella.

Com Zizi nos ensinando o italiano, com seu canto doce e preciso, lamento não termos mais projetos assim, com outros clássicos que ganhariam mais personalidade com a interpretação ímpar dessa que é uma das nossas grandes divas.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de março de 2017

♫Somos todos iguais nesta noite♫

Esta belíssima canção do Ivan Lins mostra, a meu ver, um pouco mais da sua genialidade em criar grandes obras, juntamente com seu grande parceiro, o Vitor Martins. Composta ainda na década de 70, época tida como bastante fértil entre nossos grandes gênios, sugere um ritmo duplo que ora nos remete a grande orquestra como se fosse um big band, ora nos remete aos mais perfeitos boleros, como a letra sugere em alguns trechos. 

Em alguns momentos, a letra me faz pensar em algo romântico, um casal que dança ao viver a felicidade. Em outros momentos, parece falar do povo em geral, naquela opressão dos anos 70 e que hoje parece ser retomada, embora com um pouco de maquiagem por partes de alguns opressores modernos. Como curto o romantismo, prefiro pensar como a primeira ideia de interpretação desse clássico da obra do Ivan.

Somos todos iguais nesta noite
Ivan Lins e Vítor Martins

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 15 de março de 2017

CD e DVD Caetano Veloso e Gilberto Gil - Dois amigos, um século de música

Este foi um dos melhores trabalhos realizados em 2015, o CD e DVD que reuniu um século de música, pois matematicamente temos 50 anos de cada lado destes dois gênios da nossa canção: Caetano Veloso e Gilberto Gil  fizeram um show baseado em grandes sucessos de ambos os repertórios, acompanhados apenas por seus também geniais violões.

Cantados geralmente em duetos ou alguns números solos, tendo o outro como admirador, o repertório passa por Back in Bahia, Coração vagabundo, Tropicália, Marginália II, É um luxo só, É de manhã, As camélias do Quilombo do Leblon (única inédita composta para este projeto), Sampa, Terra, Nine out of ten, Odeio, Tonada da luna llena, Eu vim da Bahia, Super homem (a canção), Come prima, Esotérico, Tres palabras, Drão, Não tenho medo da morte, Expresso 2222, Toda menina baiana, São João Xangô menino, Nossa gente (avisa lá), Andar com fé, Filhos de Gandhi, Desde que o samba é samba, Domingo no parque e A luz de Tieta.

Com a dupla cantando em português, espanhol, italiano, inglês e, sobretudo, revivendo seus grandes sucessos, alguns em momentos solos, outros em duetos inéditos, temos aqui um trabalho para guardarmos por mais uns cinquenta anos, sempre contemplando como se fosse a primeira vez e estivéssemos diante de dois ícones que tanto contribuíram para nossa canção com essas carreiras brilhantes.

Um forte abraço a todos!