domingo, 26 de fevereiro de 2017

♫Vai passar♫

E neste domingo de carnaval chegamos com um samba moderno, dos mais geniais, do Sr. Chico Buarque, em parceria com o Sr. Francis Hime, lá de 1984, Vai passar. Tão atual quanto a situação caótica que o país passa e parece que o tempo mesmo é que não passou porque a letra se identifica exatamente com os tempos atuais, mesmo citando acontecimentos da época da ditadura.

Como um desfile de escola de samba, Vai passar cita passagens da história do país num enredo não muito luxuoso, mas autêntico. São citadas coisas grandiosas como grandes sambas, ancestrais, uma pátria adormecida, o exílio, a volta, o carnaval. Saudando o fim da ditadura e a esperança que pairava naquele tempo, sinto que hoje precisamos de uma renovação nessa esperança. Precisamos beber deste sentimento que saudou um novo tempo que parece que ainda não chegou. Hoje, se nosso país entrasse na avenida, com toda essa politicagem e o povo sendo enganando, a bateria não seria tão afinada, o enredo seria triste e nosso carnaval acabaria antes da quarta de cinzas.

Vai passar
Chico Buarque e Francis Hime

Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais

Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações

Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais

E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval

(Vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do bulevar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Vamos abrir a roda...

Uma das pioneiras da axé music chama-se Sarajane de Mendonça Tude, conhecida apenas como Sarajane. Natural de Salvador/BA, foi descoberta por Chacrinha que a viu cantar no interior da Bahia, despontando nacionalmente em 1986 com o sucesso A roda.

Emplacou outros sucessos como Ela sabe mexer, Venha me amar, Vale, entre outras. Foi responsável pelo lançamento de outras musas como Margareth Menezes e é creditada a ela o estouro que o axé obteve no final dos anos 80, tornando-se uma febre dos anos 90 em diante.

Continua fazendo shows, embora não muito presente nessa mídia meio injusta. Chegou a implicar com seu grande sucesso, A roda, de tanto pedirem pra cantar, mas  nunca deixa de cantar a canção que fez sem levar muito a sério e tornou-se sua referência e também deste ritmo baiano.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de fevereiro de 2017

♫Volta por cima♫

Este samba já foi gravado por nomes como Jorge Aragão e Maria Bethânia. Mais recentemente ouvi na voz de Beth Carvalho, mas penso que a voz que o imortalizou foi a de Noite Ilustrada. Clássico do repertório do compositor Paulo Vanzolini, ultrapassa os limites de apenas uma canção de amor sofrido.

Sua letra, sobretudo no trecho "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima" garante toda essa imortalidade, pois foi canção que originou ditado que crava na alma deste povo brasileiro que tem samba e garra pulsando onde esta canção e este trecho brota, no coração do país tupiniquim.

Volta por cima
Paulo Vanzolini

Chorei, não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim, não precisava

Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava

Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão

Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

CD O melhor de Alceu Valença

Alceu Valença é uma boa pedida, sobretudo nesta época carnavalesca. Um bom álbum a se curtir é esta coletânea, que reúne alguns de seus valiosos sucessos. Estão aqui alguns que não podem faltar em seus shows como é o caso de Anunciação, Tropicana, Coração bobo, Como dois animais, Pelas ruas que andei e Solidão.

Coletânea lançada em 1999, trouxe também algumas outras canções menos conhecidas de seu repertório como Na primeira manhã, Cavalo de pau, Cambalhotas, Rouge Carmin, Guerreiro, Dia branco e Cabelo no pente, além de Vem morena, do repertório de Gonzaga. Senti falta de outros sucessos dele como La belle de jour ou Girassol, mas isso é típico de coletâneas.

Também poderiam ter explorado algum dos tantos sucessos de Alceu tocados por esta época como Diabo louro, Me segura se não eu caio, Bicho maluco beleza, Roda e avisa, dentre tantas, mas pra quem curte um bom som deste grande pernambucano, tá aqui uma boa pedida.

Um forte abraço a todos!

domingo, 12 de fevereiro de 2017

♫Ai que saudades da Amélia♫

A mulher tem conquistado cada vez mais seu merecido espaço numa sociedade que ainda é muito machista. E alguns taxam de "Amélia" aquela mulher cada vez mais rara nos dias atuais, dona do lar, que cozinha e passa, lava e costura e nunca reclama do que lhe falta. Tudo isso por causa deste clássico de dois grandes gênios que este país conheceu em termos de composição: Mário Lago e Ataulfo Alves.

Mas, segundo li, Ataulfo não defendia a submissão de uma mulher, e sim contemplava seu companheirismo, sua aptidão de estar ali ao lado de seu marido, enfrentando todas as dificuldades com muita bravura. Sob esta ótica, podemos dizer que ainda existem muitas Amélias por aí, inesquecíveis, como este eterno samba da nossa canção.

Ai que saudades da Amélia
Mário Lago e Ataulfo Alves 

Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: "Meu filho, o que se há de fazer!"

Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Da lama ao caos, do caos à lama...

Formação com Chico Science nos anos 90
Lá se vão 20 anos sem Chico Science e, penso que podemos afirmar que seu maior legado ficou na banda pernambucana de pop rock Nação Zumbi, de qual fez parte e a fundou e, juntamente com outra banda, a Mundo Livre S/A, foram responsáveis pelo movimento Manguebeat. O objetivo principal da banda era lutar pelas diferenças entre classes sociais com sua produção, não apenas no Recife, onde surgiu, mas em todo país.

Em 1994 lançou seu primeiro disco, Da lama ao caos, obtendo sucesso de crítica e reconhecimentos de vários colegas. A formação da banda contou com vários integrantes que, como em todas as bandas, entram e saem dela. Além do Chico, já contou com Jorge du Peixe, Lúcio Maia, Dengue, Gilmar bola 8, Toca Ogan, Canhoto, Pupilo, Gira, Gustavo da lua, Ramon Lira e Tom Rocha.

Como uma espécie de antena parabólica da lama, onde surgem caranguejos e que, segundo a banda, alguns destes pensam e emitem opiniões através deste trabalho, temos aqui uma banda que segue e enfatiza o legado do Chico e muito influenciou outros conterrâneos e até veteranos que se deixaram seduzir pelas ideias geniais dos "caranguejos que pensam".

Um forte abraço a todos!

domingo, 5 de fevereiro de 2017

♫Pelo telefone♫

Muitos defendem que é este o primeiro samba nacional, a raiz deste ritmo tão brasileiro, difundido pelo mundo. É bom saber que pela cultura, nosso país é visto com bons olhos e talvez aí resida nossa maior riqueza, em nossa forma de expressar nossa arte sempre verdadeira.

E a letra de Pelo telefone cumpre bem esse pioneirismo pois aborda uma historinha de forma bastante pura e envolvente, levando a muitos que a escutam a obedecer uma espécie de chamado a ser levado pelo ritmo tupiniquim, já interpretado por tantos nomes e que, a meu ver, tem em Martinho da Vila a leitura moderna definitiva.

Pelo telefone
Donga e Mauro Almeida

O chefe da polícia pelo telefone mandou me avisar
Que na Carioca tem uma roleta para se jogar
Ai, ai, ai, deixa as mágoas para trás ó rapaz
Ai, ai, ai, fica triste se é capaz, e verás.

Tomara que tu apanhes
Pra nunca mais fazer isso
Roubar o amor dos outros
E depois fazer feitiço.

Ai, a rolinha Sinhô, Sinhô
Se embaraçou Sinhô, Sinhô
Caiu no laço Sinhô, Sinhô
Do nosso amor Sinhô, Sinhô

Porque esse samba, Sinhô, Sinhô
É de arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe a perna bamba Sinhô, Sinhô
Me faz gozar, Sinhô, Sinhô

O "Peru" me disse
Se o "Morcego" visse
Eu fazer tolice,
Que eu então saísse
Dessa esquisitice
De disse que não disse.

Ai, ai, ai, deixa as mágoas para trás ó rapaz
Ai, ai, ai, fica triste se é capaz, e verás.

Queres ou não Sinhô, Sinhô,
Vir pro cordão Sinhô, Sinhô
Ser folião Sinhô, Sinhô
De coração Sinhô, Sinhô

Porque este samba Sinhô, Sinhô
É de arrepiar Sinhô, Sinhô
Põe a perna bamba Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar Sinhô, Sinhô.

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

CD Zeca Pagodinho Multishow ao vivo - Vida que segue

Começamos o mês de fevereiro com um bamba do samba, talvez o maior da atualidade: Zeca Pagodinho que lançou em 2013 o CD/DVD Multishow ao vivo - Vida que segue, onde apresenta um show comemorando seus 30 anos de carreira, juntamente com alguns convidados e um repertório diferente do que apresenta habitualmente.

Abrindo o show com os clássicos Atire a primeira pedra/Volta por cima, Aquarela brasileira, Abre a janela, Opinião, Zeca traz logo alguns convidados como Yamandú Costa e Hamilton de Holanda em Gosto que me enrosco, que se juntam à Marisa Monte em Preciso me encontrar e, Rildo Hora, Rogério Caetano e Zé Menezes que participam das faixas Mascarada, O sol nascerá, Se eu errei/Eu agora sou feliz, Diz que fui por aí, Escurinha/Escurinho, Madame, Trem das onze.

Paulinho da Viola é também outro ilustre convidado, com quem Zeca divide o clássico Foi um rio que passou em minha vida. Temos ainda as canções Só o ôme, Barracão/Lata d´água, Batuque na cozinha (com a participação de Leandro Sapucahy), Pimenta no vatapá, Vem chegando a madrugada/Está chegando a hora, além do dueto com Xuxa em É vida que segue. Uma ótima pedida para quem deseja curtir o carnaval numa boa, com um bom som que representa este ritmo centenário e só nosso chamado samba.

Um forte abraço a todos!

domingo, 29 de janeiro de 2017

♫No Ceará é assim♫

Nunca fui à nenhuma cidade do Ceará, mas gosto bastante desta canção do repertório do Fagner, gravada em 1991 e regravada de forma definitiva, a meu ver, em seu mais recente trabalho, o CD Pássaros urbanos, já comentado anteriormente. 

Para quem ainda não foi ao Ceará, a canção nos leva a passear, a sentir toda essa bela paisagem que Fagner canta tão bem. Acho muito interessante esse saudosismo de alguns artistas por suas terras, o que mostra que nosso país é bom e abençoado com paisagens que sempre vão fascinar a todos!

No Ceará é assim
Carlos Barroso

Eu só queria
Que você fosse um dia
Ver as praias bonitas do meu Ceará

Tenho certeza
Que você gostaria
Dos mares bravios
Das praias de lá

Onde o coqueiro
Tem palma bem verde
Balançando ao vento
Pertinho do céu
E lá nasceu a virgem do poema
A linda Iracema dos lábios de mel

Oh! Quanta saudade
Que eu tenho de lá
Oh! Quanta saudade

A jangadinha vai no mar deslizando
O pescador o peixe vai pescando
O verde mar ...
Que não tem fim
No Ceará é assim

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O trapalhão nas minas do rei Salomão

Abordando mais uma vez os trapalhões, já deveria ter falado deste título que é o mais visto do cinema nacional, do quarteto. Lançado em 1977, sob direção de J. B. Tanko, o filme traz Renato Aragão (Pilo), Dedé Santana (Duka) e Mussum (Fumaça). Ainda não tínhamos Zacarias nas telas do cinema para completar o quarteto.

Pilo e Duka ganham a vida simulando brigas numa praça pública enquanto Fumaça recolhe apostas, o que faz Glória (Monique Lafond) pensar que são corajosos e os contrata para salvar seu pai Aristóbulo (Carlos Kurt) que está preso nas minas do rei salomão, em troca do tesouro ainda desconhecido, mas que ela tem pistas.

Com a ajuda de outro expedicionário Alberto (Francisco di Franco) e contra a bruxa (Vera Setta), se desenvolve esta aventura que ainda conta com o auxílio do cachorro Lupa, que aparece duas vezes em filmes dos trapalhões (o outro é nos Saltimbancos).  Considero o melhor filme da década de 70 deles e como ainda desejo falar de outros títulos, em julho volto a comentar outros que ainda não citei.

Um forte abraço a todos!