quarta-feira, 5 de junho de 2019

♫Quede água?♫

Hoje, dia mundial do meio ambiente, se faz necessário uma pequena pausa para analisarmos o que andamos fazendo para cuidar melhor do nosso planeta. E em época de pouca chuva, de barragem estourando e poluindo os rios e mares, além de toda a sujeira que, discriminadamente é jogada em nossas águas, nada melhor que refletir sobre essa canção do Lenine.

Com uma letra longa, a canção clama pela água limpa, pelo bem tão necessário ao ser humano e que, muitas vezes, ele fere com atitudes que remetem à poluição descrita acima. E, por tabela, envenenam o verde, os animais, as frutas, a própria mesa, portanto cabe a cada um assumir o compromisso de, ao menos, fazer sua parte, para tentarmos reverter esse quadro de tristeza que pintamos contra a natureza que sempre nos oferece o que há de melhor!

Quede água?
Lenine e Carlos Rennó

A seca avança em Minas, Rio, São Paulo
O Nordeste é aqui, agora
No tráfego parado onde me enjaulo
Vejo o tempo que evapora

Meu automóvel novo mal se move
Enquanto no duro barro
No chão rachado da represa onde não chove
Surgem carcaças de carro

Os rios voadores da Ileia
Mal desaguam por aqui
E seca pouco a pouco em cada veia
O Aquífero Guarani

Assim do São Francisco a San Francisco
Um quadro aterra a Terra
Por água, por um córrego, um chuvisco
Nações entrarão em guerra

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?

Agora o clima muda tão depressa
Que cada ação é tardia
Que dá paralisia na cabeça
Que é mais do que se previa

Algo que parecia tão distante
Periga, agora tá perto
Flora que verdejava radiante
Desata a virar deserto

O lucro a curto prazo, o corte raso
O agrotóxico, o negócio
A grana a qualquer preço, petro-gaso
Carbo-combustível fóssil

O esgoto de carbono a céu aberto
Na atmosfera, no alto
O rio enterrado e encoberto
Por cimento e por asfalto

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?

Quando em razão de toda a ação humana
E de tanta desrazão
A selva não for salva, e se tornar savana
E o mangue, um lixão

Quando minguar o Pantanal e entrar em pane
A Mata Atlântica tão rara
E o mar tomar toda cidade litorânea
E o sertão virar Saara

E todo grande rio virar areia
Sem verão, virar outono
E a água for commoditie alheia
Com seu ônus e seu dono

E a tragédia da seca, da escassez
Cair sobre todos nós
Mas sobretudo sobre os pobres outra vez
Sem terra, teto, nem voz

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?

Agora é encararmos o destino
E salvarmos o que resta
É aprendermos com o nordestino
Que pra seca se adestra

E termos como guias os indígenas
E determos o desmate
E não agirmos que nem alienígenas
No nosso próprio habitat

Que bem maior que o homem é a Terra
A Terra e seu arredor
Que encerra a vida aqui na Terra, não se encerra
A vida, coisa maior

Que não existe onde não existe água
E que há onde há arte
Que nos alaga e nos alegra quando a mágoa
A alma nos parte

Para criarmos alegria pra viver
O que houver para vivermos
Sem esperanças, mas sem desespero
O futuro que tivermos

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?
Quede água...

Um forte abraço a todos!

domingo, 2 de junho de 2019

♫Fogo sem fuzil♫

Época junina aqui no Nordeste não dá pra não vivenciar clássicos como este. As ruas tomam forma de alegria e as pessoas, embora tantas dificuldades vividas, respiram um pouco do ar dessa felicidade que é o Nordeste festivo. E, em épocas de tanta violência, voltamos no tempo e encontramos no repertório do Gonzaga essa canção tão atual e certeira.

Gonzaga e seus discípulos cantariam essa canção com a certeza de que estariam mandando o recado certo para uma sociedade hoje que pretende resolver guerra com arma, com fogo! E que tal festejar uma festa assim, onde o fogo vem apenas da fogueira, com muita dança, amor e paz. Essa canção, além de muito dançante, tem uma letra que descreve um pouco o cenário, incluindo a culinária desta festa.

Fogo sem fuzil
Luiz Gonzaga e José Marcolino

Eu esse ano
Vou me embora pro sertão
Pra dançar pelo São João
Farriar com mais de mil

Ver o velhotes
Atirar de granadeiro
E a moçada no terreiro
Tirar fogo sem fuzil

A meninada a brincar de ané
Pamonha e café sempre na mesa
E as moreninhas
Prá servir com alegria
Quando for no outro dia
Tem buchada com certeza

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Show de Djavan no Recife

Semana passada fui ver o show Vesúvio, novo espetáculo do Djavan no Classic hall, em Olinda e pude comprovar de perto porque este cara se trata de uma das lendas da nossa música há tanto tempo. Com um atraso de mais de uma hora (parece que é comum entre alguns esta triste prática), quando ele pisou no palco, todo atraso é perdoado pois o cara realmente deu um show.

Com cinco músicos no palco, incluindo seu grande tecladista Paulo Calasans, Djavan mesclou novos sucessos com grandes clássicos. Do novo CD, abriu o espetáculo com Viver é dever, além de passar por Vesúvio, Solitude, Madressilva, e Orquídea. Torci pra que Meu romance entrasse, mas não fez parte do roteiro que também trouxe clássicos como Oceano, Eu te devoro, Acelerou, Amar é tudo, Cigano, Esquinas, Flor de lis, Nem um dia, Se, Samurai, Sina, Um amor puro, Lilás, Seduzir.

Além disso, cantou Nuvem negra, que havia feito pra Gal e nunca a gravou. Também cantou Topázio e a belíssima Flor do medo. Completam o roteiro as canções Baile e Quero quero. O cara cantou, dançou, tocou, emocionou, emitiu e absorveu uma surpreendente energia de quem tava na plateia e pode comprovar um artista, com 70 anos, que exala jovialidade em sua riquíssima obra.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de maio de 2019

♫Mal acostumado♫

Essa é daquelas canções que fazem muito sucesso por quem grava e, principalmente por quem regrava. Gravada inicialmente pelo grupo Ara ketu, Mal Acostumado obteve um grande sucesso, pela sua levada e também pela letra apaixonada. A ponto de Julio Iglesias ouvir e querer gravar em espanhol e português, posteriormente.

Aqui no Brasil, cantoras como Simone e Joanna, além de nomes como Elymar Santos também tiveram seus momentos e, recentemente, Ivete também a gravou. A letra fala de um amor que foi muito bom e que deveria voltar, pois deixou a outra parte com saudades de um bom tempo. E que ficou mal acostumado com todo esse amor que hoje é apenas saudade.

Mal acostumado
Ray Araújo e Meg Evans

Amor de verdade eu só senti
Foi com você meu bem
E todas as loucuras
Desse nosso amor
Você me deu também

Você já faz parte da minha vida
E fica tão difícil dividir você de mim
E quando faz carinho, me abraça
Aí eu fico de graça te chamando pra me amar

Mal acostumado
Você me deixou
Mal acostumado
Com o seu amor
Então volta
Traz de volta meu sorriso
Sem você não posso ser feliz

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Os Músicos do Brasil - 69

E hoje esta série que presta homenagem a tantos músicos importantes e, algumas vezes, esquecidos de nossa música, destaca o grande maestro, compositor e pianista Radamés Gnattali. Natural de Porto Alegre, Radamés tem em seu currículo mais de 10 mil arranjos.

Só pra citar, conviveu, musicalmente falando, com nomes como Tom Jobim, Cartola, Pixinguinha, Donga, Villa Lobos, Elizeth Cardoso, Orlando Silva (na célebre gravação de Carinhoso, além de Rosa de Pixinguinha), também autor de arranjos famosos da época como Aquarela do Brasil e Copacabana (esta imortalizada por Dick Farney), além de Francisco Alves, Carlos Galhardo e Silvio Caldas.

Radamés partiu para a eternidade em 1988, mas sempre foi reverenciado por uma classe nobre da nossa música que destaca seu trabalho como algo sublime. Paulinho da Viola, Tom e Capiba o homenagearam com músicas. E é muito bom conhecer um pouco desses homes centenários que muito ensinaram à nossa música!

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 8 de maio de 2019

CD Geraldo Azevedo Solo contigo

Saindo do forno temos esse CD/DVD do Geraldo Azevedo, com o título Solo contigo. De início pensei se tratar de algum projeto em espanhol. Depois percebi que o título tem a ver com o show, que já vi um parecido no passado, em que temos apenas Geraldo e seu violão e, claro, o coro de seu público em grandes sucessos.

No repertório, temos alguns clássicos de seu repertório como Príncipe brilhante, Inclinações musicais, Canta coração, Dia branco, Moça bonita, O princípio do prazer, Chorando e cantando, Dona da minha cabeça, Você se lembra, Tanto querer, Estrela guia, Caravana, O charme das canções, Letras negras, Bicho de 7 cabeças, Táxi lunar. Algumas coisas inéditas também como O amor antigramático (musicado poema de Mário Lago), A saudade me traz, além de regravações de Pensar em você (de Chico César), Veja (Margarida, de Vital Farias) e Estácio eu e você (de Luiz Melodia).

Algumas dessas faixas estão presentes apenas no DVD. Com produção de Robertinho de Recife, temos aqui um grande trabalho do Geraldo, embora sua voz já não esteja tão bem em algumas canções. Gravado ano passado no Rio de Janeiro, esse espetáculo está sendo apresentado país afora e também agora podemos ter em nossos lares!

Um forte abraço a todos!

domingo, 21 de abril de 2019

♫Emoções♫


Emoções é épica, faz parte da história da música brasileira. Além de seu principal intérprete e criador, que a imortalizou no mundo inteiro, temos aqui um clássico já cantado por nomes de peso como Cauby, Emílio, Bethânia e Milton. Foi título de uma de suas principais turnê e tornou-se marca registrada de sua majestade.

A letra de emoções descreve todos os sentimentos que se fundem em momentos de picos de sensibilidade pelo qual passamos no decorrer de nossas vidas. E essa identificação que existe entre o maior cantor popular da música brasileira e seu público é um dos segredos desse eterno sucesso. Lamento apenas ela estar tão "batida", sendo cantada sempre no início de seus shows, o que saturou um pouco sua importância, a meu ver. Mas, nunca poderemos negar que esta canção reúne em si todos os elementos dos grandes e nobres sentimentos de amor que experimentamos no decorrer de nossas vidas.

Emoções
Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo

São tantas já vividas
São momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui

Amigos eu ganhei
Saudades eu senti, partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar, sorrindo

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar

Se chorei
Ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi

São tantas já vividas
São momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui

Mas eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo

Em paz com a vida
E o que ela me traz
Na fé que me faz
Otimista demais

Se chorei
Ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 17 de abril de 2019

CD Fernanda Takai Onde brilhem os olhos seus

Em 2007 Fernanda Takai, vocalista da banda mineira Pato fu lançou um CD solo em que canta sucessos do repertório de Nara Leão, a eterna musa da Bossa nova. Emprestou sua doce voz e interpretação ímpar a clássicos inesquecíveis de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim, Zé Ketti, Vinícius de Moraes, Nelson Cavaquinho, Dolores Duran, Ary Barroso, Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Nesse projeto, temos as canções Diz que fui por aí, Lindoneia, Com açúcar com afeto, Luz negra, Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, Insensatez, Odeon, Seja o meu céu, Estrada do sol, Trevo de quatro folhas, Descansa coração, Canta Maria, Ta-hi. Com direção artística de Nelson Motta, o CD contou também com a participação de John Ulhôa nos arranjos e em alguns instrumentos.

Um belíssimo trabalho que não pode faltar na coleção de todo amante da boa música brasileira e que deseja saciar a saudade da eterna Nara, que aqui foi muito bem representada nesta mais que justa homenagem. Fernanda lançou recentemente outro projeto nesta linha, agora com canções de Tom Jobim, que comentaremos mais adiante.

Um forte abraço a todos!

domingo, 14 de abril de 2019

♫Cavalgada♫

Cavalgada pode ser considerada um clássico de nossa música e do repertório do Roberto, sobretudo com o grandioso arranjo do Eduardo Lages, feito em 1987 e que tem se mantido no repertório dos shows, aliada a um belíssimo jogo de luz, se tornando uma performance definitiva para esta canção.

A letra é daquelas que fala de sexo com toda elegância que o tema sugere, aliada a imagens que enobrecem esse momento de prazer, como os astros do universo que colaboram com a perfeição deste instante único. E claro que aqui se fala de sexo com um amor intenso e extremo que começa com alternância entre dominado e dominador, cansaço e descanso, noite e dia, experiência e ingenuidade, timidez e ousadia e tudo isso com muito amor, sem hora para terminar!

Cavalgada
Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Vou cavalgar por toda a noite
Por uma estrada colorida,
Usar meus beijos como açoite
E a minha mão mais atrevida

Vou me agarrar aos seus cabelos
Pra não cair do seu galope.
Vou atender aos meus apelos
Antes que o dia nos sufoque.

Vou me perder na madrugada
Pra te encontrar no meu abraço.
Depois de toda a cavalgada
Vou me deitar no seu cansaço

Sem me importar se neste instante
Sou dominado ou se domino.
Vou me sentir como um gigante
Ou nada mais do que um menino.

Estrelas mudam de lugar,
Chegam mais perto só pra ver
E ainda brilham na manhã
Depois do nosso adormecer.

E na grandeza deste instante
O amor cavalga sem saber;
E na beleza desta hora
O sol espera pra nascer.

Um forte abraço a todos!

domingo, 7 de abril de 2019

♫De coração pra coração♫

Mês de abril e o Blog Música do Brasil comemora o aniversário de Roberto Carlos comentando algumas de suas canções que ficaram como trilha sonora da vida de tantos brasileiros. Esta canção vem lá de 1985, de um ano em que dizem que sua majestade já não estava tão bem inspirado. Bom, basta ver a interpretação que ele dá a esta canção e percebemos que inspiração é o que não lhe falta!

Fora que, apesar de não poder chamar esta canção de clássica, pois ficou esquecida em seu repertório de shows, podemos homenagear seus compositores, sobretudo nossa querida Isolda, que partiu para a eternidade recentemente e sempre nos presenteou com pérolas assim. Como diziam as vinhetas das rádios antigas: de coração pra coração, como descreve a letra de um amor bem sucedido, tímido, mas sempre apaixonado desta belíssima canção também gravada por Chitãozinho e Xororó.

De coração pra coração
Lincoln Olivetti, Robson Jorge, Mauro Motta e Isolda

Vem mais pra cá, chega pra mim
Quero sentir esse som de amor
E ficar assim
Na sintonia da emoção
De coração pra coração

Eu sou assim, um sonhador
Que encontrou nessa vida
O caminho do seu amor
Deixa o seu beijo me mostrar
O que você não diz, vem cá

Por essa madrugada afora
Seu beijo no amanhecer
Nós somos só nós dois agora
E tanta coisa pra dizer

E tudo isso faz sentido
Você me faz compreender
Que tudo é muito mais bonito
O tempo todo com você

Você e eu e nada mais
E os nossos beijos tem sempre o sabor
De te quero mais
Então não deixe pra depois
Tudo é bonito entre nós dois

Somos assim, sonhos iguais
A vida cheia de coisas tão lindas
Que a gente faz
Na sintonia da emoção
De coração pra coração
Um forte abraço a todos!