quarta-feira, 19 de junho de 2019

CD Elba canta Luiz

Uma ótima pedida para esta e qualquer boa festa junina é este trabalho lançado em 2002, em que Elba Ramalho, a discípula número um de Gonzaga, presta sua reverência ao rei do baião, revivendo canções de seu repertório, com novos arranjos e alguns convidados.

O próprio Luiz dá, digamos uma "palhinha" em alguns trechos. Outro discípulo mor Dominguinhos, além de tocar em algumas faixas, canta na faixa de encerramento Canta Luiz. Zeca Pagodinho, talvez meio estranho no nicho do forró, mostra que de estranho não tem nada quando revive com Elba o sucesso O xamego da Guiomar. Arlindo Cruz também aparece apenas tocando, bem como músicos como Arlindo dos oito baixos e Milton Guedes.

No repertório desta festa junina temos ainda Danado de bom, A sorte é cega, Quer ir mais eu, O xote das meninas, Vem morena, Orélia, Sorriso cativante, Aquilo bom/Facilita/O cheiro da Carolina, Xamego, Numa sala de reboco, Calango da lacraia/Nega Zefa/Coco xeem. Um agradável trabalho que mostra que o tempo passa e Elba só está cada vez melhor por também beber nesta saborosa fonte chamada Gonzaga.

Um forte abraço a todos!

domingo, 16 de junho de 2019

♫Problema seu♫

Alcymar Monteiro também é campeão de hits por essas épocas nas boas festas juninas. Esta é uma das canções mais recentes de seu rico repertório. Composição do sanfoneiro Flávio Leandro, essa canção fala de um amor despedaçado, de alguém que tentou, chegou a seu limite e, mesmo assim, não conseguiu estabelecer paz e estabilidade numa relação a dois.

Ao contrário disso, só esbarrou em desenganos e decepções. A tristeza é imprescindível, mas o tempo dela, quem diz somos nós. É o poder de uma canção junina que canta o desamor, mas com este ritmo alegre que é o forró e que deixa a sempre mensagem de que tudo continua e de que outro amor pode surgir.

Problema seu
Flávio Leandro

Já te mandei mil flores
E até paguei promessa
Já me virei em quatro
Mas no seu teatro
eu já chorei à beça

Eu já quebrei a cara
Tentando te esquecer
Já me humilhei horrores
Perdi meus valores
Pra encontrar você

Quase virei bagaço
Mas tudo foi em vão
E pra curar o tédio
O melhor remédio
É outra paixão

Vou arrumar meu mundo
Mudar a vida toda
A regra agora é
Só quero quem me quer
E que você se exploda

Quando você
Lembrar da gente e perceber que deu bobeira
Pode chorar
Pode bater na porta pode me chamar
Não tem mistério

A vida é sua e o problema é seu
Pode gritar, pode fazer de tudo
Eu te prometo ficar surdo e mudo
As dores desse amor, só quem sabe sou eu

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 12 de junho de 2019

♫Eu nunca estive tão apaixonado♫

Dia dos namorados e basta procurarmos na música brasileira para encontrarmos centenas de canções que casam com o dia de hoje. Claro que há aqueles que estão sozinhos e parecem não ter muito o que comemorarem. Mas, se ao menos nunca desistirem de amar, do amor que existe e que muda todo ser humano, já tem um motivo também para comemorar.

No repertório do Fábio Jr., campeão em indicações de canções românticas, encontramos alguns clássicos e algumas esquecidas até por seu grande intérprete, como é o caso desta canção lançada em 1995. Penso que estar apaixonado é o que diz essa letra: muita dedicação, mesmo diante de seres humanos que falham, mas podem tentar novamente, sempre com o intuito de melhorar no amor e para o amor!

Eu nunca estive tão apaixonado
Fábio Jr. e Kevin Mulligan

O que eu puder, eu vou fazer pra não te machucar
Mas a verdade eu vou dizer
Melhor acreditar
Eu já morri, já renasci no amor
Mas nunca fui pra alguém o que hoje eu sou

E, se eu mudar, é claro eu vou mudar, faz parte do caminho
Mas cada fruto que eu colher trarei pro nosso ninho
Não sou tão bom nem tão ruim, não sou
Mas nunca fui pra alguém o que hoje eu sou

Transparente, desajeitado, de todo jeito, me ajeitando do teu lado
Pra me esconder, ou me espalhar, com todo cuidado
Eu nunca estive tão apaixonado

Um forte abraço a todos!

domingo, 9 de junho de 2019

Livro Raimundo Fagner - Quem me levará sou eu

Estou terminando de ler a recém biografia lançada pela Regina Echeverria sobre este grande nome da nossa música, um de meus preferidos, Fagner. Um texto interessante e não cansativo que conta a história pessoal e profissional dele desde os primeiros passos no Ceará até suas últimas novidades.

Curioso é saber que ele é natural de Fortaleza, embora, de coração considere Orós. Mais curioso ainda é percorrer as páginas do livro e viajar junto com Fagner ao merecido sucesso que a vida lhe proporcionou, como um prêmio por sua sempre coragem em fazer aquilo que sonhou.

Sua relação com artistas nacionais e internacionais, algumas fotos inéditas, de arquivo pessoal e também algumas passagens de grandes sucessos de sua carreira e que fazem parte da história da música brasileira, pois quem quer falar do que aconteceu nos últimos 50 anos de bom neste país, não pode esquecer deste grande nordestino, musicalmente falando um dos grandes no nosso país!

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 5 de junho de 2019

♫Quede água?♫

Hoje, dia mundial do meio ambiente, se faz necessário uma pequena pausa para analisarmos o que andamos fazendo para cuidar melhor do nosso planeta. E em época de pouca chuva, de barragem estourando e poluindo os rios e mares, além de toda a sujeira que, discriminadamente é jogada em nossas águas, nada melhor que refletir sobre essa canção do Lenine.

Com uma letra longa, a canção clama pela água limpa, pelo bem tão necessário ao ser humano e que, muitas vezes, ele fere com atitudes que remetem à poluição descrita acima. E, por tabela, envenenam o verde, os animais, as frutas, a própria mesa, portanto cabe a cada um assumir o compromisso de, ao menos, fazer sua parte, para tentarmos reverter esse quadro de tristeza que pintamos contra a natureza que sempre nos oferece o que há de melhor!

Quede água?
Lenine e Carlos Rennó

A seca avança em Minas, Rio, São Paulo
O Nordeste é aqui, agora
No tráfego parado onde me enjaulo
Vejo o tempo que evapora

Meu automóvel novo mal se move
Enquanto no duro barro
No chão rachado da represa onde não chove
Surgem carcaças de carro

Os rios voadores da Ileia
Mal desaguam por aqui
E seca pouco a pouco em cada veia
O Aquífero Guarani

Assim do São Francisco a San Francisco
Um quadro aterra a Terra
Por água, por um córrego, um chuvisco
Nações entrarão em guerra

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?

Agora o clima muda tão depressa
Que cada ação é tardia
Que dá paralisia na cabeça
Que é mais do que se previa

Algo que parecia tão distante
Periga, agora tá perto
Flora que verdejava radiante
Desata a virar deserto

O lucro a curto prazo, o corte raso
O agrotóxico, o negócio
A grana a qualquer preço, petro-gaso
Carbo-combustível fóssil

O esgoto de carbono a céu aberto
Na atmosfera, no alto
O rio enterrado e encoberto
Por cimento e por asfalto

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?

Quando em razão de toda a ação humana
E de tanta desrazão
A selva não for salva, e se tornar savana
E o mangue, um lixão

Quando minguar o Pantanal e entrar em pane
A Mata Atlântica tão rara
E o mar tomar toda cidade litorânea
E o sertão virar Saara

E todo grande rio virar areia
Sem verão, virar outono
E a água for commoditie alheia
Com seu ônus e seu dono

E a tragédia da seca, da escassez
Cair sobre todos nós
Mas sobretudo sobre os pobres outra vez
Sem terra, teto, nem voz

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?

Agora é encararmos o destino
E salvarmos o que resta
É aprendermos com o nordestino
Que pra seca se adestra

E termos como guias os indígenas
E determos o desmate
E não agirmos que nem alienígenas
No nosso próprio habitat

Que bem maior que o homem é a Terra
A Terra e seu arredor
Que encerra a vida aqui na Terra, não se encerra
A vida, coisa maior

Que não existe onde não existe água
E que há onde há arte
Que nos alaga e nos alegra quando a mágoa
A alma nos parte

Para criarmos alegria pra viver
O que houver para vivermos
Sem esperanças, mas sem desespero
O futuro que tivermos

Quede água? Quede água?
Quede água? Quede água?
Quede água...

Um forte abraço a todos!

domingo, 2 de junho de 2019

♫Fogo sem fuzil♫

Época junina aqui no Nordeste não dá pra não vivenciar clássicos como este. As ruas tomam forma de alegria e as pessoas, embora tantas dificuldades vividas, respiram um pouco do ar dessa felicidade que é o Nordeste festivo. E, em épocas de tanta violência, voltamos no tempo e encontramos no repertório do Gonzaga essa canção tão atual e certeira.

Gonzaga e seus discípulos cantariam essa canção com a certeza de que estariam mandando o recado certo para uma sociedade hoje que pretende resolver guerra com arma, com fogo! E que tal festejar uma festa assim, onde o fogo vem apenas da fogueira, com muita dança, amor e paz. Essa canção, além de muito dançante, tem uma letra que descreve um pouco o cenário, incluindo a culinária desta festa.

Fogo sem fuzil
Luiz Gonzaga e José Marcolino

Eu esse ano
Vou me embora pro sertão
Pra dançar pelo São João
Farriar com mais de mil

Ver o velhotes
Atirar de granadeiro
E a moçada no terreiro
Tirar fogo sem fuzil

A meninada a brincar de ané
Pamonha e café sempre na mesa
E as moreninhas
Prá servir com alegria
Quando for no outro dia
Tem buchada com certeza

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Show de Djavan no Recife

Semana passada fui ver o show Vesúvio, novo espetáculo do Djavan no Classic hall, em Olinda e pude comprovar de perto porque este cara se trata de uma das lendas da nossa música há tanto tempo. Com um atraso de mais de uma hora (parece que é comum entre alguns esta triste prática), quando ele pisou no palco, todo atraso é perdoado pois o cara realmente deu um show.

Com cinco músicos no palco, incluindo seu grande tecladista Paulo Calasans, Djavan mesclou novos sucessos com grandes clássicos. Do novo CD, abriu o espetáculo com Viver é dever, além de passar por Vesúvio, Solitude, Madressilva, e Orquídea. Torci pra que Meu romance entrasse, mas não fez parte do roteiro que também trouxe clássicos como Oceano, Eu te devoro, Acelerou, Amar é tudo, Cigano, Esquinas, Flor de lis, Nem um dia, Se, Samurai, Sina, Um amor puro, Lilás, Seduzir.

Além disso, cantou Nuvem negra, que havia feito pra Gal e nunca a gravou. Também cantou Topázio e a belíssima Flor do medo. Completam o roteiro as canções Baile e Quero quero. O cara cantou, dançou, tocou, emocionou, emitiu e absorveu uma surpreendente energia de quem tava na plateia e pode comprovar um artista, com 70 anos, que exala jovialidade em sua riquíssima obra.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de maio de 2019

♫Mal acostumado♫

Essa é daquelas canções que fazem muito sucesso por quem grava e, principalmente por quem regrava. Gravada inicialmente pelo grupo Ara ketu, Mal Acostumado obteve um grande sucesso, pela sua levada e também pela letra apaixonada. A ponto de Julio Iglesias ouvir e querer gravar em espanhol e português, posteriormente.

Aqui no Brasil, cantoras como Simone e Joanna, além de nomes como Elymar Santos também tiveram seus momentos e, recentemente, Ivete também a gravou. A letra fala de um amor que foi muito bom e que deveria voltar, pois deixou a outra parte com saudades de um bom tempo. E que ficou mal acostumado com todo esse amor que hoje é apenas saudade.

Mal acostumado
Ray Araújo e Meg Evans

Amor de verdade eu só senti
Foi com você meu bem
E todas as loucuras
Desse nosso amor
Você me deu também

Você já faz parte da minha vida
E fica tão difícil dividir você de mim
E quando faz carinho, me abraça
Aí eu fico de graça te chamando pra me amar

Mal acostumado
Você me deixou
Mal acostumado
Com o seu amor
Então volta
Traz de volta meu sorriso
Sem você não posso ser feliz

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Os Músicos do Brasil - 69

E hoje esta série que presta homenagem a tantos músicos importantes e, algumas vezes, esquecidos de nossa música, destaca o grande maestro, compositor e pianista Radamés Gnattali. Natural de Porto Alegre, Radamés tem em seu currículo mais de 10 mil arranjos.

Só pra citar, conviveu, musicalmente falando, com nomes como Tom Jobim, Cartola, Pixinguinha, Donga, Villa Lobos, Elizeth Cardoso, Orlando Silva (na célebre gravação de Carinhoso, além de Rosa de Pixinguinha), também autor de arranjos famosos da época como Aquarela do Brasil e Copacabana (esta imortalizada por Dick Farney), além de Francisco Alves, Carlos Galhardo e Silvio Caldas.

Radamés partiu para a eternidade em 1988, mas sempre foi reverenciado por uma classe nobre da nossa música que destaca seu trabalho como algo sublime. Paulinho da Viola, Tom e Capiba o homenagearam com músicas. E é muito bom conhecer um pouco desses homes centenários que muito ensinaram à nossa música!

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 8 de maio de 2019

CD Geraldo Azevedo Solo contigo

Saindo do forno temos esse CD/DVD do Geraldo Azevedo, com o título Solo contigo. De início pensei se tratar de algum projeto em espanhol. Depois percebi que o título tem a ver com o show, que já vi um parecido no passado, em que temos apenas Geraldo e seu violão e, claro, o coro de seu público em grandes sucessos.

No repertório, temos alguns clássicos de seu repertório como Príncipe brilhante, Inclinações musicais, Canta coração, Dia branco, Moça bonita, O princípio do prazer, Chorando e cantando, Dona da minha cabeça, Você se lembra, Tanto querer, Estrela guia, Caravana, O charme das canções, Letras negras, Bicho de 7 cabeças, Táxi lunar. Algumas coisas inéditas também como O amor antigramático (musicado poema de Mário Lago), A saudade me traz, além de regravações de Pensar em você (de Chico César), Veja (Margarida, de Vital Farias) e Estácio eu e você (de Luiz Melodia).

Algumas dessas faixas estão presentes apenas no DVD. Com produção de Robertinho de Recife, temos aqui um grande trabalho do Geraldo, embora sua voz já não esteja tão bem em algumas canções. Gravado ano passado no Rio de Janeiro, esse espetáculo está sendo apresentado país afora e também agora podemos ter em nossos lares!

Um forte abraço a todos!