terça-feira, 23 de junho de 2009

Noite de São João...

Hoje é véspera de São João e aqui no Nordeste não é apenas a fogueira que aquece, mas todas as manifestações culturais de um povo e de um ritmo que é o pai da alegria nessa região. Comidas típicas a base de milho, bolos diversos, brincadeiras, danças, alegria de um povo trabalhador...

E torna-se impossível vivenciar essa festa sem lembrar as canções de Luiz Gonzaga que nos deixou já há 20 anos, mas permanece presente no repertório dessa festa que tem seu ponto alto hoje, nas mais variadas cidades, do interior à capital, nos mais distantes locais, você escuta uma sanfona, um zabumba, vê um balão, enfim, todas as formas de se demonstrar que nessa noite, devemos olhar para o céu e vê como ele está lindo:

Olha pro céu
(Luiz Gonzaga e José Fernandes)

Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha pra aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo

Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João

Havia balões no ar
Xote, baião no salão
E no terreiro, o teu olhar,
Que incendiou meu coração.

Um bom São João a todos!

domingo, 21 de junho de 2009

Caia por cima de mim

E continuando a navegar nesse ritmo gostoso que é o forró, temos aqui uma letra de Maciel Melo, imortalizada por Flávio José.E desses dois grandes forrozeiros nordestinos surge essa belíssima canção que conta um amor revestido de saudade, com uma linguagem genuinamente nordestina.

É impressionante a riqueza de detalhes que aparece na letra dessa canção, além de ser um forró gostoso de se ouvir e pra quem gosta de dançar coladinho em seu parceiro, pois as notas da sanfona não deixam nenhum parado:

Caia por cima de mim
(Maciel Melo)

Nunca mais eu vi Maria
Nunca mais eu vi o amor
Guardo na lembrança a cor
Do vestido dela

Eu tô roendo
Tô cheinho de saudade
Meu amor por caridade
Bote o rosto na janela

Eu não aguento
Tanta ausência, tanta dor
Parece que o amor
Se esqueceu de mim

Bateu a porta
Deu adeus e foi embora
A solidão me devora
Agora eu tô roendo sim

Traga de volta a minha felicidade
Abra um sorriso cheirando a ruge carmim
Aceite a dança, solte a trança e jogue o laço
Se tropeçar no compasso, caia por cima de mim

Caia caia, caia por cima de mim
Caia caia, caia por cima de mim
Caia caia, caia por cima de mim
Que eu te abraço, eu te seguro
Caia por cima de mim...

Um forte abraço a todos!

sábado, 20 de junho de 2009

Nando Cordel ao vivo

Esse é um belíssimo dvd com os sucessos da carreira desse grande compositor e cantor da nossa música: Nando Cordel. Gravado no Teatro Guararapes, em Olinda/PE, o show retrata Nando com sua banda formada por alguns membros de sua família e por dançarinos que intercalavam algumas canções mais dançantes de seu repertório.

Tropicaliente, sucesso na voz de Elba, abre o show que apresenta Gostoso demais, Hoje é dia de folia, Flor de cheiro, Minha doce estrela, De volta pro aconchego, Tanto querer, Amor imenso, Eu nunca esqueci você, Vem ficar comigo, É de dar água na boca, Doido pra te amar, Terra e céu, Love bom, Você endoideceu meu coração/Chororô, Enfeitiçou meu coração/Isso aqui tá bom demais. O show também apresenta uma parte mais acústica na canção Terra e céu e nos bônus: Dedicado a você, Folha rama cheiro e flores, Diz pra mim, Azougue, Meu bombom, Volta pra casa meu nego, Paz pela paz.

Talvez existam alguns leitores que nem conheçam o Nando, mas com certeza muitos conhecem seu repertório. Quem nunca ouviu a Xuxa cantando Hoje é dia de folia? ou Bethânia cantando Gostoso demais? ou Fagner cantando Você endoideceu meu coração? ou Elba cantando De volta pro aconchego? ou Dominguinhos e Chico Buarque e o próprio Nando cantando Isso aqui tá bom demais. E quem nunca refletiu nas mensagens de paz contidas em Amor imenso e Paz pela paz? É um excelente show para quem gosta de músicas românticas e para quem curte o balanço e toda genialidade do Nando.

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pisa na fulô e não maltrata o meu amor...

Com mais de 50 anos de carreira, Inês Caetano de Oliveira ou simplesmente Marinês pode ser considerada o maior nome feminino do forró nordestino em todos os tempos. Natural de São Vicente Férrer, em Pernambuco, cresceu em Campina Grande, na Paraíba, onde desde pequena já cantava em escolas. Participou de vários concursos de calouros e foi tomando fama como cantora de forró. Em 1956 grava seu primeiro disco e integra a equipe de Gonzaga, viajando para o Rio de Janeiro.

Seu pai era seresteiro e sua primeira banda, a Patrulha de choque do rei do baião, formada com o marido Abdias, sanfoneiro, e com Cacau, zabumbeiro, abria os shows de Gonzaga. Depois seu conjunto adquiriu o nome de Marinês e sua gente e daí pra frente reinou no forró nordestino ano após ano. Seus principais sucessos são: Quadrilha é bom, Quero ver xaxar, Pisa na fulô, Xaxado da Paraíba, Perigo de morte, Aquarela nordestina, Velho ditado, Balanço da saudade, Chegou São João, Marinheiro, Agarradinho, Tô doida pra provar do teu amor, Feitiço, Meu cariri, Tareco e mariola, Bate coração, entre outros.

Em 1998, com produção de Elba Ramalho, lançou o cd Marinês e sua gente, contando com a participação de vários nomes da nossa música, em reconhecimento à essa artista que nos deixou em 2007, mas continua presente como uma estrela a mais a brilhar em toda noite festiva de São João!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Caju & Castanha

Não, não é alguma referência às frutas tropicais ou alguma nova série. Também não é nome de dupla sertaneja! Continuando a divulgar os artistas nordestinos, esse espaço apresenta uma dupla de emboladores com esse título.

Naturais de Recife, aqui em Pernambuco, a dupla foi criada pelos irmãos José Albertinho, o Caju e José Roberto da Silva, o Castanha, ainda pequenos quando tocavam nas feiras livres com uma lata de marmelada. Vale salientar que seu trabalho é rudimentar, mas não menos artístico! Com o pandeiro e com uma criatividade invejável, a dupla desfila os temas mais variados possíveis, tendo a vida, os desamores, as comédias, como inspiração de seus versos que podem ser confundidos com os encontrados na literatura de cordel nordestina.

No final dos anos 70 mudaram-se para São Paulo e passaram a divulgar seu trabalho por lá, onde em 1981 gravaram seu primeiro trabalho, tendo Zé e Elba Ramalho como convidados. Entretanto a dupla só alcançou seu merecido êxito nacional em 1993 com a canção Ladrão besta e o sabido.

Em 2001 faleceu José Albertino, sendo substituído por seu sobrinho, Ricardo Alves da Silva, que dá continuidade ao trabalho da dupla e à divulgação de canções como A marvada pinga, A mulher bonita e a feia, Água fora da bacia, De tudo um pouco, Duvido você dizer, Em frente a casa dela, Nossas manchas, O pobre e o rico, Pra que chorar, Todo dia na escola, O taxista, entre outras contadas e cantadas com muito humor, embora algumas reflitam coisas desfavoráveis de um povo que tem na embolada de Caju e Castanha uma das formas mais originais de se traduzir o sentimento e as raízes brasileiras!

Um forte abraço a todos!

domingo, 14 de junho de 2009

A terceira lâmina

Zé Ramalho é dos grandes compositores e intérpretes que lançam canções incríveis e algumas vezes com mensagens indiretas sobre determinado assunto. No caso específico do Zé isso se torna mais evidente, sobretudo por seu misticismo característico.

Essa canção foi título de seu terceiro disco, lançado em 1981 e, por isso remete à palavra lâmina, pela qual define o antigo Lp. Também está presente no cd Antologia Acústica de 1997, que tem o acordeão do Dominguinhos, num arranjo lindo e dançante, próprio para essa época. Mas, acima disso está uma letra de interpretação difícil, a começar pelo título: A terceira lâmina, como explicado acima tem a ver com seu terceiro disco lançado.

E de acordo com o encarte do projeto acústico, a letra penetra na solidão e na tristeza "dos que vivem calados, pendurados no tempo", os miseráveis que vivem debaixo de pontes, em guetos, dormem sob jornais ou caixas de papelão. Muita arte por parte dele unir e divulgar seu trabalho como um anunciador de um problema para o qual muitos fecham os olhos. A terceira lâmina, ou seja, seu terceiro disco anuncia isso "na garganta do fosso da voz de um cantador". E como presenciamos em toda parte do nosso planeta essas imagens descritas na letra, não?

A terceira lâmina
(Zé Ramalho)

É aquela que fere
Que virá mais tranqüila
Com a fome do povo
Com pedaços da vida
Como a dura semente
Que se prende no fogo
De toda multidão
Acho bem mais
Do que pedras na mão...

Dos que vivem calados
Pendurados no tempo
Esquecendo os momentos
Na fundura do poço
Na garganta do fosso
Na voz de um cantador...

E virá como guerra
A terceira mensagem
Na cabeça do homem
Aflição e coragem
Afastado da terra
Ele pensa na fera
Que o começa a devorar
Acho que os anos
Irão se passar

Com aquela certeza
Que teremos no olho
Novamente a ideia
De sairmos do poço
Da garganta do fosso
Na voz de um cantador...

Um forte abraço a todos!

sábado, 13 de junho de 2009

Gonzagão - Sempre

A Som Livre lançou recentemente uma nova coletânea, com os grandes sucessos de artistas que já não tem seus discos presentes nas lojas. E um deles foi Luiz Gonzaga com esse título que reune alguns de seus clássicos. Alguns, porque Gonzaga é daqueles artistas que têm muitos clássicos e que não dava para reunir nem em um disco duplo.

Se por um lado essa coletânea peca por não apresentar folheto com letra das canções, coisa que as melhores coletâneas fazem, por outro lado, vale o registro histórico de canções originais que possuem em torno de 50 anos. E aqui encontramos aquele som meio rudimentar de sanfona, zabuma e triângulo e letras que atravessaram gerações e continuam a emocionar pela carga de amor que apresentam. É o caso do clássico Asa branca, não apenas de Gonzaga, mas um clássico da música brasileira.

E o que falar de Respeita Januário, Sabiá, Baião, O Xote das meninas, Juazeiro, Paraíba, Assum preto e Qui nem jiló? Há alguma contestação de que são todas clássicos do Gonzaga e clássicos juninos? A vida do viajante traz um dueto entre Gonzagão e Gonzaguinha, outra grande saudade da nossa música. E por fim temos Vem morena, ABC do Sertão, Riacho do navio e Cintura fina.

É claro que uma coletânea sempre fica devendo e para um artista como Gonzaga, a dívida é ainda maior. Mas, conste que é algo muito interessante o relançamento de suas canções, obras que sempre estiveram em cartaz em toda boa festa junina que se preze e no repertório de novas gerações que têm em Gonzaga um grande mestre!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Passei a noite procurando tu, procurando tu...

Uma das poucas bandas de forró pé-de-serra e talvez a única a completar mais de 50 anos em plena atividade e agradando a várias gerações: o Trio Nordestino. Com origem na Bahia em 1958, Trio Nordestino foi parceiro de artistas como Luiz Gonzaga na origem e divulgação do autêntico forró pelo interior do país.

Procurando tu, lançado em 1970 fez o Trio vender mais de um milhão na época em que poucos alcançavam essa marca. E o grupo nunca perdeu sua formação musical raiz, com zabumba, triângulo, sanfona e voz, embora a tecnologia avançasse com o tempo. E houve um tempo que aqui no Nordeste dois discos eram aguardados com bastante expectativa para as festas juninas, o de Gonzaga e o do Trio Nordestino.

A formação clássica teve Lindu, Coroné e Cobrinha. Depois, com a morte de alguns membros, o trio sempre se renovou e hoje conta com Luis Mário, Beto e Coroneto e vários sucessos nessa carreira bem sucedida como: Na emenda, Forró desarmado, O sol com a mão, Amor de São João, Homem de saia, Amor demais, Amor de doido, Petrolina Juazeiro, O nenem, entre outras tantas que já animaram e aqueceram a fogueira de tantas festas juninas Brasil afora!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Passei horas no espelho, me arrumando o dia inteiro...

Ano passado durante essa época citei vários artistas nordestinos que são sucessos por aqui e, claro, alguns alcançam projeção nacional e até internacional. Continuando com essa ideia, vamos observar um pouco sobre Alcymar Monteiro dos Santos. Natural de Aurora no Ceará, estudou música em Conservatório de Fortaleza, mas foi no Recife que conseguiu projeção como cantor e compositor.

E sua carreira como compositor e intérprete se faz presente há mais de trinta anos, sendo impossível não ser citado em nomes de grande prestígio do forró. Já foi gravado por artistas como Luiz Gonzaga, Fagner, Zé Ramalho, Elba Ramalho e Dominguinhos. Além desse ritmo, vez por outra, abraça outros projetos como frevo e músicas de vaquejadas.

Alguns de seus sucessos são Cavaleiro alado, Ela nem olhou pra mim, Diz paixão, Festa da vaquejada, Lindo lago do amor, Rosa dos ventos, Na fazenda de vovô, Separação, Tarde demais, entre outras. Alcymar sempre se apresenta de branco e é com a mesma paz que tenta transmitir que suas canções ecoam pelos quatros cantos do nordeste do Brasil!

Um forte abraço a todos!

domingo, 7 de junho de 2009

Abri a porta

Abrimos as portas das festas juninas com essa lindíssima composição de Dominguinhos e Gilberto Gil. Mas, também que dupla hein? Só podia dar eu um clássico que inspira, com suas notas melódicas toda essência dessas festividades.

Já havia apresentado essa canção aqui ano passado no post do Dominguinhos, mas hoje ela ganha um post só dela para refletir em sua letra tudo que a simplicidade pode oferecer em termos de canção. Uma canção que traz uma mensagem de paz e esperança, passos firmes rumo norte e como se não bastasse, ainda é dançante e festiva! Êta festa tão linda:

Abri a porta
(Dominguinhos e Gilberto Gil)

Abri a porta
Apareci
A mais bonita
Sorriu pra mim

Naquele instante
Me convenci
Que o bom da vida
Vai prosseguir

Vai prosseguir
Vai dar pra lá do céu azul
Onde eu não sei
Lá onde a lei seja o amor

E usufruir do bom
Do mel e do melhor seja comum
Pra qualquer um
Seja quem for

Abri a porta
Apareci
Isso é a vida
É a vida assim

Um forte abraço a todos!