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segunda-feira, 6 de junho de 2022

♫Canção da saudade♫

Mês de junho e com ele voltam as festas juninas. Embora tanta politicagem pelo meio, parece que vamos ter esse ano a maior das alegrias culturais dessa nação chamada Nordeste. E um dos artistas mais representativos do autêntico forró é Flávio José, com sua sanfona afinada e suas letras mais que apaixonadas. 

Uma de suas canções mais executadas é a Canção da saudade, em que Flávio interpreta o saudoso compositor Accioly Neto. Também já foi cantada por Santanna, o cantador. E a letra desse forrozinho é uma aclamação a alguém que está distante e que deixa apenas saudade junto à poeira da estrada. A festa ficaria mais linda, mais brilhante se esse alguém aparecesse e é essa a certeza que o personagem da canção deixa para nós.

Canção da saudade
Accioly Neto

Quando lembro de você
Sinto uma coisa
Que remexe lá por dentro
Como se fosse
Reviver cada momento
Das alegrias
Que marcaram nosso amor
Quando lembro de você
Dá uma vontade de chorar
Que não seguro
Sinceramente meu amor
É muito duro
Foi tão gostoso
Que é difícil de esquecer

Ai! Quando lembro de você
O peito aperta
A boca seca e o olho chora
Daria tudo pra te ver
De novo, agora
Pedir perdão
E nunca mais largar você

Pra que serve o espinho
Sem a flor
De que vale a vida sem amor
De que adianta eu
Sem ter você
Amor deixa disso
E vem me ver

Um forte abraço a todos!

domingo, 21 de junho de 2020

♫O rei nas estrelas♫

Em épocas de festas juninas, o Nordeste brasileiro é destaque na música, com uma trilha sonora em que grandes nomes locais e nacionais, garantem a festa e as tradições cantadas e exaltadas nas letras. O poeta Petrúcio Amorim reverenciou nosso rei Luiz Gonzaga com essa belíssima canção, interpretada também por outro grande forrozeiro, Flávio José.

O rei nas estrelas traz uma letra que reverencia a partida de Gonzaga, mas que, como o próprio autor destaca, ele apenas se mudou para a terra das estrelas onde precisamente deve morar. E Petrúcio, como grande aprendiz da arte gonzaguiana consegue passar um pouco da importância que a natureza de nosso eterno astro ofereceu ao seu povo, sempre reverenciado, sobretudo nessa época.

O rei nas estrelas
Petrúcio Amorim

Quem viu a terra tremer
Quem viu o sol se esconder
Por entre nuvens, quem viu

Quem viu o tempo parar
Sabe também lamentar
Que o rei menino partiu

Mas quem chorou, não se iluda
Que um rei não morre, se muda
Pro reino da ilusão

Lá onde os astros se ouvem
Lá onde mora Beethoven
Mora o rei do baião

Luiz, luiz, luiz
Agora és estrela lá no céu
Luiz, luiz, luiz
O povo agradece o teu papel

Luiz, luiz, luiz
A asa branca diz pro sabiá
Enquanto houver sanfona
Um xote e um baião
Seu nome lembrará uma canção

Lá onde os astros se ouvem
Lá onde mora Beethoven
Mora o rei do baião

Um forte abraço a todos!

domingo, 17 de junho de 2018

♫Me diz amor♫


Flávio José é outro grande cantor e forrozeiro dos melhores, com agenda lotada por esta época. É que as melhores praças deste país, sobretudo as nordestinas, disputam para ter seu forró gostoso, pautado em seu romantismo e em sua sempre afinada sanfona.

Essa canção é um clássico em seu repertório e geralmente a canta em seus shows. Me diz amor é uma espécie de apelo feito àquela pessoa que se foi, sem se preocupar como ficaria quem deixou. A solidão que ficou não combina com o ritmo de forró, sempre tão alegre e a dois! Mais um clássico do saudoso poeta Accioly Neto.

Me diz amor
Accioly Neto

Me diz amor como é que vai ficar meu coração
Sem teu amor, sem teu calor, sem teu carinho
Na solidão

Só de pensar me dá um arrepio
Tudo é tão vazio, sem você amor
Não imagino nem por um segundo
Viver pelo mundo sem o teu calor

Quando me deito, quando me levanto
Procuro no canto e você não está
Não faça isso nem de brincadeira
Que a saudade é traiçoeira e vai matando devagar

Me diz amor como é que vai ficar meu coração
Sem teu amor, sem teu calor, sem teu carinho
Na solidão

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 14 de junho de 2017

CD Maciel Melo Isso vale um abraço

E como indicação de trilha sonora para este e qualquer momento junino temos esse grande trabalho do nosso Maciel Melo. Um show gravado em 2007 no Teatro Guararapes, em Recife/PE que reúne seus grandes sucessos e alguns parceiros inesquecíveis. 

Também disponível em DVD, o repertório conta com O velho arvoredo, Pra ninar meu coração, Terra prometida, Tampa de pedra, Porteira do Cambão e o Medley Coco peneruê/Mulher de Mané Amaro/Coco do M/Meu pião (ambas com Silvério Pessoa). E ainda Jeito Maroto, Meu Cenário (com Petrúcio Amorim e trecho de Paisagem do interior, de Jessier Quirino).

Temos ainda De mala e cuia, João e Duvê (com Xangai), Um vêio d´água (com Irah Caldeira), Bandoleiro dos sonhos (com Marcone Melo), Medley Caboclo sonhador/Que nem vem-vem (com Flávio José), Facilita, Se tu quiser, Isso vale um abraço e o medley Noites brasileiras/Aproveita gente. Um ótimo trabalho pra quem deseja curtir aquele forró da melhor qualidade com este grande artista nordestino e seus convidados.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de junho de 2016

♫De mala e cuia♫

O repertório do Flávio José sempre será apropriado para esta e qualquer época em que se deseje ouvir, cantar e/ou dançar um bom forró, xote ou baião nordestino. Este é um daqueles sucessos que não pode faltar no repertório de seus shows que, neste mês deve estar com uma agenda apertada e concorrida.

A letra de Mala e cuia descreve, a partir desse ditado (Que vai de mala e cuia), em que caracteriza uma ida por completo, um amor que causou o maior espaço vazio já verificado, se não estiver presente. Solução disso é essa ida, esse grude definitivo, sem se preocupar com o que disserem. Uma belíssima canção pra se cantar, ouvir e dançar.

De mala e cuia
Flávio Leandro

Na minha casa tá sobrando espaço
Guardei de mim um pedaço e reservei só pra você
Na minha casa tá sobrando rede
Sobra torno na parede, amor pra dar e vender

Na minha casa toda hora é hora
A gente ri, a gente chora, a gente se diverte
E nesse flerte você botando as unhas de fora
Nosso amor não demora e logo acontece

Pode vir de mala e cuia, amor
Que eu não vou tá nem aí pro povo
Nosso amor tá cobiçado
E não vai ser maltratado
Por ninguém de novo

Um forte abraço a todos!

domingo, 14 de junho de 2015

♫Gosto dela♫

Pense num forró gostoso de se ouvir e dançar é este dueto entre Nando Cordel e Flávio José na canção Gosto dela. Dois grandes nomes que também não faltarão nos bons forrós que existem Nordeste afora. E, em dueto, produziram esta pérola que apreciamos hoje.

Gosto dela é uma canção que fala de saudade. que poderia ser cantada apenas por uma voz, mas que caiu bem na voz desses dois grandes astros. Com aquela levada nordestina e a indispensável sanfona, temos aqui um forró romântico que também grita sua dor, mas de forma alegre e contagiante!

Gosto dela
Nando Cordel

Não suporto mais esta saudade
Virou tempestade o meu olhar
tá pegando fogo a minha vida
Volta meu amor venha apagar

Meu sorriso já perdeu o brilho
Morro de insônia e solidão
Já tentei de tudo não tem jeito
Pra curar meu pobre coração

Sofro de amor
Eu sofro por que gosto dela
Eu não sei viver sem ela
Quem falar com ela
diz que estou sofrendo

Sofro de amor
mas sei que um dia vai passar
no dia que ela voltar
e me convidar
eu vou me derretendo

domingo, 7 de junho de 2015

♫Mensageiro Beija-flor♫

A trilha sonora da festa junina depende do gosto de cada um e atualmente muitos tem buscado canções de ritmos mais acelerados e contagiantes. Amante do forró pé de serra e suas variâncias como o xote, xaxado, baião..., destaco essa canção, clássica no repertório de dois dos maiores cantores destes ritmos, a meu ver: Santanna e Flávio José.

Mensageiro beija-flor traz uma letra que remete a um amor partido, onde o personagem recorre à natureza, ao beija-flor, como uma via que solucionará a distância e a solidão que o acomete. Tudo isso cantado num ritmo que contradiz a tristeza da letra e leva apenas alegria a seus amantes!

Mensageiro beija-flor
Nanado Alves

Queria lha mandar um beijo
Mas não achava um portador
Pra lhe falar do meu desejo
Pra lhe dizer como eu estou 

Me comportei como criança
Que no brinquedo tropeçou
Por isso estou aqui pedindo
pra você que esta partindo passarinho voador

Nem que seja de passagem
entregue a minha mensagem
faz pra mim esse favor

Leva no bico uma canção
que tenha a mesma cor e cheiro dela
Aproveitando pergunta pra ela, meu Deus,
como é que fica o nosso amor

Do fundo do meu coração
não vivo sem a luz dos olhos dela
Explica tudo direitinho a ela, por Deus, 
meu mensageiro beija-flor. 

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 24 de junho de 2014

CD Flávio José canta Luiz Gonzaga

Vários foram os artistas que lançaram algum projeto em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga! E um deles, dos melhores pupilos, é o Flávio José que lançou em 2012 o CD Flávio José canta Luiz Gonzaga, onde entoa, em 12 faixas, algumas das inesquecíveis canções do nosso eterno Lua.

Estão lá clássicos como Cigarro de paia, Sabiá, O fole roncou, Légua tirana, Estrada de Canindé e os medleys Riacho do navio/Respeita Januário, Aproveita gente/Nem se despediu de mim/Noites brasileiras/Fogo sem fuzil/Olha pro céu/São João na roça. Seguindo um caminho diferente dos outros, Flávio mescla alguns clássicos com outras canções não tão conhecidas, mas não menos marcantes no repertório de Gonzaga.

E assim, completam a obra as canções Xanduzinha, Amei à toa, A sorte é cega, Ranchinho de paia e o medley Pedido a São João/Caboclo nordestino. Uma ótima pedida não apenas para a noite de São João ou para o mês de junho, mas para todo tempo em que se deseje ouvir canções alegres que representam uma cultura riquíssima como é a nordestina, no repertório de um rei, cantado aqui por um de seus principais pupilos!

Um forte abraço a todos!

sábado, 15 de junho de 2013

Tareco e mariola

Esse é um clássico do forró, do Petrúcio Amorim, seu compositor e também do Flávio José, seu intérprete. Entoado por vários cantores nessa época, Tareco e mariola é daquelas canções que conhecemos já pela introdução e retrata um amor despedaçado, com toques nordestinos presentes não apenas no ritmo, mas também na forma de descrever os acontecimentos cotidianos.

A letra de Tareco e mariola reforça o nordestino como um forte, sobretudo por revidar todas as suas mágoas com a força presente em seu orgulho em dar a volta por cima e sempre se mostrar recuperado. Tareco é um tipo de biscoito doce e mariola, um doce embalado em um plástico, ambos presentes nos lanches de famílias mais humildes. Alguns detalhes são peculiares do Petrúcio, como o citado bairro "Vassoural", da sua cidade natal Caruaru, que tem o maior e melhor São João do país; e o mestre Osvaldo, que sempre apreciou sua arte com a madeira.

Tareco e mariola
(Petrúcio Amorim)

Eu não preciso de você
O mundo é grande e o destino me espera
Não é você quem vai me dar na primavera
As flores lindas que eu sonhei no meu verão

Eu não preciso de você
Já fiz de tudo pra mudar meu endereço
Já revirei a minha vida pelo avesso
Juro por Deus não encontrei você mais não

Cartas na mesa
O jogador conhece o jogo pela regra
Não sabes tu, eu já tirei leite de pedra
Só pra te ver sorrir pra mim não chorar

Você foi longe
Me machucando provocou a minha ira
Só que eu nasci entre o velame e a macambira
Quem é você pra derramar meu mungunzá

Eu me criei
Ouvindo o toque do martelo na poeira
Ninguem melhor que mestre Osvaldo na madeira
Com sua arte criou muito mais de dez

Eu me criei
Matando a fome com tareco e mariola
fazendo versos dedilhados na viola
Por entre os becos do meu velho Vassoural

Um forte abraço a todos!

domingo, 3 de junho de 2012

Os Intérpretes do Brasil - 18

Gosto de divulgar o trabalho do sanfoneiro Flávio José, pois o considero um dos melhores da atualidade. Ele tem uma bela voz, toca muito bem e interpreta de forma toda particular. Por isso, resolvi o abordar nessa série, destacando as melhores faixas interpretadas de seu repertório, algo que não é fácil, mesmo usando um gosto particular.

Começo pela canção O meu país, que não foi composta por ele, mas o credito uma interpretação definita por responder bem, com sua potente voz a essa crítica social moderna. Uma das filosofias mais lindas da música brasileira também foi lapidada por sua voz. É a canção A natureza das coisas, que ganha um xa,la,la,lá todo próprio do Flávio.

E por fim, destacaria a romântica e dançante Caia por cima de mim, que não pode faltar em qualquer apresentação sua e também cantada por vários colegas. Mas, como disse, Flávio tem tantas outras coisas lindas como Caboclo sonhador, Seu olhar não mente, Filho do dono, Tareco e mariola, Me diz amor, De mala e cuia, enfim, vou parar por aqui pois, caso contrário, não poderia encerrar essa postagem.

Um forte abraço a todos!

sábado, 11 de junho de 2011

Caboclo sonhador

Essa canção é mais um clássico nordestino, desse grande poeta que é Maciel Melo. Já interpretada por Fagner, Flávio José e pelo próprio autor, Caboclo sonhador descreve em detalhes como se porta um nordestino, forte para o trabalho, valente para os desafios e durezas da vida, atrelado às suas tradições e sensível para o amor!

É daqueles clássicos nordestinos que ao soar as primeiras notas da introdução que, não pode dispensar a tradicional sanfona, é reconhecida por todos que amam esse ritmo. E ao mesmo tempo, dá pra ser tocada na forma tradicional do forró, com sanfona, triângulo e zabumba. Esse clássico não faltará em vários forrós e shows Nordeste afora.

Caboclo sonhador
(Maciel Melo)

Sou um caboclo sonhador
Meu senhor, viu
Não queira mudar meu verso
Se é assim não tem conversa
Meu regresso para o brejo
Diminui a minha reza

Coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
Perdido no imensidão desse lugar

Ao lembrar-me das bravuras de neném
Perguntar-me a todo instante por Bahia
Mega e Quinha, como vão, tá tudo bem?
Meu canto é tanto, quanta canta o sabiá

Sou devoto de padim Ciço Romão
Sou tiete do nosso rei do cangaço
Em meu regaço, fulminado em pensamentos
Em meu rebento, sedento eu quero chegar

Deixem que eu cante cantigo de ninar
Abram alas para um novo cantador
Deixem meu verso passar no avenida
Num forró fiado tão da bexiga de bom

Um forte abraço a todos!

sábado, 4 de junho de 2011

Seu olhar não mente

A música nordestina conquista cada vez mais espaço no coração do Brasil. E aqui está uma das canções mais lindas do repertório do Flávio José, esse grande sanfoneiro, dono de tantos grandes sucessos na região. Uma canção que anda de mãos dadas com o romantismo regional, evidente em sua letra.

Aqui no Nordeste, em algumas cidades, é São João todos os dias de junho e canções como esta representam bem esse momento, sobretudo por conter palavras que todo conquistador desejaria dizer à sua amada, ao pé do ouvido, com esse xote no fundo musical completando esse cenário de amor e de festa!

Seu olhar não mente
(Nanado Alves e Ilmar Cavalcante)

Amo você
Já dá pra ver que meu olhar diz tudo
Meu coração não fala, fica mudo
Até parece nem me conhecer

Só pra te ver
Já andei várias léguas de saudade
Vivi em busca da felicidade
Fazendo tudo pra não te perder

E o bem-querer
Que toma conta do meu coração
Já ta sabendo que toda paixão
Que eu preciso só acho em você

Saiba que quando eu te vejo
O fogo do desejo quer me consumir
Quero de novo teu beijo
Matar minha sede, ficar junto a ti

Não me venha com palavras
Com frases amargas qualquer coisa assim
Porque seu olhar nao mente
E ele diz que voce sente saudade de mim

Um forte abraço a todos!

sábado, 30 de outubro de 2010

O meu país

E chegamos ao segundo turno das eleições 2010 onde amanhã, dia 31/10, iremos às urnas e decidiremos qual a personalidade irá comandar nosso país nos próximos anos. E, buscando na música brasileira algo referente a esse momento, fui apresentado por minha noiva Juliana a essa belíssima canção interpretada pelo Zé Ramalho e que também já foi gravada pelo Flávio José. Inclusive no Blog O zero e o infinito (http://www.ozeroeoinfinito.blogspot.com/), tem um video bem legal que convido a todos a visitarem sobre esse tema.

Essa canção aponta muitos problemas e desafios a serem enfrentados pelo próximo governante e porque não dizer pelo povo brasileiro. Com certeza, são tantas coisas absurdas que acontecem, desde falta de segurança, educação, fome, e saúde precária, que não parece o país daqueles que se esforçam a cada dia na manhã que levanta cedo, enfrenta lotações e voltam no aperto das mesmas em busca de melhorias como diz a canção:

O meu país
(Livardo Alves, Orlando Tejo e Gilvan Chaves)

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem Deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram-se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país

Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país

Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país

Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o Brasil em mil Brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um forte abraço a todos!

sábado, 25 de julho de 2009

Espumas ao vento

Uma das canções mais lindas que já ouvi, da autoria brilhante de Accioly Neto, recém divulgado aqui na série Os compositores do Brasil, Espumas ao Vento foi gravada inicialmente por Flávio José em ritmo de forró e depois por Fagner, que a imortalizou para todo o país, em ritmo mais lento! Essa canção também fez parte da trilha do filme Lisbela e o prisioneiro, com Elza Soares.

Gosto muito da letra que representa um amor escancarado e ao mesmo tempo com uma sensibilidade impressionante como podemos ver em "...Coração na mão, desejo pegando fogo..." e em "Meu olhar vai dar uma festa, amor, na hora que você chegar..." respectivamente! É daquelas letras pra ficar entre as melhores no repertório de qualquer intérprete e na lembrança de qualquer apaixonado!

Espumas ao Vento
(Accioly Neto)

Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim
Um grande amor não se acaba assim
Feito espumas ao vento

Não é coisa de momento, raiva passageira
Mania que dá e passa, feito brincadeira
O amor deixa marcas que não dá pra apagar

Sei que errei, tô aqui pra te pedir perdão
Cabeça doida, coração na mão
Desejo pegando fogo

E sem saber direito a hora e o que fazer
Eu não encontro uma palavra só pra te dizer
Ah! se eu fosse você, eu voltava pra mim de novo

E de uma coisa fique certa, amor
A porta vai estar sempre aberta, amor
O meu olhar vai dar uma festa, amor
Na hora que você chegar

E de uma coisa fique certa, amor
A porta vai estar sempre aberta, amor
O meu olhar vai dar uma festa, amor
Na hora que você chegar

Um forte abraço a todos!

domingo, 21 de junho de 2009

Caia por cima de mim

E continuando a navegar nesse ritmo gostoso que é o forró, temos aqui uma letra de Maciel Melo, imortalizada por Flávio José.E desses dois grandes forrozeiros nordestinos surge essa belíssima canção que conta um amor revestido de saudade, com uma linguagem genuinamente nordestina.

É impressionante a riqueza de detalhes que aparece na letra dessa canção, além de ser um forró gostoso de se ouvir e pra quem gosta de dançar coladinho em seu parceiro, pois as notas da sanfona não deixam nenhum parado:

Caia por cima de mim
(Maciel Melo)

Nunca mais eu vi Maria
Nunca mais eu vi o amor
Guardo na lembrança a cor
Do vestido dela

Eu tô roendo
Tô cheinho de saudade
Meu amor por caridade
Bote o rosto na janela

Eu não aguento
Tanta ausência, tanta dor
Parece que o amor
Se esqueceu de mim

Bateu a porta
Deu adeus e foi embora
A solidão me devora
Agora eu tô roendo sim

Traga de volta a minha felicidade
Abra um sorriso cheirando a ruge carmim
Aceite a dança, solte a trança e jogue o laço
Se tropeçar no compasso, caia por cima de mim

Caia caia, caia por cima de mim
Caia caia, caia por cima de mim
Caia caia, caia por cima de mim
Que eu te abraço, eu te seguro
Caia por cima de mim...

Um forte abraço a todos!

domingo, 22 de março de 2009

Filho do dono

Gosto de alguns compositores nordestinos como o Petrúcio Amorim, já abordado em 24/06/2008 (é só procurar nos arquivos), que conseguem descrever, numa linguagem raiz, todo desejo contido em suas reflexões e apresentados em filosofias como essa letra da canção abaixo. A música escolhida é um forró gravado e imortalizado por Flávio José e que chama nossa atenção para o equilibrio que deve existir entre o complexo de culpa e, a negligência e acomodação diante de problemas pelos quais todos nós somos responsáveis!

Com filosofias tipicamente nordestinas, Filho do dono pode ser cantada por qualquer pessoa que deseje gritar sua vontade em melhorar algo que o inquiete e o deixe infeliz com a realidade. Com um certo tom religioso e, ao mesmo tempo, realista, nega a grandeza humana, mas garante que a pequenez também tem passos importantes nesse processo de mudança proposto:

Filho do dono
(Petrúcio Amorim)

Não sou profeta, nem tão pouco visionário
Mas o diário desse mundo tá na cara
Um viajante na boléia do destino
Sou mais um fio da tesoura e da navalha

Levando a vida, tiro verso da cartola
Chora viola nesse mundo sem amor
Desigualdade rima com hipocrisia
Não tem verso nem poesia que console um cantador
A natureza na fumaça se mistura
Morre a criatura e o planeta sente a dor

O desespero no olhar de uma criança
A humanidade fecha os olhos pra não ver
Televisão de fantasia e violência,
Aumenta o crime, cresce a fome e o poder

Boi com sede bebe lama
Barriga seca não dá sono
Eu não sou dono do mundo
Mas, tenho culpa, porque sou Filho do dono

Um forte abraço a todos!

domingo, 28 de dezembro de 2008

A natureza das coisas

Essa canção é a cara do Nordeste. Como gosto desse tipo de música que consegue trazer consigo uma mensagem pura e direta! Uma filosofia nordestina compreendida nos quatro cantos do mundo sem dificuldades e com uma linguagem típica de um povo trabalhador e otimista!

Imortalizada por Santana, o cantador e mais adiante por Flávio José e Elba Ramalho, foi composta por esse grande nome da composição nordestina Accioly Neto (que em breve homenagearei na série os compositores do Brasil).

Retrata o otimismo em tons nordestinos com passagens do cotidiano e das paisagens dessa terra amada do Brasil! Prova que as tempestades são passageiras em nossa vida e o que devemos sempre é manter o equilíbrio emocional das coisas, consciente de que os períodos difíceis também passarão, assim como os bons. E, mesmo que adiante tenhamos mais uma ladeira para subir, podemos nos apoiarmos em boas coisas que temos ao nosso redor e que nos darão ânimo na subida. Para mim, uma das coisas mais lindas que ouvi nos últimos anos em termos de filosofias musicais:

A natureza das coisas
(Accioly Neto)

Oh! chá lá lá lá lá lá lá
Oh! chá lá lá lá lá lá lá
Oh! chá lá lá lá lá lá lá
Oh! coisa boa é namorar...

Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas

Se avexe não
Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta da sua casa

Se avexe não
Toda caminhada começa no primeiro passo
A natureza não tem pressa, segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá...

Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavandeira
Pra ir mais alto vai ter que suar

Oh! chá lá lá lá lá lá lá
Oh! chá lá lá lá lá lá lá
Oh! chá lá lá lá lá lá lá
Oh! coisa boa é namorar...

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Eu me criei matando a fome com tareco e mariola...

Mês de junho tá chegando e com ele os acordes apaixonados das sanfonas do Nordeste brasileiro. Entre esses, destaco um dos grandes discípulos de Dominguinhos e Luiz Gonzaga - Flávio José.

Natural de Monteiro, na Paraíba, Flávio já dava os primeiros acordes na sanfona aos sete anos de idade, tornando-se mais tarde um artesão do forró, alcançando todas as classes, desde a elite até as camadas mais populares.

Sua carreira começou no final dos anos 70, vindo a firmar-se e tornar-se indispensável às festas juninas nos anos 90, e não apenas durante essas comemorações, mas toda vez que se deseja ouvir e dançar um forró pé-de-serra ou um xote abraçado a quem se ama! E não podem faltar em seus shows muitos sucessos que interpreta de compositores da região como Petrúcio Amorim, Accioly Neto, Vital Farias, entre outros que sempre o presenteiam com canções como A casa da saudade, A natureza das coisas, Anjo querubim, Caboclo sonhador, Caia por cima de mim, Cidade grande, De mala e cuia, Espumas ao vento, Filho do dono, Lembrança de um beijo, Me diz amor, Nordestino Lutador, Sem ferrolho e sem tramela, Seu olhar não mente, Tareco e mariola, Terra prometida, entre outras que destacarei em breve, quando falarmos sobre as festas juninas aqui do Nordeste.

Sempre aquecendo os corações românticos como em Espumas ao vento ou despertando a reflexão de todos para os problemas da região como em Filho do dono, Flávio segue a linha Gonzagão onde canta o amor e problemas sociais de seu povo e de sua terra, com muita determinação e profissionalismo, tornando-se um forrozeiro indispensável nas grandes festas onde o forró é o pai da alegria!

Um forte abraço a todos!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Dominguinhos & Convidados cantam Luiz Gonzaga!

Ele é tido como o maior discípulo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, do xote, do forró, da sanfona... Mesmo diante de tantos sucessos de sua carreira como Eu só quero um xodó, Abri a porta, De volta pro aconchego, Gostoso demais e tantos outros, sempre há espaço na vida desse artista para relembrar seu mestre, com quem começou tocando e aprendendo! E em 1997, Dominguinhos enfatizou isso em dois discos, volumes 1 e 2, com convidados onde canta a obra de Gonzagão!

Numa homenagem mais que merecida, Dominguinhos passeia pelos clássicos do mestre como Asa branca, A vida de viajante (com Chico Buarque), Paraíba (com Daniela Mercury), Pense n´eu (com Daniel Gonzaga), O xote das meninas (com João Bosco), Olha pro céu (com Nando Cordel), Qui nem jiló (com Tânia Alves), Numa sala de reboco (com Quinteto Violado), No meu pé de serra (com Flávio José), Nem se despediu de mim (com Jorge de Altinho), Súplica cearense (com Guadalupe). Mas, também se remove a canções muito legais do “véio Lula”, porém nem tão relembradas como De Terezina a São Luiz (com Fagner), Estrada de Canindé (com Djavan), Não vendo nem troco (com Zé Ramalho), A volta da asa branca (com Maciel Melo), Assum preto (com Ivan Lins), Forró de Mané Vito (com Gilberto Gil), Cintura fina (com Marinês), Juazeiro (com Jane Duboc), Lorota boa (com Waldonys) e Canta Luiz (com Geraldo Azevedo).

A única faxia solo é Asa Branca que o próprio Dominguinhos quis dividi-la com outro rei, segundo entrevista concedida a jornal na época: “Eu convidei pessoalmente o Roberto que ficou empolgado, porém o pessoal que o circula parece meio difícil, daí não deu pra acontecer o encontro”. Em todas as outras faixas, o disco traz convidados renomados e outros conhecidos apenas na região como o caso do sanfoneiro Waldonys. Algumas surpresas da família do próprio Luiz Gonzaga são Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha e Joquinha Gonzaga (na faixa Tacacá), irmão de Luiz!

Sei que as festas juninas ainda estão distantes, mas esse é daqueles discos de se ouvir sempre e com muita alegria no coração!

Um forte abraço a todos!