terça-feira, 31 de março de 2009

Esse jogo não é um a um...

José Gomes Filho é o nome do histórico artista brasileiro Jackson do Pandeiro, considerado o maior ritmista do país, ao lado de Luiz Gonzaga. Natural de Alagoa Grande/PB, Jackson leva o título de rei do ritmo porque conseguia apresentar de forma única um samba ou um forró, com todas as suas variações: coco, xaxado, maracatu, xote, frevo, quadrilha, dentre outros.

Jackson influenciou uma nata de grandes músicos que surgiram posteriomente a suas criações musicais que vão desde Erasmo Carlos, Chico Buarque, João Bosco e Gal Costa, até Lenine, Paralamas do Sucesso, Zé Ramalho e Alceu Valença. Seus mais variados sucessos podem ser relembrados, pois ele cantou as feiras nordestinas, com raízes africanas, nas rádios, televisões e em todas as manifestações culturais de sua época. Seus sucessos mais marcantes foram: A feira, A mulher do Aníbal, Cabo Tenório, Chiclete com banana, Forró em Caruaru, Forró em Limoeiro, Sebastiana, Um a um, Vou gargalhar, O canto da ema, entre outras.

Se hoje as canções experimentam os mais variados ritmos, devemos muito a este senhor! E é muito legal, mesmo através de singelas palavras e homenagens como essa, que reconheçamos o talento de quem muito contribuiu para a música atual. Particularmente, sou agradecido por ele ter imortalizado minha cidade, Limoeiro/PE, na canção Forró em Limoeiro, que contarei na próxima semana!

Um forte abraço a todos!

domingo, 29 de março de 2009

Maneiras

Maneiras é um samba gostoso imortalizado pelo Zeca Pagodinho que embeleza nosso domingo! Aborda a vontade de se conhecer e de se isolar um pouco. Através daquela cervejinha, daquela conversa de bar, daquela filosofia de botequim, Maneiras expõe os direitos almejados pelo trabalhador brasileiro. Aquela conversa particular que se tem com o copo de cerveja, sem estimular ao vício do álcool ou fumo!

E, mesmo que sejamos como eu que não tomo um gole de cerveja, precisamos desses momentos de solidão e reflexão, para sabermos quem somos, o que queremos, onde chegaremos, de que forma, nossas opiniões a cerca de nós mesmos e do mundo... Lembrando que se beber, não dirija! Então está aí algumas maneiras de pensar, num samba gostoso de se ouvir aos domingos, presente nas melhores rodas de samba do país:
Maneiras
(Sylvio da Silva)
Se eu quiser fumar eu fumo,
se eu quiser beber eu bebo
Eu pago tudo que eu consumo
com o suor do meu emprego

Confusão eu não arrumo,
Mas também não peço arrego
Eu um dia me aprumo,
Pois tenho fé no meu apego

Eu só posso ter chamego
Com quem me faz cafuné
Como o vampiro e o morcego
É o homem e a mulher

O meu linguajar é nato
Eu não estou falando grego
Eu tenho amores e amigos de fato
Nos lugares onde eu chego

Eu estou descontraído
Não que eu tivesse bebido
Nem que eu tivesse fumado
Pra falar de vida alheia

Mas digo sinceramente
Na vida, a coisa mais feia
É gente que vive chorando de barriga cheia
É gente que vive chorando de barriga cheia
É gente que vive chorando de barriga cheia...

Um forte abraço a todos!

sábado, 28 de março de 2009

José Augusto - Minha Vida

Em 1998, José Augusto nos presenteou com seu trabalho Acústico. Gravado em estúdio, o projeto vem intitulado de Minha Vida e traz os maiores sucessos do compositor e intérprete romântico que possui um público fiel desde a década de 70, quando começou sua carreira.

Com a produção do próprio artista e de Jorge Guimarães, e arranjos do maestro Lincoln Olivetti, o cd traz como faixa de abertura uma versão feita pelo próprio José Augusto de Per amore, transformada em Apenas por amor. Na sequência, temos Vem se amarrar comigo e um medley formado talvez pelos dois maiores sucessos de sua carreira: Sábado e Fantasia.

Em seguida, uma composição feita com Peninha: Apaixonado. Outro grande sucesso, tema de novela, vem a seguir com Aguenta coração, seguida de Evidências, sucesso na voz de Chitãozinho e Xororó e aqui é apresentada num dueto com Roberta Miranda. Daí pra frente, outros grandes clássicos de sua carreira como Sonho por sonho, Eu e você, Só você e Separação, essa última, imortalizada por Simone. O disco se encerra com Tudo por amor, Chuvas de verão, Fui eu e Querer e poder, gravada e regravada com Xuxa.

É um cd raro entre colecionadores e trata-se de um grande projeto com a competência do grande maestro Lincoln e com o romantismo incansável do José Augusto, com canções que tocaram muito nas rádios e fizeram felizes muitos casais apaixonados que ao escutá-las, sem sombra de dúvidas, afirmam: Aguenta coração!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 26 de março de 2009

É melhor ser alegre que ser triste...

Dizem que filho de peixe, peixinho é. Bom, aqui é uma das maiores provas que esse ditado popular apresenta na música brasileira. Filha de João Gilberto e Miúcha, sobrinha de Chico Buarque, eis Isabel Gilberto de Oliveira, ou como é mais conhecida: Bebel Gilberto. Nascida em Nova York, onde seus pais moravam, Bebel solidifica a cada instante sua carreira internacional e também nacional, embora seja pouco conhecida no Brasil.

E sua estréia musical se deu justamente ao lado de seu pai em 1980, em um especial de TV. Um ano mais tarde participou de uma das faixas do filme Os saltimbancos trapalhões. A amizade com Cazuza rendeu uma das mais belas canções de seu repertório: Preciso dizer que te amo, já gravada por diversos artistas, entre eles Emílio Santiago, Marina Lima e pela própria Bebel que gravou-a em seu primeiro trabalho em 1986, que também continha a canção Mais feliz, gravada posteriormente por Adriana Calcanhoto.

Sempre ligada à Bossa nova, fundida com novas tendências, não lançou muitos discos em sua carreira, dedicando-se a shows, algo comparável à carreira de seu pai. Em 2000 lança seu primeiro disco solo, com regravações de clássicos da Bossa nova como Samba da bênção, Samba e amor, além de composições inéditas. Outros sucessos de seu repertório são Baby, Tanto tempo, Desafinado entre outros que garantem a Bebel uma carreira ascendente no exterior e que no Brasil começa a ganhar espaço como um grande nome contemporâneo da música brasileira.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 24 de março de 2009

Os compositores do Brasil - 13

A série Os compositores do Brasil apresenta hoje não um, mas dois dos mais populares compositores desse país: Evaldo Gouveia de Oliveira e Jair Pedrinha de Carvalho Amorim, ou simplesmente Evaldo Gouveia e Jair Amorim, uma das duplas mais românticas, que compuseram boleros e samba-canções inesquecíveis.

Evaldo é natural de Iguatu/CE e foi feirante antes de ingressar na música. Compôs sua primeira canção em 1957 - Deixe que ela se vá, que foi gravada por ninguém mais, ninguém menos que Nelson Gonçalves.

Jair é natural de Santa Leopoldina/ES e foi jornalista e cronista antes de abraçar a carreira musical e antes de formar essa dupla de compositores de sucesso, já havia composto alguns sucessos que obtiveram destaques como as canções Alguém como tu e Conceição, o maior sucesso de Cauby.

Mas, sem sombra de dúvidas para os dois, a carreira musical alcançou o devido êxito com a formação de uma das maiores duplas de compositores desse país, algo que aconteceu em 1958. Já no primeiro dia de contato compuseram Conversa, gravada por Alaíde Costa. Tendo Altemar Dutra como principal intérprete, a dupla emplacou vários sucessos, entre eles Alguém me disse, Tudo de mim, Que queres tu de mim, Somos iguais, Sentimental demais, Brigas, O trovador, Ave Maria dos namorados, Tango pra Teresa, Bloco da solidão, entre outras.

Vários intérpretes já navegaram no oceano dessa maravilhosa dupla, e além dos já citados, temos Moacyr Franco, Agnaldo Rayol, Anísio Silva, Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Wilson Simonal, Jair Rodrigues, Elymar Santos, Chitãozinho e Xororó, Gal Costa, Maria Bethânia, Zizi Possi, Emílio Santiago, Simone, Julio Iglesias, Fagner, Ana Carolina, Fafá de Belém, e tantos outros que apreciam uma grande canção romântica como só eles sabem expressar através de suas letras e melodias românticas!

Um forte abraço a todos!

domingo, 22 de março de 2009

Filho do dono

Gosto de alguns compositores nordestinos como o Petrúcio Amorim, já abordado em 24/06/2008 (é só procurar nos arquivos), que conseguem descrever, numa linguagem raiz, todo desejo contido em suas reflexões e apresentados em filosofias como essa letra da canção abaixo. A música escolhida é um forró gravado e imortalizado por Flávio José e que chama nossa atenção para o equilibrio que deve existir entre o complexo de culpa e, a negligência e acomodação diante de problemas pelos quais todos nós somos responsáveis!

Com filosofias tipicamente nordestinas, Filho do dono pode ser cantada por qualquer pessoa que deseje gritar sua vontade em melhorar algo que o inquiete e o deixe infeliz com a realidade. Com um certo tom religioso e, ao mesmo tempo, realista, nega a grandeza humana, mas garante que a pequenez também tem passos importantes nesse processo de mudança proposto:

Filho do dono
(Petrúcio Amorim)

Não sou profeta, nem tão pouco visionário
Mas o diário desse mundo tá na cara
Um viajante na boléia do destino
Sou mais um fio da tesoura e da navalha

Levando a vida, tiro verso da cartola
Chora viola nesse mundo sem amor
Desigualdade rima com hipocrisia
Não tem verso nem poesia que console um cantador
A natureza na fumaça se mistura
Morre a criatura e o planeta sente a dor

O desespero no olhar de uma criança
A humanidade fecha os olhos pra não ver
Televisão de fantasia e violência,
Aumenta o crime, cresce a fome e o poder

Boi com sede bebe lama
Barriga seca não dá sono
Eu não sou dono do mundo
Mas, tenho culpa, porque sou Filho do dono

Um forte abraço a todos!

sábado, 21 de março de 2009

Chico Buarque 1984

Para quem falou que só destaquei os discos ao vivo do Chico ( e que belos espetáculos!) tá aqui um dos melhores discos de carreira, lançado em 1984 com canções lindíssimas que se tornaram clássicos na obra do Chico e na música brasileira!

"Ando com minha cabeça já pelas tabelas..." É com essa frase e com esse delicioso samba que Chico abre o disco que apresenta na sequência Brejo da Cruz, uma canção que define bem o êxodo nordestino e que em breve abordaremos nas letras de domingo. Tantas palavras vem em seguida, essa canção lindíssima feita em parceria com Dominguinhos, que também o acompanha com suaves frases de sanfona.

Mano a mano traz uma parceria e um dueto com João Bosco, que também toca violão nessa faixa. Samba do grande amor também figura nesse disco, entrando em definitivo para a lista de clássicos do Chico. Como se fosse a primavera é a versão (do espanhol para o português) do disco que traz o autor da canção, Pablo Milanés, também nos vocais. Suburbano coração é outra canção que vai aparecer nas letras de domingo por tratar de sexo de forma tão elegante e fascinante.

Lindo mesmo é se deliciar ouvindo Mil perdões, clássico de uma época em que as grandes letras figuravam em grandes canções. O disco encerra com As cartas e Vai passar, essa última, em parceria com Francis Hime para mais um clássico que praticamente encerra o período "Chico Político", no ano das Diretas.

Produzido por Homero Ferreira e tendo o envolvimento, além dos músicos já citados, de Cristóvão Bastos, Wilson das Neves, Miúcha, Luiz Cláudio Ramos, Dori Caymmi, Chiquinho de Moraes, entre outros, é mais um dos grandes discos desse compositor que tem um repertório fascinante e uma discografia que dispensa predicados, pois soam como retundantes. Discografia essa que recebeu uma remasterização à altura em 2006!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pela saudade que me invade...

Vicentina Paula de Oliveira, mais conhecida como Dalva de Oliveira foi uma das maiores cantoras de seu tempo. Natural de Rio Claro/SP casou-se com o compositor Herivelto Martins e é mãe do também cantor Peri Ribeiro.

Dalva cantou boleros, o amor sofrido, o chamado dor-de-cotovelo, o mesmo que Maysa é sempre relacionada. Foram muitos sucessos numa época em que imperava no rádio canções desse estilo, tais como: Ave Maria, Atiraste uma pedra, Bandeira branca, Errei sim, Lencinho querido, Kalu, Palhaço, Que será?, Tudo acabado, Valsa da despedida, entre outras.

Dalva partiu em 1972, mas continua sendo lembrada nos trabalhos do Peri Ribeiro e, além dele, Ângela Maria, fã confessa da Dalva, que gravou um disco na década de 90 só com clássicos de seu repertório e que abordarei em breve esse trabalho que reverencia essa que é sem sombra de dúvidas uma das maiores influências para as grandes intérpretes brasileiras, não só da velha guarda, pois Ana Carolina gravou recentemente o clássico Que será, o que comprova sua importância e influência.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 17 de março de 2009

A minha alma está armada e apontada para a cara do sossego...

O Rappa é uma banda contemporânea da música brasileira, formada nos anos 90 com Marcelo Falcão nos vocais, Marcelo Yuka na bateria, Xandão na guitarra, Nelson Meireles no contra-baixo e Marcelo Lobato nos teclados. O nome vem de "rapa" que significa policial que persegue camelô, depois sendo acrescido um "p". Seu primeiro disco foi lançado em 1994 e não obteve sucesso. Nesse início, Meireles deixa a banda e entra Lauro Farias.

Já em 1996 foi lançado o cd Rappa Mundi, que abriu as portas para a banda ser conhecida no cenário nacional, com vários sucessos entre eles Pescador de ilusões e A feira. Em 1999 lançaram um de seus melhores trabalhos, pois além de amadurecidos e com letras fortes, apresentam composições do Marcelo Yuka como Minha alma, O que sobrou do céu e Tribunal de rua.

Outros sucessos da banda, posterior à saída de Marcelo Yuka são Reza a vela, Rodo cotidiano, O salto, Meu mundo é barro, Monstro invisível e Instinto coletivo. Yuka sofreu um assalto que o deixou paraplégico, mas foram os desentendimentos internos que o afastaram do grupo. O Rappa continua sua carreira com Marcelo Falcão (vocal), Lauro Farias (baixo), Xandão Menezes (guitarra) e Marcelo Lobato (bateria) e com sua musicalidade que atrai um público jovem surpreendente e que são cada vez mais atraídos por suas geniais letras!

Um forte abraço a todos!

domingo, 15 de março de 2009

Casa no campo

Quem veio do interior sabe o quanto é precioso uma casa no campo, uma visita às áreas rurais, um ar puro e uma tranquilidade que dinheiro nenhum do mundo compra. Em tempos de estresse, só imaginar ser o protagonista dessa canção lindíssima, imortalizada pela também eterna Elis Regina.

Particularmente, nutro uma extrema paixão pelo interior, mas pra ser sincero, uma vida no campo também não deve ser fácil e não é pra qualquer um. É preciso aceitar as limitações daquela paisagem em termos tecnológicos, embora nos dias de hoje, essas diferenças estejam cada vez mais raras. Agora, um passeio, um final de semana ou algo assim, contemplando tais paisagens é uma boa pedida, pois é um contato mais forte com a natureza e com Deus.

Casa no campo
(Zé Rodrix e Tavito)

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

Um forte abraço a todos!