quarta-feira, 22 de março de 2017

CD Zizi Possi Passione

Este álbum pode ser considerado um volume dois dos chamados discos italianos da Zizi, já que um ano antes ela lançara com enorme êxito Per amore, já comentado anteriormente. Lançado em 1998 e chamado de Passione, este projeto explora mais uma vez a veia napolitana desta grande intérprete.

Aqui temos canções belíssimas, conhecidas nossas como Canzone per te (do repertório de Roberto Carlos), L´Aurora (do Eros Ramazzoti) e Grande grande grande (do repertório do Julio Iglesias). Além deles, temos também Gelsomina, Anema core, Cu´mme, Chella llá, Io mammeta e tu, Io que amo solo te, Torna a surriento, Passione, Malafemmena, Core´ngrato e Canto della Buranella.

Com Zizi nos ensinando o italiano, com seu canto doce e preciso, lamento não termos mais projetos assim, com outros clássicos que ganhariam mais personalidade com a interpretação ímpar dessa que é uma das nossas grandes divas.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de março de 2017

♫Somos todos iguais nesta noite♫

Esta belíssima canção do Ivan Lins mostra, a meu ver, um pouco mais da sua genialidade em criar grandes obras, juntamente com seu grande parceiro, o Vitor Martins. Composta ainda na década de 70, época tida como bastante fértil entre nossos grandes gênios, sugere um ritmo duplo que ora nos remete a grande orquestra como se fosse um big band, ora nos remete aos mais perfeitos boleros, como a letra sugere em alguns trechos. 

Em alguns momentos, a letra me faz pensar em algo romântico, um casal que dança ao viver a felicidade. Em outros momentos, parece falar do povo em geral, naquela opressão dos anos 70 e que hoje parece ser retomada, embora com um pouco de maquiagem por partes de alguns opressores modernos. Como curto o romantismo, prefiro pensar como a primeira ideia de interpretação desse clássico da obra do Ivan.

Somos todos iguais nesta noite
Ivan Lins e Vítor Martins

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 15 de março de 2017

CD e DVD Caetano Veloso e Gilberto Gil - Dois amigos, um século de música

Este foi um dos melhores trabalhos realizados em 2015, o CD e DVD que reuniu um século de música, pois matematicamente temos 50 anos de cada lado destes dois gênios da nossa canção: Caetano Veloso e Gilberto Gil  fizeram um show baseado em grandes sucessos de ambos os repertórios, acompanhados apenas por seus também geniais violões.

Cantados geralmente em duetos ou alguns números solos, tendo o outro como admirador, o repertório passa por Back in Bahia, Coração vagabundo, Tropicália, Marginália II, É um luxo só, É de manhã, As camélias do Quilombo do Leblon (única inédita composta para este projeto), Sampa, Terra, Nine out of ten, Odeio, Tonada da luna llena, Eu vim da Bahia, Super homem (a canção), Come prima, Esotérico, Tres palabras, Drão, Não tenho medo da morte, Expresso 2222, Toda menina baiana, São João Xangô menino, Nossa gente (avisa lá), Andar com fé, Filhos de Gandhi, Desde que o samba é samba, Domingo no parque e A luz de Tieta.

Com a dupla cantando em português, espanhol, italiano, inglês e, sobretudo, revivendo seus grandes sucessos, alguns em momentos solos, outros em duetos inéditos, temos aqui um trabalho para guardarmos por mais uns cinquenta anos, sempre contemplando como se fosse a primeira vez e estivéssemos diante de dois ícones que tanto contribuíram para nossa canção com essas carreiras brilhantes.

Um forte abraço a todos!

domingo, 12 de março de 2017

♫O relógio♫

A música brasileira, muitas vezes, se alimenta de versões e é bem sucedida em muitos casos. Os boleros, de nossos irmãos hispânicos, são campeões neste sentido. E aqui temos um grande exemplo e, seu maior intérprete, a meu ver: o bolero clássico El reloj, com Adilson Ramos cantando para nós, este que já é nosso relógio.

Digo isto porque imagino que a maioria das pessoas que desejariam que o tempo passasse com menos pressa em determinados momentos devem cantar as primeiras frases deste clássico. Canção predominante no repertório de seus shows, lembra alguém que deseja que o tempo pare e que neste instante só o amor seja contemplado. Como o tempo é senhor de si, e em determinados instantes queremos que ele passe logo ou pare, ao menos se não podemos pará-lo ou diminuir seu compasso em bons momentos, podemos curtir grandes canções assim em vários destes bons momentos.

O relógio (El reloj)
Roberto Cantoral e Nely B. Pinto

Porque não paras relógio, 
não me faças padecer
Ela irá para sempre, 
breve o sol vai nascer

Não vês só tenho esta noite
para viver nosso amor
Teu badalar me recorda
que sentirei tanta dor

Detém as horas relógio
pois minha vida se apaga
Ela é a luz que ilumina meu ser,
sem seu amor não sou nada

Detém o tempo eu te peço
Faz esta noite perpétua
Pra que meu bem não se afaste de mim
Para que não amanheça.

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 8 de março de 2017

Os compositores do Brasil - 95

Com a Portela vencendo o último desfile do Rio de Janeiro, me veio à mente a figura de um grande Portelense e também renomado compositor do samba nacional, o senhor Hildemar Diniz, mais conhecido como Monarco. Natural do Rio de Janeiro, conviveu com os bambas da Portela, sendo facilmente associado à Escola campeã.

Já trabalhou ou teve grandes nomes interpretando seus sucessos como é o caso de Zeca Pagodinho, Maria Rita, Paulinho da Viola, João Nogueira, Martinho da Vila, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, Marisa Monte, Leci Brandão, entre tantos.

Nome associado à Velha Guarda da Portela, com quem se apresenta, Monarco é dono de grandes sucessos como Coração em desalinho, Falsa alegria, Lenço, Amor de malandro, Serei seu ioiô, Tudo menos amor, Vai vadiar, entre tantas, deste nobre ser do samba nacional.

Um forte abraço a todos!

domingo, 5 de março de 2017

♫Grilos♫

Atualmente curto bastante o repertório do Erasmo Carlos. Na verdade, acabo descobrindo muita coisa que não conhecia do tremendão, como é o caso desta canção que só conheci quando Erasmo lançou Meus lados b. Ainda da fase áurea da dupla e gravada por outros nomes como Marina Machado, em dueto com Samuel Rosa, tenho aqui uma agradável surpresa.

A letra de Grilos fala de uma discussão entre duas pessoas, onde alguém garante que para resolverem seus problemas basta deixar a poeira baixar, descansar um pouco, baixar a tensão e se convencer que, esquecidos tais grilos e amanhecendo com sua companhia, as coisas vão se resolver. Que coisa tão comum onde a tensão chega a níveis altos e que, de repente, pouco a pouco, a solução vai pintando, não é mesmo?

Grilos
Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Se você passar daquela porta
Você vai ver como é que são as coisas
Como é que estão as coisas

Sei que o mundo pesa muitos quilos
Não me leve a mal se eu lhe pedir
Para cortar os grilos
Pra guardar os grilos
Pra cortar os grilos
Pra guardar os grilos

Aí, então, você vai se convencer
Que se o mundo pesa
Não vai ser de reza
Que você vai viver

Descanse um pouco
E amanheça aqui comigo
Sou seu amigo, você vai ver
Sou seu amigo, você vai ver

Um forte abraço a todos!

domingo, 26 de fevereiro de 2017

♫Vai passar♫

E neste domingo de carnaval chegamos com um samba moderno, dos mais geniais, do Sr. Chico Buarque, em parceria com o Sr. Francis Hime, lá de 1984, Vai passar. Tão atual quanto a situação caótica que o país passa e parece que o tempo mesmo é que não passou porque a letra se identifica exatamente com os tempos atuais, mesmo citando acontecimentos da época da ditadura.

Como um desfile de escola de samba, Vai passar cita passagens da história do país num enredo não muito luxuoso, mas autêntico. São citadas coisas grandiosas como grandes sambas, ancestrais, uma pátria adormecida, o exílio, a volta, o carnaval. Saudando o fim da ditadura e a esperança que pairava naquele tempo, sinto que hoje precisamos de uma renovação nessa esperança. Precisamos beber deste sentimento que saudou um novo tempo que parece que ainda não chegou. Hoje, se nosso país entrasse na avenida, com toda essa politicagem e o povo sendo enganando, a bateria não seria tão afinada, o enredo seria triste e nosso carnaval acabaria antes da quarta de cinzas.

Vai passar
Chico Buarque e Francis Hime

Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais

Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações

Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais

E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval

(Vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do bulevar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Vamos abrir a roda...

Uma das pioneiras da axé music chama-se Sarajane de Mendonça Tude, conhecida apenas como Sarajane. Natural de Salvador/BA, foi descoberta por Chacrinha que a viu cantar no interior da Bahia, despontando nacionalmente em 1986 com o sucesso A roda.

Emplacou outros sucessos como Ela sabe mexer, Venha me amar, Vale, entre outras. Foi responsável pelo lançamento de outras musas como Margareth Menezes e é creditada a ela o estouro que o axé obteve no final dos anos 80, tornando-se uma febre dos anos 90 em diante.

Continua fazendo shows, embora não muito presente nessa mídia meio injusta. Chegou a implicar com seu grande sucesso, A roda, de tanto pedirem pra cantar, mas  nunca deixa de cantar a canção que fez sem levar muito a sério e tornou-se sua referência e também deste ritmo baiano.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de fevereiro de 2017

♫Volta por cima♫

Este samba já foi gravado por nomes como Jorge Aragão e Maria Bethânia. Mais recentemente ouvi na voz de Beth Carvalho, mas penso que a voz que o imortalizou foi a de Noite Ilustrada. Clássico do repertório do compositor Paulo Vanzolini, ultrapassa os limites de apenas uma canção de amor sofrido.

Sua letra, sobretudo no trecho "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima" garante toda essa imortalidade, pois foi canção que originou ditado que crava na alma deste povo brasileiro que tem samba e garra pulsando onde esta canção e este trecho brota, no coração do país tupiniquim.

Volta por cima
Paulo Vanzolini

Chorei, não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim, não precisava

Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava

Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão

Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

CD O melhor de Alceu Valença

Alceu Valença é uma boa pedida, sobretudo nesta época carnavalesca. Um bom álbum a se curtir é esta coletânea, que reúne alguns de seus valiosos sucessos. Estão aqui alguns que não podem faltar em seus shows como é o caso de Anunciação, Tropicana, Coração bobo, Como dois animais, Pelas ruas que andei e Solidão.

Coletânea lançada em 1999, trouxe também algumas outras canções menos conhecidas de seu repertório como Na primeira manhã, Cavalo de pau, Cambalhotas, Rouge Carmin, Guerreiro, Dia branco e Cabelo no pente, além de Vem morena, do repertório de Gonzaga. Senti falta de outros sucessos dele como La belle de jour ou Girassol, mas isso é típico de coletâneas.

Também poderiam ter explorado algum dos tantos sucessos de Alceu tocados por esta época como Diabo louro, Me segura se não eu caio, Bicho maluco beleza, Roda e avisa, dentre tantas, mas pra quem curte um bom som deste grande pernambucano, tá aqui uma boa pedida.

Um forte abraço a todos!