sábado, 9 de agosto de 2008

Fica comigo essa noite...

Um dos melhores discos da Simone foi lançado em 2000, sob o título de Fica comigo essa noite, faixa de abertura e sucesso composto e eternizado por Nelson Gonçalves. Com produção de Max Pierre e Antônio "Moogie" Canázio, arranjos de Julinho Teixeira e a participação de músicos como João Bosco e César Camargo Mariano, o disco mescla boleros, frevos e músicas pop, caracterizando mais um grandioso trabalho de uma das cantoras mais ecléticas do país!

A segunda faixa traz uma interpretação fantástica para Desenho de giz, que traz seu autor, João Bosco, em discretos arranjos vocais. Sentimental demais e Que queres tu de mim nos remetem aos melhores boleros de Altemar Dutra, de quem Simone já visitou o repertório no passado regravando Brigas, em dueto com Julio Iglesias.

O repertório do Chico Buarque foi revisitado em Cadê você, uma parceria com João Donato e arranjo e interpretação suaves da eterna cigarra; também encontramos outro dueto de composição do Chico, agora com o Vinícius Cantuária em Ludo real, também presente nesse disco. Simone viaja mais distante no tempo e resgata a obra de Lupicínio Rodrigues no clássico Nervos de Aço.

Composições mais contemporâneas podem ser ouvidas a partir da faixa 8, com Anunciação, clássico da obra do Alceu Valença, numa versão à Simone, mas sem perder o ritmo do frevo pernambucano. Na mesma cadência, segue a canção Boi de Haxixe de outro nordestino, Zeca Baleiro, que também compôs para Simone a canção carro-chefe do disco e que tocou durante vários meses nas rádios: Lenha. Outro grande compositor e ilustre pernambucano encerra o projeto: Lenine empresta seu clássico Paciência para a cigarra encerrar seu cd com chave de ouro.

Os projetos da Simone conseguem reunir grandes músicos, compositores e convidados, além é claro do talento inquestionável de uma das melhores intérpretes do país! Recentemente, afirmou que, em épocas de pirataria, o que guia o artista é mesmo o show! Torcemos para que em breve, possamos ser presenteados com outros projetos como esse que nos levam a ter vontade de ficar ouvindo Simone não apenas essa noite, mas sempre que desejarmos ouvir uma boa música com uma produção que beira a perfeição!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Estou na vida que pedi a Deus...

No mês de junho, em virtude das tradicionais festas juninas, divulguei alguns dos artistas mais conhecidos no Nordeste, por sempre cantarem o forró, autêntica herança de Luiz Gonzaga. Hoje destaco mais um que desde a década de 80, brilha nos palcos nordestinos e nacionais: Jorge Assis de Assunção ou, como é conhecido, Jorge de Altinho.

Nascido em Olinda, mudou-se logo cedo para Altinho, interior de Pernambuco, a 30 Km de Caruaru. E isso é um fato curioso porque muitos acham que Jorge é natural de Altinho. Ainda nos tempos de escola, apreciava a jovem guarda e cantou para seus colegas a canção Menina linda do Renato e seus blue caps. Foi seu primeiro aplauso. No início dos anos 70 formou um grupo musical chamado The big boys, com influências da jovem guarda. Mas, as influências de Caruaru e do Sertão pernambucano, com seus violeiros e sanfoneiros foram mais fortes e jorge foi guiado a outras praias, a do forró começando a cantar suas raízes. Daí surgem as primeiras composições e a afinindade com o Trio Nordestisno, que gravou suas primeiras composições e a mais famosa delas: Petrolina-Juazeiro, também gravada por Elba, Geraldo e Alceu!

Seu primeiro disco sai em 1980 e traz algumas inovações ao ritmo adotado: Ao autêntico forró-pé-de serra é acrescentado metais de orquestras (Sax, Píston e o Trombone), além de instrumentos mais comuns como guitarra e baixo, criando uma sonoridade típica do Jorge, sobretudo nas introduções com metais. Seu grande sucesso se deu com o segundo álbum onde aparece de chapéu e um fato curioso também aconteceu: O disco foi prensado em uma fábrica e a capa em outra, então as pessoas compraram o disco e depois foram buscar a capa! Engraçado é que esse foi o primeiro disco a ser vendido sem capa, coisas curiosas do Brasil!

Jorge conquistou o respeito de todos os nordestinos, além de figuras ilustres como Chacrinha (de quem participou de diversos programas), Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Alcione, Fagner, Zé Ramalho e muitos outros que já participaram de seus discos. Sucessos como Anjo querubim, Confidências, Devagar, Foi bom te amar, Menino de rua, Meu ex-amor, Petrolina-Juazeiro, Quero teu amor, Sou feliz, Vivência, Amor sincero e tantos outros mostram que Jorge não é só de Olinda, Altinho ou do Nordeste Brasileiro, mas é do mundo todo!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Que tolice nós dois brigarmos tanto assim...

Altemar Dutra de Oliveira é mais uma grande voz inesquecível que esse país orgulha-se de ter! Ganhou a América Latina com seu talento e carisma emprestados a interpretações marcantes para boleros e samba-canções. Firmou-se como grande seresteiro por sua voz alta e grave. Oriundo da época do rádio, adquiriu também o título de rei do bolero ao interpretar clássicos desse ritmo e grandes compositores, sobretudo Evaldo Gouveia e Jair Amorim, de quem recebeu seu maior sucesso: Brigas! O próprio Altemar afirmou que gostaria de ser lembrado por essa interpretação! Além dessa, outras dos mesmos compositores foram sucesso ainda na década de 60 como Que queres tu de mim, O trovador, Sentimental demais e Somos iguais.

Sua afinidade com o bolero o levou a gravar um disco com Lucho Gatica, grande nome desse estilo na América Latina dos anos 60! Outros sucessos de sua carreira foram Alguém me disse, As flores do jardim de nossa casa, As rosas não falam, Balada triste, Cabecinha no ombro, Carinhoso, Contigo aprendi, Copacabana, Eu disse adeus, Eu sei que vou te amar, Eu sonhei que tu estavas tão linda, Gente humilde, Jura-me, La barca, Meu velho, Não se esqueça de mim, Oferenda, Perfídia, Que será, Ternura antiga, entre outros.

Altemar nos deixou em 1983 e será sempre lembrado, não apenas por Brigas, seu grande sucesso regravado por tantos outros nomes, dentre eles Fagner, Simone, Julio Iglesias, Adilson Ramos, etc. ou por Meu velho, sempre executado no dia dos Pais, mas, por sua inconfundível voz e repertório de eterno seresteiro apaixonado, divulgado atualmente por seu filho Altemar Dutra Jr.!

Um forte abraço a todos!

domingo, 3 de agosto de 2008

Djavan Novelas

Algumas pessoas criticam porque geralmente tô indicando discos ao vivo ou coletâneas e, quando mais raro, algum disco de carreira dos artistas brasileiros! Como todos, também tenho minhas preferências e infelizmente ou felizmente não possuo, nem conheço toda a obra de todos que menciono aqui! Mas, os meus preferidos estão em mais detalhes discográficos! É o caso do Roberto Carlos, Fagner, Maria Bethânia, Marisa Monte, Gal Costa, Chico Buarque, etc. A importância das coletâneas está no fato que podemos ter grandes clássicos da obra dos artistas em um só disco ou em dois, talvez! E pra quem aprecia determinados artistas, mas não a ponto de adquirir sua coleção, que em épocas de pirataria tá cada vez mais difícil, resta mesmo buscar as melhores coletâneas que ainda podemos encontrar!

Alguns artistas emprestam suas canções para trilhas de novelas como já foi comentado no post Trilhas sonoras de novelas do dia 05/03/2008 (é só procurar nos arquivos do mês de março). Existem aqueles mais presentes em trilhas e poderiam reunir em um só projeto todas essas canções que tocaram em alguma cena de novela. É o caso por exemplo de Rita Lee, Roupa Nova, Gal Costa, Caetano Veloso, Fagner, Ivan Lins e Djavan, de quem vamos abordar com mais detalhes hoje.

O cd Djavan novelas foi lançado pela Som livre em 2001 e foi record de vendas para o artista! Com um encarte que trouxe além das letras e fotos, um texto do jornalista Antônio Carlos Miguel traçando um paralelo entre as canções e as novelas em que figuraram. Correnteza abre o cd e nos remete ao clássico de Jobim, na novela O rei do gado, sob a voz do alagoano mais amado do país! Linha do equador traz uma parceria fascinante entre Djavan e Caetano, lucro para a novela O mapa da mina. Nem um dia aparece para relembrarmos Por amor. Alegre menina de Jorge Amado e Dori Caymmi figurou na novela Gabriela e consagrou a atriz Sônia Braga.

Oceano tornou-se clássico da música brasileira, da obra do Djavan e também das novelas, aparecendo em Top model. A lindíssima Outuno também brilhou em Pedra sobre pedra. Fato curioso aconteceu com Meu bem querer que foi sucesso em três novelas: A indomada, Meu bem querer e Coração a lado, constando nessa coletânea a gravação original. Mal de mim veio na minissérie O sorriso do lagarto. O clássico de Chaplin (Smille) foi interpretado na novela Pacto de Sangue, com a versão de Braguinha (Sorri). Dou ou não dou nos relembra Mandala. Cigano se tornou inesquecível na novela Rainha da sucata. Um iniciante Djavan já figurava em novelas com Qual é? em Os ossos do Barão de 1974.

Ao contrário das críticas, coletâneas como essas enriquecem a obra do autor e dos fãs, como podemos observar nas faixas É hora, da novela O astro e Rei do mar, da novela Cuca legal, que nunca figuraram em discos oficiais do cantor! E para quem é fã do Djavan ou de trilhas sonoras e gosta de ouvir esse grande músico, tá aqui uma coletânea de qualidade, preço acessível e indispensável em uma boa coleção!

Um forte abraço a todos!

sábado, 2 de agosto de 2008

Quero uma rede preguiçosa pra deitar...

Maria Albuquerque Miranda ou simplesmente Roberta Miranda como conhecemos, é uma das cantoras e compositoras mais populares e que mais vendeu discos nesse país, só perdendo para Maria Bethânia e Xuxa (que tem um público infantil forte). Natural de Tambaú na Paraíba, Roberta faz o gênero romântico-sertanejo sempre presente nas rádios com seus sucessos.

Um fato curioso é que antes de ser artista, já morando em São Miguel Paulista/SP, frequentava a casa de Hermeto Pascoal, com quem aprendia bastante. Aos 16 anos já cantava nos bares e abria shows de Fafá de Belém, por exemplo. Até que um dia mostrou uma das suas 400 canções compostas à uma gravadora que gostou e gravarou na voz de um de seus contratados, que foi o estouro de Roberta, porque Jair Rodrigues vendeu um milhão de discos com A majestade o sabiá, que abriu as portas para o primeiro disco em 1986, que trazia a faixa São tantas coisas.

E Roberta cresce como intérprete e artista, lançando e vendendo bastante discos e tendo seus shows dirigido por nomes como Ronaldo Bôscoli e Walter Lacet, além de adquirir o título de Rainha da canção sertaneja. E os corações apaixonados desse país se aquecem com sucessos como A mulher em mim, Às vezes tu às vezes eu, Atração fatal, Cabecinha no ombro, Cadê você, De igual pra igual, De tanto amor, Eu te amo te amo te amo, Eu acho que estou perdendo você, Foi Deus, Lembranças, Luar do Sertão, Meu dengo, Nem às paredes confesso, Outra vez, Sempre mais, Sol da minha vida, Um dia de domingo, Vamos falar de nós, entre outros. Já gravou com artistas como Fagner, José Augusto e Maria Bethânia.

Roberta Miranda tem um público forte e segue um gênero muitas vezes discriminado por alguns! Mas, alheia a tudo isso, segue gravando e vendendo seus discos e sobretudo encantando seu público que cada vez mais a ama e deseja uma rede preguiçosa para poder ouvir suas gravações e apreciar seu valioso trabalho!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

E se os pagantes exigirem bis...

Eduardo de Góis Lobo, ou simplesmente Edu Lobo é mais um grande nome da música brasileira. Pernambucano, filho do compositor Fernando Lobo, começou tocando acordeão e depois migrou para o violão. Apesar de mudar-se para o Rio, sempre passava férias escolares em Recife, acolhendo as influências das duas capitais.

Cursou Direito e já no início dos anos 60 frequentava o famoso Beco das Garrafas assistindo aos shows de João Gilberto, onde também conheceu Vinícius e compôs sua primeira letra - Só me fez bem. Vinícius também escreveu na contra-capa de seu primeiro compacto com composições só suas em ritmo de Bossa Nova. Com o passar do tempo adotou uma postura mais político-social, sobretudo durante o regime militar como podemos observar em composições como Canção da terra, Reza e Aleluia. Paralelo, participava dos Festivais, vencendo em 1965 com Arrastão (dele e de Vinícius) e em 1967, com Ponteio ( com Capinam). Elis imortalizou Arrastão e também Upa neguinho.

Edu também tem uma parceria marcante com Chico Buarque, com quem compôs vários clássicos da música brasileira como Beatriz, A bela e a fera, A moça do sonho, Bancarrota Blues, Choro bandido, Ode aos ratos, Sobre todas as coisas, Valsa brasileira, entre outras, além de várias trilhas para peças teatrais, se tornando por excelência um dos maiores nomes da música brasileira nesse ramo.

Edu sempre afirmou que uma de suas maiores influências foi o Tom Jobim, que fez um belíssimo arranjo para Choro bandido. Já foi regravado por diversos intérpretes como Simone, Milton Nascimento, Gal Costa, Gilberto Gil, Zizi Possi, Martinho da Vila, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Maria Bethânia, entre outros. Ficamos com a letra de Beatriz, uma das mais difícies em termos de interpretação e que o Milton Nascimento a deixou definitiva em sua leitura:

Beatriz
(Edu Lobo e Chico Buarque)

Olha Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Noites tropicais

Música é um assunto que fascina a muitas pessoas! Na realidade é uma das paixões do ser humano desde muitos séculos. Há quem defina a canção como seu criador! A música é a forma sonora divina!

A nossa literatura, a meu ver deixa a desejar nesse tema! O assunto Música do brasileira é algo bastante vasto, apaixonante e instigantes. Alguns dos nossos principais artistas já contam com biografias, mas é um número pouco expressivo. Sem falar que alguns também enveredam pelo lado da arte e escrevem livros, muitas vezes com outros temas que fogem à canção ou estão totalmente atrelados a ela! É o caso do Chico Buarque e do Caetano Veloso, por exemplo que escreveram entre outros Tantas palavras e Verdade tropical, respectivamente.

Um dos principais nomes nesse contexto é o Nelson Motta. Recentemente lançou uma biografia do Tim Maia, de quem era amigo e participou de muitas passagens em sua vida! E um de seus livros favoritos é o Noites Tropicais, lançado em 2000, que reune grandes nomes e passagens do nosso cenário musical desde a década de 60 até dias atuais. Nesse livro, Nelson, que também é compositor, vide Como uma onda, De repente Califórnia e Sereia com Lulu Santos, aborda passagens particulares de sua vida e de muitos astros, como a época dos festivais, seu encontro com João Gilberto e com Chico Buarque, sua relação com Elis Regina e Marisa Monte, o show emoções do rei Roberto em Cachoeiro, seus shows com o Tim, as Frenéticas, Bossa Nova, Jovem Guarda, Tropicália, Novos Baianos, etc.

E vamos torcer para que mais e mais críticos, escritores e cultos resolvam enriquecer ainda mais nossa biografia musical como vez por outra faz o Nelson Motta como nessa obra prima citada!

Um forte abraço a todos!

domingo, 27 de julho de 2008

O negócio é amar...

Em ano de comemoração pelos 50 anos da Bossa Nova, esse ritmo brasileiro tão famoso no mundo todo, nada como homenagear mais um de seus precursores: Carlos Eduardo Lyra Barbosa, ou simplesmente Carlinhos Lyra. Carioca, cantor, compositor e violonista, Carlinhos tem uma obra fascinante e seu nome é facilmente atrelado à Bossa Nova. Fazia parte da turma que frequentava o apartamento da Nara Leão, juntamente com Roberto Menescal, Edu Lobo, Ronaldo Bôscoli, entre outros.

Desde pequeno compunha, cantava e tocava em festinhas e a partir de 1954 começou a participar dos festivais, tendo sua primeira canção gravada em disco por Silvinha Teles em 1955, a canção Menina. Sua carreira se firmou após João Gilberto gravar seu Lp Chega de Saudade em 1959, que continha três composições suas: Maria ninguém, Lobo bobo e Saudade fez um samba. Nesse mesmo ano gravou seu primeiro disco intitulado de Bossa Nova.

São muitas canções imortalizadas por grandes intépretes como João Gilberto, Nelson Gonçalves, Julio Iglesias, Fábio Jr., Fagner, Gal Costa, Fafá de Belém, entre tantos que já gravaram canções suas como Maria Ninguém, O barquinho, O negócio é amar, Minha namorada, Coisa mais linda, etc.

E entre peças teatrais, songbook e shows, Carlinhos Lyra segue apresentando sua musicalidade presente em parcerias com Vinícius de Moraes, por exemplo, onde em seus shows conta a história da canção Minha namorada, quando o poeta chegou com a letra para essa canção já pronta e quando começou a tocar na música que tinha mostrado, havia uma incoerência. Detalhe: a letra era de Garota de Ipanema, que o Vinícius logo retrucou: "Não, essa daí fiz para o Tonzinho, essa é aqui é a sua". E surgiu mais um clássico da nossa música.

A letra com a qual ficaremos hoje foi escrita por Dolores Duran e musicada anos depois, em 1983 por Carlinhos e imortalizada pelo dueto Nelson Gonçalves e Fafá de Belém:

O negócio é amar
(Carlinhos Lyra e Dolores Duran)

Tem gente que ama, que vive brigando
E depois que briga acaba voltando
Tem gente que canta porque está amando
Quem não tem amor leva a vida esperando

Uns amam pra frente, e nunca se esquecem
Mas são tão pouquinhos que nem aparecem
Tem uns que são fracos, que dão pra beber
Outros fazem samba e adoram sofrer

Tem apaixonado que faz serenata
Tem amor de raça e amor vira-lata
Amor com champagne, amor com cachaça
Amor nos iates, nos bancos de praça

Tem homem que briga pela bem-amada
Tem mulher maluca que atura porrada
Tem quem ama tanto que até enlouquece
Tem quem dê a vida por quem não merece

Amores à vista, amores à prazo
Amor ciumento que só cria caso
Tem gente que jura que não volta mais
Mas jura sabendo que não é capaz

Tem gente que escreve até poesia
E rima saudade com hipocrisia
Tem assunto à bessa pra gente falar
Mas não interessam o negócio é amar

Um forte abraço a todos!

sábado, 26 de julho de 2008

Tim Maia pra sempre ao vivo

Graças a Deus decidiram reeditar esse presente para os fãs do eterno síndico. O dvd que traz o Tim Maia no show de virada de ano em 1997, (ele foi viu?) é um registro fiel de um dos últimos shows apresentados pelo Tim para nós, para sempre!

Gravado no antigo Metropolitan, no Rio de Janeiro, o show traz os grandes clássicos da carreira do Tim, imprescindíveis em qualquer show seu, juntamente com a afinadíssima banda Vitória-régia que o acompanhava em suas apresentações. O show começa com Telefone para em seguida a platéia se debruçar em Primavera e Azul da cor do mar, canções mais tocantes de seu repertório. O balanço Tim vem no medley Meu país-Chocolate-Não quero dinheiro.

Em seguida apresenta uma canção falando de família, com um breve discurso introdutório para Essa tal felicidade.E o swing volta com Vale tudo, Se me levam eu vou e Gostava tanto de você, levantando a platéia. É nesse ritmo que o show desfila seus clássicos Você, Como uma onda e a fossa Me dê motivo, com direito a declamações dor-de-cotovelo, mas com o humor Tim Maia. E mais swing em A festa do Santo Reis, Você e eu eu e você e Do leme ao Pontal que não deixam ninguém parado.

O show é intercalado com depoimentos rápidos do Tim. Paixão antiga é declarada aos apaixonados e o show se encerra com Sossego e Não quero dinheiro, agora completa. Tim regressa ao palco pra mandar ver em Um dia de domingo e Vale tudo, novamente.

É um show para matar as saudades do Tim e de seus eternos clássicos! Um artista e um balanço ímpar na música brasileira registrado em um dvd que faz parte de todo bom colecionador que admira o eterno síndico da música brasileira!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Os compositores do Brasil - 5

A série Os compositores do Brasil traz hoje uma artista que já vendeu milhões de discos, porém, poucos a conhecem, pela nossa má divulgação em relação aos nossos primorosos compositores. Trata-se de Isolda Bourdot, ou simplesmente Isolda, que começou compondo com seu irmão Milton Carlos, quando desde criança brincavam de compor canções para seus teatros de bonecos.

Após participar de alguns festivais, Milton gravou seu primeiro disco, o que abriu as portas para a dupla de compositores. Os dois também trabalhavam em estúdio fazendo vocal e foi numa dessas oportunidades que enviaram uma canção, via Eduardo Araújo para o rei Roberto Carlos. Amigos, amigos foi gravado em 1973 pelo rei e foi essa a mola mestra para a carreira de composição de Isolda. E seguiu compondo com o irmão até o trágico acidente que o levou ao andar de cima em 1976. Isolda continuou compondo sozinha ou com alguns parceiros como Eduardo Dusek e Joanna. E foi compondo sozinha que fez o seu maior sucesso, imortalizada também pelo rei da música brasileira - Outra vez, já regravada por diversos outros intérpretes da música nacional e até internacional como Peppino di Capri e Ray Conniff.

E já foram muitos sucessos gravados pelo rei e por grandes nomes da música brasileira como Alcione, Simone, Roberta Miranda, Maria Bethânia, Ângela Maria, Agnaldo Rayol, Emílio Santiago, Nelson Gonçalves, Chitãozinho e Xororó, Sérgio Reis, entre tantos que já divulgaram sucessos como Amigos amigos, Jogo de Damas, Elas por elas, Depois de você, Um jeito estúpido de te amar, Outra vez, Tente esquecer, Como é possível, De coração pra coração, Pelo avesso, Pior é que eu gosto, Você precisa saber das coisas, etc.

Ficamos com a letra de Pior é que eu gosto, mais uma grande criação imortalizada por Alcione e o registro dessa singela homenagem a essa grande compositora, grande artista que o Brasil não esquece de repetir seus versos de forma apaixonada "Outra vez":

Pior é que eu gosto
(Isolda)

De repente é mais uma vez
Que voce me procura eu nem acredito
Esse tipo de amor qualquer dia
Me leva à loucura eu já não duvido

Eu não sei se o que eu fiz
Foi pior do que você me fez
As palavras doeram tão fundo
Que eu disse prá mim é a ultima vez

Mas teu corpo, teu cheiro, teu gosto
Tem qualquer mistério que mexe comigo
Você chega me pega de um jeito
Me tira do sério parece um castigo

Hoje eu digo que não volto mais
E amanhã ou depois eu aposto
Se eu não te procurar, você vem me buscar
E o pior é que eu gosto

Não dá, você não vai mudar
E se eu me aborreço não sei segurar
Sei lá, se é voce ou sou eu
Só que um sem o outro não pode ficar

Hoje eu digo que não volto mais
E amanhã ou depois eu aposto
Se eu não te procurar, você vem me buscar
E o pior é que eu gosto

Um forte abraço a todos!