domingo, 27 de julho de 2008

O negócio é amar...

Em ano de comemoração pelos 50 anos da Bossa Nova, esse ritmo brasileiro tão famoso no mundo todo, nada como homenagear mais um de seus precursores: Carlos Eduardo Lyra Barbosa, ou simplesmente Carlinhos Lyra. Carioca, cantor, compositor e violonista, Carlinhos tem uma obra fascinante e seu nome é facilmente atrelado à Bossa Nova. Fazia parte da turma que frequentava o apartamento da Nara Leão, juntamente com Roberto Menescal, Edu Lobo, Ronaldo Bôscoli, entre outros.

Desde pequeno compunha, cantava e tocava em festinhas e a partir de 1954 começou a participar dos festivais, tendo sua primeira canção gravada em disco por Silvinha Teles em 1955, a canção Menina. Sua carreira se firmou após João Gilberto gravar seu Lp Chega de Saudade em 1959, que continha três composições suas: Maria ninguém, Lobo bobo e Saudade fez um samba. Nesse mesmo ano gravou seu primeiro disco intitulado de Bossa Nova.

São muitas canções imortalizadas por grandes intépretes como João Gilberto, Nelson Gonçalves, Julio Iglesias, Fábio Jr., Fagner, Gal Costa, Fafá de Belém, entre tantos que já gravaram canções suas como Maria Ninguém, O barquinho, O negócio é amar, Minha namorada, Coisa mais linda, etc.

E entre peças teatrais, songbook e shows, Carlinhos Lyra segue apresentando sua musicalidade presente em parcerias com Vinícius de Moraes, por exemplo, onde em seus shows conta a história da canção Minha namorada, quando o poeta chegou com a letra para essa canção já pronta e quando começou a tocar na música que tinha mostrado, havia uma incoerência. Detalhe: a letra era de Garota de Ipanema, que o Vinícius logo retrucou: "Não, essa daí fiz para o Tonzinho, essa é aqui é a sua". E surgiu mais um clássico da nossa música.

A letra com a qual ficaremos hoje foi escrita por Dolores Duran e musicada anos depois, em 1983 por Carlinhos e imortalizada pelo dueto Nelson Gonçalves e Fafá de Belém:

O negócio é amar
(Carlinhos Lyra e Dolores Duran)

Tem gente que ama, que vive brigando
E depois que briga acaba voltando
Tem gente que canta porque está amando
Quem não tem amor leva a vida esperando

Uns amam pra frente, e nunca se esquecem
Mas são tão pouquinhos que nem aparecem
Tem uns que são fracos, que dão pra beber
Outros fazem samba e adoram sofrer

Tem apaixonado que faz serenata
Tem amor de raça e amor vira-lata
Amor com champagne, amor com cachaça
Amor nos iates, nos bancos de praça

Tem homem que briga pela bem-amada
Tem mulher maluca que atura porrada
Tem quem ama tanto que até enlouquece
Tem quem dê a vida por quem não merece

Amores à vista, amores à prazo
Amor ciumento que só cria caso
Tem gente que jura que não volta mais
Mas jura sabendo que não é capaz

Tem gente que escreve até poesia
E rima saudade com hipocrisia
Tem assunto à bessa pra gente falar
Mas não interessam o negócio é amar

Um forte abraço a todos!

4 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Veja que mais uma vez passo a conhecer o autor de várias músicas que considero bonitas, mas cujo trabalho e influências eu desconhecia por completo...
Achei o texto muito esclarecedor.

Beijos

Anônimo disse...

Tudo bem? Sou estudante coreana(minhas especialidades são lingüística e matemática, peço desculpa pelo meu mau português) e muito interessada no Brasil. Venho estudando português há dois meses. Ouvi a canção "O negócio é amar" (cantada por Aline Muniz) na Rádio Câmara na semana passada. Achei-a linda e impressionante. Passo traduzir este artigo para coreano e apresentar-lo no meu blog? Gostei do seu. Vou visitar com com frequência. Passe bem!
Em Seul, Meidi.

RenatoLima disse...

bem...esqueceram simplesmente de informar que Carlos Lyra teve como professor Aníbal Augusto Sardinha"Garôto", o gênio das cordas e precursor da bossa nova. Até hoje, 17/08/2016, seu violão continua moderno e sem equivalências.