terça-feira, 8 de maio de 2012

A primeira vez que te encontrei...

Imagine um cara com mais de 90 anos, cerca de 350 78 Rpm, 38 Lp´s lançados, mais de 70 anos de carreira, ídolo do criterioso João Gilberto e ainda respeitado pelas novas gerações de samba e tido como príncipe desse gênero. Esse cara existe e ainda está ativo. Seu nome Roberto Napoleão Silva, ou simplesmente Roberto Silva, natural do Rio de Janeiro/RJ.

Pois é, embora desconhecido de muitos, desde 1938 que esse cara construiu sua carreira que continua perpetuada nos dias atuais com sucessos como Gosto que me enrosco, A primeira vez, Normélia, Juracy, Falsa baiana, Ai que saudades da Amélia, Se acaso você chegasse, Rosa, Da cor do pecado, Tristeza, Vagabundo, etc.

Enfim, nesse país de grandes cantores, de grandes sambistas, o país do samba guarda nos recantos mais nobres desse ritmo, nomes como o de Roberto Silva unido aos de tantos outros já citados aqui como Zé Ketti, Jamelão, Martinho, Zeca, Jorge, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, João Nogueira, Cartola, Paulinho, Ataulfo, Ary, Dunga, Noel, Bezerra, Agepê, Arlindo, Almir, e outros que devo ter esquecido, mas que habitam o lado nobre do samba brasileiro!

Um forte abraço a todos!


domingo, 6 de maio de 2012

Os Intérpretes do Brasil - 17

Primeiro domingo de maio e a série Os Intérpretes volta com nada mais, nada menos que Joanna, uma das melhores intérpretes desse país e que o digam grandes compositores como Milton, Roberto, Chico, Caetano, Sullivan e Massadas, Isolda e tantos outros que têm nela uma das mais constantes parceiras no ramo da interpretação.

E, como o espírito dessa postagem é destacar três (no caso dela, é difícil) grandes interpretações, começo com Um sonho a dois,  (que você pode conferir a Letra de Um sonho a dois) gravada em dueto com Roupa Nova e com KLB, mais recentemente. É uma das mais românticas, daquelas que a gente pensa que foi Joanna quem compôs. Ainda na década de 80, Joanna também imortalizou outro clássico: Amanhã talvez, que também parece ter sido composta por seu próprio punho.

Mais recentemente, no  CD Samba canção gosto demais do medley Não quero ver você triste/De tanto amor, mas não apenas deste, mas todo o CD é maravilhoso e é mais um feito apenas de interpretações. Em seu mais recente CD, Joanna presta homenagem ao maior compositor católico desse país, Pe. Zezinho, comprovando que continua fazendo justiça a merecer postagens como esta, que ressalta também o lado intérprete dessa grande compositora e artista desse país!

Um forte abraço a todos!

sábado, 5 de maio de 2012

Samba da bênção

Um leitor me pediu para fazer uma análise crítica dessa canção. De prontidão, afirmei que não costumo fazer críticas, mas sim apontar a importância da canção para a música brasileira, sobretudo as sensações e emoções que a mesma me causou. E mais, fazer uma crítica a um clássico como este, de nosso eterno poeta Vinícius e do grande músico Baden é uma tarefa que afirmo humildemente que não tenho bagagem pra tanto.

Mas, Samba da bênção é essa belíssima poesia que podemos constatar com sua letra que eu só vim conhecer na interpretação da Bebel Gilberto, recentemente e adorei. É uma exaltação ao samba, à sua construção. É como se o autor desse a receita exata de como se fazer um samba que, mesmo com tristeza, traz consigo uma esperança de se tornar alegria, já que este ritmo é considerado o pai da alegria.

Gosto também das primeiras frases, um antídoto contra a ansiedade e que nos induz a sempre sermos alegres, positivos, como o samba é e proporciona ao coração! E finalmente, quando diz que o samba é branco na poesia e negro no coração, creio que quiseram apontar para as origens do ritmo,  que brota do coração afro-descendente, proporcionando um povo e uma cultura miscigenada. E tudo isso só ressalta o que foi dito acima: uma receita para quem quer começar a criar sambas, sobretudo as novas gerações, buscando sempre seriedade e profissionalismo nesse ofício.

Samba da bênção
(Baden Powell e Vinícius de Moraes)

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é melhor coisa que existe
É assim como a luz do coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba, não

Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste, não

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
E se hoje ele é grande na poesia
Ele é negro demais no coração

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Veio até mim quem deixou me olhar assim...

A música brasileira continua a nos apresentar novos nomes que, com certeza darão bons rumos a essa sempre melhor música do mundo. Um bom nome contemporâneo é o de Maria do Céu Witaker Poças ou simplesmente Céu, como é conhecida a cantora e compositora natual de São Paulo/SP.

Filha do maestro Edgard Poças, Céu traz música nas veias e começou cedo a se interessar por essa arte, lançando seu primeiro trabalho em 2005, alcançando bons resultados no Brasil e também no exterior. Entre alguns sucessos de seu repertório, temos Lenda, Malemolência, 10 contados, Cangote, Retrovisor, O ronco da cuíca, A flor e o espinho, Amor de antigos, Caiu na roda, Véu da noite, Chegar em mim, Cumadi, etc.

Quem já viu Céu se apresentar, seja ao vivo ou em programas de televisão reconhece em seu talento uma boa promessa para a música, sobretudo pela mescla de influências e ritmos que aprensenta, e talvez por isso já tenha conquistado um público fiel, cada vez maior, frente a seu bom trabalho apresentado.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Dia do trabalhador com música

O primeiro de maio é talvez um dos únicos feriados em que a maioria goza desse momento de descanso e reflexão, ou seja, apesar de ter gente hoje pegando no batente, creio que sejam poucos em comparação a outros feriados. Bom, feriado vem de férias e anda junto de descanso. Alguém já falou que esse país tem muitos feriados, mas com certeza esqueceu de pensar no esforço do povo, no quanto as pessoas trabalham e na qualidade dos trabalhos.

Ônibus lotado, calor, frio, chuva, trânsito difícil, jornada de trabalho elevada, salários baixos (sei que todos pensam assim, mas a maioria não apenas pensa, desfruta), pouco reconhecimento profissional, condição de trabalho questionável e precária, falta de lazer, enfim, tantas coisas que justificariam os feriados merecidos desse povo batalhador que não rima com preguiça.

São várias as canções que exaltam esse momento e já comentamos sobre isso antes (Clique aqui). Hoje, deixaremos você com essas e outras reflexões e com uma letra meio esquecida até pelos fãs de Roberto e Erasmo, de 1992. Essa canção chama-se Herói calado, pois assim é o povo brasileiro: o verdadeiro e único herói desse país. Sua letra aponta para essas e outras dificuldades que o trabalhador enfrenta e deixa mais que justificado o feriado de hoje e tantos outros que esse povo desfruta quando não sente que tem que trabalhar para complementar a renda, a vida!

Herói calado
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Ele acorda cedo demais
O dia nem clareou
Sai de casa aquele rapaz
Que nem bem dormiu já acordou

Vive preocupado, anda imprensado
Mal acomodado no trem
Pisa com cuidado pra não ser pisado
Vive com o pouco que tem

Mas quando o dia vem nascendo
Olha o céu e pede a Deus
Meu Deus, me ajuda a seguir

Quando abre a porta ele sai
Misturado na multidão
Que à luta com ele vai
Defender a vida e o pão

Pega no pesado, o corpo suado
Calo tem nas palmas das mãos
Esse herói calado, um abençoado

O nome dele é povão
Com o suor molhando o rosto
Olha o céu e pede a Deus
Meu Deus, me ajuda a seguir

Meu Deus,
Me ajuda a carregar essa cruz
Me mostra esse caminho de luz
Me pega pela mão, me conduz

O sol esquenta demais
O suor caindo no chão
No fim da tarde ele sai
Pouco tem no bolso e nas mãos

E volta imprensado e mal acomodado
E mais amarrotado no trem
Esse herói calado, um abençoado
Forte pela fé que ele tem

E chega em casa, olha os filhos e a mulher
E pede a Deus
Meu Deus, me ajuda a seguir

Meu Deus,
Me ajuda a carregar essa cruz
Me mostra esse caminho de luz
Me pega pela mão, me conduz

Um forte abraço a todos!

domingo, 29 de abril de 2012

Olhando as estrelas - 24

Eles são os senhores da Tropicália e mais que isso, fazem parte do grupo chamado gênios da música brasileira, afinal, nossa música deve muito ao talento e a história de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Muitas dessas histórias foram produzidas juntos em shows, canções, discos, viagens, no início e no decorrer de suas carreiras, no exílio que ambos sofreram, como Os Doces Bárbaros e nas carreiras solos que vez por outra, os trazem de volta a encontros memoráveis.

Só pra citar algumas canções compostas sob suas quatro mãos geniais, temos Batmacumba, Cinema novo, Divino maravilhoso, Lindonéia, No dia em que eu vim-me embora, Panis et circensis, Xangô menino, Eles, Haiti, Iansã, etc. Caetano também tem interpretações belíssimas para canções de Gil como Super-homem (a canção) e Drão.

As carreiras de Caetano e de Gil se encontram desde o início e sempre torcemos para que novos trabalhos, novas parcerias surjam, como foi o show de fim de anos que fizeram com a Ivete Sangalo. Eles dispensam qualquer outro comentário, compondo estrelas brasileiras da maior grandezas e quando se juntam, esse brilho se torna ainda mais evidente.

Um forte abraço a todos!

sábado, 28 de abril de 2012

A Vida do viajante

Esta é das mais lindas do repertório de Gonzaga. Diria até que se contarmos as dez mais, ela vai figurar em 90% das listas que seus fãs se arriscariam a fazer. Interpretada por outros nomes, cada um a sua maneira, como Fagner, José Augusto, Chico Buarque, Dominguinhos, Lenine entre outros, podemos dizer que estamos diante de um clássico do sertão do Brasil.

E parece que Luiz Gonzaga queria mesmo uma canção que pudesse deixar para a posteridade, que sua história, ao se confundir com a de tantos que se identificam com a canção, pudesse ser contada, sobretudo na melhor forma possível, destacando a alegria e a dificuldade de ser artista, mesmo com a chuva ou com o sol escaldante, com a saudade de casa e a felicidade de fazer amigos, a simplicidade da vida que Gonzaga tanto cantou pelo país! O personagem que é o artista, diferente de quem o interpreta, que apresenta sentimentos humanos como a saudade e o cansaço da caminhada, mas se vê orgulhoso disso tudo.

A vida do viajante
(Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil)

Minha vida é andar por esse país
Pra ver se um dia descanso feliz

Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei.

Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro
Mais uma estação...
E a saudade no coração

Mar e terra, inverno e verão
Mostro um sorriso, mostro alegria
Mas, eu mesmo não...
E a alegria no coração

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Os Músicos do Brasil - 31

Ele é uma lenda viva entre os músicos brasileiros e se ainda há dúvida que no Brasil temos grandes músicos, tá aqui um exemplo que deixa mais que provado essa afirmação: Altamiro Aquino Carrilho. Natural de Santo Antônio de Pádua/RJ, Altamiro é o mais famoso flautista transversal de nosso país e já gravou mais de cem discos, compôs cerca de duzentas canções e se apresentou em mais de quarenta países, difundindo o choro brasileiro.

Em seu currículo tem artista do naipe de Chico Buarque, Roberto Carlos, Pixinguinha, Moreira da Silva, Orlando Silva, Francisco Alves, Carlos Galhardo, Dalva de Oliveira, Dircinha Batista, Isaurinha Garcia, Elizeth Cardoso, entre outros que sempre o requisitavam, sobretudo por ser um dos poucos que sabia solar e acompanhar o artista.

Curioso, é que aos 87 anos, Altamiro ainda está ativo em seu ofício, como poucos. E esse amor começou cedo, já que aos cinco anos brincava com uma flauta de bambu e posteriormente tocava com a família até construir e solidificar seu nome entre os grandes músicos que este país tem a honra de dispor em sua história.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Os compositores do Brasil - 47

Quem acompanha Roberto Carlos, se depara em seus CD´s antigos e mais recentes, com vários compositores, alguns datados em décadas, como é o caso de Fued Jorge Jabur, que conhecemos por Fred Jorge. Natural de Tietê/SP, Fred aparece em vários sucessos do rei nos anos 70. Mas, também trabalhou para outros artistas da Jovem Guarda, fazendo versões e composições para eles.

No repertório do Roberto, temos dele A palavra adeus, Você já me esqueceu, Todos os meus rumos, Se eu partir, Não adianta nada, O dia-a-dia e Recordações e mais nada, que foi uma das poucas composições em que Roberto divide com um parceiro que não seja o Erasmo. Outros êxitos na voz de outros artistas foram Estúpido cupido, Diana, Banho de lua, A noiva, Espere um pouco, etc.

Do Blog Emoções RC
Entre outros intérpretes de seu repertório, temos Ângela Maria, Cauby Peixoto, Celly Campelo, Carlos Gonzaga, Pato fu, Agnaldo Timóteo, Altemar Dutra, etc. Fred partiu para a eternidade em 1994, mas suas canções estão aí para mostrar que um bom trabalho pode durar para sempre!

Um forte abraço a todos!

domingo, 22 de abril de 2012

CD e DVD Roberto Carlos em Jerusalém

Gravado no último dia 07/09, exibido em 10/09 e reapresentado em 25/12/2011, chegou às lojas nesse mês de abril, o novo projeto do rei Roberto Carlos. Resultado do grandioso show realizado em Jerusalém, lançado em CD e DVD e em breve em Blue ray, o repertório foca clássicos do rei, como Emoções, Além do horizonte, Detalhes (mesclado em português, italiano, espanhol e inglês), Como é grande o meu amor por você, Outra vez, Como vai você e Mulher pequena (em português e espanhol), Proposta, Lady Laura, É preciso saber viver (presente apenas no dvd) e Jesus Cristo.

A meu ver, os melhores momentos estão em algumas canções não muito comuns em seus shows, interpretando até outros compositores como nos clássicos Eu sei que vou te amar, Falando sério, Olha, Desabafo, O portão, Pensamentos, Eu quero apenas, A montanha, Ave maria, Unforgettable e Caruso. Outros momentos do show ficaram de fora do projeto como Eu te amo te amo te amo, além de Aquarela do Brasil, que é uma ausência mais lamentada por nunca ter entrado na discografia do Roberto.

O DVD tem apresentação de Glória Maria e traz imagens intercaladas de passagens do Roberto pela Terra Santa, mas não traz extras. A canção Jerusalém de Ouro é outra grande surpresa, onde o rei a interpreta em português e em hebraico, junto a um coral. Apesar de prometer há um bom tempo um CD com canções inéditas que ainda não veio, não podemos negar que este é um grande trabalho, dos maiores de sua majestade. E nele temos canções que são inéditas na voz do rei como Unforgettable e Caruso e alguns arranjos, como o de Pensamentos, deixam as canções com cara de novas, afinal, para os fãs do rei, as emoções são sempre novas, mesmo que não sejam totalmente inéditas.

Um forte abraço a todos!