terça-feira, 30 de junho de 2009

Dia do caminhoneiro

Hoje é dia dos caminhoneiros. Não tenho essa profissão, mas é algo muito marcante para mim: meu pai foi caminhoneiro e a primeira canção do Roberto que cantei foi justamente Caminhoneiro, gravada em 1984.

Lembro do rei cantando essa canção naquele especial que assisti na época por causa da Simone do Balão Mágico, de quem era fã. E depois dessa canção, nunca mais deixei de ser fã do Roberto e daí pra frente, todo mundo já sabe. Mas, é interessante pensar que um menino de quatro anos já cantava uma canção longa como aquela e lembrando das estradas, do pai, etc. Sonho ainda em dirigir um caminhão daqueles enormes!

A profissão de caminhoneiro é um paradoxo. De um lado, a saudade de casa, do outro, imagens e um caminho que parece não acabar, luzes à noite, poeira na estrada. Na foto (pescada no blog do Felipe Moura), Roberto no especial de 2004, repetindo a ideia de dirigir um caminhão. E é muito legal saber que tem canções para esses profissionais do asfalto, sobretudo por ser interpretada por um rei:

Caminhoneiro
(Roberto Carlos, Erasmo Carlos e John Hartford)

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Porque eu penso nela no caminho
Imagino seu carinho
E todo o bem que ela me faz

A saudade então aperta o peito
Ligo o rádio e dou um jeito
De espantar a solidão

Se é de dia eu ando mais veloz
E à noite todos os faróis
Iluminando a escuridão

Eu sei
Tô correndo ao encontro dela
Coração tá disparado, mas eu ando com cuidado
Não me arrisco na banguela

Eu sei
Todo dia nessa estrada
No volante eu penso nela
Já pintei no pára-choque
Um coração e o nome dela

Já rodei o meu país inteiro
Como um bom caminhoneiro
Peguei chuva e cerração

Quando chove o limpador desliza
Vai e vem no parabrisa
E bate igual, meu coração

Doido pelo doce do seu beijo
Olho cheio de desejo
Seu retrato no painel

É no acostamento dos seus braços
Que eu desligo meu cansaço
E me abasteço desse mel

Todo dia quando eu pego a estrada
Quase sempre é madrugada
E o meu amor aumenta mais

Olho o horizonte e vou em frente
Tô com Deus e tô contente
Meu caminho eu sigo em paz

Um forte abraço a todos!

domingo, 28 de junho de 2009

Tá combinado

Sinto falta de canções como essa que une letra e melodia de uma forma fantástica. Além disso, aborda um tema muito comum hoje em dia, mas com uma elegância típica de poucos. O sexo se mostra como tema principal e como algo que completa o amor e não o ridiculariza. A amizade pode culminar em algo mais forte, via sexo e não simplesmente por ele.

As cenas descritas mostram como era interessante também falar sobre um tema pelo qual alguns apresentavam uma certa timidez, embora seja comum a todos! E ainda, de forma moderna aponta para o que hoje chamamos de ficar, despontando para a possibilidade disso tudo culminar no amor! Tudo acertado entre um casal, desde uma simples transa até a possibilidade de algo mais forte acontecer. Tá combinado é mais uma genealidade do Caetano e foi gravada pela Gal e pela Bethânia, em versões distintas e lindas!

Tá combinado
(Caetano Veloso)

Então tá combinado, é quase nada
É tudo somente sexo e amizade.
Não tem nenhum engano nem mistério.
É tudo só brincadeira e verdade.

Podemos ver o mundo juntos,
Sermos dois e sermos muitos,
Nos sabermos sós sem estarmos sós.

Abrirmos a cabeça
Para que afinal floresça
O mais que humano em nós.

Então tá tudo dito e é tão bonito
E eu acredito num claro futuro
De música, ternura e aventura
Pro equilibrista em cima do muro.

Mas e se o amor pra nós chegar,
De nós, de algum lugar
Com todo o seu tenebroso esplendor?

Mas e se o amor já está,
Se há muito tempo que chegou
E só nos enganou?

Então não fale nada, apague a estrada
Que seu caminhar já desenhou
Porque toda razão, toda palavra
Vale nada quando chega o amor

Um forte abraço a todos!

sábado, 27 de junho de 2009

Nós somos o mundo...

Bom, nesses dias não se fala outra coisa: a passagem do rei do pop para outro plano! E não venho aqui falar sobre a biografia dele, ou sobre o artista, ou sobre os acontecimentos da vida pessoal do ser humano Michael Jackson. Mas, venho comentar sobre como e quando ele chegou a mim: apenas essa semana, mas confesso que ficará pra sempre!

Nunca apreciei seu trabalho. Nem dele, nem da Madonna. Cresci observando um artista que cantava e dançava, famoso em todo o mundo, o maior vendedor de discos da história, fato esse que não se repetirá mais, pois a pirataria derrubou todos os números de vendagens, inclusive seus mais recentes lançamentos. Mas, nunca o admirei como artista até descobri que a canção We are the world era dele. Não apenas por já ter presenciado o Roberto interpretá-la no passado, mas por apreciar a beleza que une melodia e letra incríveis. Mais recentemente presenciei outra pérola: Heal the world, pela versão do grupo Roupa Nova e pude afirmar que havia ao menos duas canções do Michael que apreciava.

E após se confirmar sua partida, vários vídeos penetraram nossa telinha com clipes, e o som do Michael chegou a mim. Comecei a pensar: Poxa seu som é interessante. Geniais as canções Ben, Billie Jean, Black or white, Triller, entre tantas outras e como são tão legais e profissionais seus clipes. Até sua forma de dançar observei de forma diferenciada e achei aquilo, digamos, inovador. E como Michael foi humano, suas campanhas atingiram, mobilizaram e beneficiaram tantas pessoas. Com isso ficam algumas reflexões:

Não seria o caso de pensarmos que não somos juízes para questionarmos seus erros? Não seria melhor para todos, inclusive para o próprio artista se apenas nos beneficiarmos com seu valioso trabalho? Sei que muitos podem pensar que isso é alienação: olhar apenas o que é positivo. Mas, porque não deixar julgamentos para quem de fato é competente pra isso e ficarmos com as contribuições positivas, que no caso do Michael Jackson foram enormes e por isso e por muito mais, peço a Deus que o conceda um ótimo lugar e console seus fãs, pois ele apenas virou uma estrela no céu pois aqui na terra, já brilhava tal uma constelação!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ele tá de olho é na butique dela...

Natural de Campina Grande na Paraíba, eis aqui mais um autêntico nome do forró nordestino, uma figura sacana e cômica da música brasileira: Genival Lacerda. Apesar de ser ignorado por uns que não reconhecem sua arte como algo presente nas manifestações culturais nordestinas, desde a década de 50 Genival atua em gravações e show pelo país!

Cantor e compositor, Genival obteve sucesso nacional em 1975 com Severina Xique-xique. Com estilo satírico e picante, gravando coco, xaxado, xote e baião, Genival já apresentou diversos sucessos, entre eles Dance o xaxado, Coco de roda, Tomaram o meu amor, De quem é esse jegue, Julieta, É aí que você se engana, Forró da gente, Eu preciso namorar, Ninguém vive sem amar, Quero me casar, Fio dental, Radinho de pilha, Mate o véio, Tem pouca difença, entre outros.

Genival é dessas figuras emblemáticas da música brasileira, um artista único, que une ritmo, dança e humor em prol das manifestações culturais nordestinas de quais sempre foi fiel em toda sua carreira bem sucedida, comprovada em diversos shows que continua a cumprir país afora!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Noite de São João...

Hoje é véspera de São João e aqui no Nordeste não é apenas a fogueira que aquece, mas todas as manifestações culturais de um povo e de um ritmo que é o pai da alegria nessa região. Comidas típicas a base de milho, bolos diversos, brincadeiras, danças, alegria de um povo trabalhador...

E torna-se impossível vivenciar essa festa sem lembrar as canções de Luiz Gonzaga que nos deixou já há 20 anos, mas permanece presente no repertório dessa festa que tem seu ponto alto hoje, nas mais variadas cidades, do interior à capital, nos mais distantes locais, você escuta uma sanfona, um zabumba, vê um balão, enfim, todas as formas de se demonstrar que nessa noite, devemos olhar para o céu e vê como ele está lindo:

Olha pro céu
(Luiz Gonzaga e José Fernandes)

Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha pra aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo

Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João

Havia balões no ar
Xote, baião no salão
E no terreiro, o teu olhar,
Que incendiou meu coração.

Um bom São João a todos!

domingo, 21 de junho de 2009

Caia por cima de mim

E continuando a navegar nesse ritmo gostoso que é o forró, temos aqui uma letra de Maciel Melo, imortalizada por Flávio José.E desses dois grandes forrozeiros nordestinos surge essa belíssima canção que conta um amor revestido de saudade, com uma linguagem genuinamente nordestina.

É impressionante a riqueza de detalhes que aparece na letra dessa canção, além de ser um forró gostoso de se ouvir e pra quem gosta de dançar coladinho em seu parceiro, pois as notas da sanfona não deixam nenhum parado:

Caia por cima de mim
(Maciel Melo)

Nunca mais eu vi Maria
Nunca mais eu vi o amor
Guardo na lembrança a cor
Do vestido dela

Eu tô roendo
Tô cheinho de saudade
Meu amor por caridade
Bote o rosto na janela

Eu não aguento
Tanta ausência, tanta dor
Parece que o amor
Se esqueceu de mim

Bateu a porta
Deu adeus e foi embora
A solidão me devora
Agora eu tô roendo sim

Traga de volta a minha felicidade
Abra um sorriso cheirando a ruge carmim
Aceite a dança, solte a trança e jogue o laço
Se tropeçar no compasso, caia por cima de mim

Caia caia, caia por cima de mim
Caia caia, caia por cima de mim
Caia caia, caia por cima de mim
Que eu te abraço, eu te seguro
Caia por cima de mim...

Um forte abraço a todos!

sábado, 20 de junho de 2009

Nando Cordel ao vivo

Esse é um belíssimo dvd com os sucessos da carreira desse grande compositor e cantor da nossa música: Nando Cordel. Gravado no Teatro Guararapes, em Olinda/PE, o show retrata Nando com sua banda formada por alguns membros de sua família e por dançarinos que intercalavam algumas canções mais dançantes de seu repertório.

Tropicaliente, sucesso na voz de Elba, abre o show que apresenta Gostoso demais, Hoje é dia de folia, Flor de cheiro, Minha doce estrela, De volta pro aconchego, Tanto querer, Amor imenso, Eu nunca esqueci você, Vem ficar comigo, É de dar água na boca, Doido pra te amar, Terra e céu, Love bom, Você endoideceu meu coração/Chororô, Enfeitiçou meu coração/Isso aqui tá bom demais. O show também apresenta uma parte mais acústica na canção Terra e céu e nos bônus: Dedicado a você, Folha rama cheiro e flores, Diz pra mim, Azougue, Meu bombom, Volta pra casa meu nego, Paz pela paz.

Talvez existam alguns leitores que nem conheçam o Nando, mas com certeza muitos conhecem seu repertório. Quem nunca ouviu a Xuxa cantando Hoje é dia de folia? ou Bethânia cantando Gostoso demais? ou Fagner cantando Você endoideceu meu coração? ou Elba cantando De volta pro aconchego? ou Dominguinhos e Chico Buarque e o próprio Nando cantando Isso aqui tá bom demais. E quem nunca refletiu nas mensagens de paz contidas em Amor imenso e Paz pela paz? É um excelente show para quem gosta de músicas românticas e para quem curte o balanço e toda genialidade do Nando.

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pisa na fulô e não maltrata o meu amor...

Com mais de 50 anos de carreira, Inês Caetano de Oliveira ou simplesmente Marinês pode ser considerada o maior nome feminino do forró nordestino em todos os tempos. Natural de São Vicente Férrer, em Pernambuco, cresceu em Campina Grande, na Paraíba, onde desde pequena já cantava em escolas. Participou de vários concursos de calouros e foi tomando fama como cantora de forró. Em 1956 grava seu primeiro disco e integra a equipe de Gonzaga, viajando para o Rio de Janeiro.

Seu pai era seresteiro e sua primeira banda, a Patrulha de choque do rei do baião, formada com o marido Abdias, sanfoneiro, e com Cacau, zabumbeiro, abria os shows de Gonzaga. Depois seu conjunto adquiriu o nome de Marinês e sua gente e daí pra frente reinou no forró nordestino ano após ano. Seus principais sucessos são: Quadrilha é bom, Quero ver xaxar, Pisa na fulô, Xaxado da Paraíba, Perigo de morte, Aquarela nordestina, Velho ditado, Balanço da saudade, Chegou São João, Marinheiro, Agarradinho, Tô doida pra provar do teu amor, Feitiço, Meu cariri, Tareco e mariola, Bate coração, entre outros.

Em 1998, com produção de Elba Ramalho, lançou o cd Marinês e sua gente, contando com a participação de vários nomes da nossa música, em reconhecimento à essa artista que nos deixou em 2007, mas continua presente como uma estrela a mais a brilhar em toda noite festiva de São João!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Caju & Castanha

Não, não é alguma referência às frutas tropicais ou alguma nova série. Também não é nome de dupla sertaneja! Continuando a divulgar os artistas nordestinos, esse espaço apresenta uma dupla de emboladores com esse título.

Naturais de Recife, aqui em Pernambuco, a dupla foi criada pelos irmãos José Albertinho, o Caju e José Roberto da Silva, o Castanha, ainda pequenos quando tocavam nas feiras livres com uma lata de marmelada. Vale salientar que seu trabalho é rudimentar, mas não menos artístico! Com o pandeiro e com uma criatividade invejável, a dupla desfila os temas mais variados possíveis, tendo a vida, os desamores, as comédias, como inspiração de seus versos que podem ser confundidos com os encontrados na literatura de cordel nordestina.

No final dos anos 70 mudaram-se para São Paulo e passaram a divulgar seu trabalho por lá, onde em 1981 gravaram seu primeiro trabalho, tendo Zé e Elba Ramalho como convidados. Entretanto a dupla só alcançou seu merecido êxito nacional em 1993 com a canção Ladrão besta e o sabido.

Em 2001 faleceu José Albertino, sendo substituído por seu sobrinho, Ricardo Alves da Silva, que dá continuidade ao trabalho da dupla e à divulgação de canções como A marvada pinga, A mulher bonita e a feia, Água fora da bacia, De tudo um pouco, Duvido você dizer, Em frente a casa dela, Nossas manchas, O pobre e o rico, Pra que chorar, Todo dia na escola, O taxista, entre outras contadas e cantadas com muito humor, embora algumas reflitam coisas desfavoráveis de um povo que tem na embolada de Caju e Castanha uma das formas mais originais de se traduzir o sentimento e as raízes brasileiras!

Um forte abraço a todos!

domingo, 14 de junho de 2009

A terceira lâmina

Zé Ramalho é dos grandes compositores e intérpretes que lançam canções incríveis e algumas vezes com mensagens indiretas sobre determinado assunto. No caso específico do Zé isso se torna mais evidente, sobretudo por seu misticismo característico.

Essa canção foi título de seu terceiro disco, lançado em 1981 e, por isso remete à palavra lâmina, pela qual define o antigo Lp. Também está presente no cd Antologia Acústica de 1997, que tem o acordeão do Dominguinhos, num arranjo lindo e dançante, próprio para essa época. Mas, acima disso está uma letra de interpretação difícil, a começar pelo título: A terceira lâmina, como explicado acima tem a ver com seu terceiro disco lançado.

E de acordo com o encarte do projeto acústico, a letra penetra na solidão e na tristeza "dos que vivem calados, pendurados no tempo", os miseráveis que vivem debaixo de pontes, em guetos, dormem sob jornais ou caixas de papelão. Muita arte por parte dele unir e divulgar seu trabalho como um anunciador de um problema para o qual muitos fecham os olhos. A terceira lâmina, ou seja, seu terceiro disco anuncia isso "na garganta do fosso da voz de um cantador". E como presenciamos em toda parte do nosso planeta essas imagens descritas na letra, não?

A terceira lâmina
(Zé Ramalho)

É aquela que fere
Que virá mais tranqüila
Com a fome do povo
Com pedaços da vida
Como a dura semente
Que se prende no fogo
De toda multidão
Acho bem mais
Do que pedras na mão...

Dos que vivem calados
Pendurados no tempo
Esquecendo os momentos
Na fundura do poço
Na garganta do fosso
Na voz de um cantador...

E virá como guerra
A terceira mensagem
Na cabeça do homem
Aflição e coragem
Afastado da terra
Ele pensa na fera
Que o começa a devorar
Acho que os anos
Irão se passar

Com aquela certeza
Que teremos no olho
Novamente a ideia
De sairmos do poço
Da garganta do fosso
Na voz de um cantador...

Um forte abraço a todos!