sábado, 13 de junho de 2009

Gonzagão - Sempre

A Som Livre lançou recentemente uma nova coletânea, com os grandes sucessos de artistas que já não tem seus discos presentes nas lojas. E um deles foi Luiz Gonzaga com esse título que reune alguns de seus clássicos. Alguns, porque Gonzaga é daqueles artistas que têm muitos clássicos e que não dava para reunir nem em um disco duplo.

Se por um lado essa coletânea peca por não apresentar folheto com letra das canções, coisa que as melhores coletâneas fazem, por outro lado, vale o registro histórico de canções originais que possuem em torno de 50 anos. E aqui encontramos aquele som meio rudimentar de sanfona, zabuma e triângulo e letras que atravessaram gerações e continuam a emocionar pela carga de amor que apresentam. É o caso do clássico Asa branca, não apenas de Gonzaga, mas um clássico da música brasileira.

E o que falar de Respeita Januário, Sabiá, Baião, O Xote das meninas, Juazeiro, Paraíba, Assum preto e Qui nem jiló? Há alguma contestação de que são todas clássicos do Gonzaga e clássicos juninos? A vida do viajante traz um dueto entre Gonzagão e Gonzaguinha, outra grande saudade da nossa música. E por fim temos Vem morena, ABC do Sertão, Riacho do navio e Cintura fina.

É claro que uma coletânea sempre fica devendo e para um artista como Gonzaga, a dívida é ainda maior. Mas, conste que é algo muito interessante o relançamento de suas canções, obras que sempre estiveram em cartaz em toda boa festa junina que se preze e no repertório de novas gerações que têm em Gonzaga um grande mestre!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Passei a noite procurando tu, procurando tu...

Uma das poucas bandas de forró pé-de-serra e talvez a única a completar mais de 50 anos em plena atividade e agradando a várias gerações: o Trio Nordestino. Com origem na Bahia em 1958, Trio Nordestino foi parceiro de artistas como Luiz Gonzaga na origem e divulgação do autêntico forró pelo interior do país.

Procurando tu, lançado em 1970 fez o Trio vender mais de um milhão na época em que poucos alcançavam essa marca. E o grupo nunca perdeu sua formação musical raiz, com zabumba, triângulo, sanfona e voz, embora a tecnologia avançasse com o tempo. E houve um tempo que aqui no Nordeste dois discos eram aguardados com bastante expectativa para as festas juninas, o de Gonzaga e o do Trio Nordestino.

A formação clássica teve Lindu, Coroné e Cobrinha. Depois, com a morte de alguns membros, o trio sempre se renovou e hoje conta com Luis Mário, Beto e Coroneto e vários sucessos nessa carreira bem sucedida como: Na emenda, Forró desarmado, O sol com a mão, Amor de São João, Homem de saia, Amor demais, Amor de doido, Petrolina Juazeiro, O nenem, entre outras tantas que já animaram e aqueceram a fogueira de tantas festas juninas Brasil afora!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Passei horas no espelho, me arrumando o dia inteiro...

Ano passado durante essa época citei vários artistas nordestinos que são sucessos por aqui e, claro, alguns alcançam projeção nacional e até internacional. Continuando com essa ideia, vamos observar um pouco sobre Alcymar Monteiro dos Santos. Natural de Aurora no Ceará, estudou música em Conservatório de Fortaleza, mas foi no Recife que conseguiu projeção como cantor e compositor.

E sua carreira como compositor e intérprete se faz presente há mais de trinta anos, sendo impossível não ser citado em nomes de grande prestígio do forró. Já foi gravado por artistas como Luiz Gonzaga, Fagner, Zé Ramalho, Elba Ramalho e Dominguinhos. Além desse ritmo, vez por outra, abraça outros projetos como frevo e músicas de vaquejadas.

Alguns de seus sucessos são Cavaleiro alado, Ela nem olhou pra mim, Diz paixão, Festa da vaquejada, Lindo lago do amor, Rosa dos ventos, Na fazenda de vovô, Separação, Tarde demais, entre outras. Alcymar sempre se apresenta de branco e é com a mesma paz que tenta transmitir que suas canções ecoam pelos quatros cantos do nordeste do Brasil!

Um forte abraço a todos!

domingo, 7 de junho de 2009

Abri a porta

Abrimos as portas das festas juninas com essa lindíssima composição de Dominguinhos e Gilberto Gil. Mas, também que dupla hein? Só podia dar eu um clássico que inspira, com suas notas melódicas toda essência dessas festividades.

Já havia apresentado essa canção aqui ano passado no post do Dominguinhos, mas hoje ela ganha um post só dela para refletir em sua letra tudo que a simplicidade pode oferecer em termos de canção. Uma canção que traz uma mensagem de paz e esperança, passos firmes rumo norte e como se não bastasse, ainda é dançante e festiva! Êta festa tão linda:

Abri a porta
(Dominguinhos e Gilberto Gil)

Abri a porta
Apareci
A mais bonita
Sorriu pra mim

Naquele instante
Me convenci
Que o bom da vida
Vai prosseguir

Vai prosseguir
Vai dar pra lá do céu azul
Onde eu não sei
Lá onde a lei seja o amor

E usufruir do bom
Do mel e do melhor seja comum
Pra qualquer um
Seja quem for

Abri a porta
Apareci
Isso é a vida
É a vida assim

Um forte abraço a todos!

sábado, 6 de junho de 2009

Fagner - Caboclo Sonhador

São João chegando e dá aquela vontade de ouvir aquele forró gostoso que só artistas como Zé e Elba Ramalho, Geraldo ou Nando, Flávio ou Petrúcio, Dominguinhos ou Fagner sabem cantar, tudo na mais perfeita influência de Gonzagão, o rei desse estilo que aquece a fogueira e o coração nordestino.

E Fagner, que já gravou dois discos com Gonzaga (já retratados aqui ano passado), vez por outra bebe dessa fonte maravilhosa e presenteia a todos com trabalhos como esse abordado hoje. Produzido pelo grande guitarrista Robertinho do Recife, lançado em 1994 e tendo a participação de músicos do naipe do próprio Robertinho, Dominguinhos, Oswaldinho e Sivuca, Caboclo sonhador é resultado de uma pesquisa sobre os compositores e sucessos lançados na época nos principais forrós nordestinos.

De início temos Cavaleiro Alado de Alcymar Monteiro e João Paulo Jr., dois grandes músicos desse gênero. Lembrança de um beijo foi um dos hits que mais tocou, sendo gravada por outros forrozeiros, da autoria de Accioly Neto. Maciel Melo é o compositor requisitado para a faixa título do disco Caboclo Sonhador e, além dessa que também foi hit radiofônico, temos Nos tempos de menino que apresenta solos que nos remetem às boas bandas de pífanos de Caruaru.

Gonzaga não pode ser esquecido em uma festa assim e Fagner sempre faz questão de o reverenciar no medley É proíbido Cochilar/Forró desarmado/Forró número um, tendo o auxílio dos vocais de Marinês e sua gente, além Baião da Garoa. E pra finalizar temos Falsa folia, de Dominguinhos e Nando Cordel, Minha vidinha, Fan ran fun fan, Casamento da raposa (só instrumental) e Estrela guia. Observando o grandioso intérprete que o Fagner é, além de compositor e músico. Observando as descrições desse trabalho fica uma desnecessária indagação sobre se não é esse um dos bons trabalhos para se ouvir nessa e em outras épocas do ano!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Panorama ecológico

Amanhã, Erasmo Carlos e Wanderléa, dois grandes nomes da jovem guarda e amigos do rei, comemoram aniversário. Vou aproveitar essa canção para homenagear o Erasmo, figura tão importante na vida de todos os brasileiros e que tá lançando seu novo cd de rock nesses dias.

Vamos recordar um rock antigo do Erasmo, composto com o Roberto e que reflete também o dia de amanhã, em que precisamos, já há tanto tempo, criarmos uma consciência ecológica de todos nossos atos! E essa canção, segundo o tremendão é a que melhor fala desse tema, diante de tantas dessa dupla!

O que será que estamos fazendo para cuidar do nosso cantinho? Varremos nosso lar? Cuidamos dos animais? Tratamos da água? Economizamos nosso líquido mais que precioso? Afinal, somos racionais para pensarmos sobre esses temas! Ou não?

Panorama ecológico
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Lá vem a temporada de flores
Trazendo begônias aflitas
Petúnias cansadas
Rosas malditas
Prímulas despetaladas
Margaridas sem miolo
Sempre-vivas quase mortas
E cravinas tortas
Odoratas com defeitos
E homens perfeitos

Lá vem a temporada de pássaros
Trazendo águias rasteiras
Graúnas malvadas
Pombas guerreiras
Canários pelados
Andorinhas de rapina
Sanhaços morgados
E pardais viciados
Curiós desafinados
E homens imaculados

Lá vem a temporada de peixes
Trazendo garoupas suadas
Piranhas dormentes
Sardinhas inchadas
Trutas desiludidas
Tainhas abrutalhadas
Baleias entupidas
E lagostas afogadas
Barracudas deprimentes
E homens inteligentes

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Elas cantam Roberto

Como parte das comemorações dos 50 anos de carreira de sua majestade musical Roberto Carlos, tivemos a apresentação do show que sairá em breve em cd e dvd: Elas cantam Roberto, onde algumas das grandes divas da mpb brilharam no palco e encantaram a todos com o repertório do homenageado.

Todas apresentadas, sem exceção me emocionaram muito e lastimo apenas o corte que sofreram as apresentações de Adriana, Rosemary, Paula Toller, Mart´nália, Celine e Marina. E, mais uma vez não entendo tantas críticas em torno de uma apresentação tão bonita e de uma homenagem tão merecida ao cara que há cinquenta anos reina na música brasileira! Eis o repertório do show na íntegra:

  • Hebe Camargo: "Você Não Sabe"
  • Luiza Possi e Zizi Possi: "Canzone Per Te"
  • Zizi Possi: "Proposta"
  • Alcione: "Sua Estupidez"
  • Fafá de Belém: "Desabafo"
  • Celine Imbert: "À Distância"
  • Daniela Mercury: "Se Você Pensa"
  • Daniela Mercury e Wanderléa: "Esqueça"
  • Wanderléa: "Você Vai Ser o Meu Escândalo"
  • Rosemary: "Nossa Canção"
  • Fernanda Abreu: "Todos Estão Surdos"
  • Paula Toller: "As Curvas da Estrada de Santos"
  • Marília Pêra: "120, 150, 200 Km Por Hora"
  • Marina Lima: "Como Dois e Dois"
  • Sandy: "As Canções Que Você Fez Pra Mim"
  • Mart'nália: "Só Você Não Sabe"
  • Adriana Calcanhoto: "Do Fundo do Meu Coração"
  • Claudia Leitte: "Falando Sério"
  • Nana Caymmi: "Não Se Esqueça de Mim"
  • Ana Carolina: "Força Estranha"
  • Ivete Sangalo: "Os Seus Botões"
  • Ivete Sangalo: "Olha"
  • Roberto Carlos: "Emoções"
  • Todos: "Como É Grande O Meu Amor Por Você"
  • Todos: "É preciso saber viver"

Como falei, todas emocionaram e o mais curioso é que algumas, que a crítica caíram em cima, foram das mais tocantes, como Sandy ou Hebe. Fafá arrasou em sua interpretação e o mesmo pode ser dito da Alcione e da Nana, que já afirmou cantar essa canção como uma oração de saudade pelos pais! Ainda torço para que a Nana seja uma das convidadas do próximo especial de fim de ano. Ouvir outras pessoas cantando o Roberto aumenta ainda mais a saudade que temos dele e ainda bem que ele chegou ao final para cantar e ser cantado por elas! Afinal o cara pode e isso não é pra qualquer um! Sua Majestade mandou ver e suas súditas também!

Um forte abraço a todos!

domingo, 31 de maio de 2009

Maria de minha infância

Aqui no interior de Pernambuco e acredito que em todo interior do país, hoje se comemora o último dia de maio como a última noite do mês mariano, dedicado à Maria, Mãe de Jesus. Com isso, após os festejos religiosos (missa, ofício, terços,...) temos a queima de fogos, balões (hoje proibido por conta dos incêndios provocados) e quermesses, especialmente aqui em Pernambuco, onde tudo isso é um prenúncio das festas juninas.

Lembro de minha infância no interior onde presenciei tudo isso. É uma cultura muito bonita e saudável, com exceção dos balões que infelizmente provocam queimadas, mas que eram atração a parte no céu do interior. Ah, que saudade!!!

Os cânticos marianos sempre foram belíssimos e não há um só católico que não saiba algum, principalmente os do Pe. Zezinho, como esse apresentado abaixo. Cantar para Nossa Senhora é algo que nos deixa em sintonia perfeita com a natureza e, sem sombra de dúvidas, mais perto de Deus:

Maria de minha infância
(Pe. Zezinho)

Eu era pequeno, nem me lembro
Só lembro que à noite, ao pé da cama
Juntava as mãozinhas e rezava apressado
Mas rezava como alguém que ama

Nas Ave - Marias que eu rezava
Eu sempre engolia umas palavras
E muito cansado acabava dormindo
Mas dormia como quem amava

Ave - Maria, Mãe de Jesus
O tempo passa, não volta mais
Tenho saudade daquele tempo
Que eu te chamava de minha mãe

Ave - Maria, Mãe de Jesus
Ave - Maria, Mãe de Jesus

Depois fui crescendo, eu me lembro
E fui esquecendo nossa amizade
Chegava lá em casa chateado e cansado
De rezar não tinha nem vontade

Andei duvidando, eu me lembro
Das coisas mais puras que me ensinaram
Perdi o costume da criança inocente
Minhas mãos quase não se ajuntavam

O teu amor cresce com a gente
A mãe nunca esquece o filho ausente
Eu chego lá em casa chateado e cansado
Mas eu rezo como antigamente

Nas Ave - Marias que hoje eu rezo
Esqueço as palavras e adormeço
E embora cansado, sem rezar como eu devo
Eu de Ti Maria, não me esqueço

Um forte abraço a todos!

sábado, 30 de maio de 2009

Paulo Ricardo - O amor me escolheu

Depois de partir para carreira solo, Paulo Ricardo lançou alguns trabalhos de destaque nos anos 90. Dentre eles, O amor me escolheu em 1997. Produzido por Nilo Romero, este álbum traz grandes sucessos radiofônicos e grandes interpretações, mostrando toda a força do Paulo em grandes composições suas e de outros autores.

De início, um grande sucesso da obra do rei Roberto Carlos, composta por Antônio Marcos: E não vou deixar você tão só. Em seguida, uma composição sua com Hebert Viana, que também toca violão na faixa Amor em vão. Uma das primeiras composições do Vinícius de Moraes com Edu Lobo também está presente: Só me fez bem.

Jorge Ben também aparece em Que pena (Ela já não gosta mais de mim), com a participação de Fernanda Abreu, única convidada do projeto a cantar com Paulo. Uma composição de Adriana Calcanhoto em homenagem a Roberto Carlos é interpretada pelo Paulo em O amor me escolheu, que dá nome ao projeto e faz jus a essa escolha, por uma letra lindíssima e uma interpretação ímpar (já relatada em 14/09/2008). Tudo por nada foi um dos sucessos radiofônicos, tradução do próprio Paulo e tema de novela.

Fagner também aparece com a canção Depende e, em seguida, outro sucesso radiofônico: Dois, composto em parceria com Michael Sullivan. Com George Israel ao violão, vem a canção De novo, dele e do Paulo. Do repertório do Caetano Veloso, vem a canção Não identificado. De Freddie Mercury, a versão de Love of my life em Felicidade, que também é apresentada ao final do cd como um bônus em espanhol. O cd termina com Você é a canção e Lilás, esta última do Djavan. Com um repertório desses, com tantos grandes compositores, músicos e a interpretação ímpar do Paulo, é de se pensar mesmo que nesse disco, O amor o escolheu para ser sua voz, o seu cantor!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os compositores do Brasil - 15

A série Compositores do Brasil chega a sua décima quinta postagem com uma Alma feminina: Sueli Correa Costa, ou Sueli Costa como é conhecida. Mas, muitos outros compositores ainda virão nesse país tão rico nesse ramo e que, em alguns casos, desconhecem tais figuras essenciais nos trabalhos de grandes intérpretes. E falar da Sueli é falar de sucessos nas vozes de artistas como Simone, Ney Matogrosso, Fagner, Elis Regina, Cauby Peixoto, Pedro Mariano, Joanna, Fafá de Belém, Zélia Duncan, Ivan Lins, Zizi Possi, Gal Costa, Agnaldo Rayol, entre tantos. Precisa falar algo mais?

Natural do Rio de Janeiro, viveu sua infância e juventude em Juiz de Fora, antes de regressar à sua cidade natal, onde já aos quatro anos teve aulas de piano com sua mãe. Sua primeira composição veio no estilo Bossa nova: Balãozinho, que compôs enquanto cursava Direito. A primeira grande intérprete a prestar atenção a seus trabalhos foi Nara Leão. E nos anos 70 todos os outros grandes intérpretes citados acima incluíram em seu repertório criações suas como Vinte anos blue, Alma, Jura secreta, Coração ateu, Nem uma lágrima, O primeiro jornal, Canção brasileira, Corpo, Imagens, Dentro de mim mora um anjo, Retrato, Segue o teu destino, Senhora de si, Todos os lugares, Voz de mulher, entre outros.

Sueli lançou alguns poucos discos cantando, mas com grandes produções de artistas como Gonzaguinha e João Bosco. Também teve grandes parceiros em suas composições como Abel Silva, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro. É, sem sombra de dúvidas uma das maiores compositoras brasileiras, imortalizada por frases como "Só uma palavra me devora, aquela que me coração não diz..." presente na canção Jura Secreta, só pra citar uma delas!

Um forte abraço a todos!