terça-feira, 5 de julho de 2011

Troféu Imprensa - parte 1

Sinto que aqui no Brasil sempre tivemos uma carência quanto à premiação de nossos artistas. Antigamente, coisa de mais ou menos 50 anos atrás, eles eram mais reconhecidos. Mas, tais premiações não seguiam durante muitos anos. Uma premiação da televisão brasileira que tem em algumas categorias a música e os cantores, e que já existe há mais de 60 anos é o Troféu Imprensa, criado em 1958 por Plácido Manaia Nunes e apresentado, desde 1970 por Silvio Santos, na Globo, Tupi, Record e finalmente SBT.

Gostaria de destacar três categorias que se relacionam à nossa música: a melhor música, a melhor cantora e o melhor cantor. Pesquisando em sites na internet sobre históricos do prêmio, presenciamos na música as transformações que esta sofreu durante todo esse tempo. Categoria criada a partir de 1971, percebemos ano a ano, década a década, as mudanças nos estilos e gostos populares, já que é o povo quem vota até chegarem a conclusão das três mais votadas e julgadas pelos jurados presentes no programa.

Silvio Santos apresenta a premiação desde 1970.
Em 71, por exemplo tivemos uma briga acirrada entre Construção, do Chico Buarque com De tanto amor e Amada amante (a vencedora) do Roberto, que ainda venceria com a melhor canção em 72 com Por amor, em 73 com O show já terminou e em 74 com Proposta (que era de 73). Roberto ainda teve outras indicações de suas composições como em 1980 com Sentado à beira do caminho (que perdeu para Lança perfume da Rita Lee), A guerra dos meninos em 1981 (que perdeu para Homem com H, do repertório do Ney Matogrosso), em 1984 com Caminhoneiro (que perdeu para Chuva de prata, do repertório da Gal Costa) e em 1999 com Nossa Senhora (gravação coletiva, que perdeu para Sozinho, do repertório do Caetano Veloso).

Outras canções que venceram o Troféu na categoria e que merecem destaque são Olhos nos olhos (Maria Bethânia, composição do Chico Buarque) - 1976, Samurai (Djavan) - 1982, Me dê motivo (Tim Maia, em composição de Sullivan e Massadas) - 1983, Um dia de domingo (Gal e Tim, composição de Sullivan e Massadas) - 1985,  Oceano (Djavan) - 1989, etc. No ranking dos intérpretes das canções premiadas, Roberto reina com quatro premiações, seguido de Leandro e Leonardo, Skank, Daniela Mercury, Djavan, Gal Costa e Tim Maia, cada um com duas premiações.

Um forte abraço a todos!

domingo, 3 de julho de 2011

Os Intérpretes do Brasil - 8

Olha, em se tratando de intérpretes, o Brasil não tem o que reclamar, pois disfrutamos de grandes vozes, sejam masculinas ou femininas. Emílio Santiago é sem dúvida um dos nomes que integram o topo dos melhores no quesito interpretação. Em diversos ritmos, por diversos autores, Emílio navega apresentando sempre uma qualidade sonora de poucos artistas brasileiros, além de sua privilegiada e inconfundível voz.

Apesar de já ter navegado pela praia de Tom Jobim, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Ivan Lins, Gonzaga Jr., João Bosco, Djavan, Caymmi, e todos os melhores compositores da música brasileira, gostaria de destacar as interpretações que ele fez para três de suas muitas pérolas, pois esse sim é um artista que alguém não se aventura regravar algo que ele já fez.

A primeira é Saigon, pois essa é daquelas que alguém desconhece o compositor (é do Claudio Cartier, Paulo Feital e Carlão) atribuindo ser a canção do Emílio e talvez seu maior clássico. A segunda, igual a primeira é Verdade chinesa, (do Gilson e do Carlos Colla) e digo igual porque todos também a atribuem ao Emílio. E a terceira é Preciso dizer que te amo (de Cazuza, Dé e Bebel Gilberto), que considero ter a interpretação definitiva na voz desse astro da nossa música. É claro que poderíamos falar de muitas outras, pois a voz do Emílio é como poucas que consegue lapidar ainda mais canções como Um chopp pra distrair, Eu sei que vou te amar, Papel machê, Coisas do coração, Cadê juízo, Essa fase do amor, Um dia desses, etc.

Um forte abraço a todos!

sábado, 2 de julho de 2011

Paciência

Essa canção, essa mensagem é uma das mais lindas do repertório do Lenine, regravada por outros nomes como Simone, Milton Nascimento e mais recentemente por Fábio Jr. Paciência oferece trocadilhos em torno do tema e do equilíbrio entre os bons sentimentos humanos como a calma versus as pressões externas e internas.

Um questionamento bastante atual, para essa sociedade moderna: paciência, um sentimento tão nobre, tão raro e que faz tanto bem também tem limite, ou deve ser visto e oferecido sem limites? E é nesse equilíbrio de sentimentos que a letra, de forma genial, aponta, às vezes, com a evasão da loucura do estresse cotidiano, outras vezes, com o envolvimento total nas cobranças do dia-a-dia, tendo na paciência, uma aliada nessa luta.

Paciência
(Lenine e Dudu Falcão)

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara...

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O velho caminhoneiro

Clipe do especial de 1984.
Em 1993 Roberto Carlos, através dessa composição com seu parceiro Erasmo Carlos, homenageou mais uma vez esses heróis da estrada. Hoje é dia do caminhoneiro e a canção que vem para enaltecer essa classe é O velho caminhoneiro, canção carro-chefe do cd de 1993 do rei.  No especial daquele ano, Roberto interpreta a canção que tem uma levada country, com solos maravilhosos de guitarra.

Roberto já disse que se não fosse cantor, gostaria de ter seguido essa profissão. Nos especiais de 84, 95 e 2004, apareceu dirigindo um caminhão e cantando outra canção também do mesmo tema, já apresentada aqui: Caminhoneiro. Mas, considero O velho caminhoneiro, gravada nove anos após a primeira homenagem, mais temática e, enquanto a primeira destacava o grande amor e a saudade da pessoa amada, a segunda é mais detalhista não apenas quanto aos sentimentos do protagonista, mas em relação aos detalhes de sua vida profissional como sua camisa aberta, o painel com São Cristóvão (padroeiro da classe), sua experiência na estrada, sua hora incerta de trabalhar, a saudade da família, etc. Mas, não acho que uma seja melhor que a outra e sim, são complementares e brindam essa data.

Clipe do especial de 1995.
Meu pai foi caminhoneiro e acho que isso foi decisivo para que eu compreendesse e admirasse ainda mais a classe e também começasse a me interessar pelas canções do Roberto, que passaria a ser o cantor número um na minha vida e de muitos brasileiros. Gostava de ver em meu pai um homem conseguir levar aquele veículo tão grande em suas mãos, o fornecendo a direção certa. Ele tinha um sonho de ser caminhoneiro e realizou. Eis a letra de O velho caminhoneiro, com a qual homenageamos todos os motoristas nesse dia:

O velho caminhoneiro
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

O velho caminhoneiro, comandante das estradas
Debaixo daquele toldo, já são tantas toneladas
Historias, experiências, por detrás de um pára-brisa
Tanta coisa que machuca, mas o tempo cicatriza

Existe em algum lugar, numa curva do caminho
Uma ponta de saudade de quando ele era mocinho
Reduz a velocidade, e lembra da namorada
Que ficou no seu passado na poeira de uma estrada

Já pegou pelo caminho chuva fina e tempestade
Asfalto, terra molhada, lamaceiro de verdade
No inverno ele se abriga, no verão abre a camisa
Pronto pra qualquer parada, porque o tempo não avisa

Seu coração viaja em paz
Carregado de emoção, demais, demais
Dia, noite madrugada ele sai, não tem hora de partida

No caminhão o que ele traz
É a coragem que ele tem que é sempre mais
Pulso firme no volante em frente vai pela estrada e pela vida

Na solidão da boleia ele pensa na família
Na mulher a sua espera e um leve sorriso brilha
Olha o céu e olha a estrada, acelera e vai embora
No painel tem São Cristóvão, Jesus e Nossa Senhora

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Eu vi nas águas do mar o brilho do teu olhar...

Ele é natural de Carpina/PE, vizinha de Limoeiro. Cresceu ouvindo as tradições da terra, como o forró e mais tarde reconhece em Jacinto Silva um grande influenciador. Seu nome é Silvério Pessoa, artista que cresce a cada novo projeto. Sua estreia musical foi em 94 no grupo Cascabulho e seu primeiro cd solo sai em 2000, quando já havia sido premiado por vários de seus projetos.

Silvério já tem três cds e um dvd, todos muito bem recebidos pelo público. E paralelo a isso, constrói sua carreira internacional com várias apresentações na Europa. Em suas gravações e apresentações canta tanto o frevo quanto o forró, mesclando os ritmos tradicionais com sons modernos.

Entre algumas canções de seu repertório, destacam-se Coco do m, Carreiro novo, Amor de carpinteiro, Coco da Paraíba, Minha marcação, Sabor de frevo, Nas águas do mar, etc. Silvério integra o grupo de novos artistas que buscam seu merecido espaço, e é reconhecido por nomes como Dominguinhos, Alceu Valença, Lenine e tantos outros com quem já gravou!

Um forte abraço a todos!

domingo, 26 de junho de 2011

Olhando as estrelas - 16

Em 2010, premiação em homenagem a Dominguinhos.
E a série vem em ritmo junino, em ritmo de forró e de uma grande amizade existente entre esses dois astros que aparecem por aqui juntos, um com sua sanfona e outro com sua guitarra, emitindo o brilho de suas carreiras solos e hoje, juntos: Dominguinhos e Gilberto Gil, dois artistas que divulgam a música nordestina e que beberam da mesma fonte: Luiz Gonzaga.

Gil já gravou e fez muito sucesso com Eu só quero um xodó, de Dominguinhos e Anastácia, tendo inclusive algumas versões com a participação do sanfoneiro, que se tornou referência em outras gravações em cds do baiano. Outra que adentrou seu repertório foi Tenho sede. No cd de Dominguinhos de 1997, em homenagem a Gonzaga, gravaram juntos Forró de Mané Vito. E ambos brilharam em composições realizadas a quatro punhos e o povo brasileiro foi premiado com pérolas como Lamento sertanejo e Abri a porta, que já foram gravadas pelos autores e por outros intérpretes como Elba Ramalho, Zé Ramalho, entre outros.

Gilberto Gil, Dominguinhos e a fonte, Luiz Gonzaga em 1980.
Dominguinhos e Gil cantaram juntos também no cd Quem me levará sou eu de 1980 do sanfoneiro, do qual também participou a fonte de ambos, Luiz Gonzaga. Poucos sabem que Gil começou tocando sanfona e Gonzaga foi um de seus maiores ídolos, não só de início de carreira, mas sempre. E nós somos premiados com esses e outros encontros que deixam nossa música cada vez com um brilho mais intenso!

Um forte abraço a todos!

sábado, 25 de junho de 2011

Você endoideceu meu coração

Nando Cordel tem nessa época junina sua obra reverenciada, sobretudo os xotes e forrós que compôs e lançou, também nas vozes de outros grandes nomes da nossa música regional e nacional. Essa é uma das mais lindas canções de seu repertório: Você endoideceu meu coração foi imortalizada pelo Fagner e também pelo próprio Nando, além de posteriormente receber uma leitura da Alcione.

Com uma letra romântica ao extremo, que desperta o amor sem limite entre dois apaixonados e com uma linguagem nordestina, essa canção tocou bastante em muitos forrós e fez muitos apaixonados dançarem e namorarem ao seu som. Então, pra vocês, eis a letra:

Você endoideceu meu coração
(Nando Cordel)

Você endoideceu meu coração, endoideceu
E agora o que é que eu faço sem o teu amor?
Agora o que é que eu faço sem o beijo teu?

Eu nem pensei, já tava te amando
Meu corpo derretia de paixão
Queria tá contigo a todo instante
Te abraçando, te beijando
Te afagando de emoção

Ficar na tua vida eu quero muito
Grudar pra nunca mais eu te perder
Você é como água de cacimba
Limpa, doce e saborosa
Todo mundo quer beber
 
Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

São João no Nordeste Brasileiro

Todo ano é a mesma coisa, chega o mês de junho e aqui estou enaltecendo as comidas típicas, as bandeiras, a fogueiras, os fogos (cuidado com eles), as tradições, o forró (que aqui é o pai da alegria) e os artistas que contribuem para que essa festa esteja completa, sobretudo os que divulgam a cultura local e regional, regidos aos instrumentos tradicionais: zabumba, triângulo e sanfona. Onde tem sanfoneiro, tem festa garantida.

Vejo através dos noticiários que em muitas partes do Brasil se comemoram as festas juninas buscando reproduzir essas tradições que têm raízes aqui no Nordeste. Caruaru, Campina Grande, Arcoverde, Carpina, Gravatá, Camaçari, Petrolina, Serra Talhada, Limoeiro e tantas outras serão o destino de muitos. Talvez quem nunca frequentou o Nordeste nesse período não entenda ou ache exagero essa exaltação que rendo a esse momento, mas é que esse povo tão sofrido e muitas vezes tão discriminado merece uma festa dessa grandeza e só posso agradecer a Deus o presente de viver nesse lugar e conviver com essas pessoas que encontram em coisas simples motivos para serem felizes com essa tradição tão bonita.

E porque não falar da música que tem em Luiz Gonzaga sua fonte número um? Ele soube como ninguém cantar nossas tradições em cada clássico que lançou para a música brasileira. No xote das meninas o candeeiro se apagou e o sanfoneiro cochilou, mas a sanfona não parou e o forró continuou. Saudade, meu remédio é cantar as saudades que tenho das noites de São João. A fogueira tá queimando em homenagem a São João, olha pro céu meu amor e vê como ele tá lindo. E todos os demais são unânimes em afirmar que continuam esse trabalho tão lindo que representa o autêntico forró, o xote, o baião, o maracatu, o coco, e outros que representam as sempre Noites Brasileiras.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os compositores do Brasil - 39

Um poeta nordestino chega hoje à série que homenageia os compositores, sobretudo os mais desconhecidos, como é o caso do médico genuínamente nordestino. Natural de Jardim do Seridó/RN e descendente de italianos, ele é Janduhy Finizola da Cunha , que assina suas composições como Janduhy Finizola.

Com 80 anos completos esse ano, Janduhy já foi gravado por nomes nacionais como Luiz Gonzaga e Dominguinhos e por artistas regionais como Santanna, Jorge de Altinho, Silvério Pessoa, Jacinto Silva, Quinteto violado, entre tantos outros.

E entre os sucessos associados à sua criação estão Ana Maria, Nova Jerusalém, Os bacamarteiros, Cidadão de Caruaru, Frei Damião, Canto livre, Vivência, Reflexões, Pobre matuto, além de todas as canções da tradicional missa do vaqueiro que acontece todos os anos em Serrita/PE.

Um forte abraço a todos!

domingo, 19 de junho de 2011

CD Santanna, o cantador - Xote pé de serra

Sob a produção de Robertinho do Recife, em 2001 Santanna fez um de seus melhores cds e também um dos melhores trabalhos de xote dos últimos anos. Apesar de ter lançado outros trabalhos depois desse, considero esse além de seu melhor projeto, o cd que o revelou como grande nome do gênero, não apenas no Nordeste, mas no Brasil.

Todas as músicas foram sucesso, tocaram em vários forrós e nas casas de quem aprecia o gênero e, trouxe de volta o forró pé de serra, devolvendo sua importância, ofuscada na época pelo forró eletrônico. Destaque para Camego proibido, Ana Maria, Tamborete de forró, Doidim por você, Mensageiro beija-flor, Bote tempo e A natureza das coisas.

Outras canções que completam o cd são Tampa de pedra, Vontade, Pra nunca mais tu me deixar, Cheiro de nós, A cura e Nunca chore por mim. A partir desse trabalho, tivemos mais um grande nome da cultura raiz nordestina e mais um grande intéprete para os sucessos de Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Accioly Neto, Janduhy Finizola, Jorge de Altinho, entre tantos e todos sob a escola Gonzaga!

Um forte abraço a todos!