domingo, 20 de março de 2016

♫Mucuripe♫

Já pensou em uma canção gravada por nomes como Roberto Carlos e Djavan, Elis Regina e Nelson Gonçalves, Dory Caymmi e Fagner? Esta canção existe e foi composta há muitos anos por uma grande dupla de então novos compositores: Raimundo Fagner e Antônio Carlos Belchior, para Elis Regina gravar e posteriormente Roberto.

A canção reflete um personagem do campo que vai ao mar refletir sobre um grande amor, iluminado por esse grande sentimento levado ao mucuripe, nome de um bairro boêmio de Fortaleza. E descreve um figurino atípico, mas bastante elegante: um personagem relativamente jovem, mas que já traz consigo muito tempo de amor, coisa de 20 anos, com esta letra que apresenta uma riqueza poética ímpar!

Mucuripe
Fagner e Belchior

As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vou levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar
Hoje a noite namorar
Sem ter medo da saudade
Sem vontade de casar

Calça nova de riscado
Paletó de linho branco
Que até o mês passado
Lá no campo ainda era flor
Sob o meu chapéu quebrado
O sorrido ingênuo e franco
De um rapaz novo encantado
Com 20 anos de amor

Aquela estrela é dela
Vida, vento, vela, leva-me daqui

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 16 de março de 2016

CD Lenine Carbono

Como prometido a meu amigo José Ítalo Gustavo, que me presenteou com esta pérola, aqui comento um pouco sobre um dos melhores, se não o melhor CD com canções inéditas lançado em 2015: Lenine, Carbono. Oitavo álbum de sua carreira, repleto de arte comprovada já na capa, que resgata um cuidado antigo e tão essencial que os artistas possuíam com seus lançamentos, caprichando na capa, contracapa e no encarte.

E no som, Lenine imprime bastante de suas raízes pernambucanas com ritmos como ciranda, frevo e maracatu, mesclando a isso o rock e a música eletrônica. Resultado: um perfeito casamento entre melodias, harmonias, ritmos e necessárias belas letras em Castanho, O impossível vem pra ficar, À meia noite dos tambores silenciosos, Cupim de ferro (participação da Nação Zumbi), A causa e o pó, Quede água?, Simples assim, Quem leva a vida sou eu, Grafite diamante, O universo na cabeça do alfinete e Undo (apenas instrumental).

Temas atuais como a seca na região sul em Quede água?, falar da simplicidade com a canção de trabalho Simples assim não é pra qualquer um e pra quem disse que não lançam mais frevos, eles aparecem aqui de forma atualizada, renovada, sem perder suas verdadeiras raízes. Um álbum indispensável na coleção de todo aquele que curte uma boa música e compreende que temos aqui uma pérola rara no dias atuais, mas graças a Deus que ainda temos algo assim!

Um forte abraço a todos!

domingo, 13 de março de 2016

♫Sob medida♫

Neste mês dedicado às mulheres, nada mais pertinente que citar Chico Buarque e uma das suas mais lindas composições, criada para uma mulher cantar, algo que Chico sabe fazer como poucos: colocar-se no eu-lírico feminino e dar voz aos anseios que toda alma feminina expõe.

Belíssimo bolero gravada inicialmente por Fafá de Belém e Simone, com discretas diferenças na letra e posteriormente, por outras grandes vozes, como Maria Bethânia, pelo próprio Chico e, mais recentemente por Isabella Taviani, a letra de Sob medida reflete toda a sensualidade feminina, orientando o seu companheiro a agradecer a Deus o privilégio de ter sido um dos poucos sortudos da terra a receber aquele valioso e incomum prêmio.

Sob medida
Chico Buarque

Se você crê em Deus
Erga as mão para os céus e agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou na cabeça

Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto
Sou igual a você
Eu nasci pra você
Eu não presto, eu não presto

Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar, sou aquela
Eu sou filha da rua,
Eu sou cria da sua costela

Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus

Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus uma prece
E agradeça ao Senhor
Você tem o amor que merece

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 9 de março de 2016

Livro Sob a luz das estrelas

José Messias, o eterno jurado do Flávio Cavalcanti e do Raul Gil, compositor e crítico musical, que já foi tema da série Os compositores deste país também escreveu livro, sobre sua vida e sua relação com os músicos que ajudou e também foi ajudado por eles, durante toda sua carreira. 

Somos uma soma de pessoas retrata sua forma de perceber que é reflexo daquilo que influenciou e essa reciprocidade colhe desde a década de 50, quando deu seus primeiros passos no campo da música e que só cessou por conta do seu falecimento, recentemente. Mas, esta literatura mostra que ele não parou por ali, pois o encontramos neste livro que, mesmo não sendo totalmente autobiográfico, reflete suas opiniões e influências em artistas que ainda estão ativos, trazendo um pouco dele e do que foi sua ajuda no começo de suas carreiras. 

Depoimentos de artistas como Roberto Carlos, Erasmo Carlos (que estiveram no lançamento do livro, em 2006, o que fez o autor mudar a capa para esta que expomos), Jair Rodrigues, Wanderlea, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Clara Nunes, Agnaldo Rayol, entre tantos, provam que Messias sempre teve razão ao afirmar quais os artistas que fariam bem à música brasileira e neles, sempre o encontraremos!

Um forte abraço a todos!

domingo, 6 de março de 2016

♫Mutante♫

Esta é uma das canções mais bonitas do repertório da Rita Lee, craque em tantos hits. Fui apresentado a esta pérola, com a regravação de Daniela Mercury que, a meu ver, deu uma leitura definitiva e que ficou tão bem que, muitos atribuem à uma canção sua, omitindo o nome da extraordinária compositora.

Mutante fala de uma personagem iludida, que pensa em se vingar e depois parte pra outra, caracterizando-se como mutante. Daí em diante, vários sentimentos e confusões de sentimentos são relatados por este personagem sofrido que vive serenamente com a solidão e lamenta por ter nascido romântica a ponto de suportar bem essas desilusões que encontra pela estrada.

Mutante
Rita Lee

Juro que não vai doer se um dia eu roubar
O seu anel de brilhantes
Afinal de contas dei meu coração
E você pôs na estante

Como um troféu
No meio da bugiganga
Você me deixou de tanga
Ai de mim que sou romântica

Quando eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra

Como mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica

Kiss baby, kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim

Mutante, no fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou assim

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Os Intérpretes do Brasil - 51

Gilberto Gil entra nesta série, pois mesmo sendo o extraordinário compositor da música brasileira, encontramos em sua carreira espaço onde se destaca sua vertente de intérprete, o que o torna um dos melhores deste planeta já há muito tempo.

Regravado por tantos, Gil também gravou outros nomes, com muito êxito. Só de Luiz Gonzaga, de quem se considera fã e um de seus maiores discípulos, Gil já fez um disco inteiro e, neste universo, destaco Olha pro céu, que ficou muito linda em sua leitura, a ponto de carimbar sua marca em uma canção que, por si, já é um clássico na sua forma original e tradicional.

Exitoso em versões, alguém ainda diverge ao comentar sobre Não chores mais, versão de No woman no cry, de Bob Marley, que ficou tão Gil? Gosto também de Com que roupa, de Noel Rosa, que, a meu ver, ganhou versão definitiva na voz de nosso baiano. E o intérprete não para por aí, pois temos muitos outros exemplos, como o disco que fez todo em homenagem a João Gilberto, mais recentemente, o que explica um pouco o que é ser completo, musicalmente falando, como Gil é!

Um forte abraço a todos!

domingo, 28 de fevereiro de 2016

♫Cabeleira do Zezé♫

Terminamos o mês de fevereiro com mais uma marchinha das mais conhecidas: Cabeleira do Zezé. De uma época em que as preferências eram mais respeitadas e levadas com um humor leve, acima de tudo com respeito, Cabeleira do Zezé tornou-se um clássico no decorrer dos anos, sempre entoada carnaval após carnaval.

Sem falar que sua letra aborda uma das características principais da festa de momo que é a mudança que alguns impõem aos cabelos, como um adereço diferenciado dos dias comuns, em homenagem à folia, voltando ao normal ao término da festa.

Cabeleira do Zezé
João Roberto Kelly e Roberto Faissal

Olha a cabeleira do zezé
Será que ele é
Será que ele é

Será que ele é bossa nova
Será que ele é maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é

Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

♪Partituras musicais dos fãs 28 - Juliana Flores♪

Esta é nossa querida amiga Juliana Flores. Natural de Niterói/RJ, é musicista e dona de uns deliciosos quitutes nesta cidade, onde reside. Fã de Roberto Carlos, Eduardo Lages, Música clássica ou popular, estudou piano e também realiza concertos. 

Conheci Juliana ainda no Portal Clube do rei e depois pelo facebook, onde fiz contato e gentilmente aceitou participar da série e contar pra nós um pouco sobre as partituras musicais que compõem sua vida:

1 - Uma música?
♪Emoções

2 - Um momento musical inesquecível?
♪O meu primeiro recital em 1998 e o meu primeiro show do Roberto Carlos em 2008.

3 - Qual show do Roberto gostaria de ter visto e não pode ver? 
♪O show do Canecão.

4 - E qual foi o show inesquecível dele? 
♪Este primeiro que assisti o especial de 2008.

5 – Fala da sua experiência como musicista?
♪Sou pianista e tecladista. Iniciei meus estudos na música aos 14 anos. Tive dois anos de teclado popular e após isso, me interessei pela música clássica, ingressando para o Conservatório de Música de Niterói, onde estudei piano clássico aos 15 anos e não parei mais. Recentemente, me formei pela Faculdade de música da UFRJ no curso de Licenciatura em música. Atualmente, leciono em três escolas em Niterói dando aulas de musicalização infantil e também aulas de piano clássico e teclado. Nas atividades como pianista tenho tocado em eventos e concertos, sendo o meu trabalho mais recente: Um Tributo a Yanni, onde apresento suas composições e histórias.

6 – Você também é fã do Eduardo Lages?
♪Sou muito fã do maestro Eduardo Lages, uma verdadeira referencia para mim.Um grande compositor e arranjador.

7 – O que gostaria que o maestro gravasse em futuros projetos?
♪Gostaria de vê-lo tocando alguns clássicos de jazz, pois tenho certeza que sua interpretação seria incrível, na verdade toas são e sou suspeita para falar rsrs.

8 - Um compositor brasileiro?
♪Villa Lobos

9 - Um músico brasileiro?
♪Eduardo Lages

10 - O arranjo que mais aprecia em alguma canção?
♪Let´s talk about love, da Celine Dion

11 - Cite três discos que escuta sem pular nenhuma faixa. (pode ser do rei ou de outros artistas também)
♪São vários, mas tem um que é dos meus preferidos: Celine Dion, Let´s talk about love. Esse, eu nunca pulo nenhuma faixa!

12 - O que gostaria de ouvir Roberto cantar em seus shows?
♪Composições novas. É um grande artista e certamente deve ter muita coisa bonita guardada. Sua obra é linda, mas seria interessante mostrar ao público músicas novas.

13 - Seu especial de fim de ano favorito?
♪O de 2008, sem dúvida, pois este especial teve todas as minhas favoritas: além do horizonte, outra vez, Eu e Ela, além de ter cantado com uma das minhas cantoras favoritas, a Rita Lee.

14 - Um dueto inesquecível desses especiais?
♪Este com Rita Lee.

15 - Quem ainda merecia ser convidado para o especial de fim de ano?
♪Ivan Lins.

16 - Qual dueto em disco gostaria de ver com Roberto?
♪Djavan.

17 - Além do rei, quais outros artistas aprecia na música brasileira? 
♪Rita Lee, Ivan Lins, Guilherme Arantes, Paulinho da Viola.

18 - Um trecho de uma canção?
♪"A sorrir eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi minha mocidade perdida - Cartola."

19 - Como define Roberto Carlos?
♪Um artista atemporal, sua música sempre será muito atual e alcança todas as classes e gerações.

20 - Quem você sugere para entrevistarmos nesta série?
♪Eduardo Lages.

Juliana, não apenas eu, mas acredito que todos os seus amigos, ficaram felizes em ver essa simples homenagem a você e torcemos para que a música possa lhe levar por onde hoje, seus sonhos passeiam. E também, manda uns deliciosos muffins para cada leitor que curtir no face ou comentar por aqui, sobre esta entrevista rsrsrs. Muito grato pela gentileza dispensada, sempre!

Um forte abraço a todos!

domingo, 21 de fevereiro de 2016

♫Cachaça♫

Outra marchinha bastante executada nesta época carnavalesca é Cachaça, gravada originalmente por Carmem Costa, na década de 50. Com uma letra que faz uma irreverente alusão a um dos elementos indispensáveis para muitos, a bebida, é também usada para brincar com aquelas pessoas que bebem bastante também outras bebidas alcoólicas.

A letra de Cachaça traz uma certa contrariedade, a meu ver, pois de início parece criticar quem consome este produto de forma exagerada. Mas, na sequência, enaltece esta mesma bebida, classificando-a em um patamar superior à comida e ao amor. E não podemos deixar de ponderar que bebida, de forma equilibrada, durante a folia, para aqueles que gostam, não faz mal desde que estejam bem de saúde e não dirijam!

Cachaça
Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro, Héber Lobato e Marinósio Filho

Você pensa que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão

Pode me faltar tudo na vida
Arroz, feijão e pão
Pode me faltar manteiga
E tudo mais não faz falta não

Pode me faltar o amor
Isso que acho graça
Só não quero que me falte
A danada da cachaça.

Um forte abraço a todos!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

DVD Tribalistas

O DVD dos Tribalistas é o retrato áudio visual do belíssimo trabalho realizado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown em 2002 quando também foi lançado apenas o CD já comentado aqui anteriormente: CD Tribalistas. Lançado em 2003, o DVD traz imagens dos bastidores da gravação com os músicos trocando ideias nos momentos de composição e arranjos das canções.

Também encontramos o making of das canções em separado: Carnavália, Um a um, Velha infância, Passe em casa (com a participação de Margareth Menezes), O amor é feio, É você, Carnalismo, Mary Cristo, Anjo da guarda, Lá de longe, Pecado é lhe deixar de molho, Já sei namorar e Tribalistas.

Imagino que a atual agenda de cada componente deste, sobretudo da Marisa, os impeça de lançarem o Tribalistas 2 ou posteriores edições, pois não podemos negar que temos aqui uma das obras mais interessantes dos últimos 20 anos e que deu impulso ainda maior a Carlinhos e a Arnaldo para representarem de forma justa e reconhecida os gênios que são, neste trabalho que também coroou ainda mais a genialidade e perfeição de Marisa Monte!

Um forte abraço a todos!