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domingo, 30 de janeiro de 2011

Dvd Uma noite em 67

E com essa postagem encerramos não apenas a semana dedicada ao Terceiro Festival da Música Popular Brasileira, mas também ao mês de janeiro, quando dedicamos postagens a filmes que se destacam no cenário nacional e que possuem alguma ligação com a música brasileira. Lançado em 2010, o documentário apresenta as cinco canções mais bem colocadas, retratadas em postagem dessa semana.

Junto a elas estão depoimentos inéditos de seus intérpretes sobre aquele e outros momentos que marcaram o ano de 67. Sérgio Ricardo, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, MPB - 4, Gilberto Gil e Edu Lobo comentam sobre suas atuações e sobre os acontecimentos que envolveram suas apresentações e o que ficou disso tudo. Outros artistas jurados ou produtores do evento como Nelson Motta, Zuza Homem de Mello, Sérgio Cabral, Chico Anísio e Paulo Machado de Carvalho também prestam suas impressões em depoimentos que enriquecem o documentário.

Nos extras, as outras canções do Festival e seus intérpretes: Jair Rodrigues, Dory Caymmi, Nana Caymmi, além de causos contados também por Maria Medalha, Ferreira Gullar e Johny Alf. Com direção de Ricardo Calil e Renato Terra, além das canções apresentadas, temos entrevistas de bastidores da época complementando um trabalho histórico que também oferece imagens raras da então passeata da música brasileira contra as guitarras de 1967 que reuiniu alguns dos nomes do Festival contra o rock da época, nos extras.

Aquele Festival, aquele ano foi decisivo para a música brasileira e para esses e outros artistas que beberam dessa fonte. É claro que outros acontecimentos sucederam esse momento nas carreiras de nossos astros, mas é fantástico imaginar um trabalho desses que representa uma constelação, pois poucos foram os momentos em que tivemos tantas estrelas juntas!

Um forte abraço a todos!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Alegria, alegria

Essa não foi a canção vencedora do Terceiro Festival da Música Popular Brasileira. Ficou com a quarta posição, embora apresentasse justamente os requisitos daquele evento: uma canção de protesto às condições políticas atuais. Mas, até hoje é lembrada e requisitada nos shows do Caetano. Nas aulas de história, quando se estuda o período da ditadura, ela está entre as cinco canções (se não for a primeira), a ser citada como exemplo de protesto desse momento.

Realmente, foi uma ousadia do Caetano apresentá-la em um Festival em um momento em que a Política dizia: Não pode!, por conta de sua letra carregada de protestos (Vou sem lenço, sem documento... Em caras de presidentes,... em bandeiras, ..., guerrilhas,..., Sem livros e sem fuzil, sem fome, sem telefone no coração do Brasil, ...) e que a própria música brasileira mais conservadora dizia: Não pode! pela canção agregar elementos do rock em seu arranjo, no caso as guitarras elétricas, coisa patética que o Caetano sabiamemente soube dar fim e ao mesmo tempo fazer surgir o movimento que teria sua marca: A Tropicália.

Alegria, alegria
(Caetano Veloso)

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia

Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos

Eu vou
Por que não, por que não...

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento
Eu vou...

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Por que não, por que não

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Terceiro Festival da Música Popular Brasileira - 1967 - Parte 02

5º lugar:  Maria, Carnaval e Cinzas
Continuando com o Festival que foi um marco na música brasileira, apresentaremos hoje as cinco mais bem colocadas: em quinto lugar temos Maria, canaval e cinzas, do compositor Luiz Carlos Paraná, defendida pelo Roberto Carlos. Sob vaias, presenciamos um artista que faria justiça ao título de rei, pois mesmo diante das adversidades do preconceito apresentado pela maior parte do público e até por colegas, o rei exibiu uma performance invejável, ao interpretar um samba que não era muito sua praia, nem se tornou algo tão significante em seu repertório.

4º lugar: Alegria, alegria
O quarto lugar veio com Caetano Veloso e sua Alegria, alegria, canção que marcaria a obra deste compositor, o acompanhando até hoje como um de seus maiores hits e também tornou-se um hino de protesto contra a ditadura que emergia em nossa política. Creio que foi uma das canções que ficaram desse movimento e também o estopim para acabar com a besteira de que a música brasileira deveria repudiar a guitarra elétrica, típica do rock nacional e internacional.

3ºlugar: Roda viva
Em terceiro lugar, tivemos Chico Buarque e o MPB - 4 com Roda viva. Em um arranjo vocal que era um espetáculo a parte do grupo MPB - 4, essa canção foi bastante aclamada, embora hoje figure no repertório mais esquecido do Chico, que lançou muitas outras canções que se tornariam clássicos em seu repertório e na música brasileira e que ofuscariam Roda viva na lista das grandes canções desse grande compositor.

2º lugar: Domingo no parque
A medalha de prata ficou com Gilberto Gil e Os Mutantes, que juntos defenderam Domingo no parque, do Gil. Vale a mesma observação para a canção do Caetano: a guitarra foi o diferencial, embora aqui a letra, a harmonia, toda a criação seja um espetáculo. Nascia a Tropicália e, talvez por isso, as duas canções, a de Caetano e a de Gil, são as mais lembradas desse evento. Destaque também para a Rita Lee que fazia parte do grupo Os Mutantes, que acompanharam Gil na interpretação.

1º lugar: Ponteio.
O primeiro lugar ficou com Edu Logo e Maria Medalha, que defenderam Ponteio, do Edu. E, embora essa canção tenha sido a vencedora e tenha rendido grandes oportunidades ao Edu, hoje pouco se sabe, pouco se lembra de Ponteio, canção esquecida no repertório dos grandes clássicos brasileiros, até por seu criador. Outras canções do Festival e seus respectivos intérpretes foram O cantador (Elis Regina), A estrada e o violeiro (Nara Leão), Bom dia (Nana Caymmi), Gabriela (MPB - 4) e Samba de Maria (Jair Rodrigues).

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Terceiro Festival da Música Popular Brasileira - 1967 - Parte 01

Em virtude do lançamento do Dvd Uma noite em 67, vamos comentar durante as postagens de hoje até domingo sobre esse Festival que mudou a história da música brasileira, sem desmerecer os demais. O terceiro Festival da Música Popular Brasileira é hoje lembrado simplesmente como Festival da Record de 1967 ou mais sucintamente como o Festival de 67.

É claro que esse tema não se trata como algo sucinto, pela grandiosidade que foi esse evento. Mas, vamos tentar lembrar um pouco o que foi um marco na carreira de muitos artistas envolvidos e dos rumos que a música brasileira tomava naquele instante, diante de tantos acontecimentos que envolvia o país há mais de 40 anos atrás!

De um modo geral, os Festivais foram importantes porque deles surgiram grandes intérpretes que aí estão e fazem escola, sendo tais acontecimentos portas para o acontecimento nacional de vários artistas, como é o caso de Milton Nascimento, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Djavan, Sandra de Sá, Guilherme Arantes, Emílio Santiago, etc. Movimentos musicais também fincaram suas raízes nesses eventos, como é o caso da Tropicália.

Sérgio Ricardo quebra e lança o violão à platéia, sob vaias.
Mas, creio que a importância do Festival de 67 se dá pelo motivo de solidificar o evento como algo importantíssimo dentro da música brasileira e ao mesmo tempo reunir tantos grandes nomes emergentes ou não em um só palco. Sem falar do público que virou um espetáculo a parte com suas vaias e suas surpresas, como o episódio em que Sérgio Ricardo, já descontente com tanta vaia e desrespeito por não conseguir apresentar seu número Beto bom de bola, quebrou o violão, o arremessando à platéia, em uma imagem histórica não só dos Festivais, mas para a Televisão Brasileira!

Na próxima quinta: as cinco canções mais bem colocadas no Terceiro Festival da Música Popular Brasileira, que aconteceu na noite do dia 21 de outubro de 1967, no Teatro Paramount em São Paulo, apresentado pela Tv Record e que reuniu em um mesmo palco nomes como Edu Lobo, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Roberto Carlos, além de Elis Regina, Nara Leão, Dori Caymmi, Rita Lee, Nana Caymmi, Jair Rodrigues, Martinho da Vila e o grupo MPB - 4, entre outros.

Um forte abraço a todos!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Lisbela e o Prisioneiro

Uma das comédias nacionais que mais aprecio é Lisbela e o prisioneiro, com direção de Guel Arraes, lançado em dvd em 2003. Com um elenco que reune Selton Mello, Débora Falabella, Marco Nanini, Virginia Cavendish, Heloisa Perissé, Bruno Garcia, Aramis Trindade, André Mattos, Lívia Falcão e Tadeu Mello, a história foi toda gravada aqui em Pernambuco.

O enredo gira em torno do romance entre o malandro Leléu e a mocinha Lisbela, que de casamento marcado, desiste de tudo para ficar com seu novo amor, mesmo lutando contra suas próprias dúvidas e contra a vontade de personagens como seu pai, seu ex-noivo e todos os outros que perseguem Leléu como Inaura (amante de Leléu) e Frederico (o marido traído de Inaura e pistoleiro por profissão), que deseja matar Leléu.

A trilha sonora foi composta por artistas como Zé Ramalho (A dança das borboletas), Elza Soares (Espumas ao vento), Los Hermanos (Lisbela) e Cordel do Fogo Encantado (O amor é filme), entre outros. Entretanto, em termos de música, nada foi mais marcante que o resgate que Caetano Veloso fez para a música Você não me ensinou a te esquecer, de Fernando Mendes, pois o sucesso da canção foi além do filme, resgatando o Fernando para a música brasileira e ressaltando ainda mais o lado precioso do intérprete Caetano.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Isto aqui, o que é?

Ary Barroso é clássico em termos de Brasil, pois basta mencionar sua mais célebre composição: Aquarela do Brasil, conhecida no mundo todo e tida como um hino de exaltação às belezas de nossa terra tupiniquim. Mas, engana-se quem pensa que ele ficou por aí! Temos outro clássico na mesma levada, com o mesmo tema, algo até inusitado para muitos compositores, mas não para ele. É o caso da canção Isto aqui o que é, outro clássico ufanista não apenas do seu repertório, mas de todo um país que é o tema principal.

Já gravada por João Gilberto, Emílio Santiago e principalmente por Caetano Veloso que deu seu toque mais popular e, podemos dizer, que a imortalizou. Aproveitando o feriado de hoje, presenteamos nosso leitor com a letra dessa canção que nos proporciona nossa terra, orgulho de nossos ritmos, nossas cores, nosso povo. Não é um ufanismo barato, pois o brasileiro sabe exatamente o que precisa para ser feliz com tudo que Deus nos dá, e em termos de músicas, nos encontramos com clássicos como esses que nos leva à reflexão de como é grande o nosso amor à essa pátria verde e amarela:

Isto aqui, o que é?
(Ary Barroso)

Isto aqui, ô ô
É um pouquinho de Brasil iá iá
Deste Brasil que canta e é feliz,
Feliz, feliz

É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não

Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Morena boa, que me faz penar,
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar

Um forte abraço a todos!

sábado, 4 de setembro de 2010

Lamento sertanejo

Às vezes, algumas canções passam por nós, sem que percebamos seu valor e o teor fantástico que sua mensagem propõe. Às vezes, isso se dá por conta da interpretação e, talvez o ritmo que, em alguns momentos se sobrepõe à letra. Eu tive que escutar a interpretação arrasadora da Elba Ramalho para essa canção, no cd que gravou com Dominguinhos e já comentado aqui recentemente, para me envolver e me apaixonar por esse clássico.

Lamento sertanejo é daquelas canções que tocam a alma das pessoas que se identificam com algum ou todo o trecho que a letra apresenta! A riqueza de detalhes que descreve o personagem de si mesmo é talvez o grau mais emocionante dentro desse contexto. Com essa postagem, descobri que Elba incluiu em sua interpretação um trecho da canção Pipoca moderna de Caetano Veloso. O mais curioso é que ficou muito igual, uma música uniforme, sacadas de gênio mesmo:

Lamento sertanejo
(Dominguinhos e Gilberto Gil)

Por ser de lá
do Sertão, lá do cerrado
lá do interior do mato
da caatinga do roçado

Eu quase não saio
eu quase não tenho amigos
eu quase que não consigo
ficar na cidade sem viver contrariado

Por ser de lá
na certa por isso mesmo
não gosto de cama mole
não sei comer sem torresmo

Eu quase não falo
eu quase não sei de nada
sou como rês desgarrada
nessa multidão boiada caminhando a esmo.

Pipoca moderna
(Caetano Veloso e Sebastião Biano)

E era nada de nem noite de negro não
E era nê de nunca mais
E era noite de nê nunca de nada mais
E era nem de negro não

Pipoca ali, pipoca aqui
Desanoitece a manhã
Tudo mudou...

Um forte abraço a todos!

domingo, 25 de julho de 2010

Olhando as estrelas - 6 - Chico e Caetano - Melhores momentos

Dentro da Série Olhando as estrelas, finalizamos a semana dedicada ao programa Chico & Caetano, onde contamos com a valiosa colaboração do texto enviado por nosso amigo Vinícius Faustini, comentaremos sobre o único legado fonográfico desse projeto: o Lp, depois cd Chico e Caetano - Melhores momentos:

Foi lançado um LP com 11 números dos vários programas. Mas o disco ficou com uma qualidade bem abaixo do esperado, tanto no áudio quanto na escolha do repertório. A tentativa de ser eclético demais deixou números fantásticos de fora. Eis a lista de músicas de "Melhores momentos de Chico & Caetano":

1 - Festa imodesta - Chico Buarque e Caetano Veloso
2 - Nêga maluca / Billie Jean - Caetano Veloso
3 - Roberto, corta essa - Jorge Ben
4 - Adiós, nonino - Astor Piazolla
5 - Tiro de misericórdia - Elza Soares
6 - Não quero saber mais dela - Chico Buarque, Caetano Veloso, Beth Carvalho e Fundo de Quintal
7 - London, London - Caetano Veloso e Paulo Ricardo
8 - Águas de março - Tom Jobim, Chico Buarque e Caetano Veloso
9 - Sentimental - Chico Buarque
10 - Luz negra - Cazuza
11 - Merda - Caetano Veloso, Chico Buarque, Rita Lee e Luiz Caldas

Curiosamente, a última música não foi exibida na TV Globo. A censura vetou a música que Caetano Veloso fez para homenagear o teatro, tanto por seu título quanto por seus versos falarem sobre substâncias ilícitas: "Nem na loucura do amor, da maconha, do pó, do tabaco e do álcool, vale a loucura do ator quando abre-se em flor sobre as luzes do palco".

Infelizmente, Chico & Caetano não foi lançado em DVD. Tantas imagens históricas, tantos momentos maravilhosos de boa música que foram reprisados apenas durante o verão de 1987. No You Tube há vídeos memoráveis, como Caetano Veloso cantando Gente humilde, Baden Powell e Elizeth Cardoso cantando Além do amor e Deixa ou Chico, Caetano e Paulinho da Viola interpretando Preconceito. A cada lembrança de Chico & Caetano, fica o lamento de a TV Globo ter reduzido tão drasticamente os shows musicais de sua programação. Um programa como este faz todos os amantes da boa Música Popular Brasileira se emocionar e repetir com Caetano Veloso o grito de "Salve o compositor popular!".

Obrigado, Everaldo, por tão generosamente ceder este espaço para mim. É sempre bom podermos achar na Internet um espaço que divulga a música brasileira em todas as suas vertentes. E foi melhor ainda por participar daqui trazendo uma memória da minha infância. Espero que todos tenham gostado.

Abraços a todos, Vinícius Faustini!

Vinícius, nós é que agradecemos por você ter nos proporcionado uma semana tão valiosa para nossa saudade e para a lembrança de bons programas como esses que fizeram a história da música brasileira!

Um forte abraço a todos!

sábado, 24 de julho de 2010

O quereres

Essa canção foi interpretada por Caetano e Chico no programa e Chico errou algumas vezes a entrada da canção. Entretanto, a produção deixou bem natural sem cortes na edição, porque ficou muito espontâneo e o Chico ainda tirava uma de: "Não sei porque ainda insisto nesse negócio de cantar... Eu estou dando tudo de mim", e a platéia caia na gargalhada juntamente com Caetano que pedia: Não exagere!

O quereres foi lançada no disco Totalmente demais do Caetano de 1986 e também tem uma interpretação magnífica da Maria Bethânia no cd/dvd Maricotinha de 2001. É daquelas canções do Caetano que você passa horas ou um bom tempo para entender de que se trata. A meu ver tem um tom muito forte de rebeldia, de contrariedade em relação à pessoa a quem se dirige! É como se fosse uma pedra de gelo emitindo fogo, como essa imagem aqui apresentada, totalmente adversa! Coisas do Caetano que lembramos aqui nessa semana que dedicamos às lembranças do programa Chico & Caetano:

O quereres
(Caetano Veloso)

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não

E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão

Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher

Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor

Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor...

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio

Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim

Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

Amanhã, finalizaremos essa nossa Série que lembra o programa Chico & Caetano!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Programa Chico & Caetano - parte 2

Amigos, dando continuidade a essa semana especial voltada para esse programa inesquecível da década de 80, vamos descobrir os convidados e algumas outras curiosidades do programa Chico & Caetano, proporcionadas pelo nosso amigo Vinícius Faustini:

Certamente, os momentos mais interessantes eram quando vários cantores se reuniam para interpretar uma música só. Foi assim com as participações estrangeiras. Em época de abertura política, o cubano Pablo Milánes fez shows no Brasil, e foi levado ao Chico & Caetano. O número de encerramento foi uma interpretação de Guantanamera, na voz de Milánes, Chico, Caetano, Marina Lima e Djavan. A participação de Mercedes Sosa trouxe Chico, Caetano, Gal Costa e Milton Nascimento cantando Volver a los 17.

Foram nove edições do programa, que chegou à sua última edição no dia 26 de dezembro de 1986. Chico & Caetano deixou um registro audiovisual de participações de grandes artistas - Cazuza, Elizeth Cardoso, Elza Soares, Evandro Mesquita, Gilberto Gil, João Bosco, Jorge Ben Jor, Legião Urbana, Luiz Caldas, Maria Bethânia, Os Paralamas do Sucesso, Paulinho da Viola, Rita Lee e os estrangeiros Pablo Milánes, Mercedes Sosa, Astor Piazzola e Silvio Rodriguez. No entanto, um dos momentos mais marcantes foi gerada por uma ausência:

No programa de 15 de agosto de 1986, Tim Maia era um dos convidados esperados para o programa Chico & Caetano. No Teatro Fênix, todos o esperavam para a gravação. Só que, como era de costume, as coisas não saíram conforme o esperado. Caetano Veloso explicou à plateia: "O Tim Maia veio ontem, ensaiou e nós estávamos esperando que ele chegasse hoje e ele não veio, e não aparecia, e vários telefonemas difíceis de decifrar terminaram revelando que ele realmente não vem".

Já antevendo que poderia acontecer uma situação como esta, o diretor Roberto Talma (atualmente um dos diretores do Roberto Carlos Especial) havia gravado o ensaio do dia anterior. Acabou ficando ainda mais interessante porque, além de cantar as músicas Do Leme ao Pontal, Vale tudo e Me dê motivo, mostrava ele com suas típicas reclamações para o operador de som, suas brincadeiras com a banda e a capacidade vocal que ele tinha. Como Caetano disse: "Isso faz parte mais ou menos da tradição e do charme do Tim Maia, e isso estranhamente não faz com que a carreira dele fique feia ou isso dê errado. É igual à rouquidão da voz dele. O que seriam falhas se tornam enfeites, formam ainda algo mais bonito. De um modo que esse mistério estranho que envolve Tim Maia continue aqui nos encantando".

Sábado tem mais Chico & Caetano!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Programa Chico & Caetano - parte 1

Amigos, recebi do nosso amigo Vinícius Faustini, dos blogs Emoções de RC(http://www.emocoesrc.blogspot.com/), Diário de um salafrário(http://www.diariodeumsalafrario.blogspot.com/) e O tempo e o placar (http://www.otempoeoplacar.blogspot.com/), esse texto que revive um dos programas mais interessantes que a música brasileira proporcionou às nossas telinhas. Portanto, como um presente do Vinícius para todos nós, teremos essa semana totalmente dedicada a esse tema: Especial Chico & Caetano! Espero que gostem e agradeçamos todos ao Vinícius, nosso jornalista e poeta por mais esse presente:

"Salve o compositor popular!"

A partir de 25 de abril de 1986, a TV Globo promoveu um encontro de seus telespectadores com a Música Popular Brasileira. Chico Buarque e Caetano Veloso foram convidados para apresentar um programa musical onde cantavam suas músicas e promoviam encontros musicais entre artistas do Brasil e do mundo. Uma vez por mês, a noite de sexta-feira era dedicada a "Chico & Caetano"!

A proposta do diretor Daniel Filho, aliada ao roteiro de Nelson Motta, tornou o programa de uma descontração imensa, na qual o contraponto entre a irreverência de Caetano Veloso e a timidez de Chico Buarque dava margem a muitas situações inusitadas. Os ares da Ditadura Militar não mais imperavam no Brasil, e o programa, de certa forma, celebrava as pazes entre Chico e a Rede Globo. O artista foi boicotado pela emissora durante boa parte do período militar, em especial por suas canções serem mal vistas pelos ditadores.

Na estreia, Chico e Caetano repetiram um número presente no show "Caetano e Chico - Juntos e ao vivo" (que foi lançado em disco na década de 1970): um medley com Chico Buarque cantando Você não entende nada, de Caetano, e Caetano Veloso cantando Cotidiano, de Chico. O programa teve a participação de Luiz Caldas, Rita Lee e Maria Bethânia. As duas cantoras fizeram um marcante dueto no qual cantaram Shangrilá e Baila comigo.

Nos duetos, eles fizeram interpretações memoráveis de canções como O quereres, Partido alto e Sem compromisso, Festa imodesta e um medley com Esse cara e Com açúcar, com afeto. Os cantores também tinham seus números solos, nos quais cantavam músicas lançadas na época - Caetano Veloso interpretou Milagres do povo, música que fez para a minissérie da TV Globo "Tenda dos milagres", e Chico Buarque cantou Sentimental e O último blues, canções do filme "Ópera do malandro".

A participação dos convidados podia alternar. Em alguns momentos, o encontro era só com um dos cantores (caso do dueto de Caetano Veloso com Marina Lima em Fullgás e de Chico Buarque cantar com Os Paralamas do Sucesso), em outros o encontro eram com ambos os cantores, caso de Águas de março, no qual eles dividiram os vocais com Tom Jobim.
 
Um sonho não acham? Quinta-feira tem mais!
 
Um forte abraço a todos!

domingo, 27 de setembro de 2009

Caetano Veloso - Novelas

Essa compilação lançada em 2002 mostra sucessos da obra de Caetano Veloso para as novelas globais. Canções de seu repertório que se tornaram clássicos, algumas compostas pelo próprio Caetano e, outras apenas interpretadas por essa grande lenda da música brasileira.

Da trilha de Sem lenço e sem documento, Mário Prata (1977), temos Alegria, alegria, gravada em 1968 e O Leãozinho. Um ano depois veio Gina (escrita por Rubens Ewald Filho e inspirada no romance de Maria José Dupré) e lá estava Caetano com Coração Vagabundo. Homem proibido, Teixeira Filho (1982) trouxe Queixa. Você é linda pintou na trilha de Eu prometo, Janete Clair (1983). Um sonho a mais de Daniel Más (1985) trouxe a canção gravada em inglês Shy moon, um dueto com Ritchie.

Escândalo foi composta para Ângela Rô Rô em 1981, mas só foi lançada por Caetano em 2001 e constou na trilha sonora de O Clone, Glória Perez. Da safra de interpretação temos Felicidade (Felicidade foi embora...), para a novela Olhai os lírios do campo, com texto de Geraldo Vietri a partir do romance de Érico Veríssimo (1980). Em Vale tudo, de Gilberto Braga (1988), tivemos Isto aqui o que é. Para a inesquecível Tieta, adaptação de Jorge Amado (1989), tivemos Meia lua inteira. Dez anos mais tarde, em Suave veneno, de Agnaldo Silva, temos seu maior sucesso de vendas - Sozinho. Nesse mesmo ano, em italiano, temos Luna Rossa, para a novela Terra nostra, de Benedito Ruy Barbosa.

Temos ainda Samba de verão, para a novela Laços de família, de Manoel Carlos (2001) e a faixa que abre essa compilação, Sonhos, vem lá de 1982, e esteve na trilha de Desejos de mulher, de Euclydes Marinho (2002). É uma compilação para quem sempre acompanhou as novelas e se deliciou com os sucessos do Caetano e além disso, mesmo quem não curta esses folhetins globais, sabe que uma compilação, com um repertório assim será sempre agradável aos nossos ouvidos!

Um forte abraço a todos!

domingo, 16 de agosto de 2009

As cidades cantadas - 7

E a série As cidades cantadas volta hoje para homenagear mais uma representante nordestina: a aniversariante do dia, Teresina/PI. Confesso que quando iniciei essa série, algumas cidades e homenagens me vieram à mente, mas Teresina não foi uma delas e isso porque conhecia pouco sobre essa belíssima capital. Mas, eu apenas esquecera que o James me daria a dica. O James, ou melhor, Zé Jeimis como o chamo, é um garoto esperto criador do site RCBraga, presente em meus favoritos, ao lado! O site tem sido campeão na divulgação dos passos e da obra do rei!

Teresina é cantada no repertório de Gonzaga, De Teresina a São Luiz, numa belíssima viagem realizada pelo rei do baião! Mas, é imortalizada na canção do Caetano, Cajuína! Não conheço pessoalmente, mas pelas fotos que encontrei trata-se de uma belíssima cidade do Nordeste brasileiro! Então Zé Jeimis, eis aqui sua cidade, sua Cajuína e nossa singela homenagem a você também, ilustre morador e amigo nosso sempre!

Cajuína
(Caetano Veloso)

Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina

Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina

Um forte abraço a todos!

domingo, 26 de julho de 2009

Nelson Gonçalves Duetos

Uma das grandes vozes brasileiras, Nelson Gonçalves sempre foi generoso com seus colegas e vez por outra, gravou com eles canções memoráveis, algumas delas presentes nessa coletânea: Duetos, lançado em 2006. Antes mesmo desse tipo de projeto se tornar rentável e comum, Nelson já brilhava nessa área, chegando a gravar os discos Nós, Ele e elas Vol. 1 e 2, e Ele e eles, na década de 80.

É o que se pode verificar em Renúncia, fox clássico de seu repertório em dueto com o outro vozeirão Tim Maia. Maria Bethânia, clássico de Capiba na voz do Nelson, fez Caetano não só apontar esse nome à sua maninha, mas também participar dessa releitura histórica junto com o ídolo. Isso mesmo! Nelson é um ídolo para esses colegas, é o que afirma Alcione, que participa da faixa Louco. Fagner diz o mesmo quando empresta sua composição e voz em Mucuripe. E a própria Maria Bethânia aparece em Caminhemos, clássico da obra do Nelson.

Inusitado é Nelson e Gonzagão cantando Asa branca, clássico do rei do baião, e eles deixando claro, na conversa animada que apresentam no final da faixa, que ingressaram na mesma gravadora praticamente juntos. Outros fãs aparecem na sequência, como Chico Buarque em Valsinha, Martinho da Vila em Lembranças, Gal Costa em Dos meus braços tu não sairás e Zizi Possi em Castigo.

Nana Caymmi é recrutada para interpretar um medley do eterno Caymmi em Não tem solução, Só louco e Nem eu. Linda e clássica é a interpretação de O negócio é amar com Fafá de Belém. A coletânea chega ao fim em Perfídia, com Montserrat e Nunca, em dueto póstumo com Ivo Pessoa. Nelson teve outros duetos memoráveis com esses e outros artistas que não dão pra reunir em uma única coletânea. Entretanto, a música brasileira e o público que aprecia esse tipo de projeto e curte a voz inconfundível e memorável do Nelson aplaude esse lançamento e torce para que venham outros que perpetuem ainda mais seu trabalho!

Um forte abraço a todos!

domingo, 28 de junho de 2009

Tá combinado

Sinto falta de canções como essa que une letra e melodia de uma forma fantástica. Além disso, aborda um tema muito comum hoje em dia, mas com uma elegância típica de poucos. O sexo se mostra como tema principal e como algo que completa o amor e não o ridiculariza. A amizade pode culminar em algo mais forte, via sexo e não simplesmente por ele.

As cenas descritas mostram como era interessante também falar sobre um tema pelo qual alguns apresentavam uma certa timidez, embora seja comum a todos! E ainda, de forma moderna aponta para o que hoje chamamos de ficar, despontando para a possibilidade disso tudo culminar no amor! Tudo acertado entre um casal, desde uma simples transa até a possibilidade de algo mais forte acontecer. Tá combinado é mais uma genealidade do Caetano e foi gravada pela Gal e pela Bethânia, em versões distintas e lindas!

Tá combinado
(Caetano Veloso)

Então tá combinado, é quase nada
É tudo somente sexo e amizade.
Não tem nenhum engano nem mistério.
É tudo só brincadeira e verdade.

Podemos ver o mundo juntos,
Sermos dois e sermos muitos,
Nos sabermos sós sem estarmos sós.

Abrirmos a cabeça
Para que afinal floresça
O mais que humano em nós.

Então tá tudo dito e é tão bonito
E eu acredito num claro futuro
De música, ternura e aventura
Pro equilibrista em cima do muro.

Mas e se o amor pra nós chegar,
De nós, de algum lugar
Com todo o seu tenebroso esplendor?

Mas e se o amor já está,
Se há muito tempo que chegou
E só nos enganou?

Então não fale nada, apague a estrada
Que seu caminhar já desenhou
Porque toda razão, toda palavra
Vale nada quando chega o amor

Um forte abraço a todos!

domingo, 12 de abril de 2009

Teresa da Praia

Teresa da praia é um dos clássicos da música brasileira e da obra de Tom Jobim, em parceria com Billy Blanco. É, sem sombra de dúvidas, um dos duetos mais perfeitos da nossa música e foi feito pra ser assim: uma canção cantada por dois intérpretes que duelam o amor da estrela e personagem principal: Teresa, mais uma daquelas belas moças que Tom via completar e tornar perfeita qualquer paisagem do Rio de Janeiro. A Teresa da história era uma homenagem a sua então esposa Teresa Hermany, fato muito comum na obra do Tom, cantar os nomes de musas amadas e inspiradoras.

Inicialmente gravada e imortalizada em 1954 por Lúcio Alves e Dick Farney, para marcar de vez o término da suposta rivalidade entre os dois modernos e galantes da época, e também caracterizar o período pré-bossa nova, anos mais tarde, essa canção ganhou novas releituras, sempre com duetos divertidos e emocionantes. É o que podemos confirmar com Emílio Santiago e Luiz Melodia, ou mais recentemente com Roberto Carlos e Caetano Veloso. E depois desses encontros memoráveis e desse clássico, alguém ainda tem dúvida de quem é a tal Tereza tão bem descrita nessa canção?

Teresa da praia
(Tom Jobim e Billy Blanco)

- Lúcio!
Arranjei novo amor no Leblon
Que corpo bonito, que pele morena
Que amor de pequena, amar é tão bom, tão bom...

- Ô Dick!
Ela tem um nariz levantado
Os olhos verdinhos bastante puxados
Cabelo castanho e uma pinta do lado

- É a minha Teresa da praia!
- Se ela é tua é minha também
- O verão passou todo comigo
- O inverno pergunta com quem

Então vamos a Teresa na praia deixar
Aos beijos do sol e abraços do mar
Teresa é da praia, não é de ninguém

- Não pode ser tua
- Nem tua também
- Teresa é da praia
Não é de ninguém!

Um forte abraço a todos!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Encontro musicais em discos...

Nossos artistas sempre nos presentearam com ótimos trabalhos, alguns dos quais destaco semanalmente para todos vocês! Imaginem quando eles se juntam para realizarem um trabalho em comum, tipo compor alguma canção, tocarem juntos, gravarem juntos uma faixa. E o que dizer : gravarem um disco inteirinho juntos?

Foi o que aconteceu por exemplo em 2008, com o cd/dvd Amigo é casa que reuniu duas grandes vozes femininas da melhor qualidade: Simone e Zélia Duncan juntas em um projeto que reuniu grandes hits de sua carreira e traçou um paralelo de como suas obras se encontram, sobretudo pela influência que uma exerceu sob a outra. Destaque para canções como Grávida, Meu ego, Idade do céu, Encontros e despedidas, Jura secreta, Alma e Tô voltando.

Pois é, 2008 foi um ano em que tivemos ao menos três grandes lançamentos nesse formato. Um deles já foi comentado aqui nesse blog no dia 14/12/2008 (é só procurar nos arquivos de dezembro ou no campo "Quero saber sobre"), que é o projeto que reuniu Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim, numa comemoração aos 50 anos de Bossa nova. Destaque para Wave, Inútil paisagem, Por causa de você, Corcovado/Samba do avião e Tereza da praia.

E ainda em 2008, tivemos outro encontro musical em outra praia. O rock brasileiro recebeu de presente a união pra lá de especial das bandas Paralamas do Sucesso e Titãs, juntos e ao vivo, em cd e dvd. Destaque para Marvin, Uma brasileira, A novidade, Comida e Meu erro.

Mas, não é de hoje ou de ontem que nossos artistas se juntam. E isso ocorre nos mais variados estilos: Nos anos 90, por exemplo, as três maiores duplas sertanejas do país gravavam anualmente discos que os uniam em torno de seu especial de final de ano e de seus convidados. Pois é, Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo e, tantos outros ilustres participaram de várias edições do projeto Amigos.

Agora, me responda: o que dizer desses dois medalhões ao lado juntos? Pois é, Milton Nascimento e Gilberto Gil já fizeram um disco inteiro juntos em 2000, depois de tanto tempo fazendo música de qualidade, separados. Destaque para Sebastian, Duas sanfonas, Ponta de areia, Palco e Baião da garoa.

Mas, é claro que não podemos parar por aqui. O que falar do Fagner? Fez isso de forma brilhante em dois momentos de sua carreira, um com os dois discos que gravou com Luiz Gonzaga (destacados no post do dia 21/06/2008) e, mais recentemente, no disco que gravou em parceria com Zeca Baleiro. O que dizer dos discos gravados por Ângela Maria e Agnaldo Timóteo? Mas, não podemos esquecer de Chico Buarque e Maria Bethânia ainda na década de 70, ou de Chico e Caetano nos anos 80! Poderíamos também falar do projeto Grande encontro, gravado pelos nordestinos Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Zé Ramalho. Bom, mas isso pode ser temas de posts futuros. E claro, poderíamos citar muitos outros discos em duplas, por artistas que não são duplas convencionalmente, porém, enxergam em sua união um novo formato de trabalho onde os premiados somos todos nós!

Um forte abraço a todos!

domingo, 25 de janeiro de 2009

As cidades cantadas - 1

A música brasileira se une à geografia brasileira para apresentar uma série no Blog Música do Brasil, voltada para algumas cidades que foram cantadas e exaltadas por grandes compositores e intérpretes que conhecemos. Hoje, por ser aniversário de São Paulo, talvez a cidade mais importante do país, vamos abordar essa metrópole mundial em termos sonoros.

São Paulo foi cantada em alguns momentos, por alguns nomes como Adoniran Barbosa em Trem das onze ou Paulo Vanzolini em Ronda. Mas, sem sombra de dúvidas, a canção mais parecida com São Paulo vem de um baiano: Caetano Veloso em Sampa, onde através de belos versos escancara a maior cidade do país para o mundo todo conhecer suas esquinas e aflições, suas belezas e deslumbres:

Sampa
(Caetano Veloso)

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui, eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee,
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

Um forte abraço a todos e parabéns São Paulo!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Você não me ensinou a te esquecer...

Nos anos 70, surge no cenário nacional de nossa música um artista romântico que faria muito sucesso nas rádios: Luiz Fernando Mendes Ferreira, ou simplesmente Fernando Mendes. Natural de Conselheiro Pena, cidade mineira, Fernando começou no início dos anos 70 juntamente com José Augusto, com quem compôs algumas canções.

Seu primeiro sucesso foi a canção A desconhecida, que foi logo para as rádios e tornou-se uma das mais pedidas, consagrando o jovem compositor dessa canção regravada recentemente por Leonardo. Foi com essa canção que Fernando apresentou-se pela primeira vez na televisão, no programa do Chacrinha.

A partir de então, tornou-se um dos cantores mais populares do país com várias apresentações e com sucessos como Cadeira de rodas, Dois amores, Eu queria dizer que te amo numa canção, Ontem hoje e amanhã, entre outras, além de seu maior sucesso: Você não me ensinou a te esquecer, campeão de vendas em 1979 e regravada recentemente por Caetano Veloso e Bruno e Marrone.

Fernando foi de um tempo em que suas canções tocavam bastante nas rádios e mesmo sendo taxado de brega, tais canções eram gravadas com grandes orquestras e músicos, em um trabalho com muito capricho, o que o faz continuar seguindo sua carreira compondo e realizando shows país afora.

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Roberto Carlos Especial 2008

E hoje, como se não bastasse a festa de Natal, temos o Roberto Carlos Especial, uma tradição de 34 anos que se repete para emocionar fãs como eu e do Brasil inteiro que vive repetindo versos românticos do maior artista da música brasileira de todos os tempos!

Nessa edição o rei revive seus eternos sucessos como Emoções, Outra vez e Jesus Cristo, além de dividir o palco com grandes nomes como Zezé di Camargo e Luciano, Neguinho da beija-flor, Rita Lee e Caetano Veloso. Com a Rita, faz um medley onde revivem canções do repertório de cada um, com temas semelhantes, num encontro histórico entre o rei e a rainha do rock. Com Caetano, revivem o grandioso trabalho realizado esse ano sobre a obra do Tom Jobim, além de um bate-papo entre os dois e algumas histórias marcantes em suas vidas! Tudo sob os arranjos marcantes e elegantes do maestro Eduardo Lages!

Sou suspeito em falar do Roberto, pois todos que me conhecem sabem que além de tudo, ele é meu referencial. Como se não bastasse esse programa-presente para fãs como eu, ainda levo o sentimento que todos que me conhecem, lembrarão da minha alegria nessa noite! E é essa a verdade: Roberto continua o mesmo cabeludo de sempre que aparece em nossa rua, em nossa casa e planta uma melodia de paz e felicidade em nossos corações! E não pense que isso são apenas palavras de um fã! Experimente ouvir algum disco do Roberto ou assisti-lo hoje em seu especial e perceberá que a residência tomará ares de felicidade!

Feliz Natal e um forte abraço a todos!