sábado, 29 de janeiro de 2011

Alegria, alegria

Essa não foi a canção vencedora do Terceiro Festival da Música Popular Brasileira. Ficou com a quarta posição, embora apresentasse justamente os requisitos daquele evento: uma canção de protesto às condições políticas atuais. Mas, até hoje é lembrada e requisitada nos shows do Caetano. Nas aulas de história, quando se estuda o período da ditadura, ela está entre as cinco canções (se não for a primeira), a ser citada como exemplo de protesto desse momento.

Realmente, foi uma ousadia do Caetano apresentá-la em um Festival em um momento em que a Política dizia: Não pode!, por conta de sua letra carregada de protestos (Vou sem lenço, sem documento... Em caras de presidentes,... em bandeiras, ..., guerrilhas,..., Sem livros e sem fuzil, sem fome, sem telefone no coração do Brasil, ...) e que a própria música brasileira mais conservadora dizia: Não pode! pela canção agregar elementos do rock em seu arranjo, no caso as guitarras elétricas, coisa patética que o Caetano sabiamemente soube dar fim e ao mesmo tempo fazer surgir o movimento que teria sua marca: A Tropicália.

Alegria, alegria
(Caetano Veloso)

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia

Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos

Eu vou
Por que não, por que não...

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento
Eu vou...

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...

Por que não, por que não

Um forte abraço a todos!

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro amigo, Everaldo

Estou lhe passando esta mensagem, apenas para lhe dizer que estou aguardando terceira parte do Terceiro Festival da MPB, para fazer meus comentários.

Mas, desde já, fico-lhe imensamente agradecido, pois foi com muita emoção que acabo de cantar mentalmente, esta belíssima música do Caetano, que diga-se de passagem, a cantava junto com meus colegas de colégio, naquela época.

Não precisa publicar esta mensagem, mas gostaria de que, se possível me enviasse seu email, através do meu: gbottary@yahoo.com.br, para que eu possa em alguns casos entrar em contato com vsa. por este intermédio, caso isto seja possível, claro.

Gostaria de lhe enviar algumas sugestões no tocante à músicas que marcaram épocas no roll das nacionais.

No mais obrigado novamente, por nos trazer matérias tão belas, acerca da Música Popular Brasileira.

Everaldo Farias disse...

Amigo Bottary,

Essa postagem é como se fosse uma terceira parte da semana sobre o Festival, embora não tenha o título.

Na primeira postagem, falamos sobre alguns casos, além de apresentarmos a série. Na segunda, as canções e seus intérpretes. Hoje, uma canção que, a meu ver, mais se destacou nesse evento!

E amanhã, finalizamos com o comentário sobre o dvd que originou essa série.

Amigo, meu email é evefrc@hotmail.com Fica a vontade para mandar brasa e muito obrigado pela atenção!

Blog Música do Brasil
www.everaldofarias.blogspot.com

Um forte abraço a todos!