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sábado, 9 de junho de 2012

O Xote das meninas


O Xote das meninas é um clássico da música brasileira, pois além de ser imortalizada na voz de seu criador, Luiz Gonzaga, também já foi regravada por grandes nomes, alguns presentes nos marcadores. E acredito que deve passar em todas as listas de canções feitas por algum grande intérprete que deseja gravar Gonzaga.

Sua letra traz a menina caipira apaixonada, que compromete todo seu tempo em pensar no amor, ignorando estudo, trabalho e tudo mais. Na verdade, é uma mudança radical na moça que transforma seu visual, lançando mão da maquiagem e outros adereços que levam seu pai até a pensar em doença, mas que nem o médico resolve, pois é mal de amor. Mais uma genialidade "gonzagueana"

O Xote das meninas
(Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

Mandacaru quando fulora na seca
É o siná que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjôa da boneca
É siná de que o amor já chegou no coração
Meia comprida, não quer mais sapato baixo
Vestido bem cintado, não quer mais vestir timão

Ela só quer, só pensa em namorar
Ela só quer, só pensa em namorar

De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando, sonhando acordada
O pai leva ao dotô a filha adoentada
Não come, nem estuda
Não dorme, não quer nada

Ela só quer, só pensa em namorar
Ela só quer, só pensa em namorar

Mas o dotô nem examina
Chamando o pai do lado, lhe diz logo em surdina
Que o mal é da idade, que prá tal menina
Não tem um só remédio em toda medicina

Ela só quer, só pensa em namorar
Ela só quer, só pensa em namorar

Um forte abraço a todos!

sábado, 2 de junho de 2012

Qui nem jiló

Mês de junho começando e sempre dedicamos postagens para artistas locais que divulgam a música raiz nordestina para o país e que encantam com seus lançamentos e shows pelo interior, se espalhando e brilhando como fogueiras, sobretudo nas datas dos três principais santos. E este ano é ainda mais especial, pois estamos no clima do centenário de Luiz Gonzaga, nosso rei do baião. Esse mês visitaremos, a cada sábado, algum clássico de tantos de seu belíssimo repertório.

Qui nem jiló está entre as cinco que mais amo de um repertório difícil de escolher como é o de Gonzaga. Já foi gravada por tantos outros intérpretes como Gilberto Gil, Dominguinhos, Elba Ramalho, Gal Costa, etc. Uma letra que une amor e saudade (destacando o lado bom e ruim desse sentimento) de uma forma diferenciada, pois não aponta pra esse sentimento nostálgico com tristeza, mas o soluciona com o canto, com a música, com o laiá, laiá de um povo feliz, mesmo em um momento que sugere tristeza. Pontos para a genialidade "gonzagueana" e para a música brasileira que tem um clássico como este!

Qui nem jiló
(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
Que é feliz sem saber
Pois não sofreu

Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade, entonce, aí é ruim
Eu tiro isso por mim,
Que vivo doido a sofrer

Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz roer
E amarga qui nem jiló
Mas ninguém pode dizer
Que me viu triste a chorar
Saudade, o meu remédio é cantar

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Céu de céu de nuvem...

Ele lembra muito o pai no jeito de cantar e de ser. Imagine um filho de Gonzaga Jr. e neto de Gonzagão, o rei do baião. E a curiosidade maior é que ele tem influência do pai nas letras e do avô nos ritmos. Ele é Daniel Porto Carreiro Gonzaga do Nascimento, ou simplesmente Daniel Gonzaga, natural do Rio de Janeiro/RJ.

Com essa família influente, Daniel lançou seu primeiro trabalho em 1996, acumulando sucessos compostos por ele mesmo, ou por seu pai ou avô, como Janela, Recado, Rapaz de bem, Feliz, Pense n´eu, Começaria tudo outra vez, Areia, Festa, Bianca, Calma paciência e fé, Mês de chuva, Eu não acredito em nada, Comportamento geral, Namorar, Diga lá coração, Da vida, Beijo, etc.

Muitos amam Luiz Gonzaga e outros Gonzaguinha e ainda há os que amam os dois. Daniel Gonzaga representa a melhor herança desses dois nomes que escreveram belíssimas páginas na música brasileira e que, com certeza, continuarão a serem escritas por essa grande descendência!

Um forte abraço a todos!

sábado, 28 de abril de 2012

A Vida do viajante

Esta é das mais lindas do repertório de Gonzaga. Diria até que se contarmos as dez mais, ela vai figurar em 90% das listas que seus fãs se arriscariam a fazer. Interpretada por outros nomes, cada um a sua maneira, como Fagner, José Augusto, Chico Buarque, Dominguinhos, Lenine entre outros, podemos dizer que estamos diante de um clássico do sertão do Brasil.

E parece que Luiz Gonzaga queria mesmo uma canção que pudesse deixar para a posteridade, que sua história, ao se confundir com a de tantos que se identificam com a canção, pudesse ser contada, sobretudo na melhor forma possível, destacando a alegria e a dificuldade de ser artista, mesmo com a chuva ou com o sol escaldante, com a saudade de casa e a felicidade de fazer amigos, a simplicidade da vida que Gonzaga tanto cantou pelo país! O personagem que é o artista, diferente de quem o interpreta, que apresenta sentimentos humanos como a saudade e o cansaço da caminhada, mas se vê orgulhoso disso tudo.

A vida do viajante
(Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil)

Minha vida é andar por esse país
Pra ver se um dia descanso feliz

Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei.

Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro
Mais uma estação...
E a saudade no coração

Mar e terra, inverno e verão
Mostro um sorriso, mostro alegria
Mas, eu mesmo não...
E a alegria no coração

Um forte abraço a todos!

sábado, 17 de março de 2012

As cidades cantadas - 13

A cada mês estamos publicando algo referente a Luiz Gonzaga, nosso Gonzagão, por conta de seu centenário de nascimento comemorado no decorrer de todo este ano. Já tivemos a homenagem da Unidos da Tijuca e agora vamos voltar a abordar mais uma cidade brasileira na série As cidades cantadas, onde uma canção de Gonzaga se faz presente.

Não sei se esta é a canção mais tradicional em homenagem à esta cidade que aniversaria em 12 de janeiro, mas é muito conhecida e executada na voz de Gonzaga e de seus seguidores, a exemplo de Dominguinhos que a regravou com Joquinha Gonzaga, irmão do rei do baião. E tudo isso só reforça que Gonzaga sabia não apenas cantar sua terra, mas as tradições, as comidas, os costumes dos lugares por onde passava.

Tacacá
(Luiz Gonzaga - Lourival Passos)

Quem vai a Belém do Pará
desde a hora em que sai
não se esquece de lá, quer voltar

Lembrar o açaí, o tacacá,
que saudade que dá
de Belém do Pará

Orar na Matriz de Belém,
conversar com alguém
como é bom recordar

Jesus em Belém foi nascer
eu quisera morrer
em Belém do Pará

Tá aqui tucupi,
tem mais o jambu,
também camarão
Quem quer tacacá?

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Luiz Gonzaga na Unidos da Tijuca!

A alma da sanfona . Foto Antônio Lacerda
Gosto das Escolas de Samba, sobretudo quando o enredo envolve alguma personalidade popular. E quando é algum artista da nossa música pra mim está perfeito. Este ano é comemorado o centenário de Luiz Gonzaga, nosso artista pernambucano número um! Gonzaga que cantou o amor, sua terra, detalhes de sua vida, de sua caminhada, é tema da Escola de Samba Unidos da Tijuca.

Os trapalhões, Chacrinha e Silvio Santos foram algumas das personalidades que já desfilaram por Escolas em anos anteriores. Da música, temos nomes como Dorival Caymmi, Noel Rosa, Pixinguinha, Herivelton Martins e Cartola até Tom Jobim, Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa. Ano passado, a Beija-flor mandou seu torcedor mais ilustre: o rei Roberto Carlos. E esse ano temos Gonzaga na Tijuca.

Foto Paulo Jacob/Oglobo
O carnavalesco Paulo Barros mais uma vez arrasou ao apresentar não apenas a vida de Gonzagão, mas toda a cultura nordestina que foi inspiração para esse mestre da nossa música como o Rio São Francisco, o coração do Sertão, o barro de Vitalino, festa do vaqueiro, a religião e tantas outras coisas que emocionam a quem conviveu e ainda presencia essa região cantada em seus eternos versos. Vários reis vieram para participar da coroação. Inté Asa Branca bateu asas pro sertão para coroar seu cantor mais ilustre! Eis a letra do samba-enredo:

Boa Sorte Tijuca e Viva Luiz Gonzaga, o Rei do Baião
(Vadinho, Josemar Manfredine, Jorge Callado e Silas Augusto)

Nessa viagem arretada
“Lua” clareia a inspiração
Vejo a realeza encantada
Com as belezas do Sertão!

“Chuva, sol” meu olhar
Brilhou em terra distante
Ai que visão deslumbrante, se avexe não!
Muié rendá é rendeira
E no tempero da feira
O barro, o mestre, a criação!

Mandacaru a flor do cangaço
Tem “xote menina” nesse arrasta pé
Oh! Meu Padim, santo abençoado
É promessa eu pago, me guia na fé

Em cada estação, a “triste partida”
Eu vi no caminho vida severina
À margem do Chico espantei o mal
Bordando o folclore raiz cultural

Simbora que a noite já vem, “saudades do meu São João”
“Respeita Véio Januário, seus oito baixo tinhoso que só”
“Numa serenata” feliz vou cantar
No meu pé de serra festejo ao luar
Tijuca a luz do arauto anuncia
Na carruagem da folia, hoje tem coroação!

A minha emoção vai te convidar
Canta Tijuca vem comemorar
“Inté asa branca” encontra o pavão
Pra coroar o “Rei do Sertão”

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CD Luiz Gonzaga ao vivo - Volta pra curtir

Comemorando o 99º aniversário de vida, apresentamos mais um trabalho do eterno rei do baião, nosso Luiz Gonzaga. Captado de um show realizado em 1972, no Rio de Janeiro, esse CD lançado em 2001, apresenta grandes clássicos de Gonzaga, além de ser um registro único de como eram seus shows, onde contava suas histórias e desfilava seus eternos sucessos, com toda sua simplicidade, profissionalismo, com toda a marca Gonzaga!

Aqui estão canções mais conhecidas como Boiadeiro, Siri jogando bola, Qui nem jiló, Cigarro de paia, Lorota boa, Asa branca, A volta da asa branca, Assum preto, Estrada de Canindé, Respeita Januário, Numa sala de reboco, O cheiro de Carolina, O xote das meninas, No meu pé-de-serra, Baião, Pau de arara, Oia eu aqui de novo,  Juazeiro, Hora do adeus, A feira de Caruaru, até as menos conhecidas como Moda da mula preta, Macapá, Ana Rosa, Adeus Rio, Aquilo bom, Derramaro o gai, Imbalança e Olha a pisada.

Esse momento foi muito importante para Gonzaga, porque foi em um tempo em que ele se sentia esquecido da mídia, por conta do sucesso do rock e de outras tendências nacionais. Caetano e Gil foram importantes na divulgação dele, que era ídolo dos baianos e graças a isso, pode tocar pela primeira vez na zona sul da cidade maravilhosa. Foi também um dos primeiros shows em que Dominguinhos o acompanhou. Gonzaga fará em 2012 cem anos e para nós, pernambucanos e todos os brasileiros, somos orgulhosos e agradecidos a Deus por um dia termos presenciado um artista dessa natureza, tão fiel à sua terra e ao seu povo!

Um forte abraço a todos!

domingo, 14 de agosto de 2011

Respeita Januário

Gonzaga e seu pai Januário.
Diferente dos outros anos, quando apresentamos clássicos da música brasileira para esse dia, vamos homenagear os pais com outro tipo de clássico, de Gonzagão, em homenagem a seu pai Januário. Essa não é uma canção lembrada para essa data, mas que mexe com o tema, o tema do respeito ao pai, algo que merece uma reflexão sempre.

Respeita Januário foi feita em homenagem a Sr. Januário, que tocava sanfona dos oito baixos como ninguém e Gonzagão quis imortalizar a admiração e o respeito que tinha pelo pai nessa canção que carrega um tom cômico (por se sentir o melhor e, de repente, ser superado por seu pai) e um tom de respeito paterno.

Respeita Januário
(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

Quando eu voltei lá no sertão
Eu quis mangar de Januário
Com meu fole prateado
Só de baixo, cento e vinte,
botão preto bem juntinho
Como nêgo empareado

Mas antes de fazer bonito de passagem por Granito
Foram logo me dizendo:
De Itaboca à Rancharia,
de Salgueiro a Bodocó, Januário é o maior!
E foi aí que me falou meio zangado o véi Jacó:

Luíz, respeita Januário
Luíz ,respeita Januário
Luíz, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
E com ele ninguém vai, Luíz
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!

Um forte abraço a todos!

domingo, 26 de junho de 2011

Olhando as estrelas - 16

Em 2010, premiação em homenagem a Dominguinhos.
E a série vem em ritmo junino, em ritmo de forró e de uma grande amizade existente entre esses dois astros que aparecem por aqui juntos, um com sua sanfona e outro com sua guitarra, emitindo o brilho de suas carreiras solos e hoje, juntos: Dominguinhos e Gilberto Gil, dois artistas que divulgam a música nordestina e que beberam da mesma fonte: Luiz Gonzaga.

Gil já gravou e fez muito sucesso com Eu só quero um xodó, de Dominguinhos e Anastácia, tendo inclusive algumas versões com a participação do sanfoneiro, que se tornou referência em outras gravações em cds do baiano. Outra que adentrou seu repertório foi Tenho sede. No cd de Dominguinhos de 1997, em homenagem a Gonzaga, gravaram juntos Forró de Mané Vito. E ambos brilharam em composições realizadas a quatro punhos e o povo brasileiro foi premiado com pérolas como Lamento sertanejo e Abri a porta, que já foram gravadas pelos autores e por outros intérpretes como Elba Ramalho, Zé Ramalho, entre outros.

Gilberto Gil, Dominguinhos e a fonte, Luiz Gonzaga em 1980.
Dominguinhos e Gil cantaram juntos também no cd Quem me levará sou eu de 1980 do sanfoneiro, do qual também participou a fonte de ambos, Luiz Gonzaga. Poucos sabem que Gil começou tocando sanfona e Gonzaga foi um de seus maiores ídolos, não só de início de carreira, mas sempre. E nós somos premiados com esses e outros encontros que deixam nossa música cada vez com um brilho mais intenso!

Um forte abraço a todos!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Deus é brasileiro

Em 2003 o cinema nacional lançou um dos filmes mais interessantes dessa nova safra: Deus é brasileiro. Com um elenco que reune Antônio Fagundes, Paloma Duarte, Wagner Moura, Hugo Carvana, Stepan Nercessian, entre outros e sob a direção de Cacá Diegues, essa comédia dividiu opiniões quanto ao seu enredo. Alguns gostaram, outros foram ao extremo e o classificaram como um erro.

A história gira em torno de Deus (vivido pelo Antônio Fagundes) que, cansado de tantos erros cometidos pela humanidade decide tirar uma férias em alguma estrela distante. Para isso, precisa de um substituto, enquanto tiver fora e decide procurar no Brasil, por este ser um país bastante católico, embora ainda não apresentasse nenhum santo reconhecido oficialmente. Taoca (Wagner Moura) é então seu guia e buscam em vários pontos do país pela pessoa ideal.

Destaque para várias paisagens lindas que o país oferece e que presenciamos no filme que questiona essa nossa falta de percepção das coisas boas que temos e atribuímos todas as nossas dificuldades aos cuidados divinos.  No campo musical temos Djavan (Lua de abertura e Melodia sentimental), Lenine (A vida do viajante), Luiz Gonzaga (também em A vida do viajante), Roberta Miranda (Vá com Deus), etc. Vale a pipoca de janeiro, sim!

Um forte abraço a todos!

domingo, 12 de dezembro de 2010

CD duetos com o mestre Lua

E amanhã comemoramos mais um aniversário do eterno rei do baião e nosso Blog, de forma singela, o homenageia com esse cd lançado em 2001. Produzido pelo compositor Paulo Debétio, uniu à voz do rei do baião, vários de seus súditos, com arranjos novos e modernos. Algumas dessas faixas foram extraídas de gravações originais realizadas pelo mestre e outras, produzidas póstumas.

A faixa de abertura fica em família, pois temos Gonzagão, Gonzaguinha e Daniel Gonzaga, filho de Gonzaga Jr. Na sequência, temos Súplica cearense (com Jorge Aragão), Procissão (com Chico Buarque), Respeita Januário/Riacho do navio/Forró no escuro (com Fagner), A volta da Asa branca (com Chitãozinho e Xororó), No dia em que eu vim-me embora (com Lenine), Fica mal com Deus (com Zé Ramalho), Farinhada (com Elba Ramalho), Forró n°1 (com Gal Gosta), Depois da derradeira (com Dominguinhos), Luar do sertão (com Milton Nascimento), Paraíba (com Emilinha Borba) e Hora do adeus (com Falamansa).

Gonzaga é a eterna voz do sertão e isso se torna repetitivo quando um nordestino enfatiza essa dádiva. Entretanto, é pouco diante do sucesso que esse homem alcançou cantando as tradições desse lugar, o amor a essa terra, cantando seus detalhes como ninguém e alcançando a todos os moradores, oferecendo um pouco do que é felicidade em termos de músicas. Uma saudade ímpar na minha vida, especificamente que envolve Gonzagão é a lembrança de ver meu avô e seu irmão cantando e tocando aquele repertório inesquecível, representando em parte nessa coletânea!

Um forte abraço a todos!

domingo, 13 de junho de 2010

Gonzagão - Forró do começo ao fim

Recentemente adquiri essa coletânea de 2007, que só meu deu alegria. Algumas das canções que mais gosto do Luiz Gonzaga, reunidas em um mesmo cd. E o que mais me atrai é que são quase todas gravações da década de 80, de quando eu, criança lá no interior, presenciava os forrós armados nas ruas da periferia onde Gonzaga ditava o sucesso e o título da palhoça.

Aqui encontramos Sanfoninha choradeira, Danado de bom e Farinhada, as três com participação da Elba Ramalho; temos o medley Respeita Januário/Riacho do navio/Forró no escuro, com Fagner; Forró número um com Gal Costa. Temos Gonzaga em clássicos do forró dos anos 80 como Deixa a tanga voar, De fiá pavi, Pagode russo, Forró de cabo a rabo, Aproveita gente, Nem se despediu de mim e Sanfoneiro macho.

Aqui no Nordeste, as festas juninas nos remetem a três santos principais: João, Antônio e Pedro. Hoje, dia de Santo Antônio, na autêntica música nordestina, os louvores a esses santos são entoados em acordes de sanfonas que exploram os hinos lançados e cantados por Gonzaga durante toda sua vida. Ele é eterno e suas canções não trazem apenas nostalgia de um tempo em que as festas eram mais saudáveis, sem tanta violência, mas despertam em todo nordestino e porque não dizer brasileiro, a alegria de uma cultura raiz de um povo que se aquece em torno da felicidade de presenciar a fogueira queimando, o milho assando e a sanfona tocando.

Um forte abraço a todos!

domingo, 25 de abril de 2010

Olhando as estrelas - 3

A série Olhando as estrelas presta homenagem a um dos melhores encontros que a música brasileira pode nos oferecer: Luiz Gonzaga e Dominguinhos. O encontro entre o mestre e seu pupilo renderam lindas apresentações e até hoje rendem bons frutos, pois Sr. Domingos continua em suas apresentações lembrando o mestre e se tornou seu maior e melhor intérprete. Basta averiguar isso em seu mais recente dvd ou procurar pelo cd 1997 vol 1 e 2 em que Dominguinhos, com convidados, interpreta os sucessos do rei do baião, ambos já abordado aqui pelo blog. (é só procurar nos arquivos)

Gonzaga e Dominguinhos se conheceram ainda na década de 50, quando o primeiro já era o rei do baião e o segundo, apenas um menino pobre que tocava sanfona com seus irmãos em Garanhuns/PE. Sensibilizado com aquele garoto, Sr. Luiz o deu de presente uma sanfona que foi sua salvação. Depois, em viagem de caminhão, Dominguinhos conseguiu chegar ao Rio e foi logo procurar seu padrinho musical, de quem nunca se separou.

Aqui no Nordeste, ambos são referências e um deu continuidade ao trabalho do outro, graças a Deus. Temos um Gonzaga eterno e temos um Dominguinhos eterno. Dois músicos imensos que honram nossa região em qualquer parte do mundo, fiéis a uma cultura regionalista que aprenderam a divulgar com a mesma paixão que tem pela arte musical que propagam pra sempre! Imagens "pescadas" do site http://www.luizluagonzaga.mus.br/, onde encontramos várias informações em relação a carreira do rei do baião.

Um forte abraço a todos!

sábado, 6 de março de 2010

Vozes da seca

Ano de eleição é a mesma coisa: mal se começa e já se falam em política, em políticos mostrando os dentes, pousando de messias, comparando sua gestões aos anteriores, como se fosse uma briga entre os bons e os ruins, como se todos não fossem bons e ruins. Na verdade, o que se vê é uns cobrando consciência política e a outros faltando tal consciência. Se você não fala sobre política é alienado, mas pergunto como falar sobre política se os próprios políticos embaralham esse assunto de um jeito que nem eles mesmo compreendem?

Buscando na música brasileira e em especial, na nordestina, encontro no repertório de Gonzaga algo que fala bem sobre política, sobre o eterno problema da seca, sobre a questão da esmola. Incrível como Gonzagão conseguiu em uma só canção, com uma linguagem simples e regional, abordar três temas tão polêmicos, confusos e que dão um nó em nossa mente de uma forma que as conclusões são sempre distintas e pessoais.

Vozes da seca
(Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão

É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê

Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage

Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos

Um forte abraço a todos!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Gonzagão & Gonzaguinha Juntos

Como todos sabem, hoje é aniversário de Luiz Gonzaga, o eterno rei do baião e a figura artística mais importante do Nordeste Brasileiro. Por isso, comemoramos essa lembrança com uma postagem dedicada à eterna saudade da voz do Nordeste, do homem que cantou suas raízes, que descreve o Sertão como ninguém e que o amor sempre foi seu rumo. Através dessa coletânea lançada em 1991, com canções de Gonzaga e algumas gravações com, e do seu filho mais ilustre Gonzaguinha!

Nesse título encontramos canções que pai e filho gravaram juntos como A vida de viajante, Mariana, Não vendo nem troco, Eu e minha branca, Pense n´eu e A triste partida. Algumas dessas foram compostas pelas quatro mãos abençoadas de ambos como é o caso de Não vendo nem troco, Mariana e Eu e minha branca. Temos também pai interpretando filho em Festa, Pobreza por pobreza, Diz que vai virar, Erva rasteira, Lembrança de primavera e From United States of Piauí.

Não é uma coletânea de clássicos do Gonzaga, muito menos do Gonzaguinha. Mas, é algo que retrata um encontro clássico de duas figuras clássicas na nossa música brasileira, reconhecidos por vários artistas que seguem essa escola. E Gonzaga é tudo isso e muito mais, um homem simples, um gênio do sertão que faz todos conhecerem a paisagem geográfica e os sentimentos desse local, mesmo a quem nunca pôs o pé nesse lugar e tudo isso é muito mágico, como é a saudade que ele desperta em todos nós!

Um forte abraço a todos!

domingo, 2 de agosto de 2009

Luiz eterno Gonzaga!!!

Há exatos 20 anos atrás, Luiz Gonzaga partia para a eternidade! Olha pro céu meu amor, vê como ele tá lindo! E essa frase é sentida em todos os momentos desses 20 anos e será sempre, pois Gonzaga tornou-se aquele artista eterno em nossa história musical há muitos anos atrás! Ninguém cantou o Nordeste, sua terra, seus sentimentos, as tristes partidas e as voltas alegres, personagens e folclore, muitos Gonzagas! São modestas as homenagens prestadas diante de imensa contribuição! Gonzaga foi o porta-voz do Sertão, cantou essa paisagem para o mundo com seus valores!

O candeeiro se apagou, o sanfoneiro cochilou, a sanfona não parou e o forró continuou. Podemos resumir tudo com esse trecho de um de seus clássicos! Mas, outros clássicos dizem mais. Saudade, meu remédio é cantar! E como ele cantava a saudade como ninguém: Ai que saudades tenho, eu vou voltar pro meu sertão! Lá eu sou boiadeiro, vaqueiro, sou viajante!

E os amores heins? Nem se despediu de mim, chegou contando as horas... é que ela só quer, só pensa em namorar... Todo tempo o quanto houver pra mim é pouco pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco e se a chuva não atrapalhar meus planos, vou casar no fim do ano! Luiz, respeita Januário e Pensa n´eu vez em quando... Minha vida é andar por esse país pra ver se um dia, descanso feliz! Densacansa Luiz, quem sabe no Riacho do navio que se esconde entre as nuvens!

Gonzaga teve uma importância imensa também em minha vida! Meu avô, quando jovem, era flautista e tocava em uma bandinha local! Com seu irmão, entre outros integrantes, desfilavam os sucessos de Gonzaga! Ainda pequeno, presenciei os dois tocando em casa mesmo e essa lembrança é uma das maiores saudades e também certezas de que Gonzaga é eterno porque onde se ouvir uma simples nota ou acorde de sanfona por aí, sabemos que tem algo de Luiz Gonzaga presente!

Um forte abraço a todos!

domingo, 26 de julho de 2009

Nelson Gonçalves Duetos

Uma das grandes vozes brasileiras, Nelson Gonçalves sempre foi generoso com seus colegas e vez por outra, gravou com eles canções memoráveis, algumas delas presentes nessa coletânea: Duetos, lançado em 2006. Antes mesmo desse tipo de projeto se tornar rentável e comum, Nelson já brilhava nessa área, chegando a gravar os discos Nós, Ele e elas Vol. 1 e 2, e Ele e eles, na década de 80.

É o que se pode verificar em Renúncia, fox clássico de seu repertório em dueto com o outro vozeirão Tim Maia. Maria Bethânia, clássico de Capiba na voz do Nelson, fez Caetano não só apontar esse nome à sua maninha, mas também participar dessa releitura histórica junto com o ídolo. Isso mesmo! Nelson é um ídolo para esses colegas, é o que afirma Alcione, que participa da faixa Louco. Fagner diz o mesmo quando empresta sua composição e voz em Mucuripe. E a própria Maria Bethânia aparece em Caminhemos, clássico da obra do Nelson.

Inusitado é Nelson e Gonzagão cantando Asa branca, clássico do rei do baião, e eles deixando claro, na conversa animada que apresentam no final da faixa, que ingressaram na mesma gravadora praticamente juntos. Outros fãs aparecem na sequência, como Chico Buarque em Valsinha, Martinho da Vila em Lembranças, Gal Costa em Dos meus braços tu não sairás e Zizi Possi em Castigo.

Nana Caymmi é recrutada para interpretar um medley do eterno Caymmi em Não tem solução, Só louco e Nem eu. Linda e clássica é a interpretação de O negócio é amar com Fafá de Belém. A coletânea chega ao fim em Perfídia, com Montserrat e Nunca, em dueto póstumo com Ivo Pessoa. Nelson teve outros duetos memoráveis com esses e outros artistas que não dão pra reunir em uma única coletânea. Entretanto, a música brasileira e o público que aprecia esse tipo de projeto e curte a voz inconfundível e memorável do Nelson aplaude esse lançamento e torce para que venham outros que perpetuem ainda mais seu trabalho!

Um forte abraço a todos!

sábado, 13 de junho de 2009

Gonzagão - Sempre

A Som Livre lançou recentemente uma nova coletânea, com os grandes sucessos de artistas que já não tem seus discos presentes nas lojas. E um deles foi Luiz Gonzaga com esse título que reune alguns de seus clássicos. Alguns, porque Gonzaga é daqueles artistas que têm muitos clássicos e que não dava para reunir nem em um disco duplo.

Se por um lado essa coletânea peca por não apresentar folheto com letra das canções, coisa que as melhores coletâneas fazem, por outro lado, vale o registro histórico de canções originais que possuem em torno de 50 anos. E aqui encontramos aquele som meio rudimentar de sanfona, zabuma e triângulo e letras que atravessaram gerações e continuam a emocionar pela carga de amor que apresentam. É o caso do clássico Asa branca, não apenas de Gonzaga, mas um clássico da música brasileira.

E o que falar de Respeita Januário, Sabiá, Baião, O Xote das meninas, Juazeiro, Paraíba, Assum preto e Qui nem jiló? Há alguma contestação de que são todas clássicos do Gonzaga e clássicos juninos? A vida do viajante traz um dueto entre Gonzagão e Gonzaguinha, outra grande saudade da nossa música. E por fim temos Vem morena, ABC do Sertão, Riacho do navio e Cintura fina.

É claro que uma coletânea sempre fica devendo e para um artista como Gonzaga, a dívida é ainda maior. Mas, conste que é algo muito interessante o relançamento de suas canções, obras que sempre estiveram em cartaz em toda boa festa junina que se preze e no repertório de novas gerações que têm em Gonzaga um grande mestre!

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

As cidades cantadas - 6

Hoje é o aniversário de uma das mais importantes cidades pernambucanas: Caruaru, que entra na série As cidades cantadas. Localizada no Agreste pernambucano e conhecida por possuir a feira da sulanca, a maior do planeta, onde dizem que tudo se encontra, desde o artesanato típico da cultura local até roupas produzidas por um dos principais pólos de confecção do país.

Caruaru também se destaca por apresentar o melhor São João do mundo, com várias atrações e eventos típicos da maior festa junina do país. Aqui cria-se o maior cuscuz, a maior pamonha, o vôo do forró, o trem do forró, o pátio do forró, etc. Além de oferecer a seu povo e da região, todo o mês de junho com festas em quase todos os principais pontos da cidade.

Conheço os principais pontos turísticos dessa cidade e confesso que é daqueles lugares que nos sentimos bem ao visitá-los, com aquele desejo de voltar logo! Na imagem, o Morro Bom Jesus, o mais alto e que se encontra no coração da cidade. E ficamos com a letra de A feira de Caruaru, imortalizada por Luiz Gonzaga:

A feira de Caruaru
(Onildo Almeida)

A Feira de Caruaru,
Faz gosto a gente vê.
De tudo que há no mundo,
Nela tem pra vendê,

Na feira de Caruaru.
Tem massa de mandioca,
Batata assada, tem ovo cru,
Banana, laranja, manga,
Batata, doce, queijo e caju,
Cenoura, jabuticaba, guiné, galinha, pato e peru,

Tem bode, carneiro, porco,
Se duvidá... inté cururu.
Tem cesto, balaio, corda,
Tamanco, gréia, tem cuêi-tatu,
Tem fumo, tem tabaqueiro, feito de chifre de boi zebu,
Caneco acuvitêro, penêra boa e mé de uruçú,

Tem carça de arvorada,
Que é pra matuto não andá nú.
Tem rêde, tem balieira, mode minino caçá nambu,
Maxixe, cebola verde, tomate, cuento, couve e chuchu,
Armoço feito nas cordas,pirão mixido que nem angu,
Mubia de tamburête, feita do tronco do mulungú.

Tem louiça, tem ferro véio, sorvete de raspa que faz jaú,
Gelada, cardo de cana, fruta de paima e mandacaru.
Bunecos de Vitalino, que são cunhecidos inté no Sul,
De tudo que há no mundo, tem na Feira de Caruaru.

Um forte abraço a todos!

domingo, 3 de maio de 2009

A morte do vaqueiro

Hoje vamos navegar pela praia do forró, mais especificamente pela obra do Gonzagão, que cantou sua terra e seus costumes como ninguém! Nessa canção de letra triste e de uma sensibilidade impressionante, Gonzaga descreve o fim de um personagem que desbrava o sertão levando seu ofício com afinco.

Com muita propriedade de quem conhece de perto o tema, A morte do vaqueiro explora a importância do boiadeiro, sobretudo o nordestino que se dedica, como ninguém a uma profissão única de trato aos animais que fazem parte da economia local!

Essa canção também é sempre entoada na famosa Missa do vaqueiro que acontece todo ano em Serrita/PE, já a 34 anos quando Gonzaga foi responsável pela primeira missa em homenagem a seu primo Raimundo Jacó, assassinado na época. Atualmente a missa é dedicada a todos os vaqueiros.

A morte do vaqueiro
(Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho)

Numa tarde bem tristonha
Gado muge sem parar
Lamentando seu vaqueiro
Que não vem mais aboiar
Não vem mais aboiar...

Tão dolente a cantar
Tengo, lengo, tengo, lengo,tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi

Bom vaqueiro nordestino
Morre sem deixar tostão
O seu nome é esquecido
Nas quebradas do sertão
Nunca mais ouvirão

Seu cantar, meu irmão
Tengo, lengo, tengo, lengo,tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi

Sacudido numa cova
Desprezado do Senhor
Só lembrado do cachorro
Que inda chora sua dor
É demais tanta dor

A chorar com amor
Tengo, lengo, tengo, lengo,tengo, lengo, tengo
Tengo, lengo, tengo, lengo,tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi...

Um forte abraço a todos!