sábado, 30 de junho de 2012

Riacho do navio

Ah, esta é também das mais lindas do repertório "gonzagueano". Mesmo terminando esse mês festivo com essa canção, não dá pra parar por aqui com suas canções, pois sempre faltará essa ou aquela canção de sua trajetória musical. Riacho do navio pode ser vista como uma belíssima filosofia de vida, pois se fosse permitido andar contra o rio e voltar do mar até sua nascente, o personagem de sua letra assim o faria. É como se fosse possível voltar na vida até aquele ponto lá na nascente do rio, onde tudo é paz com a fauna e a flora deste lugar.

Não tenho certeza, mas acho que Gonzaga talvez tenha pensado várias vezes nele mesmo, em poder voltar ao passado, à sua terra como sempre desejou durante toda sua carreira. E o mais bonito dessa letra é a parte onde ele descreve como é no Riacho do navio, um verdadeiro paraíso, principalmente para aqueles que gostam de interior, como Gonzaga, como eu e como tantos que se identificam com esse clássico que já recebeu tantas releituras como as de Dominguinhos, Fagner e até Maria Bethânia.

Riacho do navio
(Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

Riacho do navio corre pro Pajeú
O rio Pajeú vai despejar no São Francisco
O rio São Francisco vai bater no "mei" do mar
O rio São Francisco vai bater no "mei" do mar

Ah! se eu fosse um peixe, ao contrário do rio
Nadava contra as águas e nesse desafio
Saía lá do mar pro riacho do navio
Eu ia direitinho pro riacho do navio

Pra ver o meu brejinho, fazer umas caçada
Ver as "pegá" de boi, andar nas vaquejada
Dormir ao som do chocalho e acordar com a passarada
Sem rádio e nem notícia das terra civilizada
Sem rádio e nem notícia das terra civilizada.

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mas um sorriso ajuda a melhorar...

Tá aqui um grupo recente que admiro bastante, pois é difícil termos uma banda excursionando por um ritmo que já tem raízes fortes e uma fórmula conhecida com o zabumba, triângulo e a sanfona como é o forró. Formada em 1998, é composta por Ricardo Ramos Cruz, o Tato; Douglas Capalbo, o Alemão; André Canônico, o Dezinho e Josivaldo Leite, o Waldir do acordeão, que juntos compõem o Grupo Falamansa.

Este ano a banda lançou um trabalho homenageando o rei do baião. Mas, lá no início dessa década, depois de participarem de festivais, já conheciam o sucesso com canções como Rindo à toa, Xote dos milagres, Hora do adeus, Xote da alegria, A falta, 100 anos, Medo de chuva, Sapatilha 37, O dia perfeito, Forró de Tókio, etc.

Credito ao Falamansa a redescoberta do forró nas regiões sul e sudeste no início dos anos 2000. Aqui no Nordeste, esse ritmo tem raízes profundas deixadas por Gonzaga e seus seguidores, mas tava meio esquecido "lá pras bandas do sul", quando esse grupo começou e alcançou êxito nacional com seus sucessos. Gostaria que eles tivessem mais espaço na mídia, pois o trabalho deles é valioso, tanto de composição, quanto de interpretação!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Os Músicos do Brasil - 33

Ele é natural de Brejo da Madre de Deus/PE, município conhecido pela cidade cenográfica de Nova Jerusalém. Seu nome: Reginaldo Alves Ferreira. Mas, no meio musical, é conhecido por Mestre Camarão, uma das referências entre os sanfoneiros. Começou a tocar sanfona aos sete anos de idade, com a sanfona de seu pai, que também tocava.

O apelido veio de Jacinto Silva, por conta de suas bochechas avermelhadas. E, além deste, trabalhou com nomes como Hermeto Pascoal, Sivuca, Trio Nordestino, Santanna, Marinês, Dominguinhos e teve discos produzidos por Luiz Gonzaga. Ele também é compositor e já lançou alguns discos com suas canções.

Camarão é Patrimônio Vivo de Pernambuco, título concedido pelo Governo de Pernambuco, desde 2002. E não apenas em Pernambuco, mas é muito importante saber que em um país de grandes músicos e nos mais diversificados estilos, temos uma referência na sanfona e que tanto já formou outros seguidores de seu ofício!

Um forte abraço a todos!

domingo, 24 de junho de 2012

São João de Luiz Gonzaga

Hoje é um domingo diferente porque é dia de São João, um dos santos mais comemorados aqui no Nordeste. Temos danças típicas, comidas, figurinos, enfeites, decorações, tudo para que possamos comemorar bem essa data. A fogueira é acesa e o milho é assado. Fogos (cuidado com eles) são convidados par as festas. Na verdade, não sei direito porque apenas aqui no Nordeste brasileiro essa tradição é mais forte, mas confesso que é lindo perceber que essa data é como uma fogueira que acendemos e se aquece em nosso coração a cada edição.

Já falei em outras vezes e não me canso de repetir, sobretudo por ser um ano que gira em torno dele: Luiz Gonzaga foi, é e sempre será a melhor pedida para esta data, pois suas canções cantaram tudo isso e não apenas sobre esses temas, mas sobre todos nossos costumes, tradições, atitudes, comportamentos e ambientes que cultuamos sempre. Até mesmo quando outro artista está no palco, mesmo que não seja em ano de centenário, vem um ou mais clássicos de Gonzaga e o público dança e canta junto.

Esse ano, por conta de seu centenário, poderia dizer que trata-se do São João de Luiz Gonzaga, mesmo o leitor achando que é um exagero tanta citação e comemoração em torno desse nome. Mas, posso afirmar que desde o início de seu sucesso e de quando começou a descrever sua terra com toda a propriedade que lhe é típica, que todas as festas juninas de ontem, de hoje e de sempre terão esse título porque sempre alguém em algum ponto cantará algum de seu clássico ou o associará a todas essas festas e tradições tão nordestinas, tão brasileiras. Alguém sempre se lembrará desse clássico da roça, do nordeste, do Brasil:

São João da Roça
(Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

A fogueira ta queimando
Em homenagem a São João
O forró já começou
Vamos gente, rapa-pé nesse salão

Dança Joaquim com Zabé
Luiz com Yaiá
Dança Janjão com Raqué
E eu com Sinhá

Traz a cachaça, Mané!
Que eu quero ver
Quero ver paia avuar

Um forte abraço a todos!

sábado, 23 de junho de 2012

Forró nº 1

Bom, eu não tenho dúvidas e creio que o Brasil também não tem dúvidas que Luiz Gonzaga fez e faz, também através de seus seguidores, o forró número um desse país. Mesmo depois de tanto tempo de sua partida para a eternidade, são com seus clássicos que essa festa se torna perfeita, sobretudo para nós, nordestinos.

Forró número um foi composta por Cecéu, compositora homenageada essa semana pela série Os compositores do Brasil. É uma canção que destaca também o lado intérprete de Gonzaga que sempre ajudava outros nomes da composição. Foi um dueto inusitado e belíssimo com Gal Costa que também se definiu como fã de Gonzaga e o divulgou na época da Tropicália. Fagner também regravou essa canção anos depois.

Sua letra traz a festa descrita com todas as suas peculiaridades: mesmo com uma sanfona velha, o sanfoneiro dá seu recado e o cavalheiro e a mocinha também, através da dança e do namoro sob o som do mais perfeito forró. Aliás, essa é a mensagem principal da canção, o sanfoneiro, a sanfona, o forró podem ser tidos como velhos, mas sempre serão os pais da alegria em festas juninas!

Forró nº 1
(Cecéu)

Sanfona velha do fole furado só faz fum, só faz fum
mesmo assim o cavalheiro faz um refungado
e o coração da morena faz tum, tum

O sanfoneiro animado puxa o fole
depois de tomar um gole de rum

E haja fum, haja fum, haja fum,
forró com esse fole é forró número 1

Vem gente de todo lado conhecer o sanfoneiro
porque ele é o primeiro a tocar com o fole furado
Com pouco tempo já começa o zum, zum, zum
sanfona véia assim não se vê em canto nenhum

E haja fum, haja fum, fhaja fum,
forró com esse fole é forró número 1

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Já tá fazendo parte da minha vida...

O forró é um ritmo genuínamente do povo brasileiro e como tal apresenta sua miscigenação. Sem preconceitos, é um estilo de homens e mulheres. E são grandes cantoras como Nádia Maia que renovam e continuam levando esse ritmo de alegria para todos. Natural do Recife/PE, Nádia foi vocalista de banda de sua cidade natal e também participou de festival regional em 1995, vencendo com a canção Meninos do sertão, de Petrúcio Amorim.

No ano seguinte lançou seus primeiros discos e sucessos como Fuxico, Se tu quiser, Parte da minha vida, A cura, Desfazendo a mala, Anjo protetor, Apaixonada por você, Foi bom te amar, Deitar no teu colo, No toque da sanfona, Que saudade de você, Forró no escuro, etc.

Nádia também deve estar viajando Nordeste afora, com uma agenda bastante requisitada, pois a cada momento conquista novos fãs e leva sua música raiz para todos que apreciam trabalhos como estes e também gostam de dançar ao som de novos nomes do forró nordestino.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os compositores do Brasil - 49

Hoje, o Blog Música do Brasil, sob a série Os compositores do Brasil presta homenagem dupla: natural de Campina Grande/PB, esta é uma das mais requisitadas compositoras da música nordestina. Mary Maciel Ribeiro, mas que todos a conhecem nos discos por Cecéu. Casada com outro compositor, Antônio Barros Silva, o Antônio Barros, natural de Queimados/PB, formam uma parceria de grandes sucessos não apenas aqui no Nordeste, mas em todo o país.

Basta dizer que artistas como Jorge de Altinho, Marinês, Flávio José, Trio Nordestino, Genival Lacerda e também Alcione, Ivete Sangalo, Ney Matogrosso, Luiz Gonzaga, Elba Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Elymar Santos, Zé Ramalho, Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil, Gal Costa e Fagner já imortalizaram seus sucessos, muitos, frutos da parceria artísticas deles e outros, solos.

E os sucessos? São tantos e tão reconhecidos e executados: Homem com H, Por debaixo dos panos, Bate coração, Procurando tu, Casamento da Maria, É proibido cochilar, Sou o estopim, Amor com café, Forró do poeirão, Forró do xenhenhém, Óia eu aqui de novo, Chameguinho, Forró nº 1, etc. Depois de tudo, só me resta a frase de admiração: esses dois são craques e a música nordestina e brasileira agradece!

Um forte abraço a todos!

domingo, 17 de junho de 2012

CD e DVD Petrúcio Amorim

Que Petrúcio Amorim é um dos melhores compositores desse país, não há dúvidas. E que esse é um dos melhores trabalhos de sua carreira também não temos dúvidas. Depois da abertura instrumental, Petrúcio entra no palco do Teatro Santa Isabel, em Recife/PE para reviver grandes clássicos e reencontrar grandes amigos, alguns que deixaram esses clássicos ainda mais vivos na memória de quem aprecia suas composições.

Gravado em 2006, o CD/DVD conta com a participação de Jorge de Altinho (em Confidências e Devagar), Santanna (em Anjo malandrinho), Geraldinho Lins (em Chorar pra quê?), Cristina Amaral (em Dois rubis) e Maciel Melo e Nádia Maia (em Meninos do sertão). Outros momentos solos são com as canções Anjo querubim, Cidade grande, Meu cenário, Deus do barro, Filho do dono, Meu velho Ipojuca, Tire o pé do chão, Vida de vaqueiro, Feito maluco, Quando o coração quer, Tareco e mariola e Eu sou o forró.

Outros números presentes apenas no DVD são Ela nem olhou pra mim, Estrela cadente, O rei nas estrelas, Foi bom te amar, Lembranças e Quem afia a faca sabe pra que serve o fio. Confesso que ainda não vi o DVD, mas a tirar pelo CD e por todo esse repertório de clássicos, temos aqui uma boa pedida para os amantes da boa música nacional e regional!

Um forte abraço a todos! 

sábado, 16 de junho de 2012

Deixa a tanga voar

Lembro que quando criança, lá em Limoeiro/PE, o sucesso dessa canção foi tanto que fizeram um palhoção (aquele espaço retangular cercado com bambu e coberto com palhas de coco, para as pessoas dançarem forró) com o título dessa canção, porque o propósito era esse mesmo: dançar bastante até a tanga voar, uma expressão usada com muito bom humor pelo Gonzaga.

Sua letra conta a história de um matuto se deparando com a praia, até então desconhecida para este personagem que se admira com a beleza do lugar e com o figurino das meninas que por lá encontra, surgindo uma implicância com a canga, que a letra cita como rabichola, pois o matuto ficou com ânsia de ver a mulher sem a canga e com a tanga voando. Uma parceria de Gonzaga com seu terceiro grande compositor, João Silva. Eu sempre tive dúvidas se o Clodovil citado era aquele apresentador, mas creio que fosse uma menção a outro parceiro de composições, Hervê Clodovil.

Deixa a tanga voar
(Luiz Gonzaga e João Silva)

Zé matuto foi a praia, só pra ver como é que é
Mas voltou ruim da bola de ver tanta rabichola
nas cadeira das muié

Zé matuto matutou, matutou e escreveu pra Clodovil
Ele logo respostou, e atacou, isso é atraso do Brasil

Uma tanga, minitanga, tão pequena, pititinha,
miudinha não precisa amarrar
Ora pomba, ora bolas, jogue fora a rabichola
e deixa a tanga voar

E deixa a tanga voar, deixa a tanga voar
Ora pomba, ora bolas, jogue fora a rabichola
e deixe a tanga voar...

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Meu coração se espalhou pela avenida...

Ele vem lá do sertão pernambucano, natural de Floresta/PE. Josildo Sá é um dos grandes nomes contemporâneos da música regional. Atrelado não apenas ao forró, mas também a outros ritmos como o samba, o rock e o frevo, versatilidade que já lhe rendeu parcerias com outro grande músico de nosso país, Paulo Moura, com quem gravou um disco e fez vários shows, sendo bastante premiado.

Josildo foi criado em outra cidade sertaneja, Tacaratu/PE, até partir para o Recife, aos 18 anos para estudar. Não deu muito certo nos estudos e depois de tentar a sorte em Salvador, voltou à capital pernambucana e depois de muitas batalhas, lançou seu primeiro trabalho em 1999.

E de lá pra cá vem colecionando êxitos e a cada dia conquista seu espaço, com canções como A volante, Galo frevo e folião, Camaleão, Forró de Mané Vito, Eu gosto de você, Deixa a tanga voar, Na água do bebedouro, Réstia, Cumpadi Zé de Bina, Rosa de cheiro, Abandono, etc. E seja no Galo da madrugada ou nas festas juninas, com certeza, Josildo tem conquistado seu espaço e seu público.

Um forte abraço a todos!