terça-feira, 13 de maio de 2008

Eu me criei matando a fome com tareco e mariola...

Mês de junho tá chegando e com ele os acordes apaixonados das sanfonas do Nordeste brasileiro. Entre esses, destaco um dos grandes discípulos de Dominguinhos e Luiz Gonzaga - Flávio José.

Natural de Monteiro, na Paraíba, Flávio já dava os primeiros acordes na sanfona aos sete anos de idade, tornando-se mais tarde um artesão do forró, alcançando todas as classes, desde a elite até as camadas mais populares.

Sua carreira começou no final dos anos 70, vindo a firmar-se e tornar-se indispensável às festas juninas nos anos 90, e não apenas durante essas comemorações, mas toda vez que se deseja ouvir e dançar um forró pé-de-serra ou um xote abraçado a quem se ama! E não podem faltar em seus shows muitos sucessos que interpreta de compositores da região como Petrúcio Amorim, Accioly Neto, Vital Farias, entre outros que sempre o presenteiam com canções como A casa da saudade, A natureza das coisas, Anjo querubim, Caboclo sonhador, Caia por cima de mim, Cidade grande, De mala e cuia, Espumas ao vento, Filho do dono, Lembrança de um beijo, Me diz amor, Nordestino Lutador, Sem ferrolho e sem tramela, Seu olhar não mente, Tareco e mariola, Terra prometida, entre outras que destacarei em breve, quando falarmos sobre as festas juninas aqui do Nordeste.

Sempre aquecendo os corações românticos como em Espumas ao vento ou despertando a reflexão de todos para os problemas da região como em Filho do dono, Flávio segue a linha Gonzagão onde canta o amor e problemas sociais de seu povo e de sua terra, com muita determinação e profissionalismo, tornando-se um forrozeiro indispensável nas grandes festas onde o forró é o pai da alegria!

Um forte abraço a todos!

domingo, 11 de maio de 2008

Obrigado, mãe...

Esse blog vem hoje homenagear todas as mães, o grande presente que Deus nos dá, um presente eterno. É através de Agnaldo Timóteo, com o disco
Obrigado, mãe que vamos fazer essa singela homenagem.

Agnaldo Timóteo começou seu sucesso ainda em Minas Gerais. Ao mudar-se para o Rio, trabalhou como motorista da Ângela Maria. Alcançou fama com seu primeiro grande sucesso - Meu grito, de Roberto Carlos, a quem prestou uma homenagem anos depois com um disco todo temático - Em nome do amor, dedicado ao rei da música brasileira. Timóteo emplacou vários outros sucessos românticos como Os brutos também amam, A praia, Fascinação, De igual pra igual, Quem é, Ronda, Sombras, Sonhar contigo, Tristeza danada, entre outros.

Em 1995, com a participação luxuosa de Ângela Maria em várias faixas, fez esse disco temático em homenagem às mães, reeditado em 2007 com a capa acima, diferente da original. Timóteo reuniu em um só projeto canções populares da música brasileira, dedicadas às mamães: Obrigado mãe, Flor mamãe, Fogão de lenha, Nossa Senhora, Mamãe, Maezinha querida, etc.

Ficamos com a letra do clássico Mamãe de Herivelto Martins, canção cantada pelas escolas do país afora para homenagear esse anjo de Deus:

Mamãe
(Herivelto Martins/David Nasser/Washington Harline)

Ela é a dona de tudo
Ela é a rainha do lar
Ela vale mais para mim
Que o céu, que a terra, que o mar

Ela é a palavra mais linda
Que um dia o poeta escreveu
Ela é o tesouro que o pobre
Das mãos do senhor recebeu

Mamãe, mamãe, mamãe,
Tu és a razão dos meus dias
Tu és feita de amor e esperança

Ai, ai, mamãe
Eu te lembro chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse eu queria outra vez mamãe,
Começar tudo, tudo de novo...

Um forte abraço a todos e feliz dia das mães!

sábado, 10 de maio de 2008

Abra a janela e veja eu sou sol...

Ivete Maria Dias de Sangalo nasceu na Bahia, lá no interior, em Juazeiro, numa família de músicos. Seu irmão ensinou algumas canções em violão. Cantou na noite e fez parte da Banda Eva. Essas foram as duas raízes que fizeram de Ivete a musa que hoje representa nesse país.

Na Banda, Ivete assumiu seu lado axé e despontou como grande cantora e vendedora de discos, com hits como Beleza rara, Levada louca, Arerê, Carro velho, Eva, Tá tudo bem, entre outras curtidas sobretudo nos carnavais de Salvador e naqueles fora de época que acontece país afora.

Ivete deixou a banda em 1999, seguindo carreira solo ainda mais bem sucedida. Com sua voz grave e um pouco rouca, mostrou que não veio apenas para cantar axé, buscando sempre interpretar vários estilos e compositores, escola que aprendeu na noite. E continua a emplacar grandes sucessos que alcançam todas as rádios, todos os públicos: A lua que eu te dei, Se eu não te amasse tanto assim, Abalou, Back at one, Coleção, Deixo, Frisson, Penso, Quando a chuva passar, Sá Marina, Festa, Sorte grande, Somente eu e você, Soy loco por ti América, entre outros.

Ivete é a maior vendedora de discos (cd e dvd) na atualidade. O projeto Multishow ao vivo no Maracanã bateu recordes de vendagens em uma época em que a pirataria limita as vendas. Seus shows possuem uma energia e alto astral que contagiam a todos. Além disso, está constatemente na mída, em comerciais e programas televisivos. Já fez filmes e tem um programa musical na grade da Rede Globo no final de ano, o Estação Globo. Mas, quem disse que seus fãs não gostam disso? Por esse motivo, abra a janela e veja, Ivete é o sol na música brasileira...

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Festival da Seresta no Recife

Amigos, hoje falarei de um acontecimento muito importante no calendário de uma das principais cidades do Brasil. É que de ontem até sábado, acontece no Recife o Festival da Seresta, quando a cidade se transforma na capital da música romântica.

A seresta foi um nome surgido no século XX no Rio de Janeiro para rebatizar a mais antiga tradição de cantoria popular das cidades: a serenata. Ato de cantar canções de caráter sentimental à noite, pelas ruas, com parada obrigatória diante das casas das namoradas. Com o tempo, a seresta também plantou seus clássicos na música brasileira como A deusa da minha rua, A noite do meu bem, Que será, A namorada que sonhei, A última canção, Alguém como tu, As rosas não falam, Cabecinha no ombro, Carinhoso, Chão de estrelas, Da cor do pecado, Gente humilde, Matriz ou filial, Meu primeiro amor, Nada além, Quem é, Onde anda você, Ronda, Rosa, Ternura antiga, entre outras.

Aqui no Recife, já estamos na 14º edição desse evento que já apresentou vários artistas como Núbia Lafayete, a homenageada dessa edição, José Augusto, Joanna, Moacir Franco, Fafá de Belém, Cauby Peixoto, entre outros. Esse ano, a programação é dividida em blocos temáticos por noite. Abaixo a programação completa:

Quarta-feira (07) - Noite da Jovem Guarda
  • Tânia Santos
  • Mozart
  • Wanderléa
  • Renato e Seus Blue Caps
  • Reginaldo Rossi

Quinta-feira (08) - Noite do Bolero

  • Mevinha Queiroga
  • Leonardo Sullivan
  • Ângela Maria
  • Agnaldo Timóteo
  • Adilson Ramos

Sexta-feira (09) - Noite do Samba

  • Arthur Philipe
  • Nadja Maria
  • Roberto Silva
  • Pery Ribeiro
  • Antônio Carlos & Jocáfi
  • Alcione

Sábado (10) - Noite das Mães

  • Roberto Júnior
  • Augusto César
  • Altemar Dutra Jr.
  • Nilton César
  • Raimundo Fagner

Por já ter contemplado as outras edições desse evento maravilhoso, indico aos amigos. Pra quem gosta de dançar agarradinho, relembrando os sucesos inesquecíveis da música romântica, Recife é uma ótima pedida! Acima a foto do Marco Zero, espaço onde acontecerão todos esses eventos. A entrada é franca. Vem curtir essa cidade linda e cheia de romantismo...

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Meu sangue latino minh´alma cativa...

Esse é Ney de Sousa Pereira, o nosso Ney Matogrosso. É mais uma artista que caracteriza a versatilidade dos músicos brasileiros. Um timbre de voz único, interpretação e arte ímpares fazem dele uma figura unânime na música brasileira.

Remanescente do grupo Secos e molhados, um fenômeno da década de 70, Ney ainda pensou em ingressar para a aeronáutica antes de se inclinar para o campo artístico. Ao conhecer João Ricardo, já em São Paulo, que buscava um cantor de voz aguda para um conjunto musical foi convidado para ser o cantor do grupo Secos & Molhados e bateu todos os recordes de vendagens e sucesso na época.

Em 1975, Ney saiu do grupo e lançou seu primeiro disco solo, mas só obteve reconhecimento com seu disco de 1976, Bandido quando estreou um show de mesmo nome tendo como número principal a faixa Bandido Corazón, composto especialmente para ele por Rita Lee. Numa época em que o regime militar perseguia, sobretudo os artistas, Ney apresenta em shows coreografias erotizantes e expondo sua masculinidade como um contraponto à ousadia nos tempos de chumbo, acabando por influenciar toda uma geração de artistas e enveredando para outras artes. Hoje é coreógrafo, iluminador e dançarino, atuando como diretor geral de seus espetáculos musicais. Já dirigiu outros artistas como Chico Buarque, iluminação do show As cidades, e também a cantora Simone, entre outros.

Ney também é campeão em homenagear astros em discos como fez com Ângela Maria, Chico Buarque e Cartola. Também já fez duetos memoráveis com Ângela Maria, Fagner, Chitãozinho e Xororó e o grupo carioca Pedro Luís e a Parede. Atualmente está em cartaz com o elogiadíssimo show Inclássificáveis, lançado em cd e dvd.

Suas maiores interpretações são Não existe pecado ao sul do Equador, Homem com H, Pro dia nascer feliz, Vereda tropical, Maria escandalosa, Coubanakan, Acontece, Amendoim Torrado, Babalu, Balada do louco, Bambolêo, Retrato marrom, Rosa de Hiroshima, Mesmo que seja eu, Sangue latino, Cálix bento, entre outros que fazem do Ney um artista ímpar na música brasileira, um grande sangue latino...

Um forte abraço a todos!

domingo, 4 de maio de 2008

Eu amava como amava algum cantor...

"Eu amava como amava algum cantor..." Quem nunca se emocionou com essa canção que fez sucesso em 1989 na novela O salvador da pátria da Globo? Com essa magnífica interpretação e composição de Oswaldo Viveiros Montenegro.

Quando criança já era ligado à música, sobretudo às serestas, que influenciaram a idéia de estudar violão, quando morou durante um tempo em Minas Gerais! A partir daí e ainda adolescente, abraça a música com bastante afinidade e dedicação, e seus estudos o levam a competir em festivais no início dos anos 70. Seu primeiro lp sai em 1977 - Trilhas, que não obteve êxito e hoje é raro entre os fãs. Foi no Festival da Tupi em 1979 que estourou seu primeiro grande sucesso - Bandolins.

É entre espetáculos teatrais musicais e gravações que Oswaldo acumula êxitos nas paradas e no coração do público brasileiro. Curiosamente, em uma de suas peças em Brasília, surgiam as então anônimas Cássia Eller e Zélia Duncan. E essas peças teatrais são um capítulo a parte na vida do Oswaldo que acumula mais de 14 êxitos.

No campo musical já foi interpretado por vários outros grandes artistas como Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Paulinho Moska, Zé Ramalho, Alceu Valença, Zizi Possi, Zélia Duncan, Jorge Vercilo, Altemar Dutra, Gonzaguinha, Sivuca, entre outros em sucessos como A dança dos signos, A lista, Bandolins, Chão de giz, Como é grande o meu amor por você, Condor, Lua e flor, Baioque, Os menestréis, Tocando em frente, entre outros, onde também interpreta grandes ídolos como Chico Buarque, Roberto Carlos, Zé Ramalho e Caetano Veloso.

Ficamos com a letra de A lista, um poema interpretado com todo brilhantismo do Oswaldo, reforçando a idéia de que a evolução do ser humano é muitas vezes, desprovida de atenção e reflexão de sonhos e amizades e até de uma clara compreensão! Filosofia pura...

A lista
Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

Um forte abraço a todos!

sábado, 3 de maio de 2008

Eu quero você como eu quero...

Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato fazem juntos esse grupo de rock chamado Kid Abelha. E justamente a banda surgiu no Rio, no momento de maior efervescência do rock, via casa de shows Circo Voador. "Fazer amor de madrugada..." foi o primeiro refrão do grupo a permanecer na cabeça dos brasileiros. Píntura íntima foi a primeira música da banda a entrar em uma novela e primeiro disco de ouro, do primeiro compacto do grupo. Em 1984 surge o maior sucesso da banda "Como eu quero" que foi o segundo maior sucesso do ano.

A partir desses êxitos, o grupo seguiu horizontes como o Rock in Rio 85 e mandou grandes sucessos como Fixação, Não vou ficar, Nada por mim, As curvas da estrada de Santos, Eu só penso em você, Eu tive um sonho, Lágrimas e chuva, Na rua na chuva na fazenda, Nada sei, Pingos de amor, Quero te encontrar, Te amo pra sempre, entre outros.

Vale lembrar que o cantor/compositor Leoni foi um dos fundadores do grupo, permanecendo até meados de 1986. Um dos grandes sucessos autorais da Paula foi Nada por mim, em parceria com Hebert Viana, regravado por grandes nomes da música brasileira como Nelson Gonçalves e Marina Lima. George também compôs com gente como Cazuza, o clássico do rock nacional - Brasil, que foi gravado pelos próprios Kid Abelha, Cazuza e Gal Costa e ficou conhecida nacionalmente pelo forte refrão de protesto "Brasil, mostra tua cara..."

Em 2002 a banda comemorou 20 anos de carreira com um projeto que rendeu mais de um milhão de cópias, o acústico mtv. Contando com os grandes sucessos do grupo e algumas ousadias como Brasil, de Cazuza e George, e uma regravação inusitada de Quero te encontrar, da dupla Claudinho e Buchecha, vencendo críticas existentes e mostrando que música boa sobrevive aos tempos e preconceitos. O disco ainda figura como um dos mais vendidos dos últimos anos.

Algumas curiosidades legais envolve o Kid Abelha, como banda de rock, alcançam um público jovem maçiço sempre com canções que abastecem as trilhas sonoras de seu público. Já emplacaram muitos sucessos radiofônicos, cerca de 30. O grupo deu uma paradinha agora em 2007, onde Paula e George lançaram trabalhos solos. Nesse mesmo ano, o grupo completou 25 anos de carreira. É possível que estejam preparando algo para comemorar essa data, é o que desejam os fãs dessa grande banda e os amantes do pop rock e da boa música.

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O fruto do trabalho é mais que sagrado...

A música brasileira apresenta grandes profissionais, relembrados, comentados e debatidos com frequência nesse espaço. Grandes compositores, intérpretes, maestros, instrumentistas, técnicos enfim, temos profissionais que não deixam a desejar, em todas as vertentes musicais caracterizando a diversidade e miscigenação de um povo e de uma cultura altamente produtiva.

"Trabalhar edifica o homem". Essa frase lacônica expressa a filosofia do nosso ganha pão e é praticada com afinco pelos nossos artistas musicais. Muitas vezes, alguns de nossos compositores ressaltam o ato de trabalhar em suas letras. Vamos lembrar algumas delas aqui e se os colegas quiserem mencionar outras, agradeço o enriquecimento desse tópico dedicado a todos os trabalhadores, não restringindo ao campo musical.

Uma das frases mais célebres da música brasileira em relação ao trabalho é de Gonzaguinha em Guerreiro menino: "Um homem se humilha, se castram seus sonhos, seu sonho é sua vida e a vida é o trabalho e sem o seu trabalho um homem não tem honra e sem a sua honra se morre, se mata". Com essa explanação, Gonzaguinha, que sempre acredita na rapaziada, conseguiu pôr em música o quanto o trabalho edifica o homem.

O rei Roberto e seu parceiro Erasmo também expressaram sua admiração pelo povo, típico Herói calado que construe a história desse país: "Pega no pesado, o corpo suado, calos tem nas palmas das mãos, esse herói calado, um abençoado o nome dele é povão..." é uma das estrofes desse artista que já ressaltou outros profissinais mais específicos, o taxista e os caminhoneiros.

Milton Nascimento também ressalta o trabalho em Fé cega, faca amolada: "Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia, beber o vinho e renascer na luz de todo o dia..."

O Chico Buarque vai além em vários temas, como em Cotidiano que ressalta o trabalhador diante de uma parceira que faz tudo igual, porém divino "Todo dia ela faz tudo sempre Me sacode as seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã". Ou em Vai trabalhar vagabundo: "Vai trabalhar, vagabundo Vai trabalhar, criatura Deus permite a todo mundo Uma loucura...", onde ressalta os obstáculos e desamores de quem trabalha, os sofrimentos...

Tim Maia, parece que compreendeu bem a canção anterior do Chico e cantou um protesto contra o trabalho em Sossego: "Não me amole com esse papo de emprego, não tá vendo que não tô nessa, o que eu quero é sossego..." e o Tim, às vezes, mandava ver nesse tema na prática e faltava alguns shows, fazendo crescer ao seu redor essa fama de Será que ele vem? rsrsrs Esse era o folclórico Tim!!!

Zeca Pagodinho, ao interpretar Maneiras, deixou seu parecer: "...eu pago tudo o que consumo com o suor do meu emprego..." O que falar de Luiz Gonzaga que sempre presenteou os trabalhadores mais regionalistas como boiadeiros e agricultores com seus clássicos? "Vai boiadeiro que a noite já vem, guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem..."

Eu poderia citar muitas outras passagens dessa nossa música brasileira ressaltando esse dia comemorado hoje por todos os profissionais que dão seu amor à sua profissão e, muitas vezes em condições salariais e estruturais não favoráveis, vivem de fé nesse país de Deus! Ficamos com a letra de Amor de índio, do Beto Guedes, já interpretada por grandes nomes como Roupa Nova, Djavan, Milton Nascimento, Simone e pelo próprio Beto, que reflete algo maravilhoso dessa data em sua poesia quando diz: "Todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado..."

Amor de índio
(Beto Guedes e Ronaldo Bastos)

Tudo que move é sagrado
e remove as montanhas com todo o cuidado, meu amor.
Enquanto a chama arder todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado com arco da promessa do azul pintado, pra durar.

Abelha fazendo o mel vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu, o pedido que se pensou
O destino que se cumpriu de sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver para ser o que for e ser tudo

Sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor.
A massa que faz o pão vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
e alimenta de horizontes o tempo acordado, de viver.

No inverno te proteger, no verão sair pra pescar
no outono te conheçer, primavera poder gostar
no estio me derreter pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu de sentir seu calor e ser tudo.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 29 de abril de 2008

As canções que você fez pra mim

No mês dedicado ao aniverário do rei, nada mais apropriado que falar sobre esse disco em sua homenagem, talvez o melhor dessa safra, lançado por Maria Bethânia em 1993 - As canções que você fez pra mim.

Gravado em Los Angeles e Londres, produzido por Guto Graça Mello e tendo músicos como Jurim Moreira na bateria, João Carlos Assis Brasil no piano e Pedro Ivo no baixo o disco conta com arranjos de Jaime Alem, maestro de Bethânia e com a Orquestra de Cordas Inglesa sob a regência de Graham Preskett.

Gravar um disco com o repertório do rei da música brasileira não é tarefa fácil, sobretudo porque seu trabalho não deixa "espaços", é tudo muito completo e Bethânia sabia disso, tanto é que a inclusão da orquestra inglesa foi proposital, sobretudo porque o maestro Graham Preskett conhece pouco a obra do Roberto, daí dava pra ter uma concepção bem original, sem influência da arte real.

O disco obteve uma vendagem muito expressiva. Com mais de um milhão de cópias, foi versionado para o espanhol com Las canciones que hiciste para mí. É um disco muito lindo, reconhecido recentemente pelo rei, mais uma vez, em uma entrevista dada na Argentina. Arranjos e interpretações ímpares de Bethânia para clássicos do Roberto como Detalhes, Olha, Fera ferida e Emoções, e canções meio esquecidas de seu repertório como Você não sabe e Palavras. O disco também traz Seu corpo, Costumes, Você e Eu preciso de você. Emplacou dois hits em novelas globais: Fera ferida e Você.

A relação entre a abelha rainha e o rei da música brasileira não é recente. Bethânia foi a primeira a participar de um dueto em disco com Roberto na faixa Amiga em 1982, além de participar de seus especiais da Globo em 1979, 1981, 1982 e 1993. Alheia ao rótulo de que foi "um apelo popular" fazer esse trabalho, Bethânia continua gravando Roberto. Já emprestou sua inconfudível voz para As flores do jardim da nossa casa, Nossa canção, Outra vez, entre outros, sempre com todo o profissionalismo de uma grande intérprete e a dedicação de uma grande fã declarada do rei! Em seu atual show com a cantora cubana Omara Portuondo canta Você não sabe, desse mesmo disco.

Estamos diante de um trabalho majestoso. Um disco requintado com uma interpretação majestosa da abelha rainha e com o repertório do rei da música brasileira. Sem dúvida, um trabalho que tem todas as coisas que um dia sonhamos para nós...

Um forte abraço a todos!

domingo, 27 de abril de 2008

Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver...

O poeta modernista, o compositor, um dos criadores da Bossa nova, jornalista, diplomata Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes. O "poetinha" se notabilizou por seus sonetos. Quem resiste ao Soneto da fidelidade? "De tudo, meu amor serei atento...Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure".

Vinícius escreveu talvez a peça teatral mais famosa do Brasil: Orfeu da Conceição, com cenário de Oscar Niemeyer e o piano de um jovem que se tornaria seu mais famoso parceiro, Tom Jobim, em 1956. Desta parceria, nasceram alguns dos clássicos mais lindos da música brasileira: Garota de Ipanema, Eu sei que vou te amar, Se todos fossem iguais a você, A felicidade, Água de beber, Eu não existo sem você, Chega de saudade, Insensatez, Ela é carioca, Pela luz dos olhos teus, entre outras. Sem falar que foi dessa parceria e da batida de violão de outro grande nome, João Gilberto, que encontramos a gênesis da Bossa nova.

Da mesma forma como se casava, Vinícius alternava com vários compositores, obtendo parcerias com Chico Buarque, Adoniran Barbosa, Francis Hime, Edu Lobo, Carlos Lyra, Ary Barroso, Pixinguinha, Baden Powell e Toquinho, entre compositores famosos e anônimos, todos tinham chance de dividir composições com ele. Desses encontros surgiram outros clássicos da música brasileira como Apelo, Minha namorada, Onde anda você, Samba de orly, Gente humilde, Arrastão, Tarde em Itapoã, Aquarela, grande parte delas em parceria com Toquinho com quem realizou sua mais longa parceria, lhe rendendo muitos discos e shows, no Brasil e exterior.

Em 2005 foi lançado o documentário Vinícius, abrangendo toda biografia do poeta, vida pessoal, parceiros e participações de amigos como Caetano Veloso , Chico Buarque, Carlinhos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Toquinho, entre outros sob a direção de Miguel Faria Jr. e com Cristinha Morgado e Ricardo Blat recitando algumas obras poéticas. "Quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?" Tudo isso para mostrar que Vinícius continua entre nós, sempre ensinando com sua poesia e sua beleza melódica que sempre apreciaremos por toda nossa vida...

Se todos fossem iguais a você
Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Vai tua vida
Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor

Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz

Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver

Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar

Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer

Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você

Um forte abraço a todos!