domingo, 4 de outubro de 2009

Projeto "O grande encontro"

A música brasileira tem hoje mais um sessentão, a voz inconfundível de Zé Ramalho! Aproveitando seu aniversário, sob dica do grande Vinícius Faustini, abordaremos um projeto grandioso do qual Zé e seus amigos participaram, os cds O grande encontro.

Em um projeto que unia dois cumpadres pernambucanos e dois primos paraibanos, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Zé Ramalho sempre possuíram muita afinidade musical, mas apenas em 1996, se uniram a seus violões no palco do Canecão para lançar esse projeto que reunia parte do show que fizeram com destaque para interpretações como Sabiá, Dia branco, O amanhã é distante, Admirável gado novo, O trem das sete, Chão de giz, Veja, Chorando e cantando, Banho de cheiro e Frevo Mulher.

Acredito que o sucesso surpreendeu a todos, inclusive aos artistas que se revezavam no palco, sendo que no início e no final do show, estavam todos lá unidos e interpretando seus clássicos e canções que admiravam em comum. O volume dois foi gravado em estúdio e saiu em 1997. Pena que Alceu, que se desentendeu dos demais já não estava nessa empreitada, que se destaca por interpretações como Disparada, O princípio do prazer, Eternas ondas, Bicho de sete cabeças, Canta coração, Canção da despedida e Ai que saudade d´oce.

O terceiro e último projeto dessa série sai em 2000, volta a ser ao vivo e apresenta, além do cd e do dvd, convidados que deixam esse encontro ainda maior: Belchior, Lenine e Moraes Moreira dividiram o palco respectivamente com Zé, Elba e Geraldo. Destaque para as faixas Táxi lunar, Dona da minha cabeça, Frisson, Você se lembra, Garoto de aluguel, Petrolina-Juazeiro, A terceira lâmina. Em 2006, para matar um pouco a saudade, saiu a coletânea O melhor do grande encontro, com alguns dos clássicos já citados, desse projeto histórico da nossa música!

Um forte abraço a todos!

sábado, 3 de outubro de 2009

Brejo da Cruz

Interpretar uma canção do Chico é sempre uma tremenda ousadia! Chico é um gênio, nada mais a declarar! Brejo da Cruz é uma cidade do sertão da Paraíba e mais uma genialidade do Chico se observa nessa letra, quando ele aborda o êxodo das pessoas que buscam a cidade grande almejando seus sonhos e muitas vezes abraçando apenas frustrações!

Acho o máximo alguns termos utilizados nessa letra como "...a criançada se alimentar de luz... meninos ficando azuis e desencarnando...", simbolizando a fome e a mortalidade infantil. E a sorte desses "aventureiros" é descrita nos detalhes das profissões que adquirem, culminando numa crítica bastante pertinente sobre o esquecimento deles em relação à sua terra natal:

Brejo da Cruz
(Chico Buarque)

A novidade que tem no Brejo da Cruz
É a criançada se alimentar de luz
Alucinados, meninos ficando azuis
E desencarnando lá no Brejo da Cruz

Eletrizados, cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária, assumem formas mil
Uns vendem fumo, tem uns que viram Jesus
Muito sanfoneiro, cego tocando blues

Uns têm saudade e dançam maracatus
Uns atiram pedra, outros passeiam nus

Mas há milhões desses seres
Que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta
De onde essa gente vem

São jardineiros, guardas-noturnos, casais
São passageiros, bombeiros e babás
Já nem se lembram que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças e que comiam luz

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Olha o que amor me faz...

Sandy anda fazendo falta para seu grande público, a maioria de jovens que cresceu ouvindo e cantando os sucessos gravados pela dupla que fez com seu irmão, Júnior. Filha do cantor Xororó, Sandy Leah Lima tá gravando um novo cd e pretende seguir a linha mpb, estilo que já mostrou ter afinidade por diversas vezes, seja no elas cantam Roberto, seja interpretando Elis (sua grande inspiração), seja gravando com Toquinho, Gil e Milton, etc.

E antes que alguém atire alguma pedra de preconceito, pergunto: quem vai negar que suas canções encantaram multidões nesse país? O que dizer de sucessos como A lenda, Inesquecível, Olha o que o amor me faz, Com você, Imortal, As quatro estações, Era uma vez, Um segredo e um amor, Chuva de prata, Desperdiçou, entre outras?

Uma das interpretações mais marcantes e sinal de que seguiria carreira solo foi a faixa Um segredo e um amor, já interpretada anteriormente por Jorge Vercilo e que consta atualmente na novela Alma gêmea. Com um eterno timbre doce, Sandy tem no público uma grande admiração, jovens que a amam com devoção o que já caracterizou altas vendas na música brasileira!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os compositores do Brasil - 19

A série Os compositores do Brasil apresenta hoje um conterrâneo, que teve muitas de suas canções como topo nas paradas dos anos 80: Paulo de Souza, mais conhecido no meio da composição como Paulo Debétio. Seu primeiro grande sucesso veio em 1976 na voz de Alcione: Retalhos.

Poucos conhecem seu nome, mas muitos conhecem seus sucessos nas vozes de grandes intérpretes: Pelo amor de Deus (Emílio Santiago), Metades (Leci Brandão), Estrela veja e Bailarina (Wando), Cheiro moreno (Elba Ramalho), Nuvem de lágrimas (Chitãozinho e Xororó e Fafá de Belém), Uma nova mulher (Simone), Tieta (Luiz Caldas), Mano (Leonardo), Um dois três (Chitãozinho e Xororó), Meu amor não vá embora (Beto Barbosa), entre outras.

Com a maioria das suas composições divididas com Paulinho Resende, Paulo Debétio foi e continua sendo muito requisitado pelos grandes intérpretes seja na área de produção, seja como compositor, e suas composições mais marcantes continuam sendo regravadas, o que prova que a boa música transforma-se em algo eterno.

Um forte abraço a todos!

domingo, 27 de setembro de 2009

Caetano Veloso - Novelas

Essa compilação lançada em 2002 mostra sucessos da obra de Caetano Veloso para as novelas globais. Canções de seu repertório que se tornaram clássicos, algumas compostas pelo próprio Caetano e, outras apenas interpretadas por essa grande lenda da música brasileira.

Da trilha de Sem lenço e sem documento, Mário Prata (1977), temos Alegria, alegria, gravada em 1968 e O Leãozinho. Um ano depois veio Gina (escrita por Rubens Ewald Filho e inspirada no romance de Maria José Dupré) e lá estava Caetano com Coração Vagabundo. Homem proibido, Teixeira Filho (1982) trouxe Queixa. Você é linda pintou na trilha de Eu prometo, Janete Clair (1983). Um sonho a mais de Daniel Más (1985) trouxe a canção gravada em inglês Shy moon, um dueto com Ritchie.

Escândalo foi composta para Ângela Rô Rô em 1981, mas só foi lançada por Caetano em 2001 e constou na trilha sonora de O Clone, Glória Perez. Da safra de interpretação temos Felicidade (Felicidade foi embora...), para a novela Olhai os lírios do campo, com texto de Geraldo Vietri a partir do romance de Érico Veríssimo (1980). Em Vale tudo, de Gilberto Braga (1988), tivemos Isto aqui o que é. Para a inesquecível Tieta, adaptação de Jorge Amado (1989), tivemos Meia lua inteira. Dez anos mais tarde, em Suave veneno, de Agnaldo Silva, temos seu maior sucesso de vendas - Sozinho. Nesse mesmo ano, em italiano, temos Luna Rossa, para a novela Terra nostra, de Benedito Ruy Barbosa.

Temos ainda Samba de verão, para a novela Laços de família, de Manoel Carlos (2001) e a faixa que abre essa compilação, Sonhos, vem lá de 1982, e esteve na trilha de Desejos de mulher, de Euclydes Marinho (2002). É uma compilação para quem sempre acompanhou as novelas e se deliciou com os sucessos do Caetano e além disso, mesmo quem não curta esses folhetins globais, sabe que uma compilação, com um repertório assim será sempre agradável aos nossos ouvidos!

Um forte abraço a todos!

sábado, 26 de setembro de 2009

De volta pro aconchego

Ultimamente, tenho explorado algumas canções que emocionam, que tocam os mais distantes recantos da alma e a encanta por completo! É o caso de De volta pro aconchego, do Nando Cordel e do Dominguinhos, imortalizada pela Elba Ramalho! Gravada em 1985 e sucesso nacional da novela Roque Santeiro, essa canção era tema do protagonista da novela, a maior pra mim, em que, de repente, sem entender as mudanças que sucederam sua ausência, estava de volta a sua terra natal!

Sempre me emociono quando volto a Limoeiro e penso nessa canção! Fico pensando como é bom voltar pra casa, independente de não morar mais lá! Nós, seres humanos, temos condições de termos várias moradas e a sensação de voltar pra casa, de encontrarmos a proteção do nosso lar e o aconchego do local e das pessoas que tanto amamos é realmente indescritível! E nesse ponto, a pessoa amada é o melhor aconchego, onde saciamos a saudade e encontramos a felicidade enfim, como diz a letra:

De volta pro aconchego
(Nando Cordel e Dominguinhos)

Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo um sorriso sincero, um abraço
Para aliviar meu cansaço e toda essa minha vontade

Que bom, poder tá contigo de novo
Roçando o teu corpo e beijando você
Prá mim tu és a estrela mais linda
Seus olhos me prendem, fascinam
A paz que eu gosto de ter.

É duro, ficar sem você vez em quando
Parece que falta um pedaço de mim
Me alegro na hora de regressar
Parece que eu vou mergulhar na felicidade sem fim...

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Um dia a estrela vai brilhar e o sonho vai virar realidade...

Eu poderia ter feito uma série intitulada de filho peixe da música brasileira, peixe também é! Pois aqui está mais uma grande cantora, filha de outra extraordinária intérprete da nossa música: Luiza Possi Gadelha, filha de Zizi Possi. Natural do Rio de Janeiro, Luiza começou sua carreira como cantora em 2002, quando participou de um show de sua mãe, e em seguida lançou seu primeiro disco.

E já mandou para as rádios e para o público que conquistou, hits como Dias iguais, Eu sou assim, Tudo que há de bom, Tanto faz, Sem você, Além do arco-íris, Nem bem acordo, Ilegal imoral ou engorda, Em busca da felicidade, Escuta, Folhetim, Me faz bem, Tudo certo, entre outras.

Esse ano foi especial para Luiza, pois além de participar, com sua mãe e outras divas, do projeto elas cantam Roberto, também lançou um novo cd com boa aceitação de crítica, afinal, Bons ventos sempre chegam e, com esse título, o sucesso estará cada vez mais próximo desse nome contemporâneo que os bons ventos trazem para a música brasileira!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Só liguei porque te amo...

Com um pouco de raridade costumo destacar alguns grandes artistas internacionais que muito influenciaram nossos ídolos e nossa música. É o caso do Stivie Wonder que muito já tocou em nossas rádios, seja com seus sucessos originais ou em algumas releituras e versões feitas por artistas como Gilberto Gil, Gal Costa, Adilson Ramos, Alcione, Eduardo Lages, entre outros.

O grande sucesso do Stivie também no Brasil foi I just called to say i love you que tornou-se grande hit e teve várias regravações, inclusive no Brasil temos duas versões dessa canção, uma interpretada pelo Gil e outra pelo Adilson. Outros grandes sucessos seus por aqui foram Overjoyed, Lately, My cherie amour, My love, Isn't she lovely, entre outras.

Stivie não é apenas um grande nome americano ou mais um cantor internacional que fez sucesso no Brasil, mas suas canções, seu trabalho, de um modo geral atravessa fronteiras e influenciou e ainda influencia muitos nomes em nosso país, mesmo os que nunca navegaram em seu repertório! Então, vez por outra, ao vasculhar um pouco sobre os grandes artistas desse país, entre suas principais influências e admirações estão nomes como o do Stivie Wonder, retratado nessa singela homenagem!

Um forte abraço a todos!

domingo, 20 de setembro de 2009

Tim Maia in Concert

Na década de 80, a Rede Globo apresentava um programa com grandes nomes da nossa música, como uma série denominada In concert. Foi o caso do eterno síndico Tim Maia. Em uma gravação que mescla trechos de um show e também trechos de comentários/entrevista feita com o Tim, o cd/dvd foi lançado em 2007.

O repertório privilegiava alguns clássicos do artista apresentados em sua então atual turnê como Vale tudo, Descobridor dos sete mares, Do leme ao portal, Me dê motivo, Você, Azul da cor da mar, Gostava tanto de você, Você e eu eu e você, A festa do Santo Reis, Coronel Antônio Bento e Sossego. Na realidade, Tim não apenas cantava, mas brincava e muito se divertia com sua plateia e com sua banda Vitória Régia, que nessa data contava com músicos convidados como Paulo Braga e Jacques Morelembaum.

É legal ver a Globo abrindo seu baú e lançando coisas inesquecíveis como apresentações de grandes artistas, como é o caso do Tim e torçamos para que isso aconteça cada vez mais, sobretudo porque temos uma carência enorme de grandes programas como esse, na atualidade. Mas, voltando ao dvd, nos extras temos fotos e entrevista rápida com o Síndico que contou, na plateia, com famosos como Erasmo Carlos e Lulu Santos e agora, com esse cd/dvd, o país inteiro pode matar a saudade da eterna voz inconfundível de Tim Maia.

Um forte abraço a todos!

sábado, 19 de setembro de 2009

120, 150, 200 km por hora

Essa canção muito me emociona! E acredito que todos que dirijam, que já tiveram a solidão de uma estrada à noite, entendem o que estou falando! Mas, Roberto uniu a esse ambiente a saudade daquele velho amor que se acentua como a aceleração que o carro sofre! E o mais legal é presenciar o aumento simultâneo do desespero do personagem e da velocidade, com o decorrer da letra.

É claro que nossas atuais estradas não permitem tanta rapidez, nem precisamos de tanto pois corremos vários riscos em sofrer tamanha velocidade, mas é muito interessante pensar que o amor e a velocidade caminham juntos para apagar as marcas que ficaram no caminho da saudade:

120, 150, 200 km por hora
(Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

As coisas estão passando mais depressa
O ponteiro marca 120
O tempo diminui
As árvores passam como vultos
A vida passa, o tempo passa
Estou a 130
As imagens se confundem
Estou fugindo de mim mesmo
Fugindo do passado, do meu mundo assombrado
De tristeza, de incerteza
Estou a 140, fugindo de você

Eu vou voando pela vida sem querer chegar
Nada vai mudar meu rumo nem me fazer voltar
Vivo, fugindo, sem destino algum
Sigo caminhos que me levam a lugar nenhum

O ponteiro marca 150
Tudo passa ainda mais depressa
O amor, a felicidade
O vento afasta uma lágrima que começa a rolar no meu rosto
Estou a 160, vou acender os faróis, já é noite
Agora são as luzes que passam por mim
Sinto um vazio imenso
Estou só na escuridão a 180
Estou fugindo de você

Eu vou sem saber pra onde nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim

O ponteiro agora marca 190
Por um momento tive a sensação de ver você a meu lado
O banco está vazio
Estou só a 200 por hora
Vou parar de pensar em você pra prestar atenção na estrada

Vou sem saber pra onde nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes, às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim

Eu vou, vou voando pela vida
Sem querer chegar...

Um forte abraço a todos!