Lembro que na escola da infância, muito se comemorava o dia 22/04 como sendo aniversário do Brasil, dia de seu descobrimento. História a parte, uma onda ufanista verde e amarela tomava conta de todos nós e comemorávamos esse dia como um feriado. Era como se fosse dia de jogo da seleção e várias pessoas usavam as cores oficiais da bandeira.
Na verdade, dá saudade de ver comemorações mais saudáveis como essas, sobretudo porque alguns se dividem entre a Aquarela do Brasil, de Ary Barroso e Brasil, de Cazuza. A primeira exalta as belezas dessa terra, que muitas vezes esquecemos: seus coqueiros, o samba, suas danças, seus folclores, seus amores, suas boas histórias e culturas. A segunda, critica as más condições sociais, econômicas e sobretudo, políticas desse país.
Temos outras canções ufanistas como o Verde amarelo do rei ou Canta Brasil de David Nasser, por exemplo. E como em toda festa reinam a paz e a alegria entre os povos, entre os que comemoram, nada mais justo, a meu ver, que celebrarmos essa data com o maior clássico brasileiro de todos os tempos:
Aquarela do Brasil
(Ary Barroso)
Brasil!
Meu Brasil Brasileiro
Mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingá
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Canta de novo o trovador
A merencória à luz da lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Esse coqueiro que dá côco
Onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro...
Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferente
Brasil, samba que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil!
Um forte abraço a todos!