terça-feira, 12 de abril de 2011

Os Intérpretes do Brasil - 5

E nessa série em que homenageamos os maiores intérpretes que esse país oferece, destacando suas maiores interpretações, trazemos hoje um cara que é o rei da voz, um professor da música brasileira, uma referência para tantos outros grandes intérpretes, 80 anos de emoção de Cauby Peixoto. Durante toda sua carreira, Cauby mostrou que é intérprete por natureza, não apresentando composições e dessa forma, todos os sucessos de seu repertório são interpretações de outros criadores.

Algumas dessas interpretações receberam destaque em projetos como Cauby interpreta Roberto de 2009, onde visita a obra do rei, ou Cauby sings Sinatra de 2010 onde navega na obra do ídolo Frank Sinatra, ou Cauby canta Baden de 2006. E em termos de canções, destacaria três de seu repertório como pérolas que o levam ao patamar de intérprete por excelência: Conceição, Bastidores e É tão sublime o amor.

Esta última é mais particular de seu repertório e envolve meu gosto pessoal. Conceição é o primeiro clássico do Cauby e virou sua marca registrada, ficando difícil alguém se aventurar a interpretá-la depois dele, inclusive destaco a versão feita para a série 20 super sucessos. E Bastidores é tão Cauby, que não seria pecado dizer que é a canção dele, feita pra ele e chego afirmar que foi uma das maiores inspirações do Chico Buarque em termos de música por encomenda, o que afirma tudo que pude dizer nessa postagem: Cauby é um mestre nessa área e um verdadeiro intérprete da nossa música, habitando a nobreza desta!

Um forte abraço a todos!

domingo, 10 de abril de 2011

CD Marisa Monte - Barulhinho bom

Esse é mais um grande trabalho da Marisa Monte. Resultado da turnê Cor-de-rosa e carvão, foi lançado em 1996 em formato duplo, com 11 canções ao vivo no primeiro cd, captadas em shows realizados nos Teatros Guararapes (Recife/PE) e Carlos Gomes (Rio de Janeiro), e 7 músicas gravadas em estúdio e inéditas na voz da Marisa.

As versões ao vivo apresentam canções até então inéditas na voz da Marisa como Panis et circenses, De noite na cama, A menina dança e Give me Love, além de canções de seu repertório como Beija eu, Ainda lembro, Dança da solidão, Ao meu redor, Bem leve, Segue o seco e Xote das meninas (em versão diferente à já gravada anteriormente).

As inéditas em estúdio do segundo cd são Arrepio, Maraçá e Magamalabares de Carlinhos Brown, Chuva no Brejo de Moraes Moreira, Cérebro eletrônico de Gilberto Gil, Tempos modernos de Lulu Santos e Blanco da própria Marisa. Em uma produção de Arto Lindsay e da própria artista, temos mais uma pérola indispensável na coleção de qualquer amante da boa música. A arte do encarte com desenhos sensuais também é um diferencial nesse trabalho!

Um forte abraço a todos!

sábado, 9 de abril de 2011

Telegrama

Gosto do Zeca Baleiro, de sua voz grave, de suas geniais composições. Já comentamos um pouco sobre sua carreira antes. Futuramente, pretendo falar sobre seus encontros dentro da música brasileira com artistas como Gal Costa e Fagner, na Série Olhando as estrelas.

Por enquanto, ficamos com Telegrama, uma de suas canções mais românticas e ao mesmo tempo mais engraçadas. Unir amor com humor não parece tarefa fácil, pois não temos tantas canções assim, mas Zeca pareceu tirar de letra essa canção onde revela que um simples gesto pode enlouquecer quem ama! E quem duvida?

Telegrama
(Zeca Baleiro)

Eu tava triste, tristinho
Mais sem graça que a top-model magrela na passarela
Eu tava só, sozinho
Mais solitário que um paulistano,
Que um canastrão na hora que cai o pano

Tava mais bôbo
Que banda de rock
Que um palhaço
Do circo Vostok

Mas ontem eu recebi um Telegrama
Era você de Aracaju, ou do Alabama
Dizendo: Nêgo sinta-se feliz
Porque no mundo tem alguém que diz:

Que muito te ama!
Que tanto te ama!
Que muito muito te ama,
Que tanto te ama!

Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português da padaria

Mama! Oh Mama! Oh Mama!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu!
Quero ser seu papa!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Meu pedaço de universo é no teu corpo...

Esse é o Taiguara Chalar da Silva, ou simplesmente Taiguara. Natural de Montevidéu, Uruguai, Taiguara veio para o Brasil com 4 anos de idade, ganhou um piano do avô aos 8 anos e aos 10, já compunha. Influenciado por diversos ritmos como guarânias, bossa nova, pop rock e sambas, sua carreira despontou aos 18 anos quando cantou na noite e gravou seu primeiro disco, dois anos depois.

Teve algumas de suas canções censuradas, sofrendo com a repressão de presenciar mais de cem canções proibidas. Mas, emplacou grandes sucessos como Hoje, Universo do teu corpo, Piano e viola, Amanda, Tributo a Jacob do Bandolim, Viagem, Berço de Marcela, Teu sonho não acabou, Geração 70, Que as crianças cantem livres, entre outras. Passou um tempo fora do país, aprendendo outros estilos musicais. Ao voltar ao país, não encontra mais o mesmo sucesso.

Taiguara partiu para a eternidade em 1996. Suas canções são lembradas por vários artistas da noite e alguns colegas como Emílio Santiago, Pery Ribeiro, Angela Maria, Claudia, Evinha, Agnaldo Timóteo, Célia, Orlando Silva, Roupa Nova e Erasmo Carlos, entre outros.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Caminhando e cantando e seguindo a canção...

Essa é um trecho da canção de protesto mais conhecida no Brasil e também de um dos maiores sucessos de Geraldo Pedroso de Araújo Dias Vandregísil,  mais conhecido como Geraldo Vandré. Natural de João Pessoa/PB, Vandré esteve ligado à música desde cedo, pois gostava de cantar no rádio e participou de vários programas de calouros na adolescência, inclusive já no Rio de Janeiro onde iniciou sua carreira artística.

Curioso é que por pouco Vandré não fez uma dupla com João Gilberto, pois dedicou-se aos estudos de direito, que o levaram a formar parceria com outro ilustre, Carlos Lyra, com quem compôs suas primeiras canções. Seu primeiro disco veio em 1964 com o sucesso de Fica mal com Deus, mas o reconhecimento nacional viria com a vitória do Segundo Festival da Música Popular da Record, com a canção Disparada, interpretada por Jair Rodrigues, que dividiu o título com A banda, de Chico Buarque.

Vandré, aos 75 anos em 2010.
E foi no Festival Internacional da Canção, de 1968, que estourou o sucesso de Pra não dizer que não falei das flores, que só perdeu para Sabiá de Chico e Tom, que foram vaiados por isso. Outras canções do seu repertório são Canção da despedida, Rosa flor, Rancho da rosa encarnada, Vou caminhando e Pra que mentir. Outra grande curiosidade que se remete a seu nome é o fato de afirmarem que ele foi torturado pelos militares, exilado e depois, enlouquecido, fatos desmentidos em recente entrevista dada a Globo News, ano passado, afirmando que seu afastamento da música foi algo natural e uma escolha da qual não se arrepende.

Um forte abraço a todos!

domingo, 3 de abril de 2011

Os Intérpretes do Brasil - 4

E a Série sobre os grandes intérpretes e suas marcas registradas destaca uma figura feminina, já que muitos afirmam que hoje o Brasil é o país das cantoras, precisamos destacar uma que pode ser dita como referência para muitas que estão aí hoje e outras que ainda surgirão: Elis Regina, considerada por vários como a melhor cantora do Brasil de seu tempo.

Elis se destaca em todas as canções que interpretou, e entre elas, gostaria de dar enfâse a Casa no campo, Romaria, Como nossos pais, Águas de março, As curvas da estrada de Santos, O bêbado e a equilibrista, Fascinação, Alô alô marciano, Atrás da porta, Arrastão e Madalena. Esses não são apenas sucessos de seu repertório, pois poderíamos citar mais uma centena deles, mas são interpertações dos mais variados compositores desse país que ganharam sua marca.

Canções que ao ouvirmos, sabemos que se trata da Elis. São interpretações que, mesmo com outras releituras também tão geniais de seus mesmos compositores e de outros intérpretes, a gênese de seu sucesso se encontra em um único nome: Elis Regina e por isso temos nela uma eterna referência para tantas gerações.

Um forte abraço a todos!

sábado, 2 de abril de 2011

Futuros amantes

Olha, essa é das minhas preferidas não apenas do Chico, mas da música brasileira. Futuros amantes é das mais valiosas pérolas que possuímos. Romântica ao extremo, desperta em nós um novo atrevimento em tentar desvendar os segredos do Chico Buarque compositor. Lançada em 1993 e também no cd ao vivo As cidades, de 1998, foi também gravada por Gal Costa.

Futuros amantes é um retrato de um amor vivido que sugere se eternizar no Rio de Janeiro, mas ao contrário da maioria das canções de amores eternos que se alicerçam no passado ou no presente, como o próprio título sugere, esse amor brilhará no futuro e a contemplação máxima se dará não mais pelos protagonistas dele, mas pela certeza que alguém vasculhará um Rio de Janeiro submerso (geograficamente isso é possível e até provável há milhares de anos a frente), surpreso ao se deparar com um amor atemporal dessa magnitude! Coisas de gênios!

Futuros amantes
(Chico Buarque)

Não se afobe, não, que nada é pra já
O amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário, na posta-restante
Milênios, milênios no ar

E quem sabe, então o Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas, sua alma, desvãos

Sábios em vão tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não, que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá, se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia deixei pra você

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 31 de março de 2011

O retrato que eu te dei...

A Jovem Guarda não trouxe apenas grandes cantores, reis, grupos ou grupos vocais. Temos também uma dupla que marcou no sucesso seus nomes: Gileno Osório Wanderley de Azevedo, natural de Natal/RN e Sílvia Lília Barrie Knapp, natural do Rio de Janeiro/RJ, que compuseram a dupla Leno e Lílian. Eles se conheceram quando Leno já morava no Rio e mesmo após a volta de sua família para o Nordeste, a dupla voltou a se encontrar anos depois.

Foi através de Carlos Imperial e sempre acompanhados por Renato e seus blue caps, que Leno e Lílian chegaram ao sucesso e ao primeiro disco, que trouxeram a explosão dos sucessos Devolva-me e Pobre menina. Outros sucessos foram Eu não sabia que você existia, Coisinha estúpida e Não acredito.

A dupla se desfez, se refez e não alcançou mais o mesmo sucesso na década de 70. Em suas carreiras solos, Lilian ainda estourou com Sou rebelde, na década de 70 e Leno com Pobreza ainda na década de 60, além de ter composto as primeiras canções de Raulzito, que mais tarde seria Raul Seixas. Leno e Lílian, apesar das brigas, sempre se encontram em para reviver a época de ouro de seus sucessos.

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 29 de março de 2011

Os Músicos do Brasil - 20

Este é Pedro Aníbal de Oliveira Gomes, ou Pepeu Gomes, como é conhecido. Natural de Salvador/BA, Pepeu integrou o grupo Novos baianos e tornou-se um dos maiores guitarristas desse país. Curioso é que já aos 11 anos, integrava uma banda que tocava música da Jovem Guarda, comprovando seu interesse pela música desde muito cedo.

Antes de participar dos Novos baianos, Pepeu tocou com Caetano e Gil, no show de despedida destes antes do exílio. E no grupo e pós-grupo, Pepeu foi também cantor e compositor em canções como Eu também quero beijar, Masculino e feminino, A lua e o mar, Sexy Iemanjá, Mil e uma noites de amor, Garota dourada, Deusa do amor, Eu também quero beijar, etc.

Mas, foi como músico que Pepeu mais atuou em sua carreira com vários trabalhos instrumentais, além de participações em projetos de outros colegas como Gal Costa, Baby Consuelo, Ney Matogrosso, Daniela Mercury, Elba Ramalho, Ednardo, Moraes Moreira, entre outros.

Um forte abraço a todos!

domingo, 27 de março de 2011

Olhando as estrelas - 13

E a Série Olhando as estrelas visita hoje uma relação que já tem muito tempo. Ele começou como motorista dela nos anos 50 e hoje é um dos maiores parceiros, tendo inclusive não apenas gravado canções com ela, mas discos, além de aparecer ao seu lado em vários especiais e programas de televisão. Tô falando de Ângela Maria e Agnaldo Timóteo, duas grandes vozes que esse país tem e que vez por outra, se juntam para brindes à música brasileira.

Cd 1999.
Oficialmente, gravaram juntos dois discos: em 1999 gravaram o cd Ângela e Agnaldo - Sucessos sempre!, com destaque para interpretações como Índia, Alma gêmea, Deslizes e Um dia de domingo em capa que você tem ao lado; em 1979, 20 anos antes, gravaram outro disco juntos com destaque para as canções Meu primeiro amor, Cabecinha no ombro, Travessia, Jura-me, Sorri e Brigas, em foto da capa que você tem abaixo.

Lp 1979.
Mas, esses são apenas alguns dos momentos de amizade e cumplicidade musical que essas duas estrelas sempre apresentaram, como foi a participação no cd e especial de Ângela Maria amigos, em 1996, onde interpretaram Tango para Teresa ou nas faixas do cd Obrigado mãe do Timóteo de 1995 em que dividiram os vocais, só pra citar algumas das premiadas vezes em que a música brasileira pôde presenciar esse encontro de estrelas, donas de grandes vozeirões!

Um forte abraço a todos!