terça-feira, 5 de novembro de 2013

A polêmica sobre as biografias não autorizadas

De forma modesta, gostaria de expor minha opinião sobre esse tema tão comentado atualmente, focando nas biografias dos músicos brasileiros que sempre foram temas de minhas postagens. Vejo uma discussão necessária e que merecia aprofundamento: a liberdade de expressão, defendida a ferro e fogo pela imprensa brasileira e, o direito à privacidade, defendido por um grupo de artistas. Dois valores máximos, gigantes e que devem ser discutidos com muita maturidade, muita propriedade num país que deseja ser cada vez mais democrático.

Mas, o que temos visto é uma troca de farpas e muitas vezes, ofensas pessoais que nivelam o debate por baixo. Jornalistas acusando artistas de censores, procurando desqualificá-los, quando estes se colocam no lado oposto do debate e aquela máxima que diz que o direito de um acaba onde começa o do outro parece ter sido esquecido. Não vejo um debate entre inteligentes e burros, censores e pobres censurados, artistas ricos e jornalistas que querem pegar carona nessa riqueza. Ambos tem sua parcela de acertos ao acender essa polêmica que pode amadurecer pensamentos, ao invés de empobrecê-los com ofensas gratuitas.

Como fã, gosto das biografias e pouco me interessa saber se foi ou não autorizada. O fã quer saber tudo sobre o artista. Muitas vezes sua vida pessoal também o interessa e isso não é nada surpreendente num país onde os reality shows são campeões de audiência. O biógrafo defende que o artista é apenas seu objeto de estudo histórico e não pode perder seu trabalho, nem dissociar o lado pessoal do profissional, pois não realizará um trabalho pela metade, enfatizando também que não é legal que haja cortes no que faz. O biografado não quer ver passagens de sua vida particular sendo devassada e, mesmo que a imprensa já tenha feito isso, não deseja a repetição, nem a perpetuação de tais passagens em uma obra, defendendo que só ele mesmo saberia se autobiografar, contando aquilo que julgar necessário. Ainda tem o lado financeiro que não pode ser visto de forma inferior, pois seria uma ingenuidade de ambas as partes.

Tomando partido de cada um dos lados, vemos que ambos tem suas máximas. Algumas figuras precisam entrar para a história de forma plena, muito embora quando observamos alguns personagens históricos, pouco interessa saber sua vida pessoal, a meu ver. Há trechos de nossas vidas que não queríamos que fossem expostas ou revividas e será que sou um psicopata por pensar assim? Biografia é sim um tema delicado e precisa da participação de todos os envolvidos e não pode ser visto como um regresso à censura. E parece que a própria imprensa anda censurando o que defende o grupo de artista que pensa contrário a ela. Será que o preço da fama é a perca total da privacidade? Creio que precisamos amadurecer bem esse tema, sem baixar o nível, até porque o país tem outros temas mais graves que este, pelos quais não vejo nem imprensa, nem artistas muito empenhados em resolvê-los!

Um forte abraço a todos!

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