segunda-feira, 11 de setembro de 2023

♫Acalanto♫

Hoje temos como tema uma canção composta há muitos anos, por um pai apaixonado por seus filhos, em especial pela filha Nana, para quem Dorival Caymmi compôs Acalanto. Costumo dizer que ele é pai de muita gente nesse país, pois com certeza muitas crianças foram ninadas por essa canção. Inclusive, meu filho já foi ninado por ela e se me chega algum momento assim, a primeira canção que vem à mente é ela.

Já gravada também em dueto com sua filha Nana e por artistas como Adriana Calcanhoto e Roberto Carlos, Acalanto surge do refrão, segundo Nana, de uma cantiga folclórica. Caymmi, como perfeito "pai coruja", nina sua filha, descrevendo que a noite chegou, com ela o sono e o descanso merecido daquele anjo.

Acalanto
Dorival Caymmi

É tão tarde, a manhã já vem
Todos dormem, a noite também
Só eu velo por você, meu bem
Dorme, anjo, o boi pega neném

Lá no céu deixam de cantar
Os anjinhos foram se deitar
Mamãezinha precisa descansar
Dorme, anjo, papai vai lhe ninar

Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

CD Zezé di Camargo e Luciano 1995

Curto bastante a obra do Zezé di Camargo e Luciano, sobretudo nos anos 90 e meados dos anos 2000. E este é um dos melhores trabalhos da dupla, lançado em 1995, que contou com vários hits radiofônicos e uma expressiva vendagem na época. Aqui a dupla diversificou a participação de alguns músicos, além de termos um maior amadurecimento do Zezé compositor. Produção do César Augusto, a qualidade sonora deste trabalho é maravilhosa.

Este é o CD que traz os sucessos Pão de mel, No dia em que saí de casa, Vem ficar comigo, Doce paixão e Sem medo de ser feliz, esta última, tema da novela O rei do gado. Também foi marcante a regravação de Menina veneno. Como bônus, ainda tivemos a faixa Foi a primeira vez, último sucesso do CD anterior, que a dupla resolveu relançar neste, por ser tema da novela Cara e coroa.

E ainda, temos Na hora h, Eu acabo voltando, Nem é bom lembrar, Na esquina dos meus sonhos, Não dá pra esperar, Liberdade liberdade, Pedras, Hoje eu topo tudo que vier. Canções que ficaram e são sempre lembradas, não apenas no repertório de shows deles, mas também na boca de quem canta essas canções, com a admiração e o respeito que o trabalho da dupla merece!

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Os Intérpretes do Brasil - 61

Durante a pandemia, vários artistas mergulharam no universo das lives, onde usavam suas redes sociais para tocarem e se comunicarem com seus fãs. Alguns permaneceram nessa prática, mesmo depois da volta dos shows. E entre eles, destaco Luiz Caldas que até hoje posta todos os dias alguma boa canção dos mais variados estilos da música brasileira e internacional.

Quem conheceu Luiz da década de 80, acostumado com seu axé e sua alegria musical, talvez não imaginasse que guarda em si um excelente intérprete e um grande violonista. Basta seguir por seu instagram ou facebook, por exemplo e se encantar com cada canção que apresenta, acompanhado por seu violão e um texto falando um pouco sobre a canção abordada.

Por isso, fiz questão de destacá-lo nesta série, onde comentamos sobre os grandes intérpretes desse país. Tenho certeza que, se estivéssemos na época em que se lançavam os CDs, com certeza teríamos bons trabalhos de intérprete do Luiz, cantando seus ídolos, tanto nacionais, quanto internacionais, não deixando a desejar em nenhuma interpretação dada a uma excelente canção!

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 31 de julho de 2023

DVD Chico e as cidades

O DVD Chico e as cidades é um documentário lançado em 2001, baseado no show As cidades, apresentado por nosso compositor em 1999. Trechos do show são intercalados com depoimentos de Chico, visita a alguns lugares, como Buenos Aires, a praia de Ipanema e também um passeio pela Mangueira.

Um papo sobre futebol, com o craque Tostão e também uma deliciosa conversa com Maria Bethânia também fazem parte da película. Entre as canções, podemos ouvir Paratodos, A ostra e o vento, Olhos nos olhos, Feijoada completa (com a participação de Zeca Pagodinho e Almir Guineto), Homenagem ao malandro, Cotidiano, Piano na Mangueira (com participação de Jamelão e Velha guarda da Mangueira).

E ainda Quem te viu quem te vê, Construção, Bancarrota blues, Capital do samba, entre outras. Nos extras, temos Cecília, Injuriado e Futuros amantes. Um excelente trabalho de um dos maiores artistas desse país, para termos em qualquer boa coleção de música brasileira.

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

♫O amor não sabe esperar♫

O bom de ser eclético na música brasileira é que sempre descobrimos algo interessante, pelo qual nos apaixonamos perdidamente. É o caso dessa canção, dueto entre os Paralamas do sucesso e Marisa Monte, gravada em 1998. Só a conheci ano passado, depois de assistir à banda e perceber que deveria vasculhar mais o trabalho deles.

A letra de O amor não sabe esperar é do Herbert e fala de alguém que aguarda a chegada de alguém com muito amor, num momento muito bem preparado e aguardado. A levada dela é muito legal e dá pra fazer ao violão, com acordes fáceis. E as vozes deles casaram direitinho fora o uh uh no decorrer da música, que dá vontade de ficar assobiando o dia inteiro!

O amor não sabe esperar
Herbert Viana

Sopra leve o vento leste e encrespa o mar
Eu ainda te espero chegar
Vem a noite cai seu manto escuro devagar
Eu ainda te espero chegar

Não telefone, não mande carta
Não mande alguém me avisar
Não vá pra longe, não me desaponte
O amor não sabe esperar

Ficar só é a própria escravidão
Ver você é ver na escuridão
E quando o sol sair
Pode te trazer pra mim

Abro a porta, enfeito a casa
Deixo a luz entrar
Eu ainda te espero chegar
Escrevo versos
Rosas e incenso para perfumar
Eu ainda te espero chegar

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 18 de julho de 2023

Os compositores do Brasil - 102

João Donato partiu ontem para a eternidade, para as estrelas onde brilham tantas como ele. Excepcional músico, queria prestar uma simples homenagem a ele nesta postagem destacando seu lado compositor. Não que o músico (que deve ser tema de outra postagem) de notas dissonantes em suas criações não mereçam destaque. É que o encontro em tantas composições que amo e imagino que nem todos sabem ser de sua autoria.

É o caso de A paz (composição dividida com Gilberto Gil e também imortalizada por Zizi Possi), Brisa do mar e Cadê você (do repertório do Chico Buarque e a última, uma parceria dos dois, muito linda na voz da Simone), Naquela estação (parceria com Caetano Veloso e Ronaldo Bastos, mas imortalizada por Adriana Calcanhoto), Nua ideia (outra parceria com Caê, na voz inesquecível de Gal), Simples carinho (parceria com Abel Silva e interpretada por vários nomes, entre eles Nelson Gonçalves), Um dia desses (parceria com Carlinhos Brown e interpretada por Emílio Santiago).

E eu poderia me estender ainda mais ao mergulhar neste universo que é a obra desse grande músico, onde também percebemos sua generosidade nas mais variadas parcerias com nomes consagrados de sua geração ou das novas gerações, com quem sempre dialogou muito bem e talvez por isso também se mostrou sempre ativo em shows e em composições. Graças a Deus, temos um nome assim entre tantas estrelas para nos orgulharmos nesse nosso país!

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 10 de julho de 2023

CD Erasmo Carlos - Pra falar de amor

Durante muitos anos sempre ouvi alguém querendo manchar a dupla Roberto/Erasmo, ora diminuindo um, ora outro. Depois de passarem por problemas pessoais que incluíram grandes perdas amorosas nos anos 90, eles seguiram novos rumos em suas vidas profissionais. Roberto passou a compor sozinho e de forma cada vez mais rara, com poucos lançamentos. Já Erasmo, além de compor sozinho, buscou outros parceiros e lançou excelentes trabalhos. Aqueles que cultuam os anos 60/70 do tremendão vão discordar, mas dos anos 80 pra cá, sobretudo nesses anos 2000 ele lançou seus melhores discos, a meu ver.

E aqui temos um excelente trabalho que o fez ressurgir, mesmo sem seu parceiro, pois da dupla mesmo temos apenas a canção Qualquer jeito, que os dois criaram uma versão para Kátia. Sozinho Erasmo criou Seu bicho de estimação, Outernet, Vivendo de sonhos, Quem vai ficar no gol?, Desenho animado, A família. Com seu maestro José Lourenço, temos a canção Ela conversa com o olhar. Também gravou outros compositores como Kiko Zambianchi em O impossível, Dalto e Cláudio Rabello em Fecha a porta e a faixa título Pra falar de amor, de Marcelo Camelo.

O grande sucesso desse trabalho foi a canção Mais um na multidão, parceria com Carlinhos Brown e Marisa Monte, com quem dividiu o vocal. Um trabalho muito bem produzido e que só faltou mesmo mais composições com o parceiro Roberto. A partir daí, nós fãs apenas lamentamos as parcerias entre eles ficarem cada vez mais raras. Entretanto, podemos dizer que temos aqui um Erasmo mais completo para que entendam que temos nele uma mescla de grande cantor, compositor e intérprete, sempre falando de amor!

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 3 de julho de 2023

♫Deus me proteja♫

Conheci essa canção através da Juliette, ex-participante do BBB. Não curto esse programa, mas isso não me permite ter preconceitos com quem participa ou quem curte. Falo isso porque o que me chegou não foi a canção e sim ataques de preconceito contra essa moça cantando uma pérola do Chico César, grande compositor que dispensa maiores apresentações.

Acredito que ela conseguiu popularizar a canção, chamar a atenção dos brasileiros para a letra carregada de fortes reflexões: pedidos de proteção contra nós próprios, seria um alento contra a ansiedade e a depressão? Maldade de gente boa talvez seja mais perigosa que bondade de gente ruim! E tantos trechos, tantas frases que nos despertam e nos levam a grandes reflexões me fazem pensar também porque, ao invés de tanto preconceito, o ser humano não abre a mente para novos talentos que geralmente não começam gigantes!

Deus me proteja
Chico César

Deus me proteja de mim
E da maldade de gente boa
Da bondade da pessoa ruim
Deus me governe e guarde
Ilumine e zele assim

Caminho se conhece andando
Então vez em quando é bom se perder
Perdido fica perguntando
Vai só procurando
E acha sem saber

Perigo é se encontrar perdido
Deixar sem ter sido
Não olhar, não ver
Bom mesmo é ter sexto sentido
Sair distraído espalhar bem-querer

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 26 de junho de 2023

CD Luiz Gonzaga Sanfoneiro macho

Um dos melhores trabalhos de Luiz Gonzaga saiu em 1985 em LP e depois em CD: Sanfoneiro macho. Foi um disco que trouxe o rei do baião de volta às paradas de sucesso com os clássicos Deixa a tanga voar e Forró número 1 (com a participação luxuosa de Gal Costa). Na contracapa do disco consta a participação do Dominguinhos, mas creio que seja apenas acompanhando com a sanfona, pois ele não canta em nenhuma faixa.

Gonzaguinha dividiu os vocais com o pai na faixa Eu e minha branca e Elba Ramalho participou mais uma vez em um dueto com Gonzaga, no clássico Qui nem jiló. Glorinha Gadelha e Sivuca participam da canção A mulher do sanfoneiro. Outra canção bastante conhecida é a faixa título. Lembro de muito palhoção tocando as canções desse disco nas festas mais populares da região.

Completam este trabalho as canções A puxada, Flor do lírio, Maria baiana, Morena bela, Forró do bom e Tá bom demais. Lamento não termos acesso à todos os trabalhos dele em CD. Ao menos da década de 80, todos poderiam ter sido convertidos para esta mídia, pois todo bom apreciador da música nacional sabe que Gonzaga é a melhor trilha sonora da época junina e, por que não dizer, de todas as épocas que se deseje ouvir um bom forró?

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Forró pé de serra

Como tenho dito em várias postagens, todos os anos, curto bastante esta época aqui no Nordeste por suas tradições: bandeiras, fogueiras, balões, fogos, comidas típicas e, claro, música. Tanto é que sempre reservei o mês de junho para divulgar alguns artistas locais e seus clássicos, que nem sempre são conhecidos pelo país. Tudo isso encabeçado pelo eterno rei do baião Luiz Gonzaga.

Além dele, outros astros deram prosseguimento a um estilo tão raiz, formado por sanfona, zabumba e triângulo, o que costumamos chamar de forró pé de serra. Esse estilo, na verdade, abrange vários ritmos como xote, xaxado, baião e por aí vai. Este ano, vemos mais uma vez, uma polêmica se acender: há anos que essa cultura raiz se vê invadida e dominada por outros ritmos, a ponto de um forrozeiro tradicional como Flávio José ter que diminuir seu tempo de show para não afetar a apresentação de Gustavo Lima. Até poderíamos ter espaço para todos os gostos, mas não minando o que apreciamos como tradicional.

Sem entrar na discussão de gosto pessoal (sei que as gerações mudam e com elas, suas apreciações), tenho visto cada vez menos artistas do estilo forró surgirem e se firmarem como foi a geração do Flávio, Santana, Petrúcio, Jorge, Maciel, Nando, entre tantos outros discípulos de Gonzaga e Dominguinhos. E ainda, esse mesmo pessoal tem seu espaço afetado pela penetração de outros astros que acabam "descaracterizando" um pouco ou muito o estilo tradicional da festa, pois a música ofertada, nada tem a ver com o estilo raiz que se torna cada vez mais raro. Este ano nem podemos apontar qual o sucesso do forró, pois nem temos mais discos, nem nas plataformas encontramos o tal forró do ano! Triste, para uma semana onde se comemora uma festa que aqui no Nordeste sempre teve como trilha sonora o pai da alegria, o nosso forró!

Um forte abraço a todos!