Chuva de prata que cai sem parar...

Gal partiu e de forma repentina. Quando vi a notícia não acreditei até que começaram a seguir enxurradas de confirmações e homenagens! Tenho uma lista particular e, penso que cada ser que aprecia a música brasileira tem uma, formada por grandes nomes de nossa música e Gal está nela. Continua nela. Sua partida física não diminui em nada sua estratosférica contribuição à nossa arte.

Tenho os CD´s dela. Gosto de cantar algumas das tantas belíssimas canções que gravou. Consegui assistir a um show seu. Tive um pouco da noção da dimensão que uma artista assim nos proporciona. Agora está em outro plano e na galeria de eternos cantores que passaram por aqui e se tornaram inesquecíveis.

Talvez alguns da nova geração demorem para conhecer seu trabalho, mas sem sombra de dúvidas estarão diante de uma das mais belas vozes deste planeta. Cristalina e única, sua voz, sua vida cantaram como uma força estranha meu bem, meu mal, folhetins, forrós, festas do interior e da capital. Então tá combinado que minha estupidez nunca me permitirá esquecer de Gal Costa, porque o Brasil simplesmente a ama!

Um forte abraço a todos!

♫O negócio é amar♫

Bate uma saudade do Nelson Gonçalves. Essa é uma das minhas preferidas, sobretudo pelo dueto mágico, bem-humorado e carregado de uma química perfeita com a Fafá de Belém, na canção O negócio é amar, da também inesquecível Dolores Duran, que deixou a letra e, Carlos Lyra musicou posteriormente. Jorge Aragão também deu sua interpretação, bem a seu estilo voz e violão. Também conheci as versões de Leny Andrade e da Nara Leão.

A letra dessa canção é uma espécie de enciclopédia sobre tipos de amores. Situações, casais, apaixonados, loucos por amor, tudo de todas as épocas, inclusive dessa que vivemos. Se Nelson tem uma voz, uma interpretação toda particular, mas datada, Dolores, de fato era uma compositora atemporal e aqui está um clássico que se tornou definitivo com Nelson e Fafá, a meu ver.

O negócio é amar

Dolores Duran e Carlos Lyra

Tem gente que ama, que vive brigando
E depois que briga acaba voltando
Tem gente que canta porque está amando
Quem não tem amor leva a vida esperando

Uns amam pra frente, e nunca se esquecem
Mas são tão pouquinhos que nem aparecem
Tem uns que são fracos, que dão pra beber
Outros fazem samba e adoram sofrer

Tem apaixonado que faz serenata
Tem amor de raça e amor vira-lata
Amor com champagne, amor com cachaça
Amor nos iates, nos bancos de praça

Tem homem que briga pela bem-amada
Tem mulher maluca que atura porrada
Tem quem ama tanto que até enlouquece
Tem quem dê a vida por quem não merece

Amores à vista, amores a prazo
Amor ciumento que só cria caso
Tem gente que jura que não volta mais
Mas jura sabendo que não é capaz

Tem gente que escreve até poesia
E rima saudade com hipocrisia
Tem assunto à bessa pra gente falar
Mas não interessa, o negócio é amar

Um forte abraço a todos!

CD Simone Da gente

Ainda não posso cantar que "então é Natal", mas já posso indicar que esse é, sem sombra de dúvidas, um grande presente de Natal. Entre poucos lançados em 2022, está o CD Da gente, com o qual Simone presenteia seus fãs. E fico ainda mais feliz porque existe, embora em menor quantidade, o formato físico, para quem coleciona como eu!

Durante muitos anos, mais ou menos por essa época, ela lançava seus trabalhos, sempre aguardados, pelo primor de seus repertórios e cuidados com os arranjos, voz, tudo muito perfeito. E isso não é diferente neste projeto que abraça novos compositores nordestinos. Campeã de lives durante a pandemia, Simone define este CD como uma rota sentimental do que recebeu e doou neste momento. A canção Haja terapia, faixa de abertura do CD fala sobre esse tema. Outra pérola é a canção Boca em brasa, tema de abertura da novela Mar do sertão.

Simone também oferece seu lado tímido de compositora na faixa Nua e regrava de Zeca Baleiro, Fausto Nilo e Fagner a canção Dezembros. Delicioso é o bolero Por que você não vem? Outras canções são Estilhaços, A gente aproveita, Escancarada, Você distante, Imã, Amor brando e Naturalmente. Encarte belíssimo, arranjos maravilhosos e, a nós, seus fãs, nos resta curtir mais um trabalho primoroso da "cigarra" e agradecer por lembrar dos que apreciam o formato físico.

Um forte abraço a todos!

♫Canção da América♫

Milton Nascimento está se despedindo dos palcos. Nem pude ir vê-lo aqui no Recife. Até tentei, mas tive dificuldades em comprar os ingressos pelo site. É triste, mas necessário! E a nós, o que resta é um sentimento de gratidão por uma obra tão linda, marcante na vida de muitos brasileiros. Essa canção é clássica da nossa música e também no quesito despedida de um amigo. Foi composta em inglês, para seu amigo Ricky Fataar, sob o título de Unencounter. Lembro que, ainda menino, chorei ao ouvi-la na despedida de Tancredo.

Depois apareceu na partida de Sena e também de João Paulo, quando seu amigo Daniel a regravou. Foi escrita com outro parceiro e amigo, Fernando Brant. Adoro a versão em que ele canta com um coral de crianças, no CD Amigo ao vivo em 1994. Milton é um artista de grandes amizades e que sabe cantar esse sentimento como poucos. E todos que possuem algum grande amigo lembram dessa canção para homenagear alguém e o sentimento cultivado por esse belo sentimento. Nós, seus fãs, também nos sentimos seus amigos e desejamos que qualquer dia a gente vá se encontrar!

Canção da América
Milton Nascimento e Fernando Brant

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi

Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam: Não
Mesmo esquecendo a canção

O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier (seja o que vier)
Venha o que vier (venha o que vier)
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar

Seja o que vier (seja o que vier)
Venha o que vier (venha o que vier)
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar

Um forte abraço a todos!

Show de Skank no Recife em 15/10/2022

E no último sábado fui ver o show da turnê de despedida do Skank, aqui em Recife. Há tempos que gostaria de ver um show deles que, junto ao Roupa Nova e os Paralamas do sucesso formam as bandas que mais aprecio no país. É pena que se trata de uma turnê de despedida, porque ao passar pelo repertório com o qual nos presenteou nos últimos 30 anos, ficamos com vontade de pelo menos mais uns 30 com outros sucessos como estes.

Talvez algum fã mais fervoroso tenha sentido falta de alguma grande canção, mas os bons clássicos estavam lá. Em mais de 2:30 de show, contando com o bis, tivemos Dois rios, É uma partida de futebol, Esmola, Pacato cidadão, Uma canção é pra isso, É proibido fumar, Saideira, Uma canção noturna, Ainda gosto dela, Amores imperfeitos, Balada do amor inabalável, Ela me deixou, Jackie Tequila, Te ver, Acima do sol, Três lados, Vou deixar, Garota nacional, Esquecimento, Sutilmente, Algo parecido, Vamos fugir, Resposta, Tanto e Tão seu.

Agora, me diga, se realmente não estou certo em pedir mais uns 30 anos de banda, mesmo que fosse apenas para repetir já esses sucessos que ficarão pra sempre conosco? É torcer para que os integrantes da banda tenham um futuro promissor. Que, de repente, se unam novamente para reviver toda a potência que uma banda como esta escreveu na música brasileira.

Um forte abraço a todos!

Show de Roberto Carlos no Recife em 11/10/2022

Era uma terça-feira, 19/04/1994 quando vi um show do Roberto Carlos pela primeira vez no Geraldão. E ontem, outra terça-feira 10/11/2022, presenciei mais um show dele no Geraldão, palco esse que considero mágico. Revivi todas as emoções que o menino de 94 traz consigo, daquele ambiente e com a noite mágica promovida pelo maior artista da música brasileira. Encontrei amigos que só conhecia virtualmente e isso é um tempero a mais. Fui com minha esposa que se emocionou junto. E fiquei feliz em ver um artista que, apesar de tantas dificuldades pelas quais já passou, é de fato um rei na sensibilidade musical que oferece.

O repertório é quase o mesmo dos últimos 20 anos, com coisas que vão reclamar muito mais se ele não cantar, como Emoções, Como vai você, Além do horizonte, Ilegal imoral ou engorda, O calhambeque, Detalhes, Desabafo, Lady Laura, Mulher pequena, Como é grande o meu amor por você, Amigo, Jesus Cristo. Quem não se emociona quando os primeiros acordes da abertura dão o sinal de que a noite promete? Quem não choraria em véspera de feriado de Nossa Senhora Aparecida ao escutar o clássico Nossa Senhora, cantado por ele e pelo "coro" indefectível" do público do ginásio que o acompanha do começo ao fim do espetáculo? Quem não vibra ao ouvir algumas nem muito comuns nos shows como Você em minha vida, Olha, Sua estupidez ou a mais recente Esse cara sou eu, que, apesar de já completar 10 anos, indica que os fãs estão certos em ainda sonharem com novas composições? 

A canção Outra vez traz saudades de muitos, inclusive da sua autora, minha amiga Isolda. A canção Evidências era esperada, foi ensaiada, mas o tom ainda não é o adequado para o perfeccionista rei. E engana-se quem pensa que o repertório meio engessado deixa o show menor, pois todo o pique e bom humor de RC e de sua orquestra, que ele apresenta cantando e que possui grandes músicos e um maestro renomado que até ensaia uns passos de dança em Mulher pequena, garantem o alto astral de um espetáculo que a gente espera ainda contar por muitos anos, pois vale cada centavo pago! Fora que o Geraldão, que teve um último show dele em 2006, merecia, depois da reforma, reviver todas essas sensações que esse ginásio tem em comum com o eterno brasa da jovem guarda, o homem que reina soberano na música brasileira, graças ao povo que foi muito bem representado pela plateia de ontem, em mais uma noite mágica, histórica, que fica pra sempre na mente de quem pode viver "muitas emoções"!

Um forte abraço a todos!

Show do Paralamas do sucesso em Recife em 23/09/2022

Fui ver o show da banda Os Paralamas do sucesso, na última sexta, 23/09, no Teatro Guararapes, aqui em Recife. Curto a banda pelos clássicos, sobretudo os românticos. Nem sou tão roqueiro. Mas, ali não vi apenas uma banda que representa o melhor do rock nacional, mas sim três grandes gênios da música brasileira, no que se pode chamar de grandes profissionais. Além de Herbert, Bi e Barone, mais um tecladista e dois músicos de sopro que não ficam atrás no quesito talento.

Como eu disse, aprecio Vital e sua moto, Óculos (eu uso), Meu erro (torci até o final para que não estivesse fora do repertório), Saber amar, Cuide bem de seu amor, Aonde quer que eu vá, Uma brasileira, Caleidoscópio, O beco, Alagados, Melô do marinheiro, Cinema mudo, Lourinha bombril, Lanterna dos afogados, Você/Gostava tanto de você, A novidade. Todas essas estavam no repertório do show e só por essas o show já valeria. Mas, tivemos outras menos conhecidas por mim, mas não pelos grandes fãs que lotaram o teatro e ouviram Ska, Fui eu, Track track, O calibre, Selvagem, Assaltaram a gramática, Perplexo, Ela disse adeus.

Dentre as que eu não conhecia, pirei com O amor não sabe esperar e descobri que foi dueto com a diva Marisa Monte. Aliás, mesmo que eu não apreciasse absolutamente nada dessa banda, considero que são uma universidade: Herbert, além de compositor e cantor é um guitarrista imenso; Barone é um dos melhores bateristas do mundo, ousaria dizer. E o profissionalismo desses caras é, sem sombra de dúvidas, o segredo para estarem há 40 anos cantando e levando uma arte tão duradoura, lapidada e apreciada, como é este trabalho!

Um forte abraço a todos!

♫Um edifício no meio do mundo♫

E passeando pelo repertório da Ana Carolina, parei nessa canção dela que tanto gosto. E percebi que se trata de uma grande parceria entre ela e Jorge Vercillo. Fui atrás da versão dele que é tão legal quanto a dela. Dois grandes nomes que a música brasileira apresenta nos últimos 20 ou 30 anos. Tomara que aconteçam outras parcerias entre eles.

A letra de Um edifício no meio do mundo descreve o encontro entre dois personagens que obtiveram no amor o alicerce de um grande pilar, que localiza e destaca os dois amantes em meio à multidão. E esse sentimento sólido, inesperado e imensamente destacável é cantado nessa belíssima melodia. Na foto, este belo e popular edifício de Dubai.

Um edifício no meio do mundo

Ana Carolina e Jorge Vercillo

Os meus olhos cheios d'agua
Seu mar vazio
Qual é o fio que nos une e nos separa?

Eu quero o seu sorriso

No correr da minha hora
E não falta nada
Pra gente ser feliz agora

Só por você eu dei até o que eu não tive
Há tantos que vivem sem viver um grande amor
Eu que sonhei por tanto tempo em ser livre
Me prenda em seus braços
É o que eu te peço
Me prenda em seus braços
É o que eu te peço

Somos um barco no meio da chuva
Um edifício no meio do mundo
Fortes, unidos, como a imensidão

Um passeio no meio da rua
Vamos dias e noites a fora
Agora podemos ver na escuridão

Um forte abraço a todos!

CD Ivan Lins - Anjo de mim

Lançado em 1995, temos aqui um grande trabalho da discografia do Ivan Lins. Um álbum que trouxe algumas canções que se tornaram clássicas em seu repertório, além da garantia de uma arte ímpar que este grande nome da nossa música nos oferece. Basta dizer que é este o álbum que tem a canção Lembra de mim. Só isso bastaria para já classificá-lo como grande.

Mas, além do que já foi dito, temos a participação de César Camargo Mariano na faixa de abertura e que dá título ao trabalho, Anjo de mim, além da regravação de Desde que o samba é samba, do Caetano. Também a participação da cantora Vânia Bastos em Te amo, do Boca Livre na canção Saudades de casa e dos Meninos de São Carlos na faixa É de Deus.

E também encontramos as faixas Menino, Pra alegrar coração de moça, Camaleão, Noturna, Vinte anos blues, Bonito, Será possível e Bom vai ser. Pra quem diz que a década de 90 não trouxe nada interessante, tá aqui um belo álbum que contradiz isso! Ivan é sempre talento e sucesso!

Um forte abraço a todos!

♫Perigo♫

Gosto quando esses grandes intérpretes, como é o caso da Zizi, cantam coisas mais populares e alcançam um estrondoso e merecido sucesso. Foi o caso dessa canção, uma das mais populares de seu repertório. Ninguém fala dos grandes sucessos dos anos 80 sem citar Perigo, da Zizi Possi, tema da novela Selva de pedra.

Com uma letra e um refrão chamado "chiclete", com um solo de trompete que muitos classificam como "brega", essa canção ocupou o topo das paradas de sucesso durante muitos meses e até hoje é lembrada, por gritar como é arriscado alguém assim, com todas essas qualidades, por perto!

Perigo

Nico Rezende e Paulinho Lima

Nem quero saber
Se o clima é prá romance
Eu vou deixar correr
De onde isso vem?
Se eu tenho alguma chance
A noite vai dizer

Nisso todo mundo é igual
Anjo do bem
Gênio do mal

Perigo é ter você
Perto dos olhos
Mas longe do coração
Perigo é ver você
Assim sorrindo
Isso é muita tentação

Teus olhos, teu sorriso
Uma noite...

Um forte abraço a todos!