domingo, 29 de junho de 2008

Abram alas para um novo cantador...

E durante esse mês festivo, onde o coração nordestino se aquece nas fogueiras da tradição, pude homenagear alguns dos grandes nomes desse cenário que fazem a festa a exemplo de Santanna, Petrúcio Amorim e hoje, falaremos um pouco de Maciel Melo, mais um poeta nordestino que canta suas raízes e o amor. Natural de Iguaraci, interior de Pernambuco, Maciel desde pequeno acalenta o desejo de ser músico e quando criança respondia que queria ser tocador de pandeiro.

"Devoto" de Luiz Gonzaga, Maciel segue seu estilo, cantando as tradições nordestinas e sendo regravado por nomes de sucesso como Fagner, que imortalizou seu maior sucesso - Caboclo sonhador, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Flávio José, Santanna, entre outros. Gravou seu primeiro disco a duras penas em 1989, chamado Desafio das léguas, que era ousado por já contar com a participação de Dominguinhos, de quem participaria anos mais tarde do disco que seu conterrâneo faria em homenagem a Gonzagão, na faixa A volta da Asa branca.

Seu autêntico forró não dispensa uma guitarra elétrica, se aproximando mais de Jackson do Pandeiro que, já na década de 60, adicionara ao tradicional zabumba, sanfona e triângulo, cordas, sopros e outros instrumentos de percussão. Além de Caboclo sonhador, que também foi gravado pelo próprio Maciel e por outros forrozeiros como Flávio José, temos como sucessos A dama de ouro, Caia por cima de mim, Dê cá um cheiro, Meninos do Sertão, Nos tempos de menino, Terra prometida, O solado da chinela, etc. Com seu toque de Sertão, Maciel é figura garantida nas melhores festas de São João e por todo o ano, onde atualmente divulga seu dvd Isso vale um abraço. E suas letras tem muito de sua história pessoal. "Mega" e "Quinha", citadas na letra abaixo são seus irmãos:

Caboclo sonhador
(Maciel Melo)

Sou um caboclo sonhador
Meu senhor, viu?
Não queira mudar meu verso
Se é assim não tem conversa
E meu regresso para o brejo
Diminui a minha reza.

Um coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
Perdido na imensidão desse lugar
Ao lembrar-me das bravuras de Neném
Perguntar-me a todo instante por Baía
Mega e Quinha como vão? tá tudo bem?
Meu canto é tanto quanto canta o sabiá

Sou devoto de Padim Ciço Romão
Sou tiete do nosso Rei do Cangaço
E em meu regaço fulminado em pensamentos
Em meu rebento sedento eu quero chegar

Deixem que eu cante cantigas de ninar
Abram alas para um novo cantador
Deixem meu verso passar na avenida
Num forró fiado tão da bexiga de bom.

Um forte abraço a todos!

2 comentários:

James Lima disse...

Bicho, o blog tá muito bacana.
Não conhecia o trabalho do Maciel, parabéns por informações tão precisas e de fácil compreensão.

Abraços
James Lima
Teresina-PI

Anônimo disse...

Conheci essa música através do Fagner e gosto muito dela.

Fabiano Cavalcante