Com esse post, encerramos a série que relaciona as estações do ano com canções da música brasileira. Já abordamos as flores, o calor, os frutos e agora, com o inverno, temos o frio musical. Na música brasileira, essa estação é tida como algo que requer o oposto: o aquecimento! Ou seja, para os amantes da boa música, a solução para quem não quer o frio é encontrar algo para se aquecer.
É o que podemos verificar no clássico do rock Quero que vá tudo pra o inferno, em que o rei afirma: "Quero que você me aqueça nesse inverno...". Chitãozinho e Xororó, junto com o Roupa Nova cantaram o Frio da solidão: "Se existe amor entre nós dois, não me deixe aqui no chão...". Caetano falou em Escândalo que, depois de tanto aprontar restou o frio: "Mas agora faz um frio aqui...".
No Samba de Orly, Chico, Vinícius e Toquinho disparam contra a estação: "Pega esse avião, você tem razão de correr assim desse frio..." Dolores Duran também abordou o frio em Ternura antiga: "Ai, a rua escura e o vento frio...", sempre associando à estação aos sentimentos de saudade, solidão e tristeza, segue a música e o sentimento brasileiro em relação ao inverno! É o que relata Chico César em À primeira vista: "Quando tive frio, tremi...". Lupicínio Rodrigues também já cantava o frio em Volta: "Não há nada no mundo que possa afastar esse frio do meu peito..."
Djavan define que em um dia frio, o pensamento tá lá em você, em Nem um dia. Outras canções abordam e aquecem nossos ouvidos nessa época. Como disse também Gonzaguinha em Espere por mim, morena "Nas noites de frio, serei o teu cobertor, representaremos a estação de pequenas distâncias com o cobertor com a canção Inverno, de Adriana Calcanhoto:
Inverno
(Adriana Calcanhoto e Antônio Cícero)
No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial
Há algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei
Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Pouco antes de o ocidente se assombrar
Um forte abraço a todos!