segunda-feira, 22 de março de 2021

♫Mentiras♫

Adriana Calcanhotto e mais um clássico de seu repertório. Mentiras é daquelas que não podem sair do repertório de seus shows, pois os fãs sempre cantam junto. Uma daquelas que fica linda em voz e violão, com uma estrutura harmônica belíssima e complexa. Coisas que Calcanhotto sabe fazer tão bem. Mentiras é de 1992 e foi tema da novela global Renascer. Emílio Santiago também gravou essa canção.

A letra de Mentiras traz alguém que perdeu o controle, vive uma grande ansiedade por ter perdido alguém e quer chamar a atenção de qualquer forma, no intuito de que aquele amor volte. E que até já tentou fugir das auto sabotagens, mas, que no fundo, tem mais energia quando se entrega a elas. E quase ameaças são feitas para que esse amor retorne ao ponto em que se desfez. Um desespero em forma de poesia, diria!

Mentiras
Adriana Calcanhotto

Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família

Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu gosto
Eu quero roubar no seu jogo
Eu já arranhei os seus discos

Que é pra ver se você volta
Que é pra ver se você vem
Que é pra ver se você olha
Pra mim

Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula
Queria falar sua língua

Eu vou publicar seus segredos
Eu vou mergulhar sua guia
Eu vou derramar nos seus planos
O resto da minha alegria

Que é pra ver se você volta
Que é pra ver se você vem
Que é pra ver se você olha
Pra mim

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 15 de março de 2021

Os Músicos do Brasil - 72

A série Músicos do Brasil volta em 2021 com um dos grandes músicos deste país, que se chama Julinho Teixeira. Pianista, maestro, produtor e arranjador, é fácil encontrar seu nome nos discos produzidos nas décadas de 80 e 90, em alguma faixa. No samba, mpb, rock ou sertanejo, presenciamos seu trabalho. Basta ver os CD´s de Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Sandy Jr., ou se formos para o samba, teríamos nos discos do Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho ou da Alcione, as suas digitais.

Na MPB nem se fala, pois é presença marcante nos discos de Simone, Emílio Santiago, Fafá de Belém, Roberto Carlos, Luiz Melodia, Nana Caymmi, Gal Costa, Leila Pinheiro, Joanna, Fagner, José Augusto, Fábio Jr., Ney Matogrosso, Biafra, entre tantos. Basta ouvir a introdução de Evidências, ou de Coração do agreste. Ou todo o disco de Natal e vários trabalhos da Simone que encontramos seu talento. Brasil, mostra tua cara, com a Gal ou A lenda, do Sandy e Jr. também recebem seu carimbo.

E é muito legal poder contar com músicos desse calibre, que produzem o que de melhor aconteceu na nossa música nos últimos anos. Pode ter certeza que em vários segmentos podemos encontrar o talento de músicos como ele, que fazem arte com esforço e com vontade de abrilhantar ainda mais nossa música brasileira.

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 8 de março de 2021

♫Maria, Maria♫

Vi nesse dia internacional das mulheres, muitas delas afirmando que esta data não é um ato romântico e sim político. Imagino que, pela origem e significado profundo da data, pensam de forma correta. Mas, também penso que podemos unir os dois sentimentos, porque falta um pouco de romantismo, carinho, atenção, cuidado com quem geralmente apresenta isso por todos! Então é momento de se retribuir algo que sempre se recebe da alma feminina.

Uma das canções mais executadas nesta data é esse clássico do Milton Nascimento, imortalizado por ele, por Elis e por quem deseje regravar. Fala das tantas  Marias que lutam cotidianamente por justiça, pelo legado de seu trabalho, pelo valor de sua força em superar suas dores e viver suas alegrias, seus sonhos, trazendo a "estranha mania de ter fé na vida", uma das frases mais célebres da música brasileira.

Maria, Maria
Milton Nascimento e Fernando Brant

Maria, Maria, é um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta,

Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca possui
A estranha mania de ter fé na vida

Parabéns a todas as mulheres pelo seu dia!

segunda-feira, 1 de março de 2021

CD Fagner Serenata 2020

Em dezembro de 2020 Fagner surpreende e lança um novo projeto. O melhor de tudo é que veio em formato físico para colecionadores de sua obra, como eu, se sentirem mais felizes. O álbum chama-se Serenata e remete ao tempo em que o cearense ouvia as grandes vozes da era do rádio. Temas de Pixinguinha, Silvio Caldas, Cartola, Orestes Barbosa se misturam a temas de Vinícius de Moraes, Chico Buarque e do próprio Fagner.

Com a participação póstuma de Nelson Gonçalves na faixa que abre o projeto, Serenata, temos verdadeiros clássicos do gênero como Lábios que beijei, Malandrinha, As rosas não falam, Maringá, Noite cheia de estrelas, Serenata do adeus, A deusa da minha rua, Rosa, Valsinha, Chão de estrelas e Mucuripe. Essa última, se não for a mais regravada dele por ele e por outros artistas, é uma das mais revividas.

Um projeto para constar na coleção, sobretudo daquele público que teve contato com o que chamavam antigamente de Seresta ou serenata, quando um violão e, poucos ou quase mais nenhum instrumento além da voz eram suficientes para declamar aquele amor profundo e rasgado que o Brasil urbano e rural respirou durante algumas décadas do século passado. Portanto, um trabalho também histórico que nosso intérprete oferece a seu público!

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

♫Coração em desalinho♫

Nessa época, como em qualquer época do ano, é sempre legal ouvir Zeca Pagodinho e seus clássicos. Essa canção foi gravada nos seus primeiros discos, mas só me chegou quando ele fez o famoso acústico MTV, onde a regravou. Maria Rita também a regravou, com bastante êxito, esse grande clássico do portelense Monarco.

É daquelas canções que retratam um amor partido, sofrido, que carrega muita dor. Mas, a levada, ou seja, o ritmo a transforma em algo agradável de se cantar e dançar e até a dor fica ofuscada por uma espécie de mágica que o samba nos proporciona.

Coração em desalinho
Monarco

Numa estrada dessa vida
Eu te conheci, oh Flor!
Vinhas tão desiludida
Mal sucedida, por um falso amor

Dei afeto e carinho
Como retribuição
Procuraste um outro ninho
Em desalinho
Ficou o meu coração
Meu peito agora é só paixão
Meu peito agora é só paixão

Tamanha desilusão
Me deste, oh Flor!
Me enganei redondamente
Pensando em te fazer o bem
Eu me apaixonei, foi meu mal

Agora!
Uma enorme paixão me devora
Alegria partiu, foi embora
Não sei viver sem teu amor
Sozinho curto a minha dor...

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Carnaval triste em 2021

O carnaval, a festa mais alegre do Brasil este ano está triste. Como se usasse aquela máscara do arlequim com a lágrima. Aliás, várias máscaras e com muitas lágrimas. Devido à Pandemia que insiste em nos rodear, as festividades foram canceladas. Sem samba, frevo, axé ou outro ritmo, o Brasil vive o silêncio do luto por tantas vidas perdidas e o cuidado para que mais não se percam.

Assim como as festas juninas, que aqui no Nordeste tem seu ponto máximo, o carnaval encontra em Pernambuco o berço do frevo. Lamento, sobretudo pelos artistas que tocam nas anônimas orquestras de frevo pelas ladeiras de Olinda, ruas de Recife e de cidades do interior. Lamento pelos comerciantes que ganham um extra com seu trabalho nessa época. Lamento pelo povo que ganha um extra em sua já escassa alegria, também nessa época.

Apesar de não apreciar o Carnaval, de fato lamento que algo desse tipo está acontecendo. E, só me resta crer que outros carnavais virão e as pessoas poderão brincar, ao menos sem correr o risco de disseminar esse vírus que tanta dor já causou aos brasileiros. E, como o brasileiro genuíno é um povo guerreiro e criativo, é possível que essa tristeza seja amenizada com um pouco de samba, frevo, axé, uma antiga marchinha, enfim, qualquer ritmo que se escute em sua casa e que se remeta à beleza e ao colorido da festa.

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

♫Falsa consideração♫

Fevereiro traz o carnaval que reúne vários ritmos brasileiros, que passam pelo samba, axé e frevo. Esse ano a folia será diferente, mas nada impede de revivermos grandes canções. É o caso de Falsa consideração, clássico do samba, que a meu ver teve a leitura definitiva na voz de Jorge Aragão, sendo composta por Marcos Santana, mais conhecido por Marquinhos Sathan.

Gravada por seu autor e também por nomes como Alcione, a letra de Falsa consideração aborda alguém que foi enganado, que acreditou em palavras que não eram verdadeiras, quando também se declarou de forma plena. Um amor verdadeiro não se deve jogar fora, pois ele pode ressurgir em outra direção. E o samba tem essa qualidade ímpar de cantar tristeza em um ritmo alegre. E como o autor falou, precisamos passar pelos amores errados para conhecermos o verdadeiro quando ele chegar e também lhe render todos os devidos valores e reverências.

Falsa consideração
Marcos Santana

Agora eu sei
Que o amor que você prometeu
Não foi igual ao que você me deu
Era mentira o que você jurou

Mas não faz mal
Eu aprendi que não se deve crer
Em tudo aquilo que alguém nos diz
Num momento de prazer ou de amor

Mas tudo bem
Eu sei que um dia vai e outro vem
Você ainda há de encontrar alguém
Pra lhe fazer o que você me fez

E aí, na hora do sufoco sei que você vai me procurar
Com a mesma conversa que um dia me fez apaixonar
Por alguém de uma falsa consideração

E aí, você vai perceber que eu estou numa boa
Que durante algum tempo fiquei sem ninguém
Mas há males na vida que vem para o bem

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

CD Joanna Aqui e agora

Sem lançar trabalho com composições inéditas desde 2001 e sem um CD desde 2011, Joanna surpreendeu a todos e finalmente lançou um trabalho com composições inéditas agora no finalzinho de 2020. E em meio à pandemia, depois de algumas lives ocorridas durante o ano, apresentou este novo projeto a seus fãs, que puderam adquirir o formato físico diretamente de seu site, com direito à dedicatória.

Retomando antigas parcerias, como Sarah Benchimol, com quem compôs Olhos nus, Lado b e Por detrás do espelho. Novas parcerias também surgem, como o pernambucano Maciel Melo em Imagine e O cravo e a maglólia (só dele), ou com Tiago Torres Silva em Sem como nem porquê e Como uma confissão, além da faixa-título O aqui e o agora, de Tiago e de Tozé Brito. Temos também compositores consagrados que enviaram novos sucessos para nossa diva.

É o caso da dupla Eduardo Lages e Altay Veloso, na belíssima Pelas vias do desejo, e Renato Teixeira em Eta mundo bão, dueto com Elba Ramalho. E, por fim, temos Amor eterno, com direito à declamação de poema. Um belo trabalho, feito de forma delicada e dedicada por uma das maiores intérpretes deste país, como um grande presente neste difícil 2020.

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

♫Chega de saudade♫

Hoje é aniversário de São Paulo e também aniversário de nosso inesquecível maestro Tom Jobim. Também é comemorado o dia da Bossa nova, em homenagem ao maestro soberano. E, embora seja um ritmo que nos remete mais ao Rio de Janeiro, vamos comemorar o aniversário de Sampa com esse clássico, afinal, São Paulo já foi cantada em tema da série As cidades cantadas. E Tom é e sempre será lembrado por uma obra tão linda, reconhecida no mundo todo. O maestro também penou para encontrar o sucesso e penso que este só começou a ser devidamente reconhecido quando João Gilberto, outro inesquecível nome, gravou o disco Chega de saudade, com a canção homônima.

Daí pra diante, toda uma boa geração se influenciou pelo canto de João, pela obra de Tom e Vinícius e pelo clássico Chega de saudade, já gravada por nomes como Gal Costa, Caetano Veloso, Roberto Carlos, dentre tantos, que fala de um amor que se foi e saúda sua possível volta, como o remédio exato para a melancolia. Tudo dito de forma simples e sofisticada, com uma levada que seria um carinho ao samba, chamada de Bossa nova. Com uma riqueza harmônica e melódica, a maioria dos clássicos desse estilo são do maestro soberano que faz festa no céu. E chega de saudade... 

Chega de saudade 
Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Vai minha tristeza e diz a ela 
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse 
Porque eu não posso mais sofrer 

Chega de saudade, a realidade é que sem ela 
Não há paz, não há beleza, é só 
Tristeza e a melancolia 
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai 

Mas se ela voltar, se ela voltar 
Que coisa linda, que coisa louca 
Pois há menos peixinhos a nadar no mar 
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca 

Dentro dos meus braços os abraços 
Hão de ser milhões de abraços 
Apertado assim, colado assim, calado assim 
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim 

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim 
Não quero mais esse negócio de você viver assim 
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim

Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Os trapalhões no reino da fantasia

Janeiro sempre me remete à época da infância, quando nas férias, assistia aos filmes desse inesquecível quarteto: Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias se juntavam para garantir a diversão, junto às gargalhadas. Neste título, temos ainda Xuxa (o famoso filme em que ela é a madre e dirige uma Rural), Beto Carreiro (que dava início ali a ideia que no futuro originaria seu parque temático) e Maurício do Valle, entre outros. 

Também foi nesse filme que passou cerca de 20 minutos de desenho dos trapalhões fugindo no tal bruxo, criação dos estúdios Maurício de Souza e que, posteriormente, lançaria Os trapalhões no rabo do cometa. A história é ambientada quase como um faroeste onde o quarteto faz um espetáculo para ajudar um orfanato em que a irmã Maria (Xuxa) dirige e passa por dificuldades. Didi e Dedé vão atrás dos ladrões da bilheteria, enquanto Mussum e Zacarias continuam o espetáculo para que as crianças não desconfiem do que acontece.

Dessa vez não tivemos nenhum artista da música brasileira compondo ou participando da trilha sonora, como geralmente acontece. Gosto deste título, pois pra nossa época era sinônimo de diversão, aventura, comédia, drama e tudo acabava bem, num reino onde a fantasia era simples, muito modesta, mas que trazia um bem imensurável.

Um forte abraço a todos!