sábado, 26 de abril de 2008

O tempo se rói com inveja de mim...

Dinair Tostes Caymmi , nossa Nana Caymmi tem música na alma literalmente, porque após seu nascimento, já era canção na composição Acalanto de seu pai, aquele velhinho "desconhecido" da Bahia chamado Dorival que fez essa pérola para ninar sua filha!

Poucos sabem que sua primeira gravação foi justamente Acalanto ao lado de seu pai; que morou na Venezuela durante seu primeiro casamento e que se casou depois com Gilberto Gil, nos anos 60, casamento que durou pouco tempo. Também foi uma das fundadoras do projeto Pinxiguinha ao lado de Ivan Lins.

Mas, muitos reconhecem o enorme talento que Nana tem em suas interpretações e suas ligações familiares ao pai e aos irmãos Dori e Danilo. Esse encontro familiar é sempre constante e majestoso como aconteceu em 1991 num show que reunia Tom e Dorival, além de Danilo ou em 2002 quando lançou o CD "O mar e o tempo", contendo exclusivamente obras de Dorival Caymmi e contou com a participação de seus irmãos Dori e Danilo, além de sua mãe, Stella, das netas e das sobrinhas. Em 2004, comemorando o 90º aniversário do pai, lançou, com os irmãos Dori e Danilo, o CD "Para Caymmi, de Nana, Dori e Danilo", novamente contendo exclusivamente canções de Dorival Caymmi com arranjos assinados por Dori Caymmi.

Temos uma grande intérprete que navega na praia de muitos compositores que vão desde Milton Nascimento a Gonzaguinha, de Ivan Lins a Tom Jobim, trabalhando com músicos requintados e requisitados como os maestros Cristóvão Bastos ou Wagner Tiso, formando sucessos como Suave veneno, Estrada do sol, Caís, Não se esqueça de mim, Fascinação, Resposta ao tempo, Acalanto, Só louco, Até pensei, Brisa do mar, Carinhoso, A noite do meu bem, Nem eu, Olhe o tempo passando, Solamente una vez, Você não sabe amar, entre outros.

Nana sempre foi festejada pela sofisticação de suas interpretações. Nos anos 90 chegou à lista dos mais vendidos, dedicando-se ao repertório de músicas românticas e boleros, sendo "A Noite do Meu Bem" (1994) e "Resposta ao Tempo" (1998) dois de seus discos mais vendidos. A faixa "Resposta ao Tempo" (Cristóvão Bastos/Aldir Blanc) foi incluída com êxito na minissérie "Hilda Furacão", da TV Globo. Inclusive, por tantas canções em novelas globais, já lançou um projeto reunindo todos esses trabalhos em "Os maiores sucessos de novela de Nana Caymmi".

É mais uma grande intérprete pela qual a música brasileira pode se orgulhar e agradecer sua existência e brilhantismo!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Um boiadeiro errante...

Sérgio Bavine, mais conhecido com Sérgio Reis ou simplesmente Serjão é, talvez o maior nome da música sertaneja do Brasil. Compreendo que o preconceito à esse estilo é imenso e isso é um fato curioso, porque estamos tratando de um país, tipicamente sertanejo, com uma identidade sertaneja. Mas, alheio a tudo isso está o sucesso desse grande astro, talvez o mais alto da música brasileira, em se tratando de estatura.

Sérgio fez parte do movimento Jovem Guarda e ali reside seu primeiro sucesso: Coração de papel, embora já houvesse gravado anteriormente, foi com essa que se tornou conhecido nacionalmente. E, justamente uma das correntes desse movimento é iniciada por ele nos anos 70, quando gravou outro grande sucesso de sua carreira: Menino da porteira, voltando às suas origens e fortemente influenciado por Tonico e Tinoco. Também com Menino da Gaita, Sérgio fortalece o estilo caipira, incluindo novos sons, sem descaracterizar o sertanejo raiz.

Depois desses, surgem outros na mesma linha como Adeus Mariana, Panela Velha, Pinga ni mim, gerando o primeiro disco sertanejo a vender um milhão de cópias em 1981, com seus grandes sucessos até então! Sérgio é um intérprete versátil, pois além do sertanejo raiz, também passeia pelas praias românticas de Roberto Carlos, quando gravou um disco com canções interpretadas pelo rei, em 2001, ou forró de Luiz Gonzaga, que também tem como um de seus ídolos!

Em seu repertório destacam-se outras interpretações como A volta da asa branca, Assum preto, Calix Bento, Carga pesada, Cabocla Tereza, Boiadeiro, Chico Mineiro, Com muito amor e carinho, Todas as manhãs, Casinha branca, É disso que o velho gosta, Disparada, Galopeira, Nossa canção, Outra vez, Rei do gado, O tempo vai apagar, Romaria, Tocando em frente, Tristeza do Jeca e tantos outros sucessos, sempre num tom sertanejo gostoso de ouvir, com uma mescla de uma boa viola e a voz suave e afinada do Serjão!

Ficamos com a letra de Boiadeiro errante, um de seus clássicos e hinos da música sertaneja que nos remete aos bons climas e paisagens do interior desse país amado e cantado de diversas formas:

Boiadeiro errante
Teddy Vieira

Eu venho vindo de uma querência distante
Sou um boiadeiro errante que nasceu naquela serra
O meu cavalo corre mais que o pensamento
Ele vem no passo lento porque ninguém me espera

Tocando a boiada auê-uê-uê-ê boi
Eu vou cortando estrada uê boi
Tocando a boiada auê-uê-uê-ê boi
Eu vou cortando estrada

Toque o berrante com capricho Zé Vicente
Mostre para essa gente o clarim das alterosas
Pegue no laço não se entregue companheiro
Chame o cachorro campeiro que essa rez é perigosa

Olhe na janela auê uê uê ê boi
Que linda donzela uê boi
Olhe na janela auê uê uê ê boi
Que linda donzela

Sou boiadeiro minha gente o que é que há
Deixe o meu gado passar vou cumprir com a minha sina
Lá na baixada quero ouvir a siriema
Prá lembrar de uma pequena que eu deixei lá em Minas

Ela é culpada auê uê uê ê boi
De eu viver nas estradas uê boi
Ela é culpada auê uê uê ê boi
De eu viver nas estradas

O rio tá calmo e a boiada vai nadando
Veja aquele boi berrando Chico Bento corre lá
Lace o mestiço salve êle das piranhas
Tire o gado da campana pra’ viagem continuar

Com destino a Goiás auê uê uê ê boi
Deixei Minas Gerais uê boi
Com destino a Goiás auê uê uê ê boi
Deixei Minas Gerais uê boi

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Fagner é Demais...

Fagner é demais, que intérprete, que voz! Em 1993, deixou sua veia artística à flor da pele ao interpretar canções que ainda não havia gravado, num projeto que já acalentava há anos. Canções que já há muitos anos mereciam uma releitura para o conhecimento das novas gerações. Foram vinte meses de preparo até que o disco Demais fosse lançado em maio de 1993.

Com produção de Roberto Menescal, o disco revive alguns boleros, temas de bossa nova e clássicos da música brasileira. Eu sei que vou te amar de Tom e Vinícius ficou divina na voz do cearense mais amado do país. Em seguida, temos Minha namorada, clássico de Carlinhos Lyra e novamente Vinícius, a quem Fagner dedica o trabalho. Uma interpretação sublime é dada a Manhã de Carnaval, uma mescla de suavidade e a voz grave do Fagner para nosso deleite. Nunca e Alguém como tu vem na sequência, assim como Ronda para representar os boleros e o lado seresteiro do intérprete. O mesmo pode ser dito para Da cor do pecado, Gente humilde e Brigas, tema que o fez relembrar o grande seresteiro Altemar Dutra, com quem Fagner já gravou no passado. João Valentão leva o cearense a navegar nas praias baianas de Caymmi. Novamente com Tom na faixa Dindi, é de arrepiar a interpretação. O disco ainda traz Folha morta, apenas no cd, Vingança e se encerra com Demais, faixa título do projeto.

No ano em que a Bossa nova completa 50 anos, nada mais legal que comentarmos esse projeto mais recente, também homengem a esse movimento e dos melhores discos do Fagner. O que falar de canções tão bem produzidas e agradáveis aos nossos ouvidos em sua interpretação? E um repertório de arrepiar qualquer amante da boa música brasileira, mostra o bom gosto desse cearense que sempre cativou seu público com seus maravilhosos lançamentos! Sem falar que tais sucessos acabam nos remetendo a outros intérpretes do passado para determinadas músicas como o caso de Brigas, já comentado ou Gente humilde (Ângela Maria), ou qualquer um desses boleros, já interpretados por tantos seresteiros Brasil afora. Infelizmente, nos dias de hoje, a Seresta é algo muito raro. Aqui no Recife ainda temos um momento saudoso desses que conto em breve!

Um forte abraço a todos!

domingo, 20 de abril de 2008

É um rio que passa em nossa vida...

Ah, coração leviano, aquele que nunca curtiu ao menos um sambinha sofisticado de Paulinho da Viola. Paulo César Batista de Faria é filho de violonista e a influência do pai o fez aprender uma levada única ao violão para apresentar seus sambas, quase todos inspirados em sua escola de samba Portela, uma paixão em sua vida.

Ao longo de toda sua carreira tornou-se um dos maiores representantes do samba e herdeiro do legado de músicos como Cartola, Candeia e Nelson Cavaquinho, sempre se renovando e produzindo sem abandonar seus princípios e valores estéticos e, com isso deixando marcado no inconsciente popular canções como Coração leviano, Acontece, As rosas não falam, Bebadosamba, Foi um rio que passou em minha vida, Pecado capital, Sinal fechado, Nervos de aço, Eu canto samba, etc.

Dois grandes trabalhos destacáveis do Paulinho são os álbuns Bebadosamba de 1997, que redeu um grande show com o mesmo nome e o Acústico mtv em 2007, que atualmente divulga em show. Paulinho tornou-se uma nobreza do samba, uma excelência na música brasileira, sobretudo por sua simplicidade e sofisticação ao apresentar seus sambas com sua batida violão e deixar marcado na música brasileira um rio de emoção e sofisticação! Ficamos com a letra de Foi um rio que passou em minha vida, samba atual de 1970:

Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida
Paulinho da Viola

Se um dia meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar

Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou

Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar

Porém, ai porém
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval

Eu carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me
Lembro anunciou
Portela, Portela...

O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou
Ah, minha Portela!
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado

Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar

Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar...

Um forte abraço a todos!

sábado, 19 de abril de 2008

Sinônimo de felicidade...

Hoje é aniversário do rei e esse blog presta uma singela homenagem extrapolando o lado fã em homenagem ao maior artista da música brasileira de todos os tempos, afinal o Roberto é o grande culpado da existência desse espaço. Embora esteja sempre destacando outros artistas maravilhosos e que contribuem com a nossa melhor música do mundo, a brasileira, sempre busco em todos, um pouco do Roberto. Ele é simplesmente Brasil...

Ouvir Roberto Carlos é sinônimo de felicidade. Sempre que ligamos o som e, algum de seus sucessos toca, o ambiente toma uma forma diferenciada. É algo virtual, porém verdadeiro. Exemplificando essa prosopopéia, é como se o ar, as paredes, os móveis, tudo sorrissem e cantassem juntos, navegando em melodias de amor e de paz que todo seu repertório apresenta. É como diz a canção Tudo pára – 1981, que cita várias cenas: “...Pelas frestas da janela, se derrama pela rua e provoca inexplicáveis emoções...O mar se faz mais calmo por nós dois...” Falando nisso, temos em um dos trechos de um clássico do rei uma das mais perfeitas prosopopéias da música brasileira: “A capa pendurada, assistia a tudo e não dizia nada...” (Os seus botões - 1976). A prosopopéia é uma figura de linguagem da língua portuguesa que atribue características pessoais a seres inanimados. Outro exemplo de figura de linguagem, encontramos em “Você foi a melhor coisa que eu tive, mas o pior também em minha vida...” (Você em minha vida – 1976), uma perfeita antítese. Antítese, figura de linguagem que aproxima características inversas. Sou formado em matemática, porém lembro dessas observações das aulas de português que o professor apresentava e muito me animava ver uma interação entre rei e a educação. Isso porque, às vezes eu queria que a história destacasse mais o Roberto como artista, depois cheguei a conclusão que o rei já é a história desse país há quase meio século.

Lembrar que aprendi melhor espanhol nas canções que o rei gravava, se intensificando no disco Canciones que amo – 1997. Nas Igrejas Católicas de todo país, sempre escutamos Nossa Senhora – 1993 ou Jesus Cristo – 1970 ou as demais mensagens abordadas, sobretudo, após o disco Paz ao vivo - 2000 do Padre Marcelo Rossi e também algumas regravações do Padre Antônio Maria. Algumas das principais rádios, principalmente no interior do Brasil, possuem programas especiais com, pelo menos uma hora só com Roberto Carlos. Aos domingos, às 19:00 é concorrência total, é Roberto na antiga ou recente vitrola.

Em minha casa, em sua casa, nas escolas, na Igreja, nas rádios, nas praças, nos sites, blogs, em todo bom lugar se toca Roberto Carlos e o ambiente se torna algo próximo da perfeição. “Se eleva pelos ares, toma conta da cidade e felicidade é tudo que se vê” ou ainda “ Pára o bairro e a cidade, nessa hora tão feliz e é tanto amor que pára até o país (Tudo pára – 1981). Realmente, tudo pára pra sentir esse momento de felicidade que é ouvir e viajar nas canções do rei Roberto Carlos.

Feliz Aniversário rei, esteja sempre em paz, com saúde e com esse imenso amor que penetra em nosso coração! Parabéns para todos os fãs, parabéns Brasil por um artista como esse!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Toda menina baiana tem encantos que Deus dá...

É com essa frase do Gil, cantada em canção já gravada por essa grande intérprete que podemos definir a estrela da música brasileira que Daniela Mercury é. Teve uma formação muito árdua na noite, interpretando todos os bons compositores da música, desde Michael Jackson até Milton Nascimento, sobretudo sua influência maior Elis Regina.

Antes de ser cantora solo, participou de algumas bandas como a Banda Eva. Na década de 90 explode no cenário nacional como o furacão Daniela, inicialmente com Swing da cor e depois com O canto da cidade, o disco que mais vendeu em sua carreira com a canção de mesmo nome. A partir daí, tornou-se uma das cantoras mais populares do país, vendendo milhões de discos! E foi como cantora solo que atingiu o topo das paradas com sucessos como Batuque e Você não entende nada, dentre outras no início de sua carreira, que lhe rendeu participar do Festival de Montreux na Suíça.

Segue carreira com uma mescla de canções dançantes e canções mais lentas, transitando pelo axé e pelo romântico na música brasileira, explorando ao máximo sua veia de intérprete em canções como À primeira vista, Nobre vagabundo, Rapunzel, Como vai você, Mutante, De tanto amor, Ilê pérola negra, Maimbê danda, Pensar em você, Topo do mundo, Toda menina baiana, etc.

Com seu repertório e suas apresentações, Daniela consegue afinar bem sua versatilidade ao interpretar canções de Tom Jobim ou Chico César, Roberto Carlos ou Chico Buarque, Caetano Veloso ou Gilberto Gil, Hebert Viana ou Rita Lee... Daniela passeia por todos com sua forma ímpar de interpretá-los, contagiando seu público e os deixando cada vez mais apaixonados.

No exterior, possui um sucesso muito expressivo, sobretudo em Portugal e toda Europa. Daniela também tem um lado filantrópico muito exemplar, sempre envolvida com campanhas como Criança esperança e Teleton, o que caracteriza a humana Daniela Mercury tão grande ou maior ainda que a artista, o que prova que Toda menina baiana tem mesmo mil encantos que Deus dá...!

Um forte abraço a todos!

terça-feira, 15 de abril de 2008

Prepare o seu coração pras coisas que eu vou falar...

Jair Rodrigues é talvez o cantor mais alegre da música brasileira! Depois de ser crooner no interior de São Paulo, onde viveu sua adolescência e frequentar os programas de calouros, tornou-se sucesso no programa O Fino da Bossa, em parceria com Elis Regina na tv Record a partir de 1965, onde ganhou o apelido de "cachorrão" dado pela "pimentinha".

Os Festivais da Record foram outro capítulo da história do Jair, onde venceu com a canção Disparada de Geraldo Vandré e Théo de Barros. Conhecido como sambista, Jair surpreendeu a todos com sua interpretação para aquela canção sertaneja raiz e conseguiu dividir o primeiro lugar com A banda de Chico Buarque em 1966.

A partir desse instante foi um disco por ano e muitos shows no Brasil e principalmente no exterior, sobretudo na Europa. Seus sucessos são uma mescla de grande interpretação e carisma, ponto marcante em sua personalidade artística e humana.

Jair é considerado por muitos como o pai do rap atual. Ele começou com isso nos anos 60 com Deixa isso pra lá, sobretudo pelos gestos que fazia com a alternância das mãos. Outros sucessos inesquecíveis de sua carreira são A majestade o sabiá, Boi da cara preta, Carinhoso, Da cor do pecado, Irmãos coragem, Luar do sertão, Vaqueiro de profissão, No meu pé de serra, Triste madrugada, A felicidade, etc.

Atualmente, Jair grava bem menos e tem uma vida menos atribulada de shows que nos anos 60, entretanto continua com a mesma alegria e entusiasmo em suas apresentações, mostrando que Deixe que digam, que pensem, que falem... o que quiserem, pois ele sempre estará com aquele sorriso e alegria contagiantes!

Um forte abraço a todos!

domingo, 13 de abril de 2008

Prefiro ser essa metamorfose ambulante...

Há alguns anos atrás surgiu um músico que revolucionaria a música brasileira: o maluco beleza Raulzito, o grande Raul Seixas. Baiano, seu gosto musical foi se moldando primeiramente no rádio onde acompanha o sucesso de Luiz Gonzaga, e nas viagens com o pai (inspetor de ferrovia), ouve os matutos desfiarem repentes, "raiz" nordestina que nunca o abandonara. Num segundo momento, nas telas dos cinemas, encanta-se com o talento de Elvis Presley, de quem torna-se fã e aponta-lhe o rumo musical: o Rock'n Roll.
Inclusive, um dos primeiros e grandes sucessos do Jerry Adriani, Doce doce amor, é do Raulzito, a quem retribui ajudando a gravar o primeiro disco, um total fracasso. O sucesso viria mais tarde, em 1973 com o disco Krig-Há, Bandolo!, onde estabeleceu a parceria com o hoje escritor Paulo Coelho.


Seus sucessos tornam-se cada vez mais marcantes, como Há dez mil anos atrás, Gitã, Maluco beleza e Rock das aranhas, que fimaram o Raul como grande nome brasileiro. Outros sucessos também se tornaram clássicos na obra do Raul como Sociedade alternativa, A maçã, Al capone, Mosca na sopa, Medo da Chuva, Ouro de Tolo, O trem das sete e Tente Outra Vez. Todas essas e tantas outras popularizaram o Raul, mesmo algumas com uma interpretação mais rebuscada, porém sempre com a marca mística e roqueira dele.
O Raul também conseguiu se destacar entre as crianças com canções como Al capone, Mosca na sopa e Carimbador maluco, o popular plunct plat zum, que tocava bastante no programa infantil Balão mágico em meados da década de 80. Ficamos com a letra de Ouro de Tolo, canção já interpretada por Caetano Veloso, e que dá um alento à vida de todos que a escutam e meditam sobre ela, de forma humana e racional!

Ouro de Tolo
Raul Seixas

Eu devia estar contente porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73...

Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção de coisas grandes prá conquistar e eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo
Prá ir com a família no Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos...
Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano ridículo, limitado que só usa dez por cento de sua cabeça animal...
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social...

Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada
Cheia de dentes esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador...

Um forte abraço a todos!

sábado, 12 de abril de 2008

Os compositores do Brasil - 2

Hoje gostaria de homenagear um dos principais compositores modernos que o Brasil possui, Carlos Colla. Já prestei uma homenagem recentemente a outro compositor fantástico, o Michael Sullivan, em 5 de janeiro desse ano, e sempre estarei postando algum, para conhecimento de todos!

A primeira curiosidade da carreira do Colla é que sua primeira composição, A namorada, em parceria com Maurício Duboc foi gravado por ninguém mais que Roberto Carlos em 1971, que conheceu por tocar guitarra no Canecão, no início de sua carreira. Colla também enviou outra canção para o rei, Negra, que o Roberto gravou em 1972. A partir daí, começou a enviar uma canção por ano para o rei e hoje é o compositor mais regravado pelo Roberto! Pasmem, depois de Roberto e Erasmo, entre os nomes que figuram entre os compositores favoritos do rei, Carlos Colla é o número um. São 44 composições para o rei, incluindo as versões de algumas gravações para outras línguas como Falando Sério que foi versionada para o inglês e o espanhol.

O site do compositor http://www.carloscolla.com.br/ define bem o sucesso que acompanha Carlos Colla durante toda sua carreira brilhante: "Não houve ano até agora que, pelo menos uma - quando não mais, de suas composições faltasse nas paradas mensais e semanais de sucessos. Ora com Roberto Carlos, com Alcione, Joana, Sandra de Sá, Fafá de Belém, Julio Iglesias, Chitäozinho & Xororó, Wando, Maria Bethânia, Leandro & Leonardo, Xuxa, Angélica, Menudos, Elimar Santos, Emílio Santiago, Roupa Nova, Zezé di Camargo & Luciano, Nelson Gonçalves, Luís Miguel, Cauby Peixoto, Fábio Júnior, Tim Maia, Wanessa Camargo, Sandy e Junior, Adriana Ribeiro e dezenas de outros cantores."

O que geralmente ocorre é, pela força interpretativa dos nossos astros, geralmente associamos a canção ao cantor, esquecendo quem a compõe. Então pense se ao menos você já não ouviu e cantou alguma dessas tantas canções da autoria do Colla com algum parceiro ou solo: A força do amor, Além da cama, Amor escondido, Bye bye tristeza, Como as ondas do mar, Da boca pra fora, Falando sério, Hoje a noite não tem luar, Judia de mim, Mãe um pedaço do céu, Me conte a sua história, Meu disfarce, Meu vício é você, Mulher ideal, O mundo é de nós dois, Pede a ela, Quantos momentos bonitos, Quatro semanas de amor, Quem é você, Querer é poder, Se o amor se vai, Só liguei porque te amo, Sonho lindo, Sonho por sonho, Tímida, Tudo por nada, Verdade chinesa, Você vai ver. Isso só pra citar algumas das mais de 400 canções compostas por esse grande poeta da música brasileira!

Com isso chegamos a conclusão que compositores como o Carlos Colla merecem todos os espaços de divulgação e agradecimento por tamanha contribuição à música brasileira e esse blog cumpre isso de forma singela, porém com bastante satisfação e admiração à obra desse compositor que abrilhanta ainda mais a música brasileira!

Um forte abraço a todos!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Vejo o céu aqui na terra e a terra no ar...

Abelim Maria da Cunha, nome verdadeiro de Ângela Maria, considerada por muitos como a maior cantora de todos os tempos da música brasileira, nos remete à época de ouro do rádio. Ângela chegou a cantar em igreja, quando paralelamente trabalhava numa fábrica inspecionando lâmpadas, mas se viu obrigada a abandonar esses dois ofícios; a igreja, porque cantava em programas de calouros, queria ser Dalva de Oliveira e o pastor não permitia cantar músicas profanas e músicas religiosas ao mesmo tempo, e a fábrica, porque era muito cansativo. E ela era a cópia fiel da Dalva, muito influenciada por ela, o que causava um certo desânimo porque não conseguiam enxergar a grande artista que estava por trás dessa influência.

Mas, o sucesso logo chegaria e também o apelido de "sapoti", dado pelo então presidente Getúlio Vargas: "Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti". Mesmo não estando nas paradas de sucesso, sempre foi uma das cantoras que mais venderam e vendem discos no Brasil. E o que dizer de Babalú, seu maior sucesso e que até hoje canta nos shows, como uma espécie de teste para sua voz, sempre afinada e fascinante!

E todo reconhecimento da obra da Ângela é tido por todos os artistas sobretudo no ano de 1996 quando gravou o disco Amigos, em parceria com 15 convidados ilustres: Roberto Carlos, Chico Buarque, Maria Bethânia, Fagner, Gal Costa, Nana Caymmi, Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Emílio Santiago, Zezé di Camargo e Luciano, Alcione, Fafá de Belém, Agnaldo Timóteo, Djavan e Milton Nascimento. Agora, eu pergunto, precisa dizer mais alguma coisa? Numa época em que ainda nem era moda um disco de duetos como hoje em dia, ser reverenciada por todos esses grande nomes ao mesmo tempo? A Globo também produziu especial com 12, desses 15 nomes no palco com a sapoti.

Outros parceiros constantes na vida da Ângela são Agnaldo Rayol e Cauby Peixoto, este último com quem já gravou um disco, como também com Nelson Gonçalves e Agnaldo Timóteo, seu antigo motorista, com quem gravou um disco ao vivo e participou de um projeto em homenagem às mães em um disco do Timóteo. Outro disco notável da Ângela é "Pela saudade que me invade", uma homenagem à sua grande musa inspiradora Dalva de Oliveira, com a participação de Fagner, Simone, Agnaldo Rayol, Martinho da Vila, Pery Ribeiro e da própria Dalva, através da tecnologia.

Desses e de tantos discos e projetos e dessa grande voz, surgem canções inesquecíveis na música brasileira, como Babalú, Cinderela, Vida de bailarina, Balada triste, Escuta, Gente humilde, Orgulho, Nem eu, Ave Maria no morro, Fósforo queimado, Falhaste coração, Lábios de mel, Kalu, Que será?, e tantas outras que fazem da Ângela a notável cantora que é na música brasileira e que só podemos agradecer a Deus, o privilégio de ter uma artista assim entre nós e para nós!

Um forte abraço a todos!