domingo, 6 de abril de 2008

O Papa da Bossa Nova

João Gilberto é considerado o criador da bossa nova, ritmo esse que completa 50 anos em 2008. Nascido na Bahia, na cidade de Juazeiro, João ganhou um violão aos 14 anos de idade, e jamais o largou. Numa época em que os cantores de rádio imperavam, João surgiu para quebrar essa tradição e mostrar que cantor de voz baixa pode ser até mais elegante para a música.

A Bossa Nova é uma mistura do ritmo sincopado da percussão do samba numa forma simplificada e ao mesmo tempo sofisticada, que pode ser tocada num violão. É como se vestissem os sambas antigos de notas dissonantes e diminuíssem seu tempo percussivo. Quanto à técnica vocal (parte integral do conceito de bossa nova), é cantar em tom de voz uniforme, de forma a eliminar quase todo o ruído da respiração e outras imperfeições. O resultado beira a perfeição, sobretudo quando João Gilberto é o intérprete. Todos simplesmente ficaram boquiabertos com aquele novo jeito de tocar, unânime até então e sempre.

A primeira gravação do João foi como violonista no disco da Elizeth Cardoso em Canção do amor demais, de Tom e Vinícius em 1958. Há controvérsias de que esse seria o marco inicial da Bossa Nova. Pouco depois, João grava seu primeiro Lp, Chega de saudade, uma gravação antológica que, para muitos é um divisor de águas na música brasileira, pois marcaria definitivamente um jeito de cantar, um estilo musical. Outras canções da década de 30 também estavam presentes, mas em estilo bossa, além de lançar novos compositores como Carlos Lyra e Roberto Menescal.

A partir daí, João ganha os Estados Unidos, o México, o mundo... E ganha também a admiração e o respeito de quase todos os artistas nacionais, que se dizem influenciados por João, de uma forma ou de outra, seja por seu violão, fraseado ou canto suave. E quem não delira ao ouvir Chega de saudade, A felicidade, Acontece que eu sou baiano, Amor em paz, Águas de março, Aquarela do Brasil, Brigas nunca mais, Caminhos cruzados, Coisa mais linda, Dindi, Da cor do pecado, Desafinado, Ela é carioca, Eu sei que vou te amar, Garota de Ipanema, Insensatez, Lígia, Manhã de carnaval, Meditação, O barquinho, Rosa Morena, Sampa, Wave, Você não sabe amar e tantas outras com a marca João Gilberto? Além de Caymmi, Tom e Vinícius João regravou Caetano Veloso, que também produziu seu disco Voz e violão em 2000, retomando os clássicos de sempre do pai da bossa.

João Gilberto tem, há muito, a reputação de excêntrico, recluso e perfeccionista. Continua a fazer (raras) apresentações, com enorme sucesso no Brasil e no exterior. Entrevista, é quase impossível, poucas vezes alguém conseguiu. É aquele típico artista que alguns adoram, outros, talvez por não compreenderem bem o detestam ou simplesmente, por gosto musical mesmo, não simpatizam com seu perfeccionismo! Mas, nunca podemos negar que é quase impossível encontrar um artista completo como ele é, pois muitos são intérpretes, outros são músicos, outros conseguem deitar e rolar com suas orquestras, mas, João é apenas voz e violão, a maior estrela desse estilo único, que é ele mesmo!

Um forte abraço a todos!

4 comentários:

Anônimo disse...

Uma pena que João Gilberto hoje seja conhecido apenas como o ídolo dos ídolos e principalmente por suas esquisitices (ou excesso de perfeccionismo). Poderia render muito ainda para todos nós, inclusive ele mesmo.

Fabiano Cavalcante
www.aplauso.zip.net

Anônimo disse...

Também acho que ainda poderíamos desfrutar muito mais do talento de João Gilberto. É pena que isso só é possível atráves de manifestações esparsas e raríssimas, como bem ressaltou o post. É evidente que esse tipo de afastamento compreende uma escolha estritamente pessoal, mas seria ótimo se ele optasse por um caminho diverso.
Fica ao menos a lembrança (que só tenho em função de registros audio-visuais) do homem com voz tranqüila dominando todo o palco ao som de um violão.

Beijos

Vinícius Faustini disse...

"Melhor do que o silêncio só João"... A frase de Caetano é definitiva ao falar de João Gilberto, que nos ensinou a ser desafinados há 50 anos, e trouxe os olhos do mundo para a Bossa Nova, que se renova cada vez que é colocada em voga em ótimas interpretações.

Abraços, homem.

Vinícius Faustini

www.emocoesrc.blogspot.com

Anônimo disse...

Falar de "Bossa nova" é falar de
música popular brasileira.
João Gilberto teve "Bossa" para
fazer "Bossa nova" quando falamos
em "Bossa nova", falamos em Tom
Jovim, Vinícius de Morais,
Toquinho, Nara Leão, etc.
Eu sou leiga neste assunto, mais
do pouco que sei e das poucas
músicas que conheço dentro deste género, tenho que salientar:
"Desafinado", "Olha que coisa
mais linda" músicas que passaram as fronteiras do Brasil e cantores de prestígio internacional incluíram no seu repertório, por exemplo "Desafinado"
interpretado por Julio Iglesias...