domingo, 25 de maio de 2008

Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais...

Essa frase da música brasileira é bastante reflexiva. A canção, idem, atualíssima. Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, ou simplesmente Belchior é mais um grande cantor/compositor que o Ceará apresenta para o mundo. Durante sua infância foi cantador de feira e poeta repentista, algo bastante comum na época nas feiras livres do Nordeste do país.

Após abandonar o curso de medicina, dedicou-se inteiramente à música. Já no Rio de Janeiro, venceu o Festival Universitário da Mpb em 1971, com a canção Na hora do almoço.

Elis Regina foi sua madrinha musical, pois em 1972 gravou sua composição Mucuripe, em parceria com Fagner e regravada depois pelo rei Roberto Carlos. A gravação de Elis abriu portas para seu primeiro disco em 1974. A partir de então, seus sucessos alcançaram o povo brasileiro e outros cantores também puderam interpretar criações suas: Como nossos pais, Apenas um rapaz latino-americano, Medo de avião, Paralelas, Velha roupa cigana, entre outras são lembradas e regravadas por muitas pessoas da música brasileira.

Belchior anda meio afastado da mídia mas segue fazendo seus shows e encantando seu público fiel que canta sempre junto seus sucessos, sobretudo os mais populares. Quem nunca cantou o início de medo de avião? Quem não admira a interpretação de Paralelas que Elba Ramalho e tantos outros cuidaram tão bem? E quem não se emociona com a interpretação de Elis Regina pra essa canção abaixo?:

Como nossos pais
(Belchior)

Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa

Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz

Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantado como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação

Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua cabelo ao vento gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos Como nossos pais

Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não se enganam, não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que tô por fora ou então que tô inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem

Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos Como os nossos pais...

Um forte abraço a todos!

6 comentários:

Anônimo disse...

"Como nossos pais" é uma canção lindíssima e já recebeu interpretações maravilhosas. Belchior é genial, adoro a maneira como canta e como se expressa.
Gostei muito do post de hoje, já havia algum tempo que o esperava.

Beijos

Anônimo disse...

Nobre colega Everaldo,

Um dos grande letristas do Brasil. Vale registrar que Belchior gravou "Tolo" da dupla RC/EC, com uma roupagem bem interessante. Vale a pena ouvir.

Um grande abraço

Vinícius Faustini disse...

Belchior - ou "Belchiôr" - é um dos mais fantásticos letristas que esse país tem. Só de ser autor de letras como "Paralelas", "Como nossos pais" e "Mucuripe" já mostra o quanto ele contribui para a música do Brasil.

Mais uma ótima lembrança de Everaldo Farias com sua Música do Brasil. Obrigado, homem!

Vinícius Faustini

www.emocoesrc.blogspot.com

Felipe Moura disse...

Quantos de nós somos apenas rapazes latinos, americano, sem dinheiro no banco e sem parentes importantes vindos do interior?

O Belchior interpretou com esses versos o retrato do Jovem latino.

Sem contar aquela poesia, "Mucuripe", que ele colocou pra fora, junto com o Fagner.

Abração!

Felipe Moura
www.reyrobertocarlos.blogspot.com

Anônimo disse...

Além de tudo, uma pessoa de rara intelectualidade, aliada a uma simplicidade impressionante.

Num show que o Rei Roberto Carlos fez aqui em Fortaleza em 1989, Roberto pediu uma salva de palmas para o ilustre cearense que se encontrava na platéia, discretamente sentado como um mero súdito.

Fabiano Cavalcante
www.aplauso.zip.net

Luís Roberto disse...

Everaldo belíssimo blogger , você está de parábens, boa sorte e fica com Deus